Contra a censura na rede

Durante todo o dia de hoje, a Wikipédia em língua alemã esteve desactivada como expressão de protesto contra a proposta de nova directiva de direitos de autor na UE. “A nossa rejeição resulta de sabermos o que significa o facto de tudo o que, de algum modo, tenha relação com conteúdos externos, ter de passar por filtros e provar a sua legalidade antes de poder aparecer”. “Haveria sempre ‘overblocking’.”

O foco das críticas são os chamados filtros de upload, programas que verificam previamente se o utilizador carrega material protegido por direitos de autor. O que vai representar o fim da Internet tal como hoje a conhecemos.

Passando por cima dos fortes protestos em torno do artigo 11.º e do artigo 13., e após longas negociações, o Conselho Europeu, o Parlamento e Comissão acabaram por chegar a um acordo em favor da nova directiva. “O PE defende que as gigantes tecnológicas passarão a ter que partilhar com os autores parte das receitas obtidas pela partilha desses conteúdos.”

Não, não estou nada a ver que isso vá funcionar. O que estou a ver é os lobbies em acção e bloqueamentos por tudo e por nada.

Para sábado estão previstas manifestações em toda a Europa e a petição pela preservação da liberdade na net, já com mais de 5 milhões de assinaturas, pode (e deve ser) assinada aqui.

No próximo dia 26 de Março, em Estrasburgo, a partir das 12:30h, os 751 deputados do Parlamento Europeu irão decidir entre apoiar uma directiva que obriga a “filtrar a Internet” ou rejeitá-la e exigir uma revisão equilibrada do texto, em benefício dos cidadãos e dos criadores.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    O que vai representar o fim da Internet tal como hoje a conhecemos.

    Pois, vamos deixar de poder encontrar na internet instruções para fabricar uma Kalashnikov, comprimidos de Viagra falsificados, e coisas quejandas. É terrível.

    • Ana Moreno says:

      Tergiversando….
      Chama-se também cinismo.

    • Paulo Marques says:

      Isso são das coisas que nunca vão desaparecer para quem quiser encontrar, são trivialmente copiáveis e quem quer suficientemente dedicado.

  2. Luís Lavoura says:

    O PE defende que as gigantes tecnológicas passarão a ter que partilhar com os autores parte das receitas obtidas pela partilha desses conteúdos.

    Evidentemente. Ou bem que há direitos de autor protegidos, ou bem que não há. Eu até aceito que não haja mas, se há, então eles têm que ser protegidos em todo o lado. A internet não pode ser uma exceção.

    • Paulo Marques says:

      E o que faz dos direitos de autor mais importantes do que, por exemplo, o EPSR? É aumentar a importação de bens de consumo assim tão relevante para a economia europeia? A custo de ter meia dúzia (para ser generoso) de multinacionais a filtrar a informação, duas das quais são o Facebook e o Google? Quando os conteúdos vão ser sempre enviados para outro lado?
      E, é preciso não esquecer, que tudo isto começou para que o Google e o Facebook pagassem por links para notícias, como se não fossem capazes de financiar os seus próprios jornais ainda mais automatizados.

  3. Ana Moreno says:

    Lógico, Luís. Mas não desta maneira. Não é colocando mais poder ainda nas mãos de plataformas já incontroláveis e que vão, elas sim, controlar os algoritmos, que se protege seja o que for. Recomendo os vídeos aqui reunidos, de gente que sabe do que está a falar: https://artigo13.eu/

    • Luís Lavoura says:

      Se não desta maneira, então de qual?

      É óbvio que se tem que impedir as pessoas de colocar no internet seja o que fôr que lhes apeteça, caso contrário elas colocarão na internet coisas que estão protegidas por direitos de autor. Portanto, tem que haver filtros. Não há volta a dar-lhe. Não vejo qualquer outra maneira de impedir as pessoas de colocarem na internet aquilo que não devem.

      • Paulo Marques says:

        E uma câmara em cada divisão da casa para não fazerem o que não devem também.

      • Ana Moreno says:

        Luís Lavoura, é bom uma pessoa informar-se, quando faz afirmações. Há outras maneiras de impedir sim, ou por outra, de assegurar que os autores são compensados. “Pagar em vez de bloquear”- uma via possível.

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