Sobre a pseudo-negociação do Ministério da Justiça com os oficiais de justiça

A Ministra da Justiça esteve na passada sexta-feira em negociação com os sindicatos dos oficiais de justiça por causa da reposição das carreiras, após a aprovação da dos professores.

A proposta apresentada foi, no entanto, absolutamente vergonhosa. Faz o paralelismo com as carreiras dos professores, que sobem de 4 em 4 anos, mas como para os oficiais de justiça o ciclo é de 3 em 3 anos, “ofereceram” menos tempo e, com especificidades tais, que poucos tirarão algum benefício.

Pior, como se pode ver pelo documento apresentado, na folha 2, os génios do ministério tiveram tanto cuidado preparação da proposta que, em vez de se referirem aos oficiais de justiça , referem-se aos professores.

Mais, os oficiais de justiça estiveram mais tempo congelados que as outras carreiras, pois a DGAJ, entendeu que determinado descongelamento não se lhes aplicava, havendo inclusivamente uma acção a correr termos no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa sobre isso.

Mais um exemplo das fantásticas reversões desta maioria governativa que, sobre a retórica do mudar de página, mantém o essencial do regime de austeridade.

Entretanto, gozando com a cara dos professores, enfermeiros, oficiais de justiça e todos os outros congelados para os quais “não há dinheiro”, o mesmo Ministério da Justiça anuncia que o Governo está disposto a pagar a recuperação de 70% do tempo de serviço dos magistrados do Ministério Público. Poder-se-ia pensar que é um benefício em causa própria, já que a Ministra é Procuradora, mas estamos perante mais um caso de tratamento de excepção dado a esta classe profissional. A título de exemplo, para os magistrados tem havido sempre promoções e aumentos. Ou ainda, o caso do subsídio de renda de casa, onde um magistrado recebe cerca de 800 euros por mês (e se forem casal cada um recebe o seu) porque têm de morar na comarca – obrigação esta partilhada pelos oficiais de justiça (que não têm direito ao mesmo subsídio) e, na prática, uma obrigação para qualquer trabalhador que tenha que ir viver para as proximidades do seu lugar de trabalho.

Comments

  1. Julio Rolo Santos says:

    É legítimo fazer-vos a mesma pergunta que fiz aos professores. Porque é que permitiram o congelamento das carreiras ao governo que as congelou sem lhe darem luta? Cobardia? Parece.

    • Bruno Santos says:

      Grande e corajoso Júlio! Há um sítio que fica abaixo de Braga três léguas. Conhece?

      • Julio Rolo Santos says:

        “Há um sítio que fica abaixo de Braga três léguas, conhece?” Desculpe a minha ignorância mas não conheço, pode pormenorizar? Desconfio que me esteja a mandar ao outro lado ou sítio equivalente, caso assim seja, desde já lhe digo, se é por ai que quer ir, não tem adversário á altura porque, certamente, somos de escolas diferentes. Todavia, insisto numa resposta á minha pergunta inicial: Porque é que não reclamaram do governo que lhes congelou as carreiras? Medo? Presumo.

    • Paulo Marques says:

      A menos que se refira à luta armada, não há muito mais que alguém possa ter feito contra quem tem todo o poder.

      • Julio Rolo Santos says:

        É agora pode? O que é que mudou? Será por este governo ser mais frouxo e ceder mais facilmente a pressões ? É os grupos que não teem poder reivindicativo também não teem direitos?

        • Paulo Marques says:

          O que mudou é que este governo prometeu acabar com a austeridade e ser amigo dos trabalhadores. Depois que se queixe.

  2. Julio Rolo Santos says:

    Este governo devolveu-nos o que o anterior nos roubou. Repôs os vencimentos, as pensões de reforma e as trinta e cinco horas semanais. É pena que haja quem não reconheça isso e continue a fazer apologia do anterior governo, esse, são os saudosistas do passado que se espera que não volte para bem do país e dos portugueses.

  3. Desalinhado says:

    Caro Júlio Rolo Santos, finalmente alguém com lucidez., os meus meus cumprimentos. Subscrevo na íntegra cada uma das suas mensagens.

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