Quanto custa a recuperação do tempo de serviço dos professores?

Em Julho de 2018, os sindicatos e uma grande quantidade de professores resolveram que era preciso trair a luta pela recuperação do tempo de serviço sonegado à classe docente, porque havia férias e porque as negociações seriam retomadas num Setembro que traria uma vitória quase certa e bronzeada.

Foi o que se viu. O governo insistiu em pagar uma parte da dívida que tem para com os professores, fingindo que está a ser generoso.

Na altura da traição, governo e sindicatos concordaram em criar uma comissão para saber quanto custaria recuperar o tempo de serviço docente. Apesar de não haver, até hoje (e para sempre), conclusões, o governo tem continuado a propagar a ideia de que isso implicaria um custo de 600 milhões de euros, com os sindicatos a fazer algum barulho para que não se note o silêncio.

Finalmente, um grupo de professores resolveu fazer o trabalho que o governo, os partidos e os sindicatos não quiseram fazer, facto que, finalmente, teve alguma repercussão nos jornais e na blogosfera. Ficam aqui algumas ligações, caso alguém queira informar-se. Para os mais preguiçosos, fica já um spoiler: o custo é bastante inferior ao anunciado por António Costa. Mais: mesmo que não fosse, as dívidas são para se pagar.

Louve-se o trabalho desenvolvido pelo Maurício Brito e pelo Paulo Guinote.

Revista SábadoQuanto custa compensar 100 mil professores pelos 9 anos de serviço?

Correio da Manhã – Tempo de serviço dos professores custa 320 milhões de euros por ano

Contas a sério – Maurício Brito

Sempre soubemos que o valor é apenas um pretexto – este texto é mais uma análise lúcida do Paulo Guinote e inclui, no final, um print screen de uma polémica entre o Maurício Brito e o Camilo Lourenço no facebook. Aqui, no Aventar, alguns autores já têm escrito sobre Camilo Lourenço, pelas piores razões, as únicas para se escrever sobre a triste figura.

Comments

  1. Mr José Oliveira Oliveira says:

    O Aº Nabais começa o seu texto por uma generalização abusiva e equivocada. Fala de “os sindicatos” como se fossem todos o mesmo. Falso! O STOP foi o único que não embarcou na conversa situacionista que o artigo ilustra. Foi quem iniciou a luta e a levou até ao fim, não participou em conluios e foi por isso excluído das reuniões com o ME. Vamos repor a verdade dos factos?

    • António Fernando Nabais says:

      Mea culpa! A generalização é injusta para com o STOP, apenas porque é uma generalização. Só pude, aliás, continuar a fazer greve até finais de Julho porque havia uma greve convocada pelo STOP. De qualquer modo, não há aqui nenhuma tentativa de esconder a verdade dos factos.

  2. João says:

    Boa tarde.

  3. João says:

    O trabalho desenvolvido é sem dúvida muito meritório.
    Apenas chamo a atenção para o seguinte: o insulto gratuito e o ataque ad hominem a quem avança com alguma outra leitura dos montantes em jogo, envergonha.

    E envergonha porque os insultos saem do teclado dos meus pares profissionais.

    Não se consegue manter um diálogo educado sobre o assunto e o que quer que se escreva é arrasado de forma tão agressiva que , por vezes, se consegue visualizar essa violência posta em situação que não nas redes sociais.

    Como professor, recuso que apaguem cerca de 10 anos de trabalho e me digam que essa recuperação corresponderia a um montante que foi lançado para o ar sem confirmação séria.

    Mas, como professor, recuso esta bravata de palavras e esta agressividade e ataque pessoal que leio nas redes sociais e blogosfera. E não há ninguém que tenha a ousadia de chamar a atenção para tal facto.

    Os que vão tendo são bloqueados.

    • João says:

      Já agora, de como se estraga um trabalho sério com comentários destes:

      https://guinote.wordpress.com/2019/04/13/contas-a-serio-mauricio-brito/

      • António Fernando Nabais says:

        A blogosfera e as redes sociais são um bocadinho o faroeste da argumentação e do debate, sendo usual as pessoas – e não me excluo desse pecado – deixarem escapar alguma agressividade. Já li muitíssimo pior em muitas caixas de comentário. De qualquer modo, está a queixar-se no local errado. Finalmente, discordo: a agressividade dos comentários não estraga o trabalho.

        • João says:

          A. Fernando,

          Em 1º lugar, “alguma agressividade” é uma coisa; insultos avulsos são outra.
          Em 2º lugar, “o ter já lido muito pior em caixas de comentários” não justifica , na minha opinião, o que se lê na blogosfera docente que , supostamente, deve ser diferente de uma caixa de comentários em orgãos escritos de comunicação social.
          Em 3º lugar, não estou a “queixar-me” num local errado porque deixou aqui alguns links.
          Em 4º lugar, uma “agressividade” que é um insulto pessoal a quem comenta não ajuda muito um trabalho sério e com mérito.

          E este ponto é fundamental.

          Por lidar com jovens e adolescentes, tenho-lhes sempre mostrado como se respeitam opiniões diferentes e como se argumenta.

          E, nesta altura, já teria sido bloqueado por ter esta opinião ou já me teriam mandado para qualquer sítio ou insultado a minha mãe.

          Um resto de boa tarde.

          • António Fernando Nabais says:

            Fica registada a sua discordância. Se comentasse mais uma vez, estaria a repetir-me. Boa tarde.

    • Paulo Marques says:

      Eu não percebo em que é que são gratuitos os insultos, são contra gentinha que não é nem quer ser séria porque isso é contra a sua ideologia. As contas são irrelevantes, o que importa é não haver qualquer investimento público.
      Os meus são gratuitos porque não tenho nada a ver com o assunto, excepto como cidadão e proletário.

  4. João says:

    Lamento, mas há que exemplificar tanta agressividade:

    https://guinote.wordpress.com/2019/04/13/contas-a-serio-mauricio-brito/

  5. Luís Lavoura says:

    as dívidas são para se pagar

    Mas, onde é que está a dívida?

    No tempo de Sócrates, suspendeu-se a contagem do tempo de serviço. No tempo de Passos Coelho, a suspensão foi prolongada. No tempo de Costa, a suspensão foi eliminada e o tempo de serviço recomeçou a contar. Onde é que, nesta história, há uma “dívida”?

    Se a contagem de tempo de serviço esteve suspensa, então não se contou o tempo de serviço, ponto final parágrafo. Não há nenhuma “dívida” constituída por esse facto.

    • António Fernando Nabais says:

      Suspender a contagem do tempo é uma contradição nos termos. De qualquer modo, o governo comprometeu-se a repor o tempo de serviço congelado e não uma parcela, acabando por faltar à sua palavra. Há uma dívida, ponto final. Quem não paga o que deve é caloteiro, ponto final, parágrafo.

  6. Julio Rolo Santos says:

    Há tantas e tão inqualificáveis injustiças em Portugal, que parecem se terem agravado com este governo, que, comparadas com as presumiveis injustiças de que se qeixam os professores, estas são incomensurávelmente uma gota de água no oceano de águas turvas. Há dias foi divulgada uma lista com os nomes dos gestores de várias empresas cotadas na bolsa que recebem milhões todos os anos contrastando com os míseros ordenados que auferem os subalternos das respectivas empresas. Estes são os tais barões que mandam nos governantes Se a democracia é isto então que venha uma ditadura de gente honesta e com eles no sitio que saiba mostrar a estes senhores que nem tudo vale numa terra de cegos em que quem tem olho é rei.

    • António Fernando Nabais says:

      Os professores são os únicos portugueses que merecem menos e menos e deveria haver uma adenda na Constituição que os impedisse sequer de protestar, porque deveriam agradecer o direito a respirar e a defecar, com um pratinho de sopa pelo meio. Os professores, no fundo, são uns parasitas da dimensão dos gestores que o Júlio faz o favor de referenciar, mesmo se fico admirado por ficar escandalizado. A “ditadura de gente honesta” cheira-me a essências de salazarismo. São preferências, pronto.

  7. Julio Rolo Santos says:

    Se o que temos em Portugal não é uma ditadura dos que ganham balurdios sobre os milhões de trabalhadores que recebem o salario mínimo, os milhões de pensionistas e reformados que ainda recebem muito a baixo do salario minimo, então o que é uma ditadura? Em que grupo se situam os professores? Ser salazarista é não pactuar com estas desigualdades? Então qual é a alternativa?

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