Era uma vez uma grande empresa, outrora pública, destruída pela ganância e incompetência privada

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Imagem via Público

Os CTT eram uma empresa pública rentável, que servia os portugueses e enchia os cofres do Estado, porque chegava a todo o lado e, pasmem-se, dava lucro. Por motivos exclusivamente ideológicos, o governo Passos/Portas decidiu privatiza-la por meia-dúzia de tostões.

Infelizmente, porque o sector privado é tão falível como o público, os CTT são hoje uma sombra daquilo que um dia foram. Fecharam balcões – este ano serão 48, o número de municípios sem um posto dos CTT, todos no interior – despediram centenas de trabalhadores, viram os seus resultados financeiros cair trimestre após trimestre, mas, ainda assim, não deixaram de distribuir milhões aos accionistas. Capitalismo selvagem e predador em todo o seu esplendor.

Agora, com a empresa a um passo do abismo, deparo-me com as notícias que dão conta do seguinte: o banco criado pela empresa privada que hoje controla os CTT está a imputar parte dos seus custos ao serviço postal. Lembrem-se disto no dia em que ouvirem dizer que não sei o quê destruiu os CTT, possivelmente nós, que passamos a vida a viver acima das nossas possibilidades. E lembrem-se também que haverá um banco a mais para resgatar. Pelos tipos que vivem acima das suas possibilidades, claro.

Comments

  1. Antonio Miguel says:

    O problema nacional, a razão dós desvarios, está, reside na incompetência, na vaidade, na falta de conhecimento, do país em todas as suas vertentes, na falta de integridade, dos políticos que saem da Assembleia da República, onde entra um incompetente vaidoso, vendável ao capital sem rosto, e sai preparado para gerir uma empresa , ou um ministério.
    A vaidade e o oportunismo desgraçamo-nos .

    • Miranda Calha says:

      A Direita é como a chuva.
      Ninguém gosta dela, mas faz muita falta.

      • ZE LOPES says:

        Por favor, avise-me da próxima tempestade! Um gajo tem de se proteger. Uma data de gordos a cair do céu aos trambolhões! Pode ser catastrófico!

      • Ricardo Almeida says:

        A direita é tão necessária para a sociedade como os travões para um carro e como estes deve ser utilizada o menos possível. É necessária sim porque o progresso a qualquer custo e sem limites pode ser perigoso, concordo. Mas tal como o carro, quando lhe é dada demasiada uso a direita faz parar a sociedade no meio da estrada, com o motor a cuspir fumo negro, enquanto somos alegremente ultrapassados por qualquer calhambeque.
        Mantendo a analogia, se a direita “normal” é um travão ao progresso, a direita-extrema é claramente a marcha-atrás.

      • Paulo Marques says:

        Faz tanta falta como o racismo, a misoginia e o feudalismo a que anda sempre agarrada.

  2. A privatização dos CTT foi decidida pelo governo Sócrates e constava do PEC…
    https://www.dn.pt/economia/interior/governo-estuda-privatizar-tap-ctt-edp-galp-e-ren-1514177.html

    • j. manuel cordeiro says:

      É tão giro apontar o dedo ao Sócrates. No entanto …

      «Os principais acontecimentos na história e os desenvolvimentos mais recentes dos CTT incluem :
      (…)
      2000 – Celebração, a 1 de setembro, do Contrato de Concessão de Serviço Postal Universal entre o Governo Português e os CTT
      2004 a 2006 – Aquisição pelos CTT de 100% do Grupo Mailtec, da PayShop e da Tourline
      Aquisição pelos CTT de 51% da EAD.
      2013 – Aprovação da privatização do CTT – Correios de Portugal, S.A. »

      E ainda:

      «Cronograma da Privatização CTT
      24 de maio 1988 – Lei n.º 71/88, Regime de Alienação das Participações do Sector Público

      5 de abril de 1990 – Lei n.º 11/90, Lei Quadro das Privatizações

      15 de dezembro de 1997 – Diretiva n.º 97/67/CE do Parlamento Europeu e do Conselho – Primeira Diretiva Postal

      4 de novembro de 1999 – Decreto-Lei n.º 448/99 – Aprova as bases de concessão do serviço postal universal, a outorgar entre o Estado Português e os CTT – Correios de Portugal, S.A

      2 de setembro de 2000 – Decreto-Lei n.º2209/2000, Constituição da Parpúbica – Participações Públicas SGPS, S.A.

      7 de maio de 2001 – Decreto-Lei n.º 150/2001, que procede à 1ª alteração do Decreto-Lei n.º 448/99 – aprova as bases de concessão do serviço postal universal

      10 de junho de 2002 – Diretiva n.º 2002/39/CE do Parlamento Europeu e do Conselho – Segunda Diretiva Postal

      12 de junho de 2003 – Decreto-Lei n.º 116/2003, que procede à 2.ª alteração do Decreto-Lei n.º 448/99 – aprova as bases de concessão do serviço postal universal

      15 de novembro 2003 – Lei n.º 102/2003, altera Lei n.º 11/90, Lei Quadro das Privatizações

      20 de fevereiro de 2006 – Diretiva n.º 2008/6/CE do Parlamento Europeu e do Conselho – Terceira Diretiva Postal

      9 de junho de 2006 – Decreto-Lei n.º 112/2006, que procede à 3.ª alteração do Decreto-Lei n.º 448/99 – aprova as bases de concessão do serviço postal universal

      17 maio de 2011 – Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica

      13 setembro de 2011 – Lei n.º 50/2011, de 13 de setembro altera e republica Lei n.º 11/90, Lei Quadro das Privatizações

      26 de abril 2012 – Lei n.º 17/2012, Estabelece o regime jurídico aplicável à prestação de serviços postais, em plena concorrência, no território nacional, bem como de serviços internacionais com origem ou destino no território nacional e transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2008/6/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de fevereiro de 2008 junho a outubro de

      2013 – Preparação de processo e organização de venda dos CTT

      25 de julho de 2013 – Aprovação em Conselho de Ministros da privatização dos CTT

      6 de setembro 2013 – Publicação do Decreto-Lei n.º 129/2013, Aprova o processo de privatização da CTT – 
Correios de Portugal, S. A.

      11 de outubro de 2013 – Resolução do Conselho de Ministros n.º 62A/2013, Aprova as condições da oferta pública de venda e o caderno de encargos da venda direta institucional, bem como as condições especiais de aquisição de que beneficiam os trabalhadores da CTT, S. A., e de sociedades que com ela se encontram em relação de domínio ou de grupo, nomeadamente quanto ao preço

      11 de outubro de 2013 – Resolução do Conselho de Ministros n.º 62B/2013, Constitui a comissão especial de acompanhamento para o
      processo de privatização da CTT – Correios de Portugal

      4 de novembro de 2013 – Publicação de Press release dos CTT – Intention to Float, em que os CTT anunciam o lançamento de uma Oferta Pública inicial e admissão das suas ações ao Euronext Lisbon.

      14 de novembro de 2013 – Despacho n.º 14705/2013, Nomeia os membros da comissão especial para o acompanhamento do processo de privatização da CTT – Correios de Portugal, S. A.

      18 de novembro de 2013 – Resolução do Conselho de Ministros n.º 72B/2013, Determina os termos e as condições aplicáveis à venda das ações dos CTT – Correios de Portugal, S.A., no âmbito, da oferta pública de venda e da venda direta institucional

      19 de novembro 2013 – Decreto-Lei n.º 160/2013, que procede à 4ª alteração do Decreto-Lei n.º 448/99 – aprova as bases de concessão do serviço postal universal

      19 de novembro 2013 – Publicação de Prospeto da OPV

      27 de novembro de 2013 – autorização do Banco de Portugal sobre o Banco Postal

      29 novembro 2013 – Adenda ao prospeto relacionada com a autorização do Banco de Portugal sobre o Banco Postal

      3 de dezembro de 2013 – Despacho do Secretário de Estado das Finanças n.º15982-A/2003 – Fixa o valor de venda das ações na privatização dos CTT

      8 janeiro de 2014 – Despacho da Ministra das Finanças n.º 308/2014- aplicação das receitas da privatização dos CTT

      21 janeiro 2014 – Relatório da Comissão Especial para o Acompanhamento

      4 de abril de 2014 – Lei n.º 16/2014 altera lei n.º17/2012

      26 de junho de 2014 – Governo anuncia aprovação de Decreto Lei para privatização dos 31,5% do estado »

      Está aqui para quem quiser ler: http://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063446f764c324679626d56304c334e706447567a4c31684a5355786c5a793944543030764e554e50526b46514c305276593356745a57353062334e515a585270593246764c3245304f475a6a596a63784c575179596d59744e444e6a596931684d44426c4c54493359574a6c5a44686c4f4455334e6935775a47593d&fich=a48fcb71-d2bf-43cb-a00e-27abed8e8576.pdf&Inline=true

      O SF vem aqui atirar areia para os olhos, seja por ignorância, seja intencionalmente.

      • E estava no PEC IV porque motivo?
        Era por graça?

        • Paulo Marques says:

          Porque o PEC IV era para salvar bancos alemães, não para ajudar o país.

        • j. manuel cordeiro says:

          Você continua no Sócrates. Porque é que não olha para trás também, para quem iniciou as mudanças necessárias à privatização? Estão lá lá o seu querido amigo cherne e demais camaradas.

          E fugiu ao tópico em causa: ao contrário do que escreveu, a privatização foi decidida pelo seu amigo Passos. Intenções não fazem lei.

  3. ZE LOPES says:

    Desta vez a Ryma é em homenagem á sábia privatização dos CTT a 100%:

    Ó Passos, quando partiste,
    Deixaste saudades mil.
    Se por aí ‘inda hover CTT,
    manda um bilhete postil.

    Tu Portas, enfim cedeste,
    Ao irrevogável apelo.
    Quisera mandar-te uma carta,
    Não há quem me venda o selo.

    (música do Fado Hilário)

    • ZE LOPES says:

      Obviamente seria “houver”. Mas até que não ficou mal…

    • Veja o PEC 4 do Sócrates. Está lá bem explícita a venda dos CTT. Às tantas até foi defendida pelo blogger a quem ele pagava.

      • ZE LOPES says:

        PEC 4? Vi sim senhor! Grande filme! Aproveitando-se do sucesso, a dupla de realizadores Passos & Portas resolveu fazer uma sequela de gosto um bocado duvidoso. Então aquela cena do carteiro na cama com uma data de americanas a discutir o preço dos selos…

  4. Julio Rolo Santos says:

    O capitalismo pode ser selvagem mas aproveitam-se dos governantes falidos de ideias que lhes entregam o capital de mão beijada a troco praticamente de nada para poderem explorar a seu belo prazer. É assim nos CTT, EDP, REN, AUTOESTRADAS e preparam-se ainda para privatizarem os caminhos de ferro. Os avultados lucros anuais servem apenas para serem distribuídos pelos accionistas e fica muito pouco para impostos. Os governantes que se metem nestas negociatas já são subejamente conhecidos mas continuam a reincidir porque o po(l)vo continua a acreditar neles. Benditos governantes que tanto se sacrificam pela nação.

    • JgMenos says:

      Está tudo aparvalhado.
      Os CTT foram vendidos em bom tempo e a bom preço, e têm muito que trabalhar para não perderem dinheiro.

      E se é preciso prestar serviços públicos só este ano há mais 24.000 a comer do orçamento, alegadamente para esse efeito.

      • ZE LOPES says:

        Apoiado! Neste momento os acionistas já estão a trabalhar arduamente para mais um merecidíssimo repasto de dividendos. Como se sabe, por serem portugueses e , naturalmente, abençoados pela Nossa Senhora de Fátima, os CTT nem precisam de ter lucros para haver dividendos.

        O Dr. Manuel Champalimaud, então, tem sido um mouro de trabalho! Até tem entregue umas cartas pessoalmente, fardado de carteiro e tudo!

        Isto para não falar do dr. PedraPreta, sempre ali ao balcão, e o Dr. MadeiraVerde a guiar a carrinha das encomendas!

        É com gente desta cepa que o país vai para a frente!

        • Miranda Calha says:

          Não, é com gente da tua cepa.

          • ZE LOPES says:

            Já acabou, Calha? É piada? É Calha? Posso rir? Ah! Ahhhh! Ahhhh! Ai que o Calha é tão cómico! Ai que não posso mais! Ai que se me vai o diafragma! Ah! Ahhhhh! Ah! Ahhhhh! Não me ria assim desde que o gajo caiu da cadeira!

      • ZE LOPES says:

        Realmente! 24000 banqueiros é um exagero! Será que o país aguenta?

      • Paulo Marques says:

        Já saiu mais dinheiro do país para os accionistas do que os salários que pagam, e a tendência é para piorar.

  5. é esta a doutrina do equiparado a catedrático, que ele deve ensinar e até ter um excel que lhe diz que é verdade verdadinha, se não é a culpa é do marxismo cultural e da inquisição socialista reinante, seus lamechas!

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