No que se refere à Educação, esquerda e direita não têm pensamentos, têm tiques e reacções. O ideólogo de serviço, neste momento, é João Costa. Atacado por um vago esquerdismo que aparenta pensar nos mais desfavorecidos, já glosou a habitual treta da escola que deve preparar para a vida, apareceu, ainda, a combater a “acumulação de saberes” e inventou a Cidadania e Nova Inclusão.
A reflexão sobre a cidadania sempre foi inevitavelmente transversal, porque qualquer área do saber a implica. João Costa, no entanto, como todos os que desprezam os professores e as escolas, sentiu que era necessário impor uma disciplina, ao mesmo tempo que desvaloriza os saberes, especialmente os ligados às Humanidades. Por causa de mais uma criação desnecessária, as disciplinas de História e de Geografia estão a perder horas em algumas escolas. Não sei como é que a acumulação de ignorância e e o cultivo de generalidades formam cidadãos.
Cada vez mais, no entanto, dou por mim a pensar que a culpa, em parte, é dos professores e das escolas, que aderem entusiasmados às modas que equipas ministeriais vão impondo aos sabores das mudanças eleitorais, sempre de acordo com tiques e convencidos de que tiveram ideias brilhantes. Deus nos livre de quem se julga brilhante!
Correcção, esquerda e direita partidária; concorde-se ou não com eles, há uns poucos que têm pensamento (ideológico) sobre a matéria e ainda vão ensinando qualquer coisa aqui ao leigo.
O ensino moderno têm de se voltar para o futuro porque o passado e, mesmo o presente, já eram. Todos temos noção de que há disciplinas que servem apenas e só para subcarregarem as mochilas dos alunos mas que já se tornam dispensaveis porque o paradigma mudou e urge desenvolver outras disciplinas que se adequem às novas tecnologias. Quem não aderir, fica para trás.
Brilhante, Júlio a ministro!
Não, não tenho pretensões a ministro, mas não invejo quem tenha pretensões a se-lo sem qualificações para tal, apenas repudio.
Olha que coincidência, Júlio: também eu tenho não pretensões a ministro e também não invejo quem tenha pretensões a sê-lo sem qualificações para tal (ou mesmo com qualificações). Além disso, repudio as opiniões – não a sua expressão – dos ignorantes atrevidos, como a de defender que “todos sabemos” (todos? quem?) que há matérias que se tornam dispensáveis. Enfim, repito, brilhante!
Sr. Professor Fernando. Nós não somos inimigos, até porque nem nos conhecemos, apenas divirgimos nas opiniões. Quando digo “todos” estou-me a referir àqueles que há muito criticam este sistema de ensino, e são muitos, e a realidade do dia a dia demonstra-o. Um dia precisei de uma peça para o carro do meu filho e o mecânico reteve-o na oficina mais de um mês alegando não conseguir encontrar a peça no mercado porque o carro é muito antigo e os poucos que há, pelos vistos, não vão para abate. O meu filho não se conformou com a resposta do mecânico e perguntou-lhe se ele desconhecia que haviam impressoras 3D que faziam todo o tipo de peças mesmo para automóveis, ao que o mecânico respondeu não saber. Em três dias o mecânico tinha a peça na mão feita numa impressora 3D. Moral da história, o mecânico não se atualizou e os clientes é que pagam as consequências da ignorância.