E você, caro leitor, também sente vergonha pelo estado a que isto chegou? É bom que sinta, porque a culpa também é sua

Estive a ver o último episódio do programa Linha da Frente, na RTP3, que aconselho vivamente. Acho até – correndo aqui o risco de ser acusado de totalitarismo por algumas almas mais coniventes com este tipo de práticas – que devia ser de visualização obrigatória. Se em algum momento se sentir envergonhado, caro leitor, é normal. Até porque a culpa pelo estado a que isto chegou é um pouco de todos nós.

Enquanto as seitas maçónicas e mafiosas que controlam o bloco central de interesses se vão lambuzando com a coisa pública, à cara podre para toda a gente ver, porque não têm nada a temer, ou não fosse a justiça deste país absolutamente incapaz perante tais figurões, 18 mil milhões de euros são anualmente subtraídos aos portugueses para alimentar a grande máquina da corrupção.

Do compadrio feito de avenças para jotinhas e familiares de autarcas vigaristas, passando por milhares de concurso públicos viciados através do suborno e do pagamento de favores eleitorais, até ao topo da hierarquia política onde se corrompe à grande e à portuguesa, Portugal é um país entregue a gatunos de fato e gravata. Os saques sucedem-se, os criminosos passam entre os pingos da chuva e os danos, que se acumulam, são irreparáveis. Como é irreparável a quebra de confiança na classe política, pagando os poucos justos pela multidão de pecadores.

Como se o divórcio entre a população e os seus representantes não fosse, por si só, gravíssimo e preocupante, o estado a que isto chegou é o combustível que melhor faz carburar o motor da nova-velha extrema-direita, branqueada por jornais e programas de TV que optam por ocultar o seu passado criminoso, e que, à falta de refugiados para demonizar e incutir o medo na população, instrumentaliza o fenómeno da corrupção para oferecer a solução messiânica do fim da democracia, feita de discriminação, violência e autoritarismo.

Somos demasiadamente brandos com os níveis inaceitáveis da corrupção que corrói este país. E ao sê-lo, somo-lo também com os saudosistas do fascismo. E se nada fizermos, se não formos capazes de nos mobilizar para exigir legislação implacável e retroactiva para punir os abusos da elite política corrupta, outros o farão. Outros que trarão consigo o lápis azul, a polícia política e o partido único.

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Calma aí caro João Mendes.
    Eu pertenço ao grupo dos cidadãos que nunca votou nos corruptos do Arco da Governação nem em presidentes sejam eles múmias ou palhaços. Dessa estou inocente.
    Quanto ao resto, assino por baixo.

  2. Jorge Evaristo says:

    Que grande euforia com as JMJ marcadas pelo Papa para Portugal em 2022.
    O Marcelo baba-se todo.
    Oh pessoal, pensem lá um bocadinho.
    No que é que essas Jornadas contribuem para o bem da humanidade?
    Qual é o programa dessas jornadas?
    O que é que aqueles jovens, coitadinhos, aprendem nessas jornadas?

    Vão trazer muita gente a Portugal que vai deixar muitos milhões. O que é isso? Sociedade de consumo. Esbanjamento.
    Os xuxas como o Medina também alinham. Pois, o que eles querem é mama.
    A Igreja é o maior embuste da humanidade.
    Se há catástrofes naturais o Papa manda rezar.
    Se há ataques terroristas o Papa manda rezar.
    Nos intervalos marca festas.
    Enquanto a sociedade se deixar embalar por estas merdas nunca evolui.

    • ZE LOPES says:

      Realmente, numa coisa V. Exa. terá razão. Um estudo comparativo revelou que Salazar foi um ditador, tal como outros na Europa, mas entre ele e outros conhecidos houve importantes diferenças. E tal é notório quando analisamos aquele preciso momento, o momento-chave, em que a carreira desses ditadores chegava a um ponto de viragem. Quem os acompanhava, nesses dramáticos momentos?

      Pois, Hitler estava com a mulher. Mussolini, com a amante. E Salazar? Salazar estava com o calista!

    • Ói ! Jorge Evaristo, a nossa Joana Lopes, grande Mulher, está consigo (connosco) ! :

      http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2019/01/vergonha-alheia.html

    • ZE LOPES says:

      Cá p’ra mim quem deu todos os privilégios á Igreja católica tem uma nome: Salazar! E V. Exa. queixa-se? Ora essa!

  3. Abraham Chevrolet says:

    Mostra uma prova,unzinha,do que afirmas! Assim ,és tal e qual o CM ou a Boca Grande!

  4. Ana Moreno says:

    Bela reportagem!
    Devia ser mesmo obrigatória nas escolas para os alunos mais velhos.
    E indo mais ao fundo, o problema começa quando são “precisas” cunhas para conseguir qualquer coisa que devia ser conseguida dentro das vias normais e acessíveis a todos.

    • João Mendes says:

      E uma doença que começa nas autarquias e vai até ao governo central.

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