Acima de tudo, comerciantes

As causas e as consequências do sistema depredador vigente são mais que conhecidas. Há décadas que os problemas foram identificados, é mais do que sabido que “precisamos de cortar para metade as emissões globais de gases com efeito de estufa até 2030 (e que) Isto implica uma mudança total de paradigma no modo de produção e de consumo, acabar com a exploração de petróleo, gás e carvão e com uma economia que funciona com base nos combustíveis fósseis, no plástico, na obsolescência programada e no descartável.“

É tudo mais que claro, provado e observável, mas os governos, sempre de ouvido aberto aos lobbies, têm estado mais preocupados em administrar a situação para prolongar o mais possível o coma do sistema, do que a delinear e implementar, com a urgência necessária, um modelo alternativo. É mais importante assinar acordos de comércio com um lunático que denega as mudanças climáticas e que quer que o seu país saia do Acordo de Paris, do que cumprir os compromissos assumidos na assinatura do Acordo.

Enquanto continuarem a promover uma globalização insustentável e criadora de monstros transnacionais, enquanto não introduzirem um imposto sobre o CO2, enquanto não proibirem os motores de combustão, não abolirem os subsídios ao petróleo, ao gás e ao carvão, ao gasóleo e aos veículos pesados das empresas, enquanto continuarem a subsidiar uma produção agro-pecuária industrial, enquanto não promoverem a todo o vapor as energias renováveis, não passais de umas marionetas sem visão e cobardes.

Comments

  1. JgMenos says:

    E separar e processar lixo não ajudaria?

    Como sempre ‘acabar’ é o mais simples, põe a responsabilidade no Estado.

    • ZE LOPES says:

      Sim senhor, resolvia tudo! E, quanto a mim, não se deveria importunar a vida de cidadãos produtivos como é paradigma V. Exa. Porque não pôr os desempregados, os beneficiários do RSI, os refugiados, os sem-abrigo e os militares a fazer isso? Deixem lá o Estado em paz!

      • Paulo Marques says:

        O Lopes não sabe que as máquinas acabaram com o emprego?

        • ZE LOPES says:

          De quem? Do Menos? Bem, lá tem de ir também separar lixos. Separar e processar, se o estado do sistema digestivo dele o permitir.

        • Julio Rolo Santos says:

          Não, as máquinas não acabaram com os empregos pela simples razão, de que estas também precisam de reparação, apenas vieram ajudar a atenuar a força bruta utilizada para executar os trabalhos.

          • Ana Moreno says:

            Olá Júlio, por acaso, acabei de ouvir na rádio um programa em que isso é confirmado para a industria automobilística; não serão menos empregos, mas empregos diferentes, que exigem outra formação.

          • Paulo Marques says:

            Também, mas isso não é assim tão relevante. O ponto é que não há falta de coisas para fazer, a começar por reparar pontes, limpar matas, cuidar de idosos, criar e manter software para associações de cidadãos e por aí adiante. A automatização é um falso problema do progresso, tal como na industrialização.

    • Paulo Marques says:

      Ajudar é diferente de resolver, ou não fosse o lema “Reduzir, reaproveitar, reciclar”.

  2. O Poder está-se a cagar para o ambiente. O que interessa são os negócios e o dinheiro no bolso dos investidores.
    Os políticos fazem o que o Poder manda e se o Poder quer barragens que dão milhões e destroem rios constroem-se barragens à toa. Se o Poder quer aeroportos constroem-se aeroportos mesmo que isso destrua toda a vida marinha.
    Capitalismo e Globalização são totalmente incompatíveis com o ambiente. Ou escolhemos Ambiente ou crescimento económico. Não há meio termo.
    Gostava de perguntar a dez miúdos que ontem se baldaram às aulas o que é que reduzem nas suas vidas em prol do Ambiente. É que defender o Ambiente não é ir ao Mac comer plástico servido em plástico. Defender o Ambiente não é querer um telemóvel novo a cada seis meses nem roupas de marca produzidas na Ásia, em cidades que os habitantes têm de usar máscaras diariamente.

    – E o que é que me tens a dizer sobre essas calças de marca que tens vestidas, fabricadas no Bangladesh por crianças de seis anos? Achas isso bonito e sustentável? Então não grites contra os políticos, porque os políticos são uns milhares em todo o mundo e os jovens são muitos mil milhões.

    A vida no planeta está a morrer, mas quase não há inocentes. Todos aqueles que vão comer da mão do capitalismo são co-responsáveis.

    • Ana Moreno says:

      Comprar produtos locais, se possível de produção biológica; evitar comprar embalagens de plástico e descartáveis; comer menos carne; usar LEDs; mover-se sempre que possível de bicicleta/a pé/transportes públicos; ao comprar aparelhos ter em atenção o consumo energético; consumir menos e mais conscientemente (onde e como foi produzido o que compramos?)… há muito que podemos e devemos fazer. Que TEMOS de fazer.
      Mas a mudança de políticas e estruturas é obrigatória e a responsabilidade dos políticos de o saberem e actuarem proactivamente em conformidade é maior ainda. Em vez disso, que andam a fazer??? O Secretário da energia a dizer que devemos consumir mais energia… Vai-se a um supermercado e encontram-se laranjas da África do Sul e não do Algarve. A carne, baratinha que dói. Porquê? Subvenções para a produção de escala, ausência de impostos sobre o CO2, acordos de comércio que em nada têm em consideração o clima.
      É hipócrita e vergonhoso.

      • Ana Moreno says:

        É a lógica do sistema, o crescimento contínuo… como se o planeta fosse ilimitado.

  3. Em 2012 na Bélgica já era assim : ( de que valeu, se a situação vai piorando global ?? )

    Publicado a 29/11/2012

    Sing for the Climate is a big singing manifestation that first took place on September 22 and 23 2012 in Belgium. More than 80.000 people in more than 180 Belgian cities and communities sang the song “Do it Now”, urging politicians to take more ambitious climate measures both on local, national and international level. This video is a synthesis of recordings that were made in all locations. The success of ‘Sing for the Climate’ proves that a mass mobilization around climate change is still possible even after the COP15 in Copenhagen.

    But Belgium is a small country and climate change is global problem, which needs to be tackled on an international level. Therefore we appeal to local groups and organizations worldwide to organize their own version of Sing for the Climate.

    • Ana Moreno says:

      Que vídeo bom de ver, Isabela, obrigada!
      “de que valeu, se a situação vai piorando global ?? ”
      Respondo-lhe com outra pergunta, Isabela: de que vale viver se vamos morrer?
      Se quisermos ser coerentes, não temos outra alternativa, senão continuar a lutar – ou então, morrer de vez.
      Um forte abraço! 🙂

      • Ana, essa frase minha era um grito de revolta, não de falta de coerência nem desistência de lutar muito menos de valer a pena viver (…o que tb se pode questionar mas noutra onda mais pessoal )
        …se já em 2012 as crianças imploravam cantando assim, há que perguntar mesmo de que valeu !! mas como revolta para se gritar e lutar mais ainda….se ainda se for a tempo ! : (

        • Ana Moreno says:

          Tem toda a razão, Isabela, quantas vezes me pergunto isso a mim própria. Mas somos ossos duros de roer, ao menos, continuamos a resistir 🙂

  4. Julio Rolo Santos says:

    Quando inventaram a roda também foi um aí jesus que ia acabar o mundo e cuja finalidade era reduzir o esforço humano. O aparecimento das máquinas têm exatamente essa finalidade e não será por isso que o emprego diminui mas antes facilita o esforço dispendido para executar uma determinada tarefa.

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