José Mário Branco no Jornal i sobre o Bloco:
“Burguês?
Com certeza. Não vemos malta do povão, da ferrugem. É preciso procurar muito bem um operário do Bloco.“
Os precários e os desempregados, dois dos principais setores da sociedade que mais sofrem, são um mar de gente no Bloco, quer entre os simpatizantes quer entre os aderentes. Enchem o Bloco de baixo para cima. Entre os quadros eleitos do Bloco, mesmo entre os mais mediáticos, a precariedade laboral é praticamente a regra. Quem conhece bem o Bloco, quem frequenta as suas concelhias da pequena à grande cidade sabe que desempregados e precários é mato.
Não, o Bloco não tem tantos operários como o PCP, é verdade. Mas o Bloco está muito mais implantado entre os setores da pobreza mais profunda do país. Alguns destes setores, o PCP tem vergonha de representar (este bitaite do J.M, Branco é muito colado ao que ouvimos do PCP quando critica o Bloco), como os beneficiários do RSI, as etnias minoritárias e os que nada têm e nada recebem (que não são assim tão poucos). O Comité Central do PCP tem muitos preconceitos sobre estes setores, muitos militantes até revelam em conversas informais que se tratam de malandros, ouvem-se mesmo comentários racistas. Mas o mais chato é que estes setores não são nada práticos para o PCP, não entram bem nas caixinhas controladas pelo Comité Central, nos sindicatos e nas organizações profissionais com e sem ferrugem.
Hoje a exploração não é exclusiva do “povão da ferrugem”, não vivemos em Petrogrado em 1917, vivemos num país europeu em que os salários são escandalosamente baixos para quem vive dos rendimentos do trabalho e de pessoas sem vínculo à instituição onde trabalham, de empregos intermitentes, de biscates, de desempregados de longa duração, de franjas da população que perderam o contacto com o mundo do trabalho há anos e sem capacidade para se reintegrar. Os operários já não atravessam o Neva gelado para se manifestarem aos milhares na Nevsky Prospekt. Hoje, grande parte dos explorados vivem escondidos, isolados, têm vergonha da sua própria condição. Por razões diversas, o J.M. Branco e o Comité Central do PC têm pouco contacto com essa realidade, vivem numa realidade saudosista em que a exploração se resumia ao esmagamento do operariado e do campesinato. Há quanto tempo é que o Jerónimo não trabalha, ou aliás durante quantos anos é que ele foi de facto operário? E o Jerónimo é do “povão da ferrugem”? Ou é um habilidoso que aproveitou os interstícios da legislação para se eternizar como profissional da política?
Dito isto, continuarei a ouvir o J.M. Branco com o mesmo gosto. Não serão bitaites destes que me impedirão de apreciar a música de um burguês que canta a revolução.
Significado de ‘ferrugem’: gente que saiba e tenha disponibilidade para ‘vergar a mola’.
O BE quer ir para o governo?
Sim porque é no emprego público, na sinecura com direitos, que a sua clientela tem os olhos postos e o dente afiado.
Ao contrário de Salazar, um homem sempre desprendido, que nem se deu por ele no exercício do poder.
Um homem que abdicou de constituir família, porque casou com o País! (A propósito: país é do género…Huuuuum! Hummmm!…)
Salazar não se casou com o País (seria um casamento do mesmo género, proibido pela Santa Madre Igreja), mas sim com a Nação, que é do género oposto. Tratou-se de um casamento abençoado e fecundo.
Tudo pela Nação, nada contra a Nação!
Desculpe lá, mas isso foi antes. Realmente Salazar chgou a casar com a Nação que, sabe-se hoje, conheceu numa casa de nações onde ela costumava parar aos domingos depois da missa.
No entanto, nos arquivos secretos do Vaticano consta uma dispensa desse casamento “rato e não consumado”. (relembro que por via da a Concordata, não era permitido o divórcio).
Essa ideia da fecundidade desse casamento é, por esse facto, um mito alimentado por dezenas de gajos que se intitulam descendentes. Mas desconfie: se lhe paracer por aí o JgMenos ou um gajo qualquer do PNR, peça-lhe a certidão para confirmar e vai ver…
Não admira que, então, tivesse casado com o País. Se a lei o permitia ou não..quem somos nós para julgar?…
Esqueci-me do “Tudo pela Nação, nada contra a Nação!”
Segundo dizem, foi uma afirmação feita quando a Nação estava de costas!
Também por isso existiram confusões em relação à fecundidade, pois não se sabia, até porque a Santa Madre estava atenta, o que se passava por debaixo da roupa interior da Nação.. Mas, convenhamos, aquele Salazar era muito coerente: não dava nó sem ponto…
O que sabe você sobre ‘vergar a mola’ JgMenos/ Jose/ João Pires da Cruz?
Foda-se que post mais preconceituoso e idiota.
Mas alguém me consegue explicar o que raio tem a ver o José Mário Branco com o comitê central do PCP? O Rui Silva pode até explicitar em q momento da vida do Branco ele foi do PCP? Desde o episódio Robles que ainda não se recompuzeram
O tempo passa e deixa marcas.
E quando não se areja o espírito e o cérebro com o tempo presente, ou vivendo agarrado à cartilha da vulgata marxista, feita religião, para os crentes do PCP, ou feita guião laico para os Josés Mários Brancos deste mundo, caímos nisto: lemos estas declarações e perguntamos o que cola disto com a realidade.
Veja-se os números de sindicalizados e de trabalhadores activos, veja-se o número de votantes do PCP e do BE e compare-se com o universo do eleitorado.
Esta gente perdeu o pé e jamais o retomará.
E a maior parte não sabe nadar.
P. S. Para os que me acusarão de ser anti-comunista primário, digo que na minha Câmara, PCP desde 1976 com maiorias absolutas, estas hoje são conseguidas com 17,98% dos votos expressos do eleitorado concelhio,porque 63% das pessoas não votam (as alternativas também não convencem ninguém).
O PCP, em 1975, com 6,5 milhões de votantes,obteve 700 e tal mil votos. as últimas eleições comparáveis, com com 9,5 milhões de votantes,obteve 400 e tal mil votos.
Força camaradas, até à extinção final.
Kamaradas:
Podem pôr os «não gosto» que quiserem.
Não se inibam.
Mas porque não falam dos números de sindicalizados e de votantes que eu apresentei?
Ou o que digo é mentira?
Ómenagem em Trybutcto a Manel Silva pelo “Coro da Irmandade Laranjona”:
O meu pai é Manel Silva (bis)
Minha mãe (pom, pom, pom), minha mãe (pom, pom, pom) minha mãe Silva Maria!
Lá em casa tudo é Silva (bis)
Tudo é (pom, pom, pom), tudo é (pom, pom, pom), tudo é ‘ma Cavacaria!
Zé Lopes:
Vá chamar laranja à sua tia.
O que é que conhece de mim para afirmar isso?
Para si, o mundo é a preto e branco?
Engana-se, tem muitas mais cores e muitas gradações intermédias.
É uma pobreza o debate nas redes sociais, feito de preconceitos, posições ideológicas marcadas, quais casulos de onde muitas pessoas não conseguem sair.
Quando não se concorda com o que alguém diz, abandona-se o debate em torno dessas ideias e ataca-se as pessoas, acusando-se do que se imagina que elas possam ser.
Que pobreza intelectual.
Porque não contesta os meus números, ou, se os confirmou como verdadeiros, porque não dá a sua opinião sobre as razões de ser desta evolução dos números?
Porque a maioria das pessoas como o senhor opinam a partir de nada.
Opinam por opinar.
O que faz que esta opinação não passe de uma debitação de «fake opiniões».
“O que faz que esta opinação não passe de uma debitação de «fake opiniões»”.
c.q.d.
PS: eu não tenho tias.
V. Exa. não gostou? E eu que até pensava mandar a canção para o Festival! Estou completamente desiludido! Não sei o que fazer da vida! Acho que estou a precisar de um “vodka laranja”!
“Esta gente perdeu o pé e jamais o retomará.”
Até pode ser, não faltam críticas racionais à esquerda euro-maleável, embora o mais habitual sejam críticas hipócritas. Não há-de ser por causa de isso que o povo não se há de rebelar e forçar a mudança, porque a França e Itália verdadeiramente não são a Grécia.
Se não é pela esquerda, o neoliberalismo cai pela direita. Como sempre, de resto.
Paulo Marques:
Há muitos, muitos anos eu ouvia dizer que o capitalismo (e os EUA, seu supremo símbolo) tinham os dias contados.
Afinal, o modelo alternativo é que ruiu como um baralho de cartas.
E não há consequências na cabeça de quem defendia esse modelo alternativo?
Continuam com a mesma conversa da treta?
Como o José Mário Branco.
O que caiu foi o capitalismo moderado (pelas circunstâncias: a Guerra Fria; e pela pressão social: o sindicalismo forte e as lutas sociais), mas em sua substituição temos o neoliberalismo, que é bem pior.
Porque agora os assalariados votam e alimentam a Extrema-direita.
Portanto, prognósticos, só no fim do jogo.
E quando o ouvia, já o neoliberalismo a bom ritmo. Eu espero que a esquerda, 40 anos tarde demais, tenha aprendido com o resultado das capitulações de Wilson e Delors a não negociar com o capital, mas estou sentadinho. Hoje andam a debater o que fazer ao neoliberalismo com “reformas europeias” quando este já está a ser substituído por uma variante do mercantilismo.
A propaganda tem muita força.
Zé Lopes:
É só isso que tem a dizer?
O que confirma tudo o que eu afirmei.
Fale do concreto, das ideias em debate.
Se não concordar com o que eu digo, dê a sua opinião, mas fale de coisas concretas, não delire com «fait-divers».
Como V. Exa. já tinha tirado conclusões, e até respondido a si próprio para nos poupar trabalho, achei que era melhor dedicar-me às artes.
Sim, porque, se o que quer dizer é que o PCP (ao qual nunca pertenci na minha vida, mas existe, pode crer) deveria construir um convento lá na Atalaia para onde deveriam recolher os militantes a pensar porque é que o capitalismo não caiu nos EUA e porque é que triunfou o neo-liberalismo que ainda é pior e depois, eventualmente, dissolver-se (ou apoiar um capitalismo mais mansinho) ou passar a obedecer ao Papa, pois está no seu direito. É uma questão que pode colocar ao futuro cardeal Sousa, pode ser que ele até alinhe.
Entretanto fico à espera do Partido Realsilva Português que V. Exa. não deixará de fundar para tomar o lugar dos extintos. Um partido que vai estar tão colado à realidade que até dá confusão.