Os parasitas da democracia

O caso Berardo é apenas mais um exemplo daquilo que acontece quando o capitalismo, na sua versão mais selvagem, anda a solta, sem travão, manobrado por parasitas com os bolsos cheios de políticos corruptos. Não existe regulação (ou não funciona), à partida ninguém é responsável, todos têm excelentes alibis e uma série de saídas de emergência legais (cortesia da proveitosa e duradoura parceria público-privada entre indivíduos que de manhã legislam no parlamento e à tarde ajustam directo num qualquer escritório fancy de Lisboa) e nem dívidas têm, como muito bem explicou Joe Berardo, que, tal como os seus pares que se envolvem neste tipo de artimanha financeira, não têm dívidas nem património. É tudo da fundação. Ou da empresa. Um indivíduo destes tem no máximo uma mota de água e a roupa que traz no corpo.

Quem paga? O contribuinte. O contribuinte que paga impostos, claro, que nem todos o fazem. Mas acabam todos por pagar, porque os calotes que estes comendadores e barões vão deixando pelo caminho dão origem a buracos que se tapam com dinheiros públicos, que faltam depois nos hospitais, nas escolas, nas esquadras, nos tribunais e nos serviços públicos em geral.

E os parasitas? Os parasitas lá continuam na sua vida de luxo, a viajar em jactos privados e a passar férias em fabulosos resorts, a viver acima das suas possibilidades e a desviar dinheiro para paraísos fiscais, sem que poder algum os obrigue a pagar o que devem. Sem que os legisladores tenham a coragem de produzir legislação implacável e retroactiva, que acabe de vez com o saque. Sem que, aparentemente, nada possamos fazer para acabar com esta forma de crime organizado, que destrói as finanças públicas de um país de parcos recursos, à mercê da incompetência e submissão de quem tem o poder para mudar o rumo das coisas e nada faz. Porque nunca sabem quando poderão ser agraciados com uma reforma dourada num qualquer conselho de administração controlado por um destes parasitas.

Eis a crise do regime político português: um bando de parasitas, não raras vezes feitos comendadores, que assaltam os cofres públicos como querem e nos deixam pesadas facturas, que se acumulam e se transformam em buracos sem fundo de dívida e imparidades, sem que nada de relevante lhes aconteça. Até ao dia que a onda populista da nova extrema-direita chega, prometendo o fim da pouca-vergonha, apenas para a substituir por um regime autoritário, que nos privará da democracia e fará desaparecer a corrupção e o compadrio como Salazar e outros canalhas do passado o fizeram: apoderando-se delas e censurando toda e qualquer tentativa de as revelar. Se os partidos dominantes existentes são incapazes de pôr cobro a esta situação, é tempo de encontrar outras soluções e deixá-los desaparecer, como aconteceu em França. Enquanto temos tempo.

Comments

  1. Nuno M. P. Abreu says:

    O problema fundamental de Portugal não são os berardos mas sim os sócrates, os espíritos santos, os duartes limas, os varas, os oliveiras e costa.
    O problema do pais não são os empresários que promovem o desenvolvimento, obviamente com a ideia do lucro, lucro esse que gera mais desenvolvimento. O problema são os políticos que, sem gerarem riqueza, se apropriam dela com a conivência do povo que os elege. O problema não são as PP mas os políticos que em vez de as gerirem em nome do colectivo as gerem em proveito próprio.
    Não seriam os programas caducos de uma extrema esquerda que traria algo de novo ao pais.
    Os países mais desenvolvidos do mundo, onde o cidadão comum tem acesso a uma vida livre e mais confortável, situam-se no norte da Europa, na Austrália ou no Japão, onde os partidos comunistas ou, já desapareceram, ou estão em vias de extinção.
    Precisamos sobretudo de educação, de consciencialização do interesse comum, para por um lado elegermos pessoas dignas e por outro, com a nossa livre iniciativa, promovermos o nosso bem estar e com ele o progresso colectivo.

    • Paulo Marques says:

      O problema fundamental de Portugal não é quem aproveita a desregularização para viver à custa do rendas ao estado, é quem é apanhado.
      O problema do país não são os empresários que criam riqueza, obviamente para as suas contas bancárias em paraísos fiscais e accionistas estrangeiros, riqueza essa que fica escondida num qualquer banco. O problema são os políticos que, deixando-os fazer isso, ainda vão querendo que as pessoas comam 3 refeições por dia e não os deixam acumular mais capital. As PPP que deixam os custos para o estado e o lucro para elas não são o problema, mas os políticos que tentam ficar com algum. Não seria alguém que visse o óbvio e quisesse travar o empobrecimento permanente que mudaria algo ao país.
      Os países mais desenvolvidos do mundo vive-se melhor, na Suécia onde não há Euro, há impostos ao capital e a luta pela igualdade é inquestionável, um que prefere o pleno emprego ao défice e outro onde explora indígenas e diz-se que o carvão é futuro (mas onde a precariedade continua a aumentar).
      Precisamos sobretudo de mais propaganda da TINA, porque começa a haver demasiada gente a duvidar, para, por um lado, elegermos mais empregados de Bruxelas, por outro recebermos mais festinhas em fundos europeus para que os nossos grandes empresários nos apresentem mais porno-riquismo nas revistas.

      • Paulo Marques says:

        Mas lembrem-se, não sou de esquerda nem de direita, nem tenho ideias pré-concebidas ou irrealistas.

        • M Soares says:

          Se nem consegues saber que és de esquerda como poderias saber que a Suécia é o sexto pais mais liberal (no sentido europeu) do mundo, muito á frente dos EUA, que nem salário mínimo tem.

          M Soares

  2. JgMenos says:

    Tudo muito verdadeiro para aplicar-se à cambada sempre crescente de parasitas alimentados a impostos, crescentemente ávidos e crescentemente arrogantes, na sua falsa missão de serviço público.
    Inventam tanto serviço quanto o necessário a comprar votos e a instalar os membros da matilha.

    • José Peralta says:

      Ó “menos” !

      Ainda hás-de explicar à gente “ignota”, porque é que a matilha de cães de fila, a cambada de parasitas da direitalha tão “salvadora” do país, abriu falência, e se digladia em dis-putas intestinas (mas que adjectivo tão apropriado e fétido !!!!)

      E é vê-los, aos parasitas em desespero, a prostituir-se, a vender a alma ao diabo, para que na próxima legislatura, não percam a amada “cadeirinha” lá no grupo par(A)lamentar…

      Um espectáculo tragi-cómico, um filme pornográfico, uma ópera- “bufa” mal cheirosa…

      Na qual, tu, não abdicas de ser a “prima-dona”, a Castafiore…

      Toma muito chá de cebola, muuuuito, ó “menos” ! Aclara a voz e…lubrifica o teclado !

    • Paulo Marques says:

      Eu ficava chocado se algum dos clientes do Cruz não enriquecesse à custa do estado.

      • JgMenos says:

        Muito gostas de te imaginar em correspondência com o tal Cruz!

    • abaixoapadralhada says:

      OH menos.

      Que saudades que tínhamos das tuas alarvices !
      Ou serão alarvices do Cruz ?

  3. João Sequeira says:

    “O problema fundamental de Portugal não são os berardos mas sim os sócrates, os espíritos santos, os duartes limas, os varas, os oliveiras e costa.”
    Assino por baixo

    • Nascimento says:

      A sério? Assina? Foi o taxista intelectual_oide da treta que o rabiscou e…?O que é que significa ” fundamental”? Em que patamar está o dito? O Berrrrardo não é ” O Funnndamental”pois não?Nem é ” O Prrroblerma” no dizer do asno …. O asno tenta sempre dar o coice mais alto para parecer Mais ( neste caso como noutros), todo ele ” doutrinal”mas, espremidinho ,não passa de um nauseabundo reacionário de merda. Vamos lá chamar os bois pelos nomes. De carrinho com Ele.

      • Nuno M. P. Abreu says:

        Que profundidade! Que sapiência! Que elegância de discurso, a fazer lembrar aquele do que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava. Assim sim. Com comentários destes aprende-se alguma coisa! Mais que não seja a confirmar até que ponto a acefalia se generalizou nas tolas destes fanáticos!

        • anticarneiros says:

          Digo eu, Abreu, que não sou nada fanático, não senhor.

          Já dizia a minha avozinha: “presunção e agua benta, cada qual toma a que quer”

          Vai-te catar, Abreu

          • Nuno M. P. Abreu says:

            Infelizmente, parece, que não aprendeu nada com a sua honrada avozinha! Sente-se que o senhor nada tem de fanático, mais de carneirada!!!

        • anticarneiros says:

          Oh Abreu

          Tu acumulas o fanatismo com a carneirada da outra senhora.

          Saudades…….

        • Nascimento says:

          Vai badamerda ó Nunoi.. ou não enxergas que já foste topado há muito tempo? Rabiscas ás vezes de mansinho, outras do pulpito qual sacerdote, mas, as tuas posições de nim-nim, tipo carambola prós dois lados , levam sempre para o ladecos do ” patrioteiro Liberal”… mas,da treta!
          Ora, bastou ter-te acompanhado nos primeiros rabiscos, aqui no tasco, para ter ficado escarrapachado o que daí saía e vinha!… e? Deu naquilo que eu já suspeitava: Eloquente Reaça. Nem mais.

          • anticarneiros says:

            Correcto e afirmativo
            Assino por baixo Nascimento

            Este cromo Abreu é um chato dum escravinhador compulsivo.
            Quase tenho saudades doutro cromo, o Cruz, vulgo o Menos, que diz muita bacorada mas em frase curtas

          • Nuno M. P. Abreu says:

            É com a sensação de dever de cidadania cumprido sentir que faço vir ao de cima o ódio que consome a natureza intrínseca dos fascistas/estallinistas que incapazes de formularem opiniões ou criticas fundamentadas excretam adjectivos que, saindo deles, são elogios

          • Paulo Marques says:

            Ao contrário dos lugares comuns de quem nem percebe o que é o neoliberalismo e do quanto pior que isso são os constrangimentos europeus que nos auto-inflingimos, mas lá continua a achar que pensa por ele próprio imitando todos os paineleiros responsáveis da triste comunicação social.

  4. esteves ayres says:

    A resposta já foi dada em tempo pelo saudoso Jurista Arnaldo Matos, mas ninguém quis ver,. e como ele diria; “isto é tudo um putedo”!

    • abaixoapadralhada says:

      Correcção

      “isto é tudo um putedo” franciscano

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