Seria o cúmulo da pouca vergonha…

Há uns meses o país ficou indignado com um juíz. Quer-me parecer que se prepara algo pior, diria mesmo, sinistro

Comments

  1. Não me parece que se prepara agora.
    Os factos datam de 2014 e 2015 – um tribunal considerado, em tempo útil, incompetente para o efeito, continuou a emitir ordens e estas continuaram a ser cumpridas.

    • António de Almeida says:

      Recordo aquela história do sorteio apenas ter funcionado à terceira tentativa…

      • E eu recordo todas as fugas de informação para a CS sem que haja responsáveis – seriam toupeiras do Benfica que, enganando-se nos processos, assim os descartavam?
        Bem como recordo a concentração de atenções e recursos neste caso deixando prescrever processos julgados noutros países, ou arquivando processos que, chegados ao OLAF, tiveram que ser reabertos.

        A interligação de poderes é recorrente, mas temos que decidir se mantemos os procedimentos legais ou passamos para o alcatrão e penas…

        • António de Almeida says:

          Fugas de informação para a comunicação social já são um clássico em Portugal.
          Costumo apontar um exemplo, Maddoff nos EUA há muito que foi julgado e cumpre pena. Quantos anos são preciso em Portugal para sentar alguém no banco dos réus? Ultimamente nem tanto, mas tenho memória que era frequente prescreverem…
          Defendo que se faça Justiça nos locais próprios, mas Portugal carece de reforma séria que reduza prazos e resolva de forma célere todos os casos. Mas isso não interessa a muitos…

          • Voltamos a bater nas reformas do sistema…

            … pornograficamente inquinado pela mancebia entre poderes.

      • Rui Naldinho says:

        O juiz Carlos Alexandre, nem sorteado foi!
        Dirão alguns, que foi o escolhido porque não havia outro. Já ouvi essa explicação pífia.
        Para mim, em política não há coincidências.

  2. Rui Naldinho says:

    Não António. Nada de sinistro. Está tudo de acordo com aquilo que eu previa, e aqui escrevi bastas vezes. Era só mudarem os justiceiros de serviço, e tudo se esboroava.
    A mim nada disto me espanta, porque sei onde vivo. Vivo num país onde da Justiça à Política, tudo, com honrosas excepções, sofre de uma clubite crónica. Parece o futebol. A preocupação de uns é prender os ladrões do outro lado, poupando os nossos.
    Estranhar? O quê?
    Como não terá sido sinistro para a direita, a forma como o juiz Carlos Alexandre e a ex PGR Joana Marques Vidal montaram tão bem, tão cirúrgica, o cerco a Sócrates e ao PS, numa agenda eleitoral, de onde fazem parte Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas. A mediatização de todo o processo na CS, como se assistíssemos a uma telenovela, mostrou bem ao que vinham.
    A mim preocupa-me bem mais, isso sim, sinistro, o motivo pela qual uma série de banqueiros, ainda andam a passear, há anos, depois de condenados. Depois, preocupa-me as fraudes dos Fundos Europeus, das PPP’s, sem que haja praticamente um condenado.
    Eu quero que Sócrates vá, mas na sua vez. Só na vez dele. Não passo esponjas sobre o passado. Antes dele, quero ver na cronologia dos crimes, outros lá dentro.
    Aí sim, já posso dormir descansado.

  3. António de Almeida says:

    Sinistro que a história se repita vezes sem conta…

  4. Paulo Marques says:

    Sinistro e pouca vergonha que até os crápolas tenham direito à liberdade da não perseguição política atropelando o estado de direito durante anos?

    • António de Almeida says:

      Perseguição política? Pois, estamos a ver agora com as dívidas aos Bancos a perseguição política, ouvir Berardo é um tratado, ontem ele já veio insinuar que foi empurrado para a tomada de poder no BCP, mas não seria necessário, há muito que o sabíamos…

      • Paulo Marques says:

        Aplicar não só as leis que existem a um único indivíduo, por sinal o único governante com uma narrativa muito ligeiramente diferente da TINA, mas ir muito além dos mecanismos legais de justiça, possivelmente violando os direitos humanos várias vezes, e certamente a constituição, se não é perseguição política, é o quê?

        • Paulo Marques says:

          E não gosto, nem nunca gostei de Sócrates, por ser mais um neoliberal iluminado, mas com ou com qualquer outro, não há regulação financeira no mercado único. Se não fosse Berardo, era outro, e nem no Carlos Costa se pode tocar.

          • António de Almeida says:

            Não gosto de Carlos Costa, mas gosto menos de ingerências governamentais. Por isso não me viu defender a procuradora, porque este tipo de mandatos deveriam ser únicos, para não ficarem dependentes do poder político para uma eventual recondução. Melhor ainda se fossem escolhidos pelos pares…

  5. António de Almeida says:

    Se fosse perseguição política o PS que governa, deixava-o cair? O PS foge dele como da lepra. O homem pode não ter concluído o curso de engenharia, mas em trafulhice é mestre…
    Não é único, obviamente, antes fosse e estaria bem o país, mas como ele nunca tivemos.

    • Paulo Marques says:

      Ou seja, o PS era preso por defender Sócrates, e preso é por deixar andar os atropelos à justiça.
      Assim vai a liberdade.

      • António de Almeida says:

        Não o levem a julgamento e vai ver o que acontece. Diferente seria ir a julgamento e ficar absolvido. Mas não é o único, estou à espera de ver todos os outros sentados no banco dos réus, mas se o final for idêntico aos “ballet rose”, então direi que Portugal não mudou desde o salazarismo…

        • Paulo Marques says:

          O que acontece é indiferente do julgamento; tal como Pinto da Costa, Jorge Coelho, Paulo Pedroso ou outros, hão-de ser sempre culpados perante a opinião pública porque convém ao regime.

          • Se os acusados fossem mais rapidamente a julgamento, talvez diminuísse a suspeição generalizada na opinião pública, mas em Portugal tudo funciona a passo de caracol…

    • Nuno M. P. Abreu says:

      Porque será que Ivo Rosa foi elogiado por Sócrates?
      Se houvesse uma réstia de vergonha, se existisse um mínimo de ética republicana, ninguém, antes escolhido por Sócrates para fazer parte do seu governo, aceitaria voltar a governar sem primeiro saber se Sócrates é ou não declarado judicialmente corrupto.
      Sobretudo porque se não trata, se for caso disso, de um corrupto qualquer. Mas de um eventual corrupto que se aproveitou do voto de quem confiou nele.
      Joe Berardo explorou e gozou com os portugueses mas jogou com as armas que o capitalismo colocou à sua disposição e que ele habilmente manipulou.
      Sócrates serviu-se da democracia, de uma sistema estrutural de uma sociedade, descredibilizando-a e permitindo que muitos cidadãos deixassem de acreditar no sistema.

      • Muitos cidadãos já não acreditavam no sistema desde os tempos do financiamento de empresas que nada produziram.

        Quando temos um Conselho de Estado que apenas permite o julgamento de conselheiros se o próprio Conselho autorizar, não acha que está a pedir demasiada ética a uma classe que não tem nenhuma?

      • Muito bem, Nuno M. Abreu !

      • Paulo Marques says:

        «ninguém, antes escolhido por Sócrates para fazer parte do seu governo, aceitaria voltar a governar sem primeiro saber se Sócrates é ou não declarado judicialmente corrupto.»

        É uma boa atitude para inviabilizar que um partido volte a ter poder, enquanto a oposição séria e responsável passa pelos pingos da chuva das prescrições.

  6. António de Almeida says:

    Desde aquele episódio bizarro de ter sido sorteado à terceira tentativa…

  7. Julio Rolo Santos says:

    A justiça em Portugal nunca foi o meu forte por não a compreender. Ora se condena um pé rapado por roubar uma lata de sardinha num supermercado, ora se exonera um ladrão de colarinho branco acusado de roubar milhões. É tudo uma questão de interpretação das leis, eu diria, de quem tem poder, prestígio, dinheiro (roubado) e cara de pau. No caso em concreto, o processo Marquês, cheira-me que tudo vá dar em águas de bacalhau com a agravante de ainda termos que pagar indemnizações àquela malandragem toda. A troca de juízes foi uma jugada de que há muito se previa que iria acontecer, era uma questão de tempo. Surgiu e agora é esgrimir argumentos entre advogados pagos a peso de ouro e o Ministério Público enfraquecido por tanto tempo de investigação e ter de lutar contra alçapões criados por juristas ligados aos escritórios de advogados que fazem as leis e as vendem aos poderes legislativo e executivo e agora, com o seu poder de as interpretarem, ao seu jeito, usá-las em defesa de quem lhes possa pagar. Em direito dá-se lhes a designação de “artifícios jurídicos” para pôr em causa a acusação. Vamos ver no que vai dar.

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