Personagens: um rapaz suficientemente cauteloso para perguntar como se deve escrever uma palavra; uma mãe suficientemente informada para desconfiar que ninguém sabe.
Rapaz: Ó mãe, ó mãe, ó mãe!
Mãe: Ai, filho, uma vez chega, até me gastas a maternidade! Diz!
Rapaz: Ó mãe, ó mãe, olha esta fotografia aqui neste blogue tão espectacular! Afinal, como é que se escreve? É ‘veredito’’? É que já vi escrito ‘veredicto’.
Mãe: Isto deve ser um daqueles problemas do acordo ortográfico, anda tudo maluco. Se isto for assim no trânsito, as pessoas ainda podem começar a confundir sentido proibido com sentido obrigatório!
Rapaz: Não percebi!
Mãe: Deixa lá, filho! Vamos ver em dois dicionários e no Vocabulário Ortográfico, como fez, uma vez, um senhor muito simpático e giro que escreve aqui no Aventar.
(Que foi? Um autor não pode ter fantasias?)
Rapaz: Por onde começamos?
Mãe: Olha, no Priberam diz que se pode pronunciar das duas maneiras e escrever das duas maneiras.
Rapaz: Que fixe! Então, nunca está errado!
Mãe: No Infopédia, dizem a mesma coisa.
Rapaz: E também posso pronunciar das duas maneiras?
Mãe: Acho que sim, filhote, até podes pronunciar de uma maneira e escrever da outra, desde que não te perguntem nada, e mudar na semana seguinte. Vamos ver no Vocabulário Ortográfico Português. Olha: pode escrever-se de uma maneira ou da outra.
Rapaz: Mas no teu tempo também era assim?
Mãe (ligeiramente agastada com a insinuação de senilidade): Ó coiso, enquanto eu estiver viva, o tempo é meu! Quando eu era AINDA mais nova, só se escrevia “veredicto”, mas isso era no tempo da ortografia.
Muito bom
O António Fernandes Nabais, por detrás do verniz progressista-revolucionário à la Bloco de Esquerda, é um tipo antiquado, que não concebe que uma palavra possa ter duas ortografias e duas formas de pronunciar possíveis e igualmente corretas. Para o António Fernandes Nabais, tem que ser como era no tempo da Outra Senhora, em que ortografia só havia uma e pronúncia “culta” só havia uma.
Já agora, António Fernandes, uma outra palavra com duas ortografias possíveis é “cara[c]terização”. Eu escrevo e pronuncio sem c, mas há muito quem escreva e pronuncie com c.
Do tempo da “outra senhora” és tu.
“Para o António Fernandes Nabais, tem que ser como era no tempo da Outra Senhora, em que ortografia só havia uma e pronúncia “culta” só havia uma.”
Seja no tempo da “outra senhora” seja agora só deve existir uma maneira correcta de escrever.
É claro que os “grunhos modernaços” com contas no fakebook e tudo, podem escrever como quiserem, mas escrevem com erros de ortografia.
E também podem comer sentados à mesa, com o chapéu na cabeça, que não pagam multa, mas ficam bem na fotografia…
Para Luís Lavoura: o mais engraçado é que o Acordo de 1945/73 não fala uma única vez em pronúncias cultas, conceito, esse sim, completamente ultrapassado. Mas o AO90 fá-lo, nada menos que uma dúzia de vezes, para justificar os seus abstrusos preceitos. É o que dá tentar falar doutoralmente sobre coisas que nunca se leram nem se conhecem.
E então? Qual é o mal de se falar em “pronúncias cultas”? A “pronúncia culta” é a pronúncia padrão, e é ela que determina a forma como uma palavra se escreve.
Parabéns, Luís, pela acumulação de disparates:
1 – ser de esquerda (como é o meu caso) é o mesmo que defender a ausência de regras. Nós, nas reuniões do Bloco, depois de uns charros, defendemos, por exemplo, o fim das regras de trânsito, porque são fascistas.
2 – deve ser ainda efeito dos charros em que nós, os esquerdistas de verniz bloquista, andamos encharcados, mas não estou a ver em que parte é que disse que só há uma pronúncia correcta, como se isso fosse possível.
Peço desculpa ao António Fernando por ter escrito “Fernandes” no comentário anterior; foi engano meu.
Luís Lavoura
Já que parece ser tão apologista do famoso e “revolucionário” a-côr-do-horto-gráphico, que deve têr rendido uma pipa de massa (que nós pagámos…), ao Prof. Malaca Casteleiro, se, quando vê, assiste a um qualquer “espetáculo” televisivo ou outro, se considera “espetador”…
“A-côr-do” que já foi mandado às urtigas pelos países da comunidade lusófona, incluindo o Brasil…
” se considera “espetador”…”
Não sabia que agora o prof Casteleiro também era toureiro ou cavaleiro da tauromaquia. Ambos são “espetadores”
Podemos apoiar ou detestar o Novo Acordo Ortográfico. Não podemos é baixar o nivel quando discutimos o assunto. O que me preocupa atualmente é a facilidade com que toda a gente comete erros, sem se dar conta. Por vezes misturamos o antigo e o novo. Considero que isso é que é muito grave e irá afetar-nos a todos, até pela imagem de um Povo que não sabe cuidar da língua, o que não é propriamente verdade. Eu, definitivamente, estou contra o Novo Acordo.