O racismo de Trump termina onde começa o dinheiro dos outros

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O rapper A$AP Rocky foi detido em Estocolmo, no passado dia 3, devido ao envolvimento numa rixa, tendo sido acusado pela justiça sueca de agressão. O músico norte-americano poderá apanhar até 2 anos de prisão.

Na sequência da detenção, Donald Trump decidiu intervir, e, sem surpresas, usou a sua conta no Twitter para atacar o governo e a justiça sueca, intrometendo-se, como é seu hábito, na soberania de terceiros.

Entre as bizarrias costumeiras que caracterizam o presidente norte-americano, Trump sacou de um “Fizemos muito pela Suécia” (leia-se: nada) e sugeriu que a Suécia se focasse no seu problema com a criminalidade, que foi exactamente o que as autoridades suecas fizeram quando detiveram A$AP Rocky.

Donald Trump, que aparentemente não percebe o conceito de separação de poderes, acusou ainda o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, de ter decepcionado a comunidade afro-americana, e não a norte-americana como um todo, porque, como se sabe, os seus amigos supremacistas estão-se nas tintas para os negros, pelo que, apesar do estatuto do rapper, convém não misturar as coisas.

Não deixa, contudo, de ser interessante – e revelador – que, num país onde 40% da população prisional é afro-americana, Donald Trump esteja tão preocupado com um rapper negro. Presumo que seja uma questão de estatuto e popularidade. E dinheiro. Afinal, estamos a falar do mesmo Trump que, na passada semana, presenteou o mundo com insultos racistas e incitação ao ódio contra quatro incómodas congressistas, filhas de emigrantes, que gentilmente instou a regressarem à sua terra, apesar de três delas terem nascido em solo americano. E nem por isso mandou A$AP Rocky regressar aos Barbados, de onde é originário o seu pai.

Comments

  1. Miguel Bessa says:

    Isto, sobre o presidente que mais diminuiu o desemprego dos negros nos states é só ridiculo
    Mentalidade de plantação.

    • POIS! says:

      Pois!

      Vá andando para a sua terra, Xô Bessa! Resolva lá o problema da criminalidade horrível que por lá grassa e depois volte! O Bolsonarustra está à sua espera!

    • José Peralta says:

      Miguel Bessa

      “Não deixa, contudo, de ser interessante – e revelador – que, num país onde 40% da população prisional é afro-americana, Donald Trump esteja tão preocupado com um rapper negro. Presumo que seja uma questão de estatuto e popularidade. E dinheiro. Afinal, estamos a falar do mesmo Trump que, na passada semana, presenteou o mundo com insultos racistas e incitação ao ódio contra quatro incómodas congressistas, filhas de emigrantes, que gentilmente instou a regressarem à sua terra, apesar de três delas terem nascido em solo americano. E nem por isso mandou A$AP Rocky regressar aos Barbados, de onde é originário o seu pai”.(João Mendes)

      Fico muito “sensibilizado” com a sua opinião “sobre o presidente que mais diminuiu o desemprego dos negros nos states”…

      E até acho que o trump(a), precisa muito de “apoantes” como o Bessa…

      Porque, cada vez mais, ele tem, CADA VEZ MENOS apoiantes, não só nos EUA, como no Planeta, que, diligentemente, se empenha em destruir… e utiliza sem vergonha, processos fraudulentos, mentirosos, e manipuladores de faixas da sociedade americana (negros incluídos !), para se manter `”à tôna” para voltar a ser eleito.

      E, por isso, precisa de apoiantes, tão “patrióticos” como o ku klux-klan, o netaniyahu, o bolsonaro, a Arábia Saudita ou…o Bessa !

  2. Fernando Antunes says:

    O facto de ser negro não significa que representa a população negra. Pertence a uma elite de celebridades Afro-americanas de Beverly Hills, como Kanye West, Kim Kardashian, Jay-Z, etc., que vive completamente desconectada da realidade dos seus próprios antepassados. Kanye West chegou a ser muito criticado por dizer uma vez que se a escravidão durou 400 anos, foi uma opção livre dos negros (“400 years? Sounds like a choice!”

    Quanto a este A$AP, disse no seguimento do homicídio de Michael Brown pela Polícia de Ferguson e dos protestos por parte do movimento Black Lives Matter, as seguintes preciosidades:

    “I don’t wanna talk about no fucking Ferguson and shit because I don’t live over there. I live in fucking SoHo and Beverly Hills. I can’t relate”
    “Why should it concern me? Why, because I’m Black? So every time something happens because I’m Black I gotta stand up? What the fuck am I, Al Sharpton now? I’m A$AP Rocky. ”

    Eu acho que não preciso de traduzir nem de explicar mais porque é que o Trump gosta dele. Portanto, agora simplesmente não dá para tentar inventar uma narrativa desta detenção como sendo de perseguição racial — para já, porque não é; segundo, porque o próprio A$AP pulou fora da carruagem quando lhe falaram de negros alvos de injustiça pela Polícia Americana, ou pelo sistema judicial americano. Porque carga de água é que os afro-americanos hão de ter empatia por um rapper detido na Suécia — com o todo o conforto e regalias que isso significa (as celas parecem melhores que alguns quartos de hotel onde já dormi), quando comparado com o horrendo sistema prisional americano —, quando o próprio rapper disse tão claramente que não se identificava com os negros alvejados injustamente (e impunemente) por polícias, já que ele é de Beverly Hills?

    É caso para dizer, karma is a bitch.

    Quanto ao que disse o Miguel Bessa, é de uma desonestidade intelectual gritante, porque não foi só o desemprego dos negros que diminuiu, foi o desemprego em geral. O desemprego dos negros é duas vezes maior que o dos brancos. A realidade continua a ser essa.

  3. abaixoapadralhada says:

    “Resolva lá o problema da criminalidade horrível que por lá grassa e depois” NÃO VOLTE.

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