Os bufos: a propósito de Ana Caroline Campagnolo

No dia em que Bolsonaro foi eleito Presidente do Brasil, a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo publicou a abjecção que se pode ver mais acima e que está ao nível dos delatores da Inquisição ou dos “bufos” da PIDE: o medo, a delação anónima que pode nascer de motivações pessoais, a imoralidade (mesmo que legal) de filmar às escondidas, enfim, um conjunto de circunstâncias que não podem fazer parte de uma democracia civilizada.

A figura do professor doutrinador é um dos fantasmas que as ditaduras agitam, invocando razões éticas e morais, quando, na realidade, só querem impedir a liberdade e tornar as aulas assépticas, como se professores e alunos não tivessem convicções de todo o género, sem que isso dê direito aos mais velhos de usarem um cargo para doutrinar seja quem for, como é óbvio. A propósito, a triste deputada apresenta-se no seu facebook como “professora de história, cristã, antifrágil, antimarxista e antifeminista”. Nas suas aulas, haverá doutrinamento?

Diz a idiota deputada que os professores sérios não deverão ter medo de ser filmados, como se isso fosse assim tão simples. De qualquer modo, para quem defende ditaduras é tudo muito simples. A democracia é, felizmente, mais complicada.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Aqui há dias, num post seu, a propósito de Assunção Cristas, isto se não me falha a memória, escrevi, referindo-me a um parênteses no seu texto, que o valor da democracia residia em muito, na existência de vários Poderes, que por via da sua própria força legal e institucional, se fiscalizavam uns aos outros, impedindo assim o “quero, posso e mando”. Esse vai ser o verdadeiro teste ao novo Brasil, se quer viver ainda assim em democracia.
    O nosso TC foi um bom exemplo disso, no período da “Troica”, quando todos constatámos que tínhamos um Presidente da República que não respeitava a Constituição, apesar de estar rodeado de assessores com formação na área. Os OE passavam cheios de inconstitucionalidades, e o TC chumbava-os. Aliás, Cavaco Silva só deu posse a esta solução governativa, denominada por Geringonça; agora toda a gente gosta do nome, porque não teve alternativa. Caso contrário lançava os pais no caos. Quero com isto inferir, que por cá também temos os nossos “bolsonarinhos”. São apesar de tudo mais inteligentes.
    Se há uma coisa que estas eleições brasileiras demonstraram, foi que o Poder Judicial no Brasil estava de certa forma conluiado como a direita brasileira, aceitando todas as diatribes de Bolsonaro no processo eleitoral. Tivesse sido ao contrário, e o candidato apoiado pelo PT tinha sido admoestado, se não mesmo impedido de concorrer.
    Como foi o caso de Lula da Silva, que para mim, em face daquilo que se percebeu das eleições brasileiras, acabaria sempre por perder para o actual vencedor, e não como muita gente afirma, sair vitorioso.
    O problema da sociedade brasileira não foi só Bolsonaro ganhar estas eleições. Porque se as instituições da República funcionarem de forma autónoma e independente, tal como acontece por exemplo em Portugal, ou mesmo nos EUA, um Bolsonaro por cá, nunca se proporia a tais veleidades. Como afirmou o Prof Freitas do Amaral numa entrevista á TSF, um Bolsonaro nos EUA, a tentar fazer aquilo que aparentemente este pretende fazer no Brasil, ou era despachado pelo Congresso, ou, pior ainda, davam-lhe o mesmo destino que deram ao John Kennedy.
    O que se prepara no Brasil é uma tomada das instituições pelos poderes emergentes que gravitam à volta de Bolsonaro. Esta professora é uma dessas protagonistas. Isso vai acontecer amiúde, porque as elites assim o desejam, e uma grande parte do eleitorado que votou Bolsonaro está pouco preocupado com a ditadura.
    Só tenho pena daqueles que se opuseram. Os outros são livres de escolher o suicídio.

  2. Luís Lavoura says:

    Registo com agrado que o autor do post considera imoral filmar pessoas às escondidas. Ótimo. Talvez também considere imoral fotografar pessoas às escondidas, e talvez até considere imoral fotografar ou filmar pessoas sem a sua autorização, mesmo que não seja às escondidas. Ainda bem. Espero que o autor do post pratique e divulgue estes padrões morais, atualmente tão pouco em voga.

    • António Fernando Nabais says:

      O autor do post pratica. O autor do post até publicou, há pouco tempo, um outro post a criticar a fotografia de três fugitivos à Justiça.

  3. Luís Lavoura says:

    É claro que uma sala de aula não é nem se pretende assética, mas os professores deverão ter extremo cuidado em desviarem-se da matéria e doutrinarem os alunos com as suas ideologias. Os alunos estão ali para serem instruídos e educados, não para serem endoutrinados nem para servirem de escape às iras ideológicas, políticas ou religiosas dos professores.

    • António Fernando Nabais says:

      Pois, foi o que eu escrevi. O problema está no espírito ditatorial que, muito rapidamente, transformará debates saudáveis ou opiniões em doutrinamento. Os meus alunos, em pouco tempo, sabem que sou de esquerda, que não professo nenhuma religião e que sou benfiquista e nunca transformei essas afirmações em comícios.

    • Paulo Marques says:

      Isso quer dizer que podemos tirar as cruzes das escolas? Óptimo.

  4. JgMenos says:

    Os ‘grandes educadores do povo’ parece terem invadido a escola pública brasileira.
    Dos vídeos que de lá têm vindo só espero que a maior parte sejam falsificações.

    • António Fernando Nabais says:

      Concorda com a Ane Caroline, portanto.

      • JgMenos says:

        Bufaria?

        Só quem não vos conheça!

        • ZE LOPES says:

          Atenção! Atenção! Mais um título reconhecido a JgMenos: DBT (Dono da Bufaria Toda)! O SIS já foi informado.

        • António Fernando Nabais says:

          É isso, menos: quem diz é quem é!

    • ZE LOPES says:

      Bolsonaro já tem uma solução! Imagine-se qual? O…ensino a distancia em todos os graus de ensino, para combater o Marxismo…e para o tornar mais barato!

      “Fake”? Antes fosse. Foi no dia 7 de agosto passado. Vem na folha de S. Paulo. Já há três professores nomeados: Ele, a mulher e o Pastoricio da “noite da vitória”.

    • ZE LOPES says:

      Registo ainda ser um problema da “escola pública”. Sim, porque a privada é imune a toda a ideologia!

  5. Fernando Manuel Rodrigues says:

    “Na última edição do PISA, realizada com escolas de 70 países, o Brasil foi o 59º colocado em Leitura, e figurou entre os dez últimos nas categorias de Matemática e Ciências.”

    De facto, acho que os professores não deviam ser filmados às escondidas. Deviam era ser filmados às claras, para se perceber o que se passa dentro das salas de aulas. Os resultados acima enunciados deviam ser motivo de vergonha nacional e de toda a classe (isto se tivessem vergonha).

    isto sim, devia preocupar o Nabais. Depois andamos a fazer Acordos Ortográficos, para proteger os analfabetos funcionais.

    • António Fernando Nabais says:

      Isso e o acordo ortográfico preocupam o Nabais. O insucesso escolar num país com tantas insuficiências é quase inevitável e a resolução do problema é de grande complexidade. De resto, é de um enorme simplismo concluir que os professores são o único ou o principal problema. De simplismo em simplismo, chega-se à solução de filmar os professores.

      • Fernando Manuel Rodrigues says:

        Eu sei que preocupam. E estou de acordo que a “solução” da Ana Caroline Campagnolo não é solução. A repressão nunca resolveu nem resolverá (estou convencido) qualquer problema. Mas sei, porque tenho reportes disso, que muitas salas de aula se transformaram em autêntica “madrassas” onde o ensino foi substituído pela doutrinação.

        Ora quando os conteúdos científico/culturais do ensino são substituídos por doutrina, o resultado é alunos “ideologiamente trabalhados” e mal preparados do ponto de vista científico/cultural, que é a fundamental missão de uma escola. É por isso que depois vemos brasileiros a escreverem os maiores dislates acerca da colonização do Brasil e outros assuntos, tudo num péssimo português (é tudo fruto da “doutrinação”).

        Nem todo o insucesso é resultado das dificuldades económicas. Muito dele resulta do facto de se ter substituído o verdadeiro ensino por “doutrinação”. De resto, mesmo por cá assiste-se à criação de disciplinas que mais não são do que “doutrinação encapotada”, retirando horas ás disciplinas que realmente interessam, como são o Português, a Matemática ou a Física, onde os alunos continuam a revelar enormes fragilidades.

        Há muito trabalho pela frente, para desmontar a máquina de doutrinação partidária construída pelo PT, e substituí-la por verdadeiros professores, empenhados em “ensinar”

    • Paulo Marques says:

      Ora bem, temos é que trocar tudo por 8 horas de ensino da bíblia, está tudo lá. Ou melhor ainda, esquecer esses gajos comunistas da PISA e pôr as crianças a trabalhar, como gostava o nosso querido e saudoso líder.

      • Fernando Manuel Rodrigues says:

        Lindo… Quando não há argumentos…

        • Paulo Marques says:

          E tirar um número da cartola sem contexto é argumento? Ainda por cima para uma medida, avaliação do ensino público, que é tão impossível que piora sempre o resultado?

  6. em Portugal esta campanha seria um sucesso, bufos é o que não falta por cá, a ver pelas fugas da justiça e pela facilidade como se sabem as coisas. Uma vez vi uma entrevista a Miguel Sousa Tavares na RTP e ele disse que a PIDE teve tanto sucesso e durou tanto devido a característica tão portuguesa, da bufaria sustentada pela inveja, pelo gosto pela intriga, pela tacanhice, que ainda continua bem viva.

  7. Fernando Manuel Rodrigues says:

    Não vem a propósito do que foi escrito acima, mas Margarida Martins, Presidente da Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, fez a seguinte declaração:

    “Os brasileiros que vivem em Portugal e que votaram em Bolsonaro, devem voltar ao Brasil”.

    Aguardo as respectivas “indignações” e os epítetos de fascista e xenófoba…

    • Paulo Marques says:

      E tu achas que se fosse eleito um Bolsonaro em Portugal não era isso que fazia?

      • Fernando Manuel Rodrigues says:

        Primeiro, não me trate por tu, SFF, porque não lhe dei essa confiança.

        Indo à sua questão, fosse quem fosse eleito em Portugal, não faria isso, porque:

        Não o conseguiria, ainda que o quisesse, porque a lei não o permite. É que as instituições (ainda) funcionam.
        Não o quereria, porque isso iria criar um conflito com o Brasil (onde também há muitos portugueses) e também porque os brasileiros que cá estão é porque conseguiram trabalho, e se conseguiram trabalho, é porque fazem falta.

        Agora gostava de saber qual é sua opinião sobre a “boca”. É que sobre isso não se pronunciou. Chutou para canto, estrategicamente.

        • Paulo Marques says:

          Diz-me-lá onde te toquei para te magoar…
          Não sei quem é nem sei o contexto. Se é uma questão de as pessoas têm coerência na sua luta pelo paraíso anti-comunista, tem todo o sentido. Se é por não os querer ver a frente, não tem sentido nenhum, pessoas são pessoas.
          Mas que não haja a mínima dúvida, alguém com ideias semelhantes a Trump ou Bolsonaro incluía-os no grupo de imigrantes que vinham para cá viver à custa dos outros, e que ainda por cima só vêm os tarados sem vergonha desviar maridos e fazer abortos. E semelhantes preconceitos.

          • Fernando Manuel Rodrigues says:

            Não sabe quem é? Mas eu disse: É a Presidente da Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, e acrescento: antiga dirigente da Abraço.

            Quanto á sua resposta, respondeu sem responder, recordando outros preconceitos. Ou seja, como não quer atacá-la, desviou a conversa. A verdade é, como aqui ficou demonstrado, é que tem dois pesos e duas medidas.

          • Paulo Marques says:

            Peço desculpa, esqueci-me que estava a falar com alguém que é preguiçoso de pensamento.
            Se estava a ser sarcástica sobre os apoiantes portugueses do Bolsonaro e a questionar a divergência de critério, está bem. Se estava a sério, está muito mal.

  8. Virgílio says:

    Nã sei como é aí em Portugal, mas aqui temos professores desse nível aí. Se não fosse filmado como saberíamos? Como controlar esses monstros em sala de aula?
    https://youtu.be/HZFGjft8Fgc

    • o horroooorrrrr, eu estava tramado, algumas coisas que ensino: mudanças climáticas, consumo amigo do ambiente, e outras, são verdadeiras heresias para o mercado, era visto como um perigoso esquerdista visceralmente contra os mercados.

    • Paulo Marques says:

      Cá é um sítio civilizado, são os alunos que berram com os professores porque os paizinhos não querem que se contrarie o menino.

      • Fernando Manuel Rodrigues says:

        Isso é verdade… infelizmente. Por muito que me custe, tenho de lhe dar razão. Mas porque é que isso acontece?

        • Paulo Marques says:

          Na minha humilde opinião.

          Porque os professores são precários e não têm autoridade.
          Porque os pais trabalham demasiado e não têm tempo. E muitos não têm ainda a educação para os ajudar.
          Porque é um ensino ainda preso ao século XIX de decorar um monte de coisas para as debitar no exame. Os alunos decoram porque sim e raramente ganham interesse nalguma coisa (diz quem se interessou por vários assuntos muito depois).

  9. ZE LOPES says:

    Ora bem, o que é ser “doutrinador”? Ser contra a proliferação de armas e, portanto, de assassinos, é ser “doutrinador”? Ser contra a pena de morte é ser “doutrinador”? Ser pela igualdade de género e promovê-la junto dos jovens é ser “doutrinador”? Ensinar o respeito pela natureza e pelo ambiente, contra a sua destruição para enriquecer nababos é ser “doutrinador”? Dizer que, em nome da liberdade, as minorias devem ser respeitadas é ser “doutrinador”? Dizer que todos, mas todos, independentemente da sua fortuna tem o direito de ser tratados a uma doença oncológica é ser “doutrinador”‘? Ensinar que Darwin explicou o aparecimento do “homo sapiens sapiens” por evolução e não criação em sete dias é ser “doutrinador”? Ensinar que há mais religiões para além do cristianismo e que deve haver liberdade em ser cristão ou não, ou não ter religião, é ser “doutrinador”? Ensinar aos jopvens que o HIV-SIDA não é “obra do diabo” ou “castigo de Deus para o pecado” e que existem meios de o prevenir é ser “doutrinador”? Ser por uma sociedade mais justa e igualitária é ser “doutrinador”?

    • Fernando Manuel Rodrigues says:

      …o que é ser “doutrinador”? Ser o ZÉ LOPES é ser doutrinador.

      • ZE LOPES says:

        Ainda bem que sou só eu! Não há perigo, por isso, não sei a razão pela qual alguém montou um portal para “bufos”.

        Mas…fica uma dúvida: ser Bolsoneiro Trumpeiro como V. Exa. e debitar aqui bostas de pescada é ser o quê? Pastor? Cozinheiro? Cangalheiro? Picheleiro? Cortador de carnes verdes?

    • Fernando Manuel Rodrigues says:

      Ser contra a proliferação de armas e, portanto, de assassinos, é ser “doutrinador”?

      Num país que detém o triste recorde do país com mais assassinatos, associar o ser contra a prolieração de armas com a diminuição de assassinatos só pode ser levado à conta de piada. Deduzo, portanto, que, como não há proliferação de armas, os assassinatos têm sido todos à pedrada ou à pancada.

      Ser contra a pena de morte é ser “doutrinador”?

      Essa é tão básica que nem me vou deter a responder. Só relembro que muitos países ainda têm a pena de morte, infelizmente, e em muitos outros o debate tem renascido, e o ´número de adeptos da pena de morte aumenta. A propósito, qual acha que deve ser a pena a aplicar ao assassino da sinagoga (que não vi ninguém abordar aqui, apesar de se terem apressado a abordar os “atentados” com cartas que não chegaram ao destino)? O indivíduo continuou a disparar mesmo depois da polícia ter chegado, e só parou quando lhe apontaram as armas. Diga-me lá qual seria o castigo apropriado para um indivíduo destes?

      Ser pela igualdade de género e promovê-la junto dos jovens é ser “doutrinador”?

      O que é “igualdade de género? E sim, acho que promover a ‘igualdade de género’ (seja lá isso o que for) é doutrinação. Não me consta que isso faça parte dos curricula científico/culturais de nenhuma escola. Talvez na sua “madrassa” isso conste.

      Ensinar o respeito pela natureza e pelo ambiente, contra a sua destruição para enriquecer nababos é ser “doutrinador”?

      Outra pergunta absurda. Mas o respeito enisna-se? Para mim isso é educação, não é ensino.

      Dizer que, em nome da liberdade, as minorias devem ser respeitadas é ser “doutrinador”?

      Outra da “cartilha”. Que eu saiba, os direitos fundamentais constam da Constituição. Respeiar uma minoria não é um dever, é uma OBRIGAÇÃO LEGAL (não sei se sabe o que isso é). Se houver uma disciplina onde se ensine a Constituição, ou os direitos (e DEVERES) fundamentais constitucionaslmente consagrados 8que não são só o “respeito pelas minorias” (eu sei onde quer chegar), ensine-se (com isenção e imparcialidade. Mas se se refere a ter de suportar paradas do “gay pride”, isso sim, é doutrinação.

      Dizer que todos, mas todos, independentemente da sua fortuna tem o direito de ser tratados a uma doença oncológica é ser “doutrinador”‘?

      Mais um absurdo. Ser tradado a uma doença não é um direito, é um dever humanitário. Uma vez mais, não se trata de algo que se ensine. Pobre da “civitas” onde é preciso ensinar que tratar quem ajudar quem tem fome, frio, está desprotegido, etc. é um dever de todos e de cada um.

      Ensinar que Darwin explicou o aparecimento do “homo sapiens sapiens” por evolução e não criação em sete dias é ser “doutrinador”?

      Esta levar-nos-ia muito longe, e não há tempo nem espaço.

      Ensinar que há mais religiões para além do cristianismo e que deve haver liberdade em ser cristão ou não, ou não ter religião, é ser “doutrinador”?

      Numa palavra – É. Uma vez mais, remeto-o para a Constituição. A religião NÃO É, NÃO DEVE SER, matéria escolar (pelo menos obrigatória). Logo, não se tem de falar sobre opções religiosas, e MUTO MENOS, emitir juízos valorativos sobre a religião ISSSO É DOUTRINAÇÃO.

      Ensinar aos jopvens que o HIV-SIDA não é “obra do diabo” ou “castigo de Deus para o pecado” e que existem meios de o prevenir é ser “doutrinador”?

      E lá vamos nós outra vez. Quer mes,mo falar do “kit gay? Acho que não quer. É que esse é um dos exemplos flagrantes do que é “doutrinação na escola” (a Dilma acabou por vetar, mas os kits estavam prontos e chegaram a ser distribuídos às escolas). Declarações do Secretário de Estado: “O Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, disse em pronunciamento oficial, de divulgação e apresentação do material, que eles passaram 3 meses – tempo de preparação do material – somente para decidir até onde chegava a língua em um beijo lésbico, de um dos vídeos do kit gay.” Muito “educativo”, não acha?

      Ser por uma sociedade mais justa e igualitária é ser “doutrinador”?

      E temos, pela terceira vez, matéria constitucional. Remeto-o para as minhas anteriores respostas.

      • ZE LOPES says:

        O que vale é que as bostas de pescada que V. Exa. aqui escreveu não são ideologia nem doutrina! Ora essa!

        • Fernando Manuel Rodrigues says:

          O que vale é que o ZÉ LOPES não vale mais.

          • ZE LOPES says:

            Oiça, mr. FMR: já toda a gente viu que a “neutralidade” de V. Exa, na sequência das Bolsonarices que aqui reproduz é uma falácia. V. Exa. é, sim um doutrinadeiro de segunda categoria, que foge ao que não interessa e debita o que interessa de modo manipulatório.

            Vejamos a primeira “resposta” de V. Exa:

            Ser contra a proliferação de armas e, portanto, de assassinos, é ser “doutrinador”? (é a pergunta)

            Resposta de V. Exa:

            “Num país que detém o triste recorde do país com mais assassinatos, associar o ser contra a proliferação de armas com a diminuição de assassinatos só pode ser levado à conta de piada. Deduzo, portanto, que, como não há proliferação de armas, os assassinatos têm sido todos à pedrada ou à pancada.”.

            Ora, Herr FMR: eu nunca associei o ser contra a proliferação de armas à diminuição de assassinatos. A minha primeira pergunta é: será que deixar que as armas proliferem não irá aumentar o número de assassinatos? O que é que tem acontecido nos tristes USA, principalmente nos estados onde as armas abundam?

            Mas, mais importante: e que tal ter uma força policial pública bem formada e bem paga em vez de polícias desmotivados e, mesmo, de bandidos fardados?

            A proliferação de armas não vai resolver nada! Se assim fosse o Iraque seria um paraíso em matéria de ordem e os países europeus um inferno! Ou melhor, vai resolver: maiores ganhos para os fabricantes e vendedores de armas e acessórios. Nos USA, já se saliva!

            Qual foi o assunto que veio a lume da conversa entre Bolsonaro e Trump: as armas e a cooperação militar…Ou seja, compra de armas. Os militares vão ter brinquedos. O povo trabalha e obedece!

            Mais um exemplo: a resposta à pergunta número dois:
            Ser contra a pena de morte é ser “doutrinador”?

            “Essa é tão básica que nem me vou deter a responder”. Mas depois, responde!:

            “Só relembro que muitos países ainda têm a pena de morte, infelizmente, e em muitos outros o debate tem renascido, e o ´número de adeptos da pena de morte aumenta. A propósito, qual acha que deve ser a pena a aplicar ao assassino da sinagoga (que não vi ninguém abordar aqui, apesar de se terem apressado a abordar os “atentados” com cartas que não chegaram ao destino)? O indivíduo continuou a disparar mesmo depois da polícia ter chegado, e só parou quando lhe apontaram as armas. Diga-me lá qual seria o castigo apropriado para um indivíduo destes?”

            Agradeço a sua paternal “relembrança”. E gostei, e fiquei sentidamente comovido com o seu “infelizmente”, na segunda linha. Fica sempre bem. Depois do que disse, nem sei por que razão formulou a pergunta.

            Mas, se quer, respondo: prisão! Para ele e para os autores morais, sejam eles quais forem! E V. Exa. responde o quê?

          • Fernando Manuel Rodrigues says:

            Sobre as minhas pretensas “bolosnarices”, pense o que quiser. É para o lado que durmo melhor.

            Para que conste, e no que toca às armas, eu sou frontalmente contra o armamento generalizado da população, seja onde for, porque o considero um retrocesso civilizacional. Sou contra isso nos EUA, sou ainda mais contra no Brasil, onde a sociedade é ainda mais violenta.

            Agora, que não haja ilusões. Há armas a circular abertamente, há gangues armados (e não é com revólveres, é com pistolas-metralhadoras automáticas, do tipo AK-47. Há assassinatos em plena luz do dia, à beira de escolas:

            A sensação de impunidade já chegou a esse ponto. Admira-me ver que também advoga, como alternativa, uma resposta “musculada” das forças da ordem. Recordo que uma das afrmações de Bolsonaro que “chocaram” foi de que iria autorizar a polícia a “disparar a matar”. Não sou apologista, mas a verdade é que o clima em certos Estados do Brasil é quase de guerra não declarada.

            Sobre a pena de morte – é óbvio que sou contra. Mas há situações que me fazem ter dúvidas, como a do assassino da sinagoga – sou humano. Sinceramente, tenho pena que ele não tenha resisitido, para que a situação tivesse ficado resolvida logo ali. A prisão, pelo que aprendi, tem sempre como pressuposto recuperar o indivíduo para a sociedade. Não me parece que neste caso haja recuperação possível.

            Quanto aos “autores morais”, acho “enternecedora” a sua intenção, sobretudo sabendo (como acho que sabe) que provar uma “autoria moral” neste caso é praticamente ipossível. Mesmo que os supostos “autores morais” o fossem por terem feito um discurso ou uma declaração, teria de ser provada uma intencionalidade desencadeadora do acto.

            E pronto, dou por terminada mais esta “bolsonarice”.

      • Paulo Marques says:

        Ou seja, ensinar o que você acredita não é doutrinação, é ciência. Como fala da constituição é um exemplo, se lá está é porque está bem e é perfeito, como se houvesse alguma que não tenha falhas apesar dos processos conturbados que as originam.
        Ao assassino da sinagoga é simples: se é preto, comuna ou veado, a polícia devia ter resolvido o assunto na hora e mandado a conta das balas à família. Como é bom homem de família crente em Deus e no mercado todo poderoso, 2 pais nossos, 3 avé-marias e não se fala mais nisso. Ou isso ou 25+ anos de cadeia (eventualmente em conjunção com internamento psicológico, os especialistas que examinem), uma das duas.

        • Paulo Marques says:

          O “apesar” ia noutra linha de raciocínio, seria “por causa” neste argumento mais simples.

        • Fernando Manuel Rodrigues says:

          A Constituição é a lei fundamental de um país – a mãe de todas leis. O que lá está, perfeito ou não, é o resultado de uma maioria qualificada de representes eleitos do povo (em Portugal são necessários mais de dois terços para alterar oui acrescentar algo à Constituição).

          Há países em que qualquer emenda até exige referendo.

          Por isso, perfeita ou não, É A LEI. E nenhuma lei pode ir contra a Constituição, como nós, portugueses, pudemos constatar ainda há pouco tempo, quando o Tribunal Constitucional chumbou normas orçamentais que até o PR tinha deixado passar, com a desculpa da “troika”.

          Portanto, o que está na Constituição é sagrado, e tem de ser respeitado. Daí que eu tenha referenciado (porque acredito nisso) que a Constoituição pode (eu até acho que deve) ser ensinada (de forma obviamente a que possa ser entendida tendo em conta os destinatários) a todos, na Escola.

          Porque é relativamente pequena, e porque é a Lei Fundamental e o pilar do Estado de Direito, contra a qual nem o PR pode ir. E porque a Constitução tem um capítulo que fala dos Direitos e Deveres Fundamentais de todos os cidadãos (começa com o artigo 12º).

          Falo, obviamente, da CRP, mas imagino que não seja muito diferente no Brasil. Se é isso que querem ensinar numa disciplina de Educação Cívica, força.

          Se isto é doutrinação, então eu sou um doutrinador, e, posso dizê-lo, com muita honra e orgulho.

          • ZE LOPES says:

            Estava a ver que não chegava lá! Afinal as questões retóricas produzem resultados! Miguel Bessa e Deus (por esta ordem) seja louvado! Aleluia!

          • ZE LOPES says:

            Como diz o outro “entrada de Bolsoleão, saída de Bolsosendeiro”!

            Como viu, é sempre mais fácil responder à Ana Teresa. Já experimentou marcar um encontro? Mas veja lá! Tenha cuidado não se arranhe no bigode!

          • Paulo Marques says:

            A sociedade e a civilidade não se esgotam na constituição. Sim, é importante, acima de tudo porque deve ser discutida e melhorada por vontade popular.
            Mas não é por alguma coisa lá estar que é boa ideia: basta lembrar a Proibição na América ou o PEC. Também não é por isso que alguma coisa é cumprida: estamos à espera da habitação para todos e da regionalização… E, ao contrário do que implica, o anterior governo aprovou, de facto, medidas anti-constitucionais por serem “temporárias”, tal como o PATRIOT ACT seria temporário…
            Por isso é que chamei basear valores morais na lei, seja a constituição ou não, doutrina. É uma obra humana e, como tal, sempre com falhas graves.
            Claro que isto não quer dizer que deve ser ignorada só porque sim, muito pelo contrário. Só não pertence é a uma torre de marfim.

  10. Postagem da esquerda não tem credibilidade

  11. Fernando Antunes says:

    Concertos de Roger Waters também já estão a ser alvo de investigação.

    https://mobile.valor.com.br/politica/5954231/tse-autoriza-investigacao-contra-haddad-por-shows-de-roger-waters?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=Compartilhar&fbclid=IwAR2WoztU8IWNTi04sRwxVFSvDDB7uICPGSdD7JAOH0Z92YePVUCzyQd0zuc

    Será que também os U2 vão ser acusados de propaganda comunista, por chamarem Bolsonaro de Mefistófeles num show recente?

    A liberdade de expressão é uma coisa tão fofa, não é? Não existe fascismo sem caça às bruxas, e isto nem vem de agora (basta lembrar a caça às bruxas de Sérgio Moro) mas agora, com o culminar da recém—eleição do Bolsonaro, é melhor mesmo “Jaír”mos nos acostumando.

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