A “justiça” de serviço

“as autoridades portuguesas se esmifram para prender o ‘perigoso’ whistleblower que denuncia corruptos“. Rui Pinto e o seu trabalho entregues à bicharada.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    É óbvio que máfia do futebol já se pôs em campo para o calar.
    Não sei se o rapaz alguma vez tentou extorquir dinheiro, á custa destas informações, mas a única coisa que se pretende por agora, é o seu silêncio. Estranho!
    Nem é preciso citar nomes, salta à vista de todos, quem se sente incomodado.
    A justiça portuguesa é isto.

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Parece-me existir aqui um perigoso juízo de intenções que, vindo daquela senhora deputada, com honestidade, não me surpreende.
    E o juízo de intenções define-se facilmente: a prisão do hacker é para o calar. Os “bons” métodos que o MRPP usava e que a senhora deputada conhece bem.

    Repito o que sempre aqui disse: há que separar águas e uma coisa é julgar o conteúdo do que foi revelado – uma obrigação por parte da justiça e outra as intenções que levaram à denúncia.

    O que se diz neste post – que me parece extremamente perigoso – é que pura e simplesmente, com a prisão do hacker, o conteúdo nunca será julgado.

    Mas a deputada – finalmente – toma uma posição relativamente aos escândalos financeiros, coisas que se “esqueceu” de fazer na sua primeira intervenção sobre este caso.

    E já que muitas vezes se tenta comparar este hacker com Julian Assange, sejamos intelectualmente honestos. Assange sempre disse ao que vinha. Este hacker, provavelmente aconselhado por advogados, descobriu a sua vocação para Robin dos Bosques já a tarde ia alta… E a alegação que será aniquilado se voltar a Portugal é demasiadamente grave para que possa passar em claro e de uma irresponsabilidade que joga com a personalidade da pessoa que se discute.
    Sou o primeiro a dizer que justiça para os banqueiros e políticos não funciona. Mas recuso-me meter este caso no prato da justiça ineficiente, sobretudo quando se formulam jogos de intenções de cariz verdadeiramente nazi, que passam pela aniquilação de pessoas.
    Os tempos do MRPP que geravam personagens como Durão Barroso e Ana Gomes, são do passado. O que essa gente sabe, já me esqueci há muito tempo.

  3. Muito bem, Ernesto Ribeiro, que desde o início desta estória pensei semelhante,
    permita-me transcrição :

    “comparar este hacker com Julian Assange, sejamos intelectualmente honestos. Assange sempre disse ao que vinha. Este hacker, provavelmente aconselhado por advogados, descobriu a sua vocação para Robin dos Bosques já a tarde ia alta… E a alegação que será aniquilado se voltar a Portugal é demasiadamente grave para que possa passar em claro e de uma irresponsabilidade que joga com a personalidade da pessoa que se discute.

    Sou o primeiro a dizer que justiça para os banqueiros e políticos não funciona. Mas recuso-me meter este caso no prato da justiça ineficiente, sobretudo quando se formulam jogos de intenções de cariz verdadeiramente nazi, que passam pela aniquilação de pessoas ”

    …subscrevo.

  4. Ana Moreno says:

    Olá Ernesto,
    “Assange sempre disse ao que vinha. Este hacker, provavelmente aconselhado por advogados, descobriu a sua vocação para Robin dos Bosques já a tarde ia alta…” isso não me parece relevante. Certo é que a revista SPIEGEL e a rede European Investigative Collaborations vêm publicando há mais de dois anos pesquisas que se baseiam em documentos da Football Leaks e “entre as revelações estavam relatos de crimes fiscais da estrela Cristiano Ronaldo durante sua passagem por Espanha com o Real Madrid e as tentativas das principais equipes Paris St. Germain e Manchester City de contornar o Financial Fair Play da UEFA. http://www.spiegel.de/sport/fussball/football-leaks-rui-pinto-wird-nach-portugal-ausgeliefert-a-1256357.html

    O rapaz já prestou um serviço público.

    Quanto aos dez discos rígidos que a polícia húngara confiscou a Rui Pinto, contendo documentos confidenciais da ordem dos dez terrabytes com segredos da indústria internacional do futebol e da banca offshore, não, não me parecem bem entregues às mãos da justiça portuguesa que, desde já, terá emitido o Mandado de Detenção Europeu sem ter Mandado de Detenção Nacional…
    Já lá vai o tempo em que tinha confiança na justiça portuguesa.

    “Espero que os procuradores públicos de toda a Europa unam esforços e mostrem às autoridades húngaras e portuguesas que precisam destes documentos para as suas investigações, a fim de punirem os crimes” afirmou Pinto que diz estar na posse de dados confidenciais de um banco nas Ilhas Caimão. O paraíso fiscal do Caraíbe tem sido “sistematicamente usado para lavagem de dinheiro e evasão fiscal”.
    Também espero que as autoridades francesas, que têm levado a sério estes dados, acompanhem o seu paradeiro.
    E que Rui Pires esteja a receber ameaças de morte, como afirma, não me admira nadinha.
    Finalmente, Ernesto, por favor cuidado no uso da palavra nazi. É falta de sentido histórico usá-la como o Ernesto usou.

    • Ana Moreno says:

      E já agora, não sei qual é exactamente a sua acusação a Ana Gomes, mas se há deputada ou deputado que corajosamente “toma uma posição relativamente aos escândalos financeiros”, essa deputada ou deputado é Ana Gomes.

  5. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Bom dia Ana.
    Permita-me que responda de uma só vez às suas questões.
    Começo pela palavra “nazi” aplicada num contexto que mereceu a sua desaprovação.
    Não tenho culpa nenhuma que a Ana subscreva as palavras do hacker – se voltar a Portugal é aniquilado – mas, goste ou não, era assim que os nazis procediam para com os judeus ou para com os que discordavam do sistema. Tal como o fascismo, regime em que vivi até aos 25 anos.
    Não vou permitir que um indivíduo qualquer se refira ao meu país – que ele abandonou para estar à vontade – da forma como o faz.

    A segunda questão prende-se com a justiça.
    Já sobre isto aqui trocámos uns “galhardetes” e, nessa altura, a sua opinião sobre a justiça portuguesa era bem diferente, apelando-me para dividir o trigo do joio.
    E tinha (e tem) razão. Tinha razão, pois tal como a Ana, eu não quero crer que a justiça é um ninho de malfeitores e tem razão, porque eu continuo a partilhar consigo aquele pensamento que me leva a duvidar dessa mesma justiça.
    Por outras palavras, não mudei o meu modo de pensar.

    Agora, no que toca a este caso, separo as águas. Crime é crime, bandido é bandido e não me acredito em Robin dos Bosques.
    Posto isto, não lanço qualquer acusação ao hacker. Apenas formulo a minha convicção.
    O homem cometeu um crime e, como tal, terá que ser julgado e nunca branqueado o seu carácter. Este personagem vem de uma modestíssima família e está bem provado que tentou fazer dinheiro com o produto do roubo. Isto deveria ser motivo para julgar o personagem e nunca torná-lo num mártir e herói. Mas enfim …
    Se a matéria roubada é ilícita, isso é outro julgamento e nunca me verá aqui a tentar branquear tal matéria. Não branqueio é nenhuma das posições e, neste caso há claramente duas e ambas são do foro da justiça. Por isso que todos se unam na pesquisa da verdade, mas não queiram arranjar um segundo Zé do Telhado.

    No que toca à srª deputada, eu não gosto dela, porque nunca gostei do seu discurso revanchista e sem modos. Também não me agradam os vira-casacas, pois não alinho nos “devaneios da juventude” que permitem Durão Barroso e Pacheco Pereira… por exemplo.
    E finalmente, não gosto de pessoas que acordam tarde como a srª deputada e o hacker. Este par aparece agora numa fase adiantada do processo como “descobridor de uma ordem podre”, como se nós fôssemos estúpidos e vivêssemos em Marte.
    Ele, recorre a crime para provar que o futebol é uma podridão (coisa que nenhum de nós sabia…) . Ela, ao discurso político (quero dizer “de enleio” para entreter meninos) para demonstrar que há corruptos na banca (outra novidade …).
    Finalmente, nós, parece que só agora descobrimos, os offshores, as ilhas Caimão, a lavagem de dinheiro e os paraísos fiscais.
    O que faz a dialéctica !!!
    Não sejamos ingénuos. Esta srª deputada, tal como o deputado Rangel, aparecem agora porque há eleições e cada qual defende o seu “beef steack” e o do seu partido.

    De resto, deitem-se cedo, para acordarem a horas decentes 🙂

  6. Ana Moreno says:

    Caro Ernesto, torna-se difícil comunicar por este meio quando há muito pontos em debate, mas tentarei ser sintética:

    1- Rui Pinto tem recebido ameaças de morte, é bem comprensível que tenha medo de voltar a Portugal, eu também teria; 2- O nazismo foi um sistema tão terrível, específico e consistente na sua brutalidade, que usar o termo por dá cá aquela palha (como foi o caso) é bagatelizá-lo e descontextualizador; chamar nazi a um qualquer criminoso é perigoso e carece de consciência histórica. Também chamar fascista a torto e a direito é incorrecto. 3- “Não vou permitir que um indivíduo qualquer se refira ao meu país…” Esse tipo de identificação generalizada com um país, seja ele qual for, é-me estranho. 4- Sobre a justiça portuguesa, como escrevi, “Já lá vai o tempo em que tinha confiança na justiça portuguesa.” Ou seja, o muito que entretanto fui sabendo fez-me mudar a percepção da mesma, que, à partida, era de confiança; já não é.
    5- Considero que o que o jovem trouxe a público (e muito mais que terá já disponível no material confiscado) é superior em valor ao que terá cometido; ele próprio já disse o que fez e explicou; faz-me sentido; estou-lhe grata pelo que desvendou. Uma coisa é “toda a gente saber” outra é haver provas; 6- Mudar de opinião (como eu mudei no caso da justiça portuguesa devido ao que fui sabendo), não é necessariamente ser vira casacas; pode até ser bom, demonstrando abertura de espírito e realismo; 7- Por acaso também valorizo a delicadeza, mas não acho que os modos da Ana Gomes sejam assim maus, embora sendo muito directa; de qualquer forma, o que ela tem a dizer é bem mais importante do que os seus modos; e discordo totalmente que ela o faça pela proximidade das eleições; a eurodeputada vem fazendo há anos um sólido trabalho de denúncia dos esquemas do mundo financeiro; sobre este facto não há controvésia possível.
    Devido à extensão dos assuntos proponho que fiquemos por aqui – eu pelo menos fico – mas convido-o a escrever um post sobre um tema à escolha, relacionado ou não. Desde já, obrigada.

  7. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    A Ana pode terminar, mas eu vou continuar um pouco mais, pois manifestamente deturpou o que escrevi, tenho a certeza que intencionalmente, mas não o deixou de o fazer.
    1 – Não chamei nazi a ninguém – o que eu escrevi foi … “sobretudo quando se formulam jogos de intenções de cariz verdadeiramente nazi, que passam pela aniquilação de pessoas”, o que é muito diferente.
    2 – Não chamei à Ana de vira-casacas. Refiri-me exclusivamente à srª deputada, como verá se ler com atenção o que escrevi. Eu não sei se a Ana mudou ou não de opinião sobre a justiça. O que eu escrevi é que eu, não mudei.

    Para terminar deixe-me dizer-lhe que, com base na protecção a meliantes, uma onda que por aqui vai passando e que levou a este “bate-papo”, um dia destes far-se-á uma subscrição pública para medalhar e dar alvíssaras a Ricardo Salgado e Oliveira e Costa, porque foi graças às suas atitudes que descobrimos a corrupção que grassa na área financeira. Ou então, uma outra medalha a Armando Vara, graças a quem Portugal descobriu a figura do “traficante de influências 🙂

    Agradeço-lhe o convite e tentarei responder ao seu interessante desafio assim volte para Portugal
    Fique bem.

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