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“Se acordar num colchão Casper, se fizer exercício numa Peloton antes do café da manhã, seguindo de Uber para a sua secretária na WeWork, depois se pedir DoorDash para o almoço, se apanhar um Lyft casa e se jantar através da Postmates, você interagiu com sete empresas que coletivamente vão perder quase 14 mil milhões de dólares só neste ano.”

Derek Thompson, na revista The Atlantic, sobre a estratégia das startups perderem dinheiro para ganharem cota de mercado. Dantes, chamava-se concorrência desleal a esta prática e até há leis a proibi-la. Hoje responde pelo nome de empreendedorismo. Pelo caminho, morre o tecido económico local, incapaz de concorrer com as mesmas vendas com prejuízo. Em simultâneo, desaparecm os empregos que o suportavam – ou trocando-os por relações comerciais frágeis e mais mal pagas.

Não há almoços grátis, costumam os liberais afirmar a propósito do Estado. No entanto, parecem acreditar que estes existem para o caso destas empresas. O que até é verdade, caso apenas olhemos para o imediato. Mas as borlas têm um preço a pagar, em deferido, sendo a respectiva moeda a concentração do mercado em meia dúzia de empresas, com todas as consequências que estes monopólios trarão.

Comments

  1. Julio Rolo Santos says:

    Ainda sou do tempo em que a baixa de Coimbra ficava a abarrotar de clientela, sobretudo por alturas do Natal, ao ponto dos comerciantes se darem ao luxo de barrarem a entrada de clientes nos seus estabelecimentos por se encontrarem á Cunha. Ganhavam dinheiro a rodos e, apesar disso, fugiam sempre em comparticipar nos custos com as ornamentações das ruas porque achavam que essas despesas deviam ser da exclusiva responsabilidade da sua Câmara Municipal. O soalho dos estabelecimentos eram, na sua maioria, em madeira já muito carcomida pelo desgaste do tempo e assim se ia mantendo. O estacionamento em vez de ser reservado para os clientes,era antecipadamente ocupado pelos carros dos proprietários e dos empregados. Todos os estabelecimentos praticavam o mesmo horário de funcionamento não dando sequer oportunidade dos empregados poderem fazer as suas compras ou tratarem de quaisquer outros assuntos. Quando os turistas passavam pela baixa para jantarem as portas dos restaurantes já estavam fechadas a partir das 19 horas. Apareceram os supermercados, a clientela passou a frequenta-los porque lhes davam melhor conforto e alargamento dos horários de funcionamento. Os comerciantes da baixa, vendo-se sem clientes, começaram a barafustar contra a Câmara por autorizar a construção de supermercados e o seu alargamento dos horários de funcionamento, porque lhes estavam a tirar a clientela mas mantinham-se irredutíveis quanto á alteração dos horários dos seus estabelecimentos, nomeadamente ao domingo por o considerarem um dia sagrado, diziam, para o seu descanso. Hoje, a baixa está às moscas porque os comerciantes ainda não tiveram o discernimento de diversificarem a sua área de negócio mantendo os tradicionais pronto a vestir e as sapatarias já pouco atractivas para quem passeia por aquelas ruas e ruelas da baixa.
    A boa notícia é a de que já começam a aparecer alguns cafés com esplanada e o movimento de clientes parece começar a renascer das cinzas. Isto para dizer, que os pequenos se deixam engolir pelos grandes, por culpa própria, por não querem abandonar a sua zona de conforto Continuando a ignorar o que se passa á sua volta e que o caminho é o da diversificação e globalização. Quem não o acompanhar, fica pelo caminho.

    • Paulo Marques says:

      Só falta acabar com o resto das lojas e transformá-las em alojamento local para mandarmos os locais para fora e chegarmos à utopia.
      Lá se vai é o plano verde.

  2. Luís Lavoura says:

    Há muito tempo que montes de empresas vendem abaixo do custo para ganharem quota de mercado; não são somente as modernas startups da internet que o fazem. O Continente e o Pingo Doce quase que de certeza vendem ocasionalmente certos produtos abaixo do custo.
    Até pode ser que haja leis contra essa prática (o dumping) mas, como ela é muito difícil de provar, na prática essas leis nunca são aplicadas de forma rigorosa.

    • j. manuel cordeiro says:

      Sim, os supermercados há muito que fazem dumping. Uma das técnicas favoritas é pelas promoções, as quais conseguem pela obrigação dos fornecedores oferecerem produtos como contrapartida para poderem venderem no supermercado. Outra técnica é por receberem a pronto mas pagarem aos fornecedores a 60 e 90 dias. Tudo isto é conhecido e facilmente provado. Basta uma inspecção da ASAE. Daquelas que acontecem aos pequenos negócios com frequência.

  3. Luís Lavoura says:

    É natural que empresas ainda na sua fase nascente percam dinheiro. Isso não se deve necessariamente a estarem a fazer preços demasiadamente baixos com o fito de ganharem quota de mercado; pode-se também dever a essas empresas estarem ainda a investir muito e a venderem pouco (ou até nada). É normal que uma empresa na sua fase nascente tenha que investir muito e vender pouco ou nada, dando portanto prejuízo.

    Por exemplo, se uma pessoa quiser produzir kiwis, terá que plantar as árvores, protegê-las de roubos, construir um sistema de rega, e mais uma data de coisas, mas durante os primeiros três anos não obterá um único kiwi para vender.

    • Paulo Marques says:

      Não há nada de normal em haver empresas multi-milionárias que durante largos anos não têm planos para serem lucrativas. Não é não darem lucro, é, como o Twitter, não fazerem ideia de como.
      E as que dão, é isto: https://www.vice.com/en_us/article/43k7z3/nationwide-fake-host-scam-on-airbnb

    • j. manuel cordeiro says:

      A sua premissa está errada, Luís Lavoura. Se ver no artigo, estas empresas estão de facto a oferecer vales, ou seja, a perder dinheiro, em troca de cota de mercado. Outras, como a Uber, fazem dumping, e isto é público, para minar a concorrência, como a Lyft.

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