E vão três – o chimbalau na Bayer

É o terceiro caso em que um júri dos EUA pronuncia uma pesada sentença contra a Monsanto, colocando de rastos a Bayer, que há apenas uns meses a comprou por 54 mil milhões de euros.

Mais uma vez cancro, mais uma vez o herbicida Roundup e o seu funesto glifosato.

A primeira condenação em 81 milhões de dólares, a segunda em 290 milhões e agora em mais de dois mil milhões de dólares. A Bayer anunciou que irá recorrer da decisão e espera que os veredictos sejam anulados em segunda instância – o que é pouco provável; mais provável será uma redução dos valores. Seja como for, os custos dos processos são substanciais e entretanto, o seu número nos EUA disparou para 13.400, com tendência crescente.

Mischa Erhardt, repórter da Deutschlandfunk, faz uma análise soturna da situação para a Bayer: O CEO da Bayer, Werner Baumann, já garantiu um lugar nos livros de História, por ter levado a cabo a maior aquisição da história económica alemã – contra toda a resistência que desde o início acompanhou as negociações da fusão, pela péssima reputação da Monsanto na Alemanha e no mundo, pela controversa engenharia genética, pela forma selvagem como usou o seu poder de mercado para tornar os agricultores de todo o mundo dependentes do grupo. E pelos métodos da Monsanto para exercer uma influência tão directa quanto possível na política e na legislação. Mas Baumann quis ir com a cabeça contra a parede e completou a fusão, apesar de, no final das negociações, ser mais que sabido que nos tribunais dos EUA já se tinham acumulado milhares de acções judiciais contra a Monsanto.

Erhardt conclui: Baumann poderá assim ocupar um outro  lugar nos livros de História: o de ter dado cabo da empresa Bayer. Com a Monsanto, o valor da Bayer é agora menor do que o preço de compra da Monsanto; a própria Bayer é agora uma potencial candidata a uma aquisição. Ninguém em seu perfeito juízo correrá um tal risco.

Desde 2015 que a Organização Mundial de Saúde classificou o glifosato como substância provavelmente cancerígena. Mas o poder do lobby da Monsanto revelou-se por via da Agência de Protecção Ambiental dos EUA e das autoridades reguladoras da UE, que atestaram o contrário. Ainda em Novembro de 2017, uma maioria qualificada dos estados-membros da UE aprovou  o prolongamento da autorização por mais cinco anos. Inicialmente, a Comissão queria avançar com um período de 15 anos.

Quantas manifestações, quantas petições, quantos protestos pelo mundo fora. O Tribunal Monsanto. Quanto sofrimento.

Finalmente, parece que o poder deste lobby está a ser vergado.

Razão para festejar cada caso de vitória. Um festejo dolorido, em solidariedade com as vítimas. E uma esperança de que esteja a aproximar-se o fim do reinado deste veneno mortífero e dos seus poderosos promotores.

 


P.S. No dia 18 de Maio de 2019, sairá à rua em várias cidades do mundo a Marcha contra a Bayer/Monsanto e demais empresas ligadas aos organismos geneticamente modificados (OGM) e aos agroquímicos. A cidade do Porto junta-se novamente a esta iniciativa: Encontro marcado às 15h00 na Praça dos Poveiros.

Comments

  1. ..” uma esperança de que esteja a aproximar-se o fim do reinado deste veneno mortífero e dos seus poderosos promotores.”

    Sim, Ana Moreno, cantés !!

    Tomei disto conhecimento ontem na Euro-News !
    Nem sei se os nós por cá das Tvs tugas disseram algo às pessoas … repetindo à exaustão como fazem com alarmismos e mexericos casuísticos ou futebolescos de soleira de porta… ; (

  2. Rui Naldinho says:

    Independente daquilo que se possa dizer dos EUA, e haveria muita coisa para dizer, estes processos provam que ali, ainda se tenta de facto fazer alguma coisa em prol da saúde pública, e contra estes monstros que não olham a meios para atingir os seus fins.
    Fosse isto em Portugal, seria muito provavelmente um:

    Ah,ah ah!

    • Ana Moreno says:

      Olá Rui, sim, o sistema de gestão de riscos é completamente diferente cá e lá; esse é um dos grandes pedregulhos que impedem – ou deviam impedir – a harmonização de normas nos acordos de comércio e investimento tendo apenas em vista interesses comerciais. Na Europa, segue-se o princípio da precaução; em caso de possíveis perigos, as empresas é que têm de provar previamente que os produtos não são nocivos; nos EUA, ao contrário, as empresas podem pôr no mercado o que quiserem, mas se se comprovar que foram responsáveis por danos resultantes dos produtos, são obrigadas a pagar multas elevadíssimas. Os EUA/Canadá consideram o princípio da precaução (por exemplo, em relação aos OGMs) um princípio obscurantista e até apresentaram queixa junto da OMC.https://aventar.eu/2016/05/01/a-precaucao-e-obscurantista/

      O sistema americano levou à criação de uma verdadeira indústria de escritórios de advogados especializados em acções judiciais colectivas. Como também no ISDS.

      • Ana Moreno says:

        P.S. Mas tem razão que há áreas em que os EUA estão bem à frente no que concerne à responsabilização das empresas, seja neste agora, seja no da Volkswagen, por ex.

        • Paulo Marques says:

          Quanto não lhes custa, como a Alemanha. Estou à espera de saber se alguém da Boeing vai para a cadeia, mas sentadinho.

  3. Lá tenho eu que vir fazer de advogado do Diabo!

    Pergunta:

    Se a Monsanto não tivesse sido adquirida pela alemã Bayer, será que os tribunais americanos seriam assim tão pródigos em aplicar sentenças de milhões à Monsanto americana? Ou será que os casos de cancro só apareceram depois da empresa americana ter sido vendida? É que há coincidências do carvalho!

  4. Julio Rolo Santos says:

    Os nossos agricultores, infelizmente, continuam a usar este veneno na agricultura sem se importarem com as suas consequências. Também e apesar dos constantes alertas para deixarem de plantar eucaliptos, para reduzir o risco de incêndios, a sua plantação continua a fazer-se, indiferente às suas consequências relativamente às alterações climáticas e, o mais interessante se é que assim que se possa dizer, os governos continuam a fechar os olhos, como se nada aconteça. E depois veem os fogos, a perda de vidas humanas e, por fim, ficam os lucros para as empresas de celulose e para a aviação civil, contratada a peso de ouro, para apagar os fogos em resultado das más políticas. É um contrassenso, não é?

    • Os agricultores usam-no porque e permitido, e veja-se o que Bolsonaro já fez no Brasil, em que basicamente tornou livre os venenos! Em resposta a Rússia já avisou que pode restringir a importação de soja transgénica brasileira se o Brasil não reduzir o uso de glifosato.

      Sobre os eucaliptos faço nova pergunta:

      Por que é que todos nós que não temos terrenos, temos de pagar as casas que ardem, se a culpa é por estarem junto a eucaliptais ou junto de terrenos que os donos não limpam? Se eu tiver um terreno com um buraco aberto e alguém lá cair dentro sou responsabilizado; por outro lado, se deixar os meus terrenos a monte, o Estado é que paga. Faz isto algum sentido?

      Sobre o uso de herbicidas nas estradas do país, por estes dias fare uma breve publicação, mostrando com fotografias que, além das autarquias estarem a matar as pessoas e a meter dinheiro no cu das empresas privadas que fazem agora a recolha do lixo e a limpeza das estradas (ao contrário do que era feito antes) ainda por cima estão a deitar dinheiro ao lixo, porque primeiro aplicam o herbicida, passado duas semanas vêm com roçadoras limpar, e passado dois meses a erva já está, de novo, crescida! Então, herbicidas nas estradas para quê?

  5. Luís Lavoura says:

    Faz parte do Trumpismo os Estados Unidos procurarem sacar o mais dinheiro possível a empresas estrangeiras, em troca de acusações espúrias de males inexistentes. Os EUA têm sacado vastos milhões a diversos bancos estrangeiros, e agora procuram sacá-los à Bayer também.
    A Bayer fez um péssimo negócio ao comprar a Monsanto, é evidente. Agora o Trumpismo vai espremê-la até ao tutano com acusações espúrias, com a alegre cumplicidade dos juízes.

  6. henrique pereira dos santos says:

    “Desde 2015 que a Organização Mundial de Saúde classificou o glifosato como substância provavelmente cancerígena. ”
    É falso.
    A IARC não é a organização mundial de saúde, é uma agência autónoma.
    A IARC não avalia probabilidades, apenas classifica substâncias ou processos em grupos de maior certeza quanto à hipótese de serem cancerígenos, sem usar o conceito de dose ou exposição.
    O glifosato está no mesmo grupo das carnes vermelhas, da sopa muito quente, do trabalho em cabeleireiros e do aloé vera, que é um grupo abaixo do presunto e do vinho.

    • Ana Moreno says:

      “A IARC não é a organização mundial de saúde, é uma agência autónoma.”
      Pois, não é a OMS, é uma agência que faz parte da OMS, se fica mais contente com o preciosismo.

      “A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (português brasileiro) ou Cancro (português europeu) (AIPC; em francês: Centre international de recherche sur le cancer – CIRC; em francês: International Agency for Research on Cancer, IARC) é uma agência intergovernamental que faz parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) das Nações Unidas (ONU).” https://pt.wikipedia.org/wiki/Agência_Internacional_de_Pesquisa_em_Câncer

      Que faz parte, portanto.
      Porém, se aprecia glifosato, esteja à vontade.

      • henrique pereira dos santos says:

        É um preciosismo tão relevante que a OMS se viu obrigada a dizer taxativamente “glyphosate is ‘unlikely to pose a carcinogenic risk to humans from exposure through the diet’”.
        E noto que a mesma falta de rigor a leva a ignorar por completo a questão de fundo do meu comentário: no mesmo grupo da IARC em que está o glifosato está a carne vermelha, a sopa muito quente, o trabalho em cabeleireiros e o aloé vera, que é um grupo abaixo do grupo onde está o presunto e o vinho.
        Não se trata de gostar ou não gostar de glifosato, trata-se de um mínimo de rigor sobre um assunto sério.

      • henrique pereira dos santos says:

        Para o caso de querer verificar qual é a posição da OMS:
        https://www.chemistryworld.com/news/who-clarifies-glyphosate-risks/1010208.article

      • henrique pereira dos santos says:

        Se achar a fonte anterior pouco isenta, tem aqui o documento original:
        http://www.fao.org/3/a-i5693e.pdf

        • Ana Moreno says:

          Caro Henrique,
          1- Sobre a IARC, escusamos de andar à voltas, basta entrar no site que já lá vê:
          IARC’s Mission: Cancer research for cancer prevention
          The International Agency for Research on Cancer (IARC) is the specialized cancer agency of the World Health Organization.
          The objective of the IARC is to promote international collaboration in cancer research. https://www.iarc.fr/cards_page/about-iarc/
          Isto não deixa qualquer espaço para especulações e não passa de um preciosismo seu.

          2- Quanto ao glifosato e especificamente ao estudo que o Herique refere, diz assim: “Most of the summaries and evaluations contained in this report are based on unpublished proprietary data submitted for use by JMPR in making its assessments.”
          e no seu outro link: “while the new report’s authors reviewed both published and unpublished studies to assess the level of health risk to consumers associated with dietary exposure to pesticide residues in food.”

          Mais uma vez, trata-se de um estudo baseado numa análise de outros estudos, em parte “não publicados”.
          Sobre os “unpublished studies” deve estar informado sobre os escândalos „Monsanto Papers“ ( https://www.spiegel.de/international/world/monsanto-papers-reveal-company-covered-up-cancer-concerns-a-1174233.html ) e da recusa da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar“ em dar acesso a estudos sobre o glifosato; porque será? Para não prejudicar os interesses comerciais das empresas, justificam eles. Porém, há valores mais altos e a saúde pública é um deles, pelo que o Tribunal Geral da União Europeia decidiu em Março passado que o acesso aos estudos tinha de ser facultado.
          E também é sabido que uma parte das avaliações do “Germany’s Federal Institute for Risk Assessment“ continha „copy-and-pasted tracts from Monsanto studies“.
          „The authors said they found “clear evidence of BfR’s deliberate pretence of an independent assessment, whereas in reality the authority was only echoing the industry applicants’ assessment.”
          https://www.theguardian.com/environment/2019/jan/15/eu-glyphosate-approval-was-based-on-plagiarised-monsanto-text-report-finds
          „Jo Lewis, the Soil Association’s policy director, said: “It is unacceptable that pesticide-industry studies receive greater recognition than scientific peer-reviewed open literature in regulatory decision-making. Whilst this paper focuses on the US EPA, similar criticisms have been made of EU decisions and we fear that outside the EU, pressure to approve pesticides will increase.”

          Relembro-lhe ainda que na Europa segue-se o chamado princípio da precaução: em caso de dúvida sobre os riscos, não se autoriza o produto. Ora, dúvidas aqui é o que não falta. O que já levou ao cancelamento da licença do Roundup Pro 360 em França.

          • henrique pereira dos santos says:

            Um preciosismo meu?
            Quem define as posições da OMS é a sua direcção e não as suas agências especializadas.
            Neste caso em concreto, a OMS ela própria disse o que tinha a dizer sobre o assunto e que citei acima.
            Nem entendo a sua questão: a IARC não faz estudos próprios, avalia estudos de terceiros, como fazem todas as organizações da segurança alimentar (europeia, americana, canadiana, alemã e por aí fora).
            O que está a citar diz que o painel conjunto da ONU e da OMS fez uma avaliação (a IARC não faz avaliações de risco) global, tendo em atenção estudos publicados e não publicados (isto é, toda a informação disponível), concluindo o mesmo que as mais importantes, sólidas e credíveis agências de segurança alimentar do mundo (a mais recente é a canadiana, que faz uma extensíssima revisão de tudo o que se sabe sobre o assunto).
            Se quer acreditar que a IARC (que, volto a dizer, não faz estudos de risco e põe o glifosato no mesmo grupo da café muito quente, do trabalho em cabeleireiros e da carne vermelha, que é um nível abaixo do chouriço e do vinho) é o único com o asso certo na forma, não posso fazer nada, cada um é livre de acreditar no que quiser.
            Com a informação da IARC, seguindo a sua interpretação do princípio da precuação, tanto se proibia o glifosato como a carne vermelha e o chá muito quente.
            O que estranho é que nunca responda a este aspecto concreto que estou sempre a referir e prefira as habituais teorias de conspiração (é o que fazem os negacionistas climáticos, negam o consenso científico com base em raciocínios como o seu para explicar por que razão a ciência diz uma coisa e eles dizem outra, exactamente o que a Ana faz em relação ao glifosato).

    • Percebo a questão do rigor, mas há coisas que nem é preciso andar a discutir fontes mais ou menos oficiais, como se disso se fizesse a verdade.
      Não basta vir um estudo científico dizer isto ou aquilo ou desdizer o que se disse anteriormente, como a questão se os ovos fazem bem ou mal à saúde, ou como antigamente se dizia que fumar fazia bem à saúde, especialmente a saúde financeira das tabaqueiras.
      Há coisas que todos sabemos: ter eletricidade nas paredes de casa não pode fazer bem; viver debaixo de postes de alta tensão não pode fazer bem à saúde; usar telemóveis ou viver perto de antenas de telemóveis não pode fazer bem à saúde; usar fatos de amianto não deve fazer bem; tal como usar venenos para matar plantas e contaminar solos e fauna ou usar culturas transgénicas não pode fazer bem à saúde. É como bater com a cabeça na parede. Não é preciso vir alguém como a OMS dizer que faz doer, pois isso já todos sabemos.

      • henrique pereira dos santos says:

        Tenho muito respeito pelo pensamento mágico, mas não discuto questões de fé.
        Resumindo, mesmo que toda a gente veja o sol andar à volta da terra, o facto é que não anda, discussão que só pode ser feita aplicando métodos científicos e racionais à discussão do assunto.

        • Nuno M. P. Abreu says:

          Toda a razão do mundo. Deve haver um mínimo de rigor cientifico nas discussões cientificas. Falar-se de ciência com quem fala de futebol, por paixão ou clubismo, é recuar no tempo e voltar às danças tribais em volta de um pau onde está implantado um totem .

      • Paulo Marques says:

        Essas coisas não são todas iguais, nem de longe, nem de perto. O problema é que os efeitos são complexos face ao nosso conhecimento do corpo e podem demorar anos a manifestarem-se, enquanto a academia é paga à peça com escassos recursos.
        Agora, se, de facto, as antenas de telemóvel ou o electromagnetismo da electricidade habitacional fizessem mal, não faltam leis da física que estariam completamente erradas, e essas representam um obstáculo um bom bocado maior.

  7. Ana Moreno says:

    Caro Henrique, chegámos ao ponto em que a embrulhada é maior do que o resultado útil desta troca de comentários. Se reparar, na minha resposta anterior coloquei o ponto 1- referente à IARC. Estávamos aqui apenas e só a falar sobre a relação OMS- IARC, já que se sentiu incomodado sobre a ligação implícita que fiz entre ambas. Não tenho mais nada a acrescentar sobre isso, está no site da IARC que é uma agência especializada da OMS, é tudo.
    No ponto 2 é que me referi a estudos e aí, referi-me àquilo que o Henrique invocou. A IARC não é para aqui chamada.
    Falei foi das bases científicas não publicadas e que são e foram questionadas.
    Quanto a café muito quente, carne vermelha, mais o chouriço e vinho, cada qual toma quanto e como quer; agora o glifosato andamos todos a gramá-lo com ou sem conhecimento nos produtos que compramos e na água que bebemos. Além de dar cabo da biodiversidade e de criar resistências perigosas. Mais não fora, razão de sobra para ter tratamento especial.
    Por fim, o número avassalador de casos de linfoma não-Hodgkin correlacionados com o uso de glifosato, que eu saiba, não é conhecido para chouriços.
    É tudo.

    • henrique pereira dos santos says:

      A mim não me incomoda nada que fale da relação entre a IARC e a OMS, que existe e é estreita. Coisa diferente é pretender que as posições da OMS são as da IARC, o que não é verdade.
      As bases científicas usadas são as publicadas e não publicadas, qual é a sua questão?
      A Ana já leu o que a IARC produziu?
      É que não fui eu que inventei a relação entre a carne vermelha e o glifosato nesta matéria, é a IARC que coloca a carne vermelha, os líquidos muito quentes e o glifosato no mesmo grupo, veja aqui, com os seus olhos, os 82 agentes que estão no mesmo grupo do glyphosato, o grupo 2A
      https://monographs.iarc.fr/list-of-classifications-volumes/
      De acordo com a IARC, o chouriço é um problema bem maior que glifosato, por isso põe o glifosato no grupo 2A (o tal da carne vermelha, do trabalho em cabeleireiros, do aloé vera e da sopa muito quente) e põe os chouriços, presuntos e vinhos no grupo 2B.
      É tudo

      • Ana Moreno says:

        A desconversas não tenho mais nada a acrescentar, caro Henrique. Desejo-lhe bom proveito para tudo isso.

        • henrique pereira dos santos says:

          É preciso muita lata.
          Faz um post, quando aparece alguém a mostrar que o post não tem qualquer base, inclusivamente fazendo a ligação para a informação da IARC citada e que demonstra que o glifosato está no mesmo grupo da sopa quente, responde que não está para desconversa.

    • Carlos Almeida says:

      Completamente de acordo Ana Moreno

      Para alem dos potenciais perigos directos para a saúde da humanidade, há um outro perigo do glifosato. No meu um perigo mais que evidente e comprovado que é a destruição em massa das abelhas sem as quais se perde cerca de 90% da polinização que é efectuada por insectos.
      E esse é da responsabilidade principal do glifosato através do uso do Roundup da Monsanto.

      Defensores dos interesses da Bayer/Monsanto hão sempre por aí aparecer, principalmente quando essas empresas estão com problemas.

      • henrique pereira dos santos says:

        Um dia ainda me terão de explicar como um fitocida que actua sobre os mecanismos da fotossíntese mata animais que não fazem fotossíntese, mas pressinto que hoje não é esse dia

        • …..mas quem será este sabichão Henrique e ao que vem ?? !

          • henrique pereira dos santos says:

            Eu sou eu, é razoavelmente irrelevante porque sei até muito pouco do assunto, mas o suficiente para saber onde estão documentos com informação sobre o assunto, que é uma coisa ao alcance que qualquer pessoa.
            Não venho a nada, não gosto de teorias de conspiração assentes em pensamento mágico, só isso.
            Dou-lhe um exemplo.
            Há anos a Margarida Silva, a guru das campanhas sobre OGM e glifosato em Portugal e por quem tenho apreço, resolveu alinhar numa teoria de conspiração sobre o facto da Monsanto ter influenciado decisões judiciais canadianas.
            Como me parecia estranho que uma companhia, fosse ela qual fosse, conseguisse comprar decisões de tribunais canadianos em várias instâncias (comprar um juiz é sempre possível, comprar todo o sistema de recursos que existem para limitar isso num estado de direito é mais complicado) entrei numa discussão com a Margarida que durou meses e que me levou a estudar o processo, a ler as sentenças e tudo isso.
            Muitos meses depois a Margarida (e o resto do movimento anti-OGM) concluiu o que era evidente desde a primeira leitura as sentenças: havia um aldrabão que estava a tentar passar a perna à Monsanto, usando para isso a ingenuidade do movimento anti-OGM e o seu ódio cego à Monsanto que o levava a acreditar em teorias de conspiração que acham possível uma empresa comprar todo o sistema judicial canadiano (ou todo o sistema de segurança alimentar dos países mais desenvolvidos, democráticos e transparentes do mundo).
            Não venho a nada, mas não gosto de banha da cobra.

    • Suponho que as abelhas estejam a morrer, e os insetos em geral tenham tido uma redução de 75% nas suas populações nas duas últimas duas décadas por causa do café que bebem e da carne vermelha que comem!

      • Carlos Almeida says:

        Boa malha

        Mas os “empregados da Bayer” ainda hão de inventar outras

      • Carlos Almeida says:

        Esqueci-me da sopa quente.
        Imperdoável

        • henrique pereira dos santos says:

          A ignorância é uma coisa triste, sobretudo quando é militante e voluntária.
          Como os senhores e a autora do post não querem, não podem, ou não sabem ler os documentos originais da IARC, eu ponho aqui algumas misturas que estão no mesmo grupo do glifosato (e não, não se pense que são coisas no ar, a quantidade de cancros no esófago na China por causa do chá é bem concreta):
          High-temperature frying, emissions from
          Household combustion of biomass fuel (primarily wood), indoor emissions from
          Non-arsenical insecticides (occupational exposures in spraying and application of)
          Red meat[2]
          Very hot beverages at above 65 ℃ (drinking)[3]
          Ou seja, se vos incomoda o exemplo da sopa quente, eu posso passar a usar o das lareiras, que também está no mesmo grupo do glifosato.

        • Carlos Almeida says:

          Sr Henrique dos Santos

          Antes de chamar ignorante a quem não conhece, leia o artigo no link da sciencedirect.com que lhe envio e ao qual podia ter chegado se por acaso se tivesse dado ao trabalho para ler com atenção os links indicados na lista que aqui coloquei anteriormente

          https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1383574218300887

          Eu cheguei la a partir deste link

          https://www.20minutes.fr/sante/2453863-20190218-glyphosate-exposition-herbicide-augmenterait-41-risque-lymphome-non-hodgkinien

          • henrique pereira dos santos says:

            Se alguém demonstra o nível de ignorância sobre o que a IARC escreve quando pretende usar a IARC para fundamentar as suas opiniões, eu não preciso de conhecer a pessoa para dizer que está a ser ignorante (a alternativa seria considerar a pessoa desonesta, e isso implica um processo de intenções que evito).
            Sobre o estudo que cita (e que é bastante conhecido, sobretudo por más razões) “This meta-analysis provides a reasonable amount of evidence that glyphosate may be linked to non-Hodgkin lymphoma. That being said, it is not a completely convincing study. It is too small, it ignores contradictory published evidence, and it lacks robust separation of confounders that may be influencing the data.
            Moreover, even if the study is accurate, the absolute risk of non-Hodgkin lymphoma is still small with or without glyphosate. Avoiding other risk factors for this particular cancer may be more critical than glyphosate.”
            Pode ler aqui uma (mas há muitas) das leituras desse estudo que faz uma metanálise de seis estudos, depois de excluir centenas, nem sempre por razões compreensíveis):
            https://www.skepticalraptor.com/skepticalraptorblog.php/glyphosate-linked-non-hodgkin-lymphoma-analysis/

          • Carlos Almeida says:

            Sr Santos

            Quando escreve “e que é bastante conhecido, sobretudo por más razões”, já está a indicar qual o seu lado da batalha e que é obviamente do lado dos envenenadores mundiais Bayer/Monsanto.
            Está tudo dito e também não lhe posso chamar desonesto porque sempre mostrou de que lado se colocava e ao que vinha

      • 20 de Maio, Dia internacional da Abelha

        • Eu sabia, mas vou partilhar o vídeo 😉
          E daqui por dois dias é o Dia Mundial da Biodiversidade 😉

  8. Ana Moreno, grande este seu argumento !

    é como uma outra discussão sobre o glifosato com um nem me lembro já quem, defensor igualmente dessa coisa para limpar eficazmente terrenos de silvados e seu uso de mais valia na produção agrícola, pondo em causa igualmente que a extinção lenta das abelhas e outros insectos fosse devida em grande parte a esse herbicida maldito usado e cobiçado pelos seus resultados imediatos, e de lucros obscenos sobretudo por esses abomináveis monsantos /bayers, mas tb a mando de autarcas tugas mal informados e mal formados !!

    …andamos todos a gramá-lo, sim ! mesmo informados !
    .
    “Quanto a café muito quente, carne vermelha, mais o chouriço e vinho, cada qual toma quanto e como quer; agora o glifosato andamos todos a gramá-lo com ou sem conhecimento nos produtos que compramos e na água que bebemos. Além de dar cabo da biodiversidade e de criar resistências perigosas.
    Mais não fora, razão de sobra para ter tratamento especial…. “

  9. Nuno M. P. Abreu says:

    Hoje estive a trabalhar com o meu neto, que tem dezassete anos, num pequeno ensaio filosófico cujo tema era “A Ética e a Tecnologia”. Relembramos que os princípios éticos que regiam a sociedade, de há décadas, se haviam alterado substancialmente. Kant, com o seu imperativo categórico, tentava sintetizar o conceito ético numa frase: “age de tal modo que a máxima de tua acção se torne o princípio de uma lei universal”
    Tudo isto se alterou de maneira decisiva com a evolução tecnológica . A tecnologia moderna introduziu acções de escala, objectos e consequências tão novas que a estrutura da ética antiga não pode englobá-las.
    Desde logo, porque os nossos usos tecnológicos obrigaram a que a Natureza se tornasse uma responsabilidade humana e consequentemente ganhasse natureza ética.
    Dantes a ética era Antropocêntrica. Os princípios que nos eram ensinados passavam por : “Ama o teu próximo como a ti mesmo”; “Faz aos outros aquilo que queres que te façam a ti”; “Instrói a criança no caminho da verdade”; “Subordina o teu bem individual ao bem comum”.Etc.
    Hoje ela é Geocêntrica e talvez mesmo Heliocêntrica. E os princípios enunciados são : “age de modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de vida humana genuína”; ou simplesmente: “não comprometas as condições de uma continuação indefinida da humanidade na terra”
    Tão-somente aqui parece ainda se estar a discutir como se se vivesse no tempo dos Incas. Vive-se ainda em tribos que dançam à volta duma fogueira, repetindo frases ensaiadas, agitando totens, como se a humanidade fosse dicotómica: nós, os bons, e os outros, os maus.
    Há quem diga que hoje está em curso a batalha final entre os decentes e os indecentes como se de conceitos objectivos se tratasse. Há quem trate a Bayer e a Monsanto como demónios capitalistas e que em nada tivessem concorrido para o desenvolvimento cientifico. Fala-se em glifosato e em chouriços de Montalegre, com o mesmo conhecimento cientifico que um leigo tem de um Deus, uma criação da fé de outros.
    Arejar aqui? No meio de um bafiento ambiente onde se tenta impor a verdade única procurando escorraçar quem tenha a ousadia de expor uma ideia que possa por em causa a ideologia entronizada como Bíblia?
    Só resta deixar umas dicas para que possam descarregar a bílis que se não expelida envenenará o ambiente.

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