Estados Unidos das Bananas

Documentário do canal alemão DW “On Bananas and Republics” sobre o império construído pela empresa United Fruit Company (UFC), considerada a primeira grande multi-nacional. Como esta empresa dominou diversos países da América Central, tomou conta das respectivas infraestruturas e colocou os governos e militares desses países ao seu serviço. A tomada de posse dos caminhos de ferro, telégrafo e terras por parte da UFC. A estratégia do não pagamento de impostos, pioneira no agora omnipresente “planeamento fiscal”. A história de como a revolta dos trabalhadores na Guatemala foi transformada num problema político dos EUA, tendo conduzido a uma guerra civil que durou 36 anos. A forma como a UFC montou uma história sobre a Guatemala, sem paralelo com a realidade, como forma de conter a revolta aos países vizinhos onde ela operava. A dívida dos países da América Central como instrumento de consolidação de poder da UFC. A expressão”República das Bananas” cunhada por O. Henry em 1901 para descrever o regime das Honduras e países vizinhos onde empresas como a UFC podiam fazer tudo o que queriam.

Imagem do documentário “On Bananas and Republics” (clicar para ver)

Olhar para a forma como uma empresa se tornou tão poderosa que foi capaz de conduzir a política de diversos países, entre a América Central e os próprios EUA, é uma lição para os dias de hoje. Afirma-se no documentário que a UFC criou o modelo do actual capitalismo, baseado em empresas que crescem simplesmente para crescerem, que quase não pagam impostos nos países onde operam e que conseguem envolver os governos nas suas lutas.

Veja-se o que se passa actualmente com a Google, Facebook, Amazon, eBay e Uber, só para citar alguns casos. Estas empresas têm um histórico de quase não pagarem impostos, apesar dos gigantescos lucros que produzem e de actuarem de forma predatória. O Facebook, por exemplo, foi recentemente alvo de uma multa de 5 mil milhões nos EUA devido às suas práticas de sistemática violação da privacidade dos seus utilizadores. No entanto, a maior multa alguma vez passada pela FTC corresponde a apenas 1 mês de facturação da empresa ou a cerca de um quarto dos 22 mil milhões de lucro do ano anterior. No dia em que se soube o valor da multa, as acções do Facebook subiram em flecha, reflectindo o alívio dos investidores face ao clima de ansiedade que antecederam os meses até ao anúncio da decisão. Contrariamente ao que se temia, a multa foi um apenas um beliscão.

Outro exemplo é a nova lei francesa que determina a aplicação de uma taxa de 3% sobre as vendas das grandes tecnológicas em França. Aprovada em Julho deste ano e com efeitos retroactivos a Janeiro, a lei determina que todas as empresas com facturação superior a 750 milhões de euros, dos quais pelo menos 25 milhões de euros gerados em França, serão abrangidas por esta lei. Estima-se que este ano sejam cobrados 400 milhões de euros com este imposto. Uma migalha, face à facturação destes gigantes. Isso não impediu, no entanto, que os EUA lançassem claras ameaças de retaliação à França. Se bem que a migalha francesa nem beliscará as contas das grandes tecnológicas, o precedente, que se poderá extender a outros países e à UE, poderá já ter algum significado. A situação é, em todo, semelhante ao caso UFC / Guatemala, descrito no documentário, que levou à intervenção dos EUA para defender a sua multi-nacional sob um suposto pretexto de luta anti-comunista.

A construção do império da United Fruit Company teve como base a dívida da Costa Rica, que a conduziu à falência em finais do século XIX, o que lhe permitiu controlar os recursos do país como bem entendeu. Olhando novamente para a actualidade, vemos como o mesmo cenário de as dívidas soberanas, de países como Portugal e Grécia, terem acabado por permitir o controlo de elementos fundamentais dos países. Em Portugal, o governo de Passos Coelho deu a estocada final na cedência do controlo da EDP e da REN aos chineses, transferindo o controlo de infraestruturas estratégicas para as mãos de poderes estrangeiros.

“On Bananas and Republics” é um documentário sobre o capitalismo erguido por uma empresa e, também, a constatação de como a história se repete.

Comments

  1. JgMenos says:

    E tudo se passa do mesmo modo:
    Incúria, corrupção e coitadinhos (montes de coitadinhos, himalaias de coitadinhos, planetas de coitadinhos…)

    • abaixoapadralhada says:

      Estados Unidos das Bananas

      Cruz. Apareceste tu agora: O BANANA DOS ESTADOS UNIDOS

      • POIS! says:

        Pois!

        Não se pode falar em bananas que o Sr. Menos fica logo fortemente excitado! Deveria ser avisado que a bananofilia pode levar a práticas bastante perigosas, principalmente se envolverem a casca. Há quem vá parar às urgências com sérias lesões!

    • Abel. Barreto says:

      Pode explicitar o seu comentário?

    • Paulo Marques says:

      Os coitadinhos dos capitalistas americanos são iguais ao nossos, é verdade!

    • Nascimento says:

      ó menos não tens ai na tua rua um esgoto que passe perto de ti?Tens? vai lá ,destapa a tampa ,e mete-te lá dentro por pelo menos 24 horas ,assim a marinar na merda!As ratazanas adoram( vi num documentário da N. G.)e tu parece-me que irias adorar.Para ti era assim como um spa. Imagina: tu a chafurdar na merda com as ratazanas! Viscosas e Castanhinhas como tu adoras, e mais; saia-te baratinho! Quem sabe,se não virias com outros “ares”. Ou então até podia ser que gostasses tanto que nunca mais quisesses sair do buraco! Ficavas por lá:AÍ é que era bem bom!E tem outra: não custavas nadinha ao SNS.Já pensas-te?Não?

      • abaixoapadralhada says:

        O manso (corno) Cruz, tem perto do escritório, a praia de Carcavelos para tomar banho depois de chafurdar no esgoto como só ele sabe.
        O pior era o que sobrava para os restantes banhistas

  2. JgMenos says:

    A cretinagem está sempre disposta a diabolizar o capital.

    Os coitadinhos que comiam bananas, exportam toneladas de bananas.
    Os seus líderes são corruptos? Os coitadinhos são mansos?

    A culpa é do capital!

    • abaixoapadralhada says:

      Outra vez o corno Cruz ?

    • j. manuel cordeiro says:

      Há dois tipos de pessoas que fazem este tipo de comentários: os que se encheram de dinheiro à conta da situação e os tótós que defendem os primeiros. Aposto que os primeiros têm coisas mais interessantes para fazer do que comentar posts.

      • JgMenos says:

        …interessam-me mais os terceiros, que dizem cobras e lagartos dos primeiros e sempre ignoram os quartos, os que se colocam no serviço público para serem corrompidos.
        Suspeito que os terceiros são candidatos a passarem a quartos à conta da sua suposta luta contra os primeiros.

    • Paulo Marques says:

      Há os corruptos e há os que não querem acabar com um tiro na nuca numa vala comum,como o Menos sabe e deseja.

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