A treta da uniformização ortográfica

O valor econômico e político da língua foi um dado importante para a unificação ortográfica. Em qualquer área em que seja usada, tanto no Brasil, como em Portugal ou na África, a língua portuguesa será grafada de uma só maneira. Isso significa que um livro editado em português pode correr todos esses países, porque a ortografia é a mesma.

Evanildo Bechara, entrevista ao Estadão, em 2012

Recentemente, um aluno brasileiro, olhando para um texto, perguntou-me o que queria dizer “dececionante”, no que foi secundado por outros dois colegas da mesma nacionalidade. Quando lhes disse que, no Brasil, se escrevia “decepcionante” conseguiram identificar a palavra.

Uma outra professora de Português contou-me que um aluno brasileiro ficou espantado com a palavra “aspeto”, uma vez que, no Brasil, a grafia, mesmo depois do alegado acordo alegadamente ortográfico, continua a ser “aspecto”, graças ao chamado “critério fonético”, aquele critério que procura uniformizar a ortografia com base na diferença da pronunciação.

A “ortografia é a mesma”? Nem a mesma, nem ortografia. É uma treta.

Comments

  1. Lucinha Pisarro says:

    Tem razão os alunos. “Aspeto” nem pensar…. rs
    Parece até espeto! Aspecto é outra coisa!!!

    • POIS! says:

      Pois!

      A avaliar pelo aspecto dos bolsoneiros, aspeto e espeto até parecem a mesma coisa!

      Nisto tem razão os esquerdas!

  2. Eu digo “aspecto” e “decepcionante” e continuo a escrever assim. Não vejo qual é o drama.

    • António Fernando Nabais says:

      O facto de eu ter comida, não faz desaparecer o drama da fome para os outros. Não usei a palavra “drama”, mas não me importo de utilizar “estupidez” para designar um acordo ortográfico que mantém diferenças já existentes e cria outras que não existiam. O problema existe para quem é obrigado a usá-lo, como é o caso dos alunos das escolas portuguesas.

      • “you say tomato, I say tomahto” qual é o problema disso?
        O acordo veio a permitir que ambas as grafias fossem corretas.
        A mim parece um progresso não termos que nos preocupar a fazer umas pequenas correcções (e a ter pagar por isso) caso queiramos divulgar um texto em ambos os lados do atlântico.

        • Paulo Marques says:

          E a meia dúzia de pessoas que lucram com isso agradecem o sacrifício do resto do país.

          • Imagino que dê muito mais lucro fazer duas edições do mesmo livro.
            Quanto aos sacrificados. Eu queria era vê-los em 1911 quando deixaram de estudar “physica, chimica e outtras sciencias naturaes”.

          • Paulo Marques says:

            Porque a natureza das alterações é comparável, claro, qualquer leigo vê isso…

          • Elvimonte says:

            O EMS é oniciente, onipresente, anda de ónibus, baixa ficheiros, faz a varredura do disco do computador, vai ao coquetel da embaixada e tem um adivogado.

        • António Fernando Nabais says:

          Ó EMS, mas quem é que disse que há problema em haver pronúncias diferentes? Que grande confusão para aí vai!
          Não temos de nos preocupar em fazer pequenas correcções caso queiramos divulgar um texto em ambos os lados do Atlântico? Se, com o acordo ortográfico, passou a escrever-se “aspeto” em Portugal e “aspecto” no Brasil, quando, dantes, só havia uma grafia, qual foi o ganho uniformizador? E a criação do par “deceção”/”decepção” decorrente do AO90?

          • Se há meia dúzia de casos em que as grafias aceites em ambos os lados do Atlântico não coincidem, então o AO foi um sucesso e o seu argumentario apenas um exercício de “cherry picking”.
            Entretanto iremos continuar com esta choraminguice contra um acordo que foi assinado há quase 30 anos e posto em pratica há 10.
            Mais tarde ou mais cedo este acordo será substituído por outra nova revisão ortografia que gerará tanta ou mais choraminguice como a que tivemos com o OA de 1990, as revisões de 1973, de 1945, e a de 1911.
            Talvez ai o meu caro defenda com unhas e dentes o OA90.

          • António Fernando Nabais says:

            Não, não há meia dúzia de casos e dar exemplos não corresponde a um exercício de “cherry picking”. O AO90 tornou iguais grafias diferentes (em muitos casos, eliminando consoantes que não deveriam ser eliminadas), manteve diferenças já existentes (o que é extraordinário quando se quer criar uma ortografia única) e (pasme-se!) criou diferenças que não existiam (recepção, concepção, decepção, aspecto, etc.). De fora desta discussão, ficam as muitas diferenças lexicais que fazem a diferença e a riqueza de uma língua falada em vários continentes. Sucesso do AO? Qual sucesso, se nunca haverá uma edição única de livro nenhum, ao contrário do que apregoam casteleiros e becharas?
            Um instrumento não passa a ser bom só porque foi assinado há 30 anos e imposto há 10 (a ditadura durou 48 – passou a ser boa a partir de que ano?). Era mau e é mau, pior do que o anterior, como está escrito numa larga maioria de pareceres que o EMS não deve ter lido, o que não o impede de proferir leviandades.
            Só num país de parolos irresponsáveis é que faz três reformas ortográficas em menos de um século.
            De qualquer modo, estas questões só interessam verdadeiramente a quem se preocupa com a ortografia, que não é nem mais nem menos importante do que o resto, é só importante.

          • Paulo Marques says:

            Assinado há 10… por um país.

        • João Cabral says:

          Escreve “corretas” numa linha e “correcções” na outra? E tem o desplante de vir para aqui defender o AO? Enxergue-se. Além disso, talvez devesse começar a defender a língua ao evitar o uso despropositado e ridículo de anglicismos como forma de se tentar colocar acima dos outros.

          • «Escreve “corretas” numa linha e “correcções” na outra? » Sim, foi um lapso, lamento.

            Ó meu amigo, eu não defendo o OA90. Apenas estou cansado de gente que foi completamente passiva em 1990 e agora não se cala com tanta choraminguice por algo que está consumado há tantos anos.

            Defender a língua significa o quê? Vamos apelidar o Camões de vândalo linguístico por não ter usado a mesma forma de português em que escreveu Fernão Lopes? Acredita que as línguas são imutáveis? Se assim fosse ainda escreveríamos como D. Dinis.

            Quanto ao uso de anglicismos. O meu caro acredita mesmo que em 2019 saber-se inglês é sinal de grande distinção social?
            Já agora, como traduz o artificio argumentativo chamado “cherry picking”? “supressão de evidências” alguém entende isso? Algum “defensor da língua” se deu ao trabalho de produzir um termo equivalente?
            Não, claro que não. Os defensores da língua estão todos ocupados a chorar os “C” caídos em desuso.

          • António Fernando Nabais says:

            Em primeiro lugar, houve quem criticasse o AO90 em 1990. O AO90 é que foi foi imposto contra uma série de pareceres, pelo que o argumento da passividade é falso. Mesmo que não fosse, os defeitos de um instrumento existem mesmo que não se falasse neles. Perdoe-se-me a comparação com um assunto muito mais sério: faz lembrar as críticas dirigidas às vítimas de violência porque levaram muito tempo a queixar-se.
            Ninguém defende que a língua deva ser ou seja imutável, o que faria tanto sentido como ser contra a existência de tudo o que existe. Não há, no entanto, nenhuma relação entre o AO 90 e a mutabilidade da língua, facto apontado pelo próprio ILTEC, num parecer enviado à Assembleia da República (o ILTEC é o organismo “defensor” do AO90, note-se).
            Existe a expressão “supressão de provas” (“evidências” é um anglicismo escusado, plasmado de “evidence”) – https://www.publico.pt/2008/08/05/jornal/supressao-de-provas-271363.
            Não houve consoantes caídas em desuso: as chamadas consoantes mudas têm uma função na maior parte dos casos, o que, aliás, foi dito por Antônio Houaiss, um dos pais da coisa.
            Entre a choraminguice e a leviandade, antes a choraminguice.

          • António Fernando Nabais says:

            Se o EMS quisesse ler, poderia começar por aqui – http://www2.fcsh.unl.pt/docentes/aemiliano/AOLP90/

          • João Cabral says:

            Foi um lapso, o tanas. É a usual desculpa dos defensores do indefensável que nem a sua própria escrita dominam, mas que ousam perorar sobre o que não conhecem. Não deixa de ser curioso que tenha tanto apego à “modernização” da ortografia, mas tanto goste de utilizar uma língua cuja grafia tem cerca de 200 anos, com “ph” e tudo, imagine-se. Sim, a língua das “internetes” tem uma ortografia “arcaica”. Mas cagança não lhe falta para a aplicar. Quanto ao resto, não me diga que nunca ouviu “escolha selectiva” em português? Se o ridículo e a ignorância matassem…

          • João Cabral says:

            E também lhe digo que é “cherry-picking” que se escreve, com hífen. Vá, aprenda, embrulhe e desapareça.

          • “E também lhe digo que é “cherry-picking” que se escreve, com hífen. Vá, aprenda, embrulhe e desapareça.”

            Caro defensor linguístico mal-educado. “cherry picking” usa hífen em que língua?

          • João Cabral says:

            Em que língua? Talvez em inglês, não? Para que lhe servem o Google e os inúmeros dicionários disponíveis? Cale-se de vez, homem.

        • Fernando Manuel Rodrigues says:

          EMS escreveu: “A mim parece um progresso não termos que nos preocupar a fazer umas pequenas correcções (e a ter pagar por isso) caso queiramos divulgar um texto em ambos os lados do atlântico.”

          FALÁCIA: Continua a ser necessário criar duas verões. Não só porque continua a haver palavras que se escrevem de maneira diferente (já qui foi focado o “decepcionante”, mas há mais), como a sintaxe e o vocabulário brasielrio divergem bastante do português, em muitas situações. Por exmeplo, se eu fosse escrever um artigo sobre áudio para o Brasil, e dissesse “mesa de mistura”, ninguém saberia o que era, porque lá é “consola de mixagem”. Isto é um dos muitos exemplos que eu lhe poderia dar.

  3. POIS! says:

    Pois!

    É o que a gente dizia!

    A terta da unifromização otrogáfica adinda ia de dar nisto!

    Pois!

  4. Luís Vilela says:

    Só aldrabices.
    Dou aulas há 26 anos e nenhum aluno brasileiro me apareceu com estes disparates.
    Só falta bolçar a imbecilidade de que em Angola é que é porque não implementou o AO90.

    • António Fernando Nabais says:

      Se afirma que aldrabice é o facto de que os alunos fizeram a pergunta a que aludo no texto, o menino Luís é malcriado e pode ir chamar mentiroso aos outros meninos da sua rua. Faz tanto sentido como afirmar que é uma aldrabice haver um aluno na minha sala com varicela, porque na sua não há nenhum com essa doença.
      Se afirma que aldrabice é o facto de que, em Portugal, com o AO90, se passou a escrever “dececionante”, enquanto no Brasil se continua a escrever “decepcionante”, o menino Luís é distraído ou desonesto. Os alunos brasileiros não disseram nenhum disparate. O menino Luís, apesar da sua experiência de 26 anos, talvez nunca tenha reparado que basta alterar um som ou uma letra para que haja ruído. O menino Luís tem de estar mais atento. O menino Luís não quer pensar sobre o AO90, prefere engoli-lo sem pensar. São opções.
      Se nos limitarmos à questão ortográfica, Angola é que é, “porque não implementou o AO90.” Quando ao resto, teremos de ir caso a caso. O AO90 é, isso sim, uma imbecilidade.
      Dou aulas há 31 anos; 26 anos são mais do suficientes para se ter adquirido educação e capacidade de argumentação, mas o menino Luís não perca a esperança, que ainda vai a tempo.

      • Luís Vilela says:

        Ad Hominem muito fraquinho.
        O povo angolano escreve uma javardice que mistura bantas com a Norma Brasileira e umas palavritas em português carregadas de erros ortográficos.
        O menino Toninho devia corrigir exames do ensino superior angolano para ver o que é bom para a tosse. Aprendia umbundo, kimbundo, kikongo e tchokwe num instante.

        • António Fernando Nabais says:

          Fraquinho, com certeza, porque não se compara a chamar aldrabão. De resto, continua a não comentar, só disfarça.

          • Luís Vilela says:

            Continua muito fraquinho.

          • António Fernando Nabais says:

            Pronto, Luisinho, vá para dentro, que já se viu que não tem nada para dizer.

          • Luís Vilela says:

            Dialéctica Erística muito pobre. Tente outra vez.

  5. Rui Mateus says:

    Uma grande treta…

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