A propósito dos limites à tecnologia

Anteriormente, publicou-se aqui uma referência sobre privacidade e estados vigilantes. Ou dito de outra forma, sobre a materialização da distopia “1984”.

Ontem foi notícia um estudo comparativo sobre o número de câmaras instaladas em diversos países.

Se bem que a China caminha para ter o maior número absoluto de câmaras instaladas em 2021 (para referência: 560 milhões na China; 85 milhões nos EUA), em termos de rácio, até fica a trás de declarados baluartes da democracia.

Porém, ao contrário do que se passa (por agora) em outros países, a China usa estas câmaras para vigilância e seguimento das populações, enquanto que, nos restantes, o uso está mais focado na vigilância de estabelecimentos comerciais.

Talvez com excepção a do que se passa em Londres, onde a vigilância de massas segue padrões semelhantes aos da China.

As 10 cidades com mais câmeras de vigilância por pessoa

Durante o Verão, a Transport for London (TfL) usou as suas mais de 260 estações equipadas com wi-fi para obter o identificador dos smartphones dos seus clientes, por forma a identificar com precisão os seus trajectos. A TfL apenas informou os passageiros depois de a comunicação social ter dado notícia desta recolha de dados. Poucas semanas depois, soube-se que o operador privado da estação King’s Cross, em Londres, tinha implementado reconhecimento facial nas suas câmeras CCTV, sem consentimento nem aviso público. Há diversas histórias destas relacionadas com Londres, com a democracia ali ao lado. É fácil adivinhar o que se vai passar nos regimes onde a comunicação social esteja domesticada. Em ditaduras e regimes musculados, mas não só. Veja-se o que se passa em Portugal.

Ouvem-se, por vezes, afirmações memorizando a situação, tais como “eu não tenho nada a esconder”. Mas o problema não é do que queremos deixar ou não deixar ver. É, sim, uma questão do que é se vai fazer com os dados recolhidos.

Imagine-se, a título de exemplo, que se é injustamente acusado de algo, sendo apresentado como prova ter-se estado, por azar, no sítio errado à hora errada.

Ou que se começam a estabelecer padrões de comportamento com o objectivo de se antecipar a ocorrência de um crime, mas sem que este tenha acontecido. Dirão que isto é o enredo de um filme com o Tom Cruise. Mas é o que se prepara para acontecer na China.

As big tech estão a usar a tecnologia que lhes permite tratamento colectivo de dados pessoais de uma forma sem precedentes, constituindo a sua base do modelo de negócio. Algo que, anteriormente, causou enormes calafrios, sem que alguma vez tenha sido atingida a dimensão de hoje. Isto está a acontecer com a conivência dos estados, pelo que resta aos cidadãos transformarem o tema em algo palpável em termos políticos. Falo de votar ou não em certos candidatos, já que os políticos só conhecem a linguagem da eleição. Mas, para que isso aconteça, é necessária uma consciencialização colectiva para o problema. Começa em cada um de nós.

Comments

  1. Patrícia Gunther says:

    As câmaras de vídeo são instrumentos que serão um mal necessário no mundo globalizado.
    E justificam-se cada vez mais sobretudo nos paises que estão sujeitos a muita imigração pois acolhem pessoas com uma mundivisão tão diferente da Ocidental que os nossos indices de segurança tem vindo a baixar enormemente ( vejam-se os casos da Inglaterra [ motivou a sua saida da EU ] eAlemanha e França ). A Alemanha anunciou hoje um reforço do policiamento nos tradicionais mercados de Natal ( não é só câmaras mas também policiamento – com os custos que isto acarreta).
    Só um controlo mais apertado de fronteiras permitiria que as câmaras não fossem necessárias.
    Já na China não é esse o problema . Trata-se sim de controlo da população, uma vez que é um regime Socialista que tudo terá que controlar na persecução da Sociedade Ideal composta pelo Homem Novo ( o paraíso sobre a terra).
    Não devemos esquecer que em 1984 as câmaras estavam dentro das casas.
    Mais que as câmaras de vídeo em locais públicos, preocupa-me o controlo da linguagem que se está a operar.
    Tal como em 1984 uma “Novilingua” está a ser implementada pelo Estado com a ajuda dos intelectuais de esquerda , e a escola publica, para condicionar o pensamento das pessoas
    Isso sim é uma verdadeira Gaiola ao Pensamento.

    Patrícia

    • Paulo Marques says:

      Sim, a Europa é um paraíso onde ninguém nunca mata ninguém, nunca ninguém escraviza ninguém, ninguém viola ninguém. Se não fossem o raio dos escurinhos…
      Se se preocupa com o politicamente correcto, olhe, volte para a cozinha que estou à espera do almoço que é para depois poder ir limpar a casa.

    • Fascista eu ? says:

      “E justificam-se cada vez mais sobretudo nos paises que estão sujeitos a muita imigração pois acolhem pessoas com uma mundivisão tão diferente da Ocidental que os nossos indices de segurança tem vindo a baixar enormemente ( vejam-se os casos da Inglaterra [ motivou a sua saida da EU ]”

      A teutónica neta do Hitler, pouco a pouco mostra ao que vem.

    • POIS! says:

      Pois!

      Tese central da logorreia de Herr Patrrícia: há câmaras boas e câmaras foleiras. As da “europa” são boas; as da China são foleiras. Isto porque , na “europa” ninguém quer controlar a população. E na China não há imigração.

      Mas há também foleiras e foleiras. As do 1984 eram muito mais foleiras porque estavam dentro de casa. Na “europa”, dentro de casa só as alexas e as siris. Mas essas não são foleiras, até porque têm mamas e imitam Herr Patrrícia quando está de cócoras a falar com a esposa.

      Já na China são mesmo muito foleiras, pois visam descobrir quem atravessa as ruas fora das passadeiras. São foleiras até porque tiram o emprego aos polícias. Na Suíça já são boas, porque se destinam apenas a descobrir quem são os selvagens dos imigrantes que deixam o lixo fora dos caixotes e têm SIDA, uma doença completamente estranha aos suíços, exceto aos que se misturaram feitos badalhocos.

      Realmente Herr Patrrícia está já completamente mentalmente engaiolado e já sabe porquê: ao ver-se ao espelho quando rapava o bigode, viu dois intelectuais de esquerda pendurados, um em cada orelha a dizer merdas estranhas tais como “raistapartira ó facha chegadesca”” e “ó divina hitla que tão venturosca patrrícia pariste”. O que isto quer dizer não se sabe, É Novilíngua com certeza.

  2. Ana A. says:

    Será mesmo verdade que Albert Einstein disse:

    “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus.”

    • POIS! says:

      Pois!

      E a quinta ainda vai ser pior. Dizem que vai ser com tremoços, castanhas assadas e pokemons. Até onde poderá regredir a Humanidade? É assustador!

  3. Julio Rolo Santos says:

    Quem tem medo das câmaras de vídeo vigilância? Essencialmente os criminosos e os que os apoiam. Por mim, podem espalhar as câmaras por tudo quanto é sítio porque não me faz diferença nenhuma, acho-me mais em segurança.Quem diz que as câmaras são um meio de invasão da sua privacidade está a esconder a verdadeira razão do seu receio.

    • j. manuel cordeiro says:

      A questão coloca-se se passa a ser crime o que pensa e o que diz não agrada a quem tem o poder.

      No entanto, percebeu mal. O problema não são as câmaras, tal como o problema das armas não é a sua existência. É o que se faz com os doados recolhidos, no caso das câmaras. Particularmente, no que respeita as tecnologias de reconhecimento facial, as quais permitem seguir os utilizadores. Seguimento e vigilância são duas coisas muito distintas.

      • Ana A. says:

        Caro j.manuel cordeiro,

        Mas no que concerne à “luta” contra a corrupção, branqueamento de capitas e financiamento do terrorismo podemos começar a dormir descansados.

        Ontem fiz dois depósitos em numerário na conta da minha filha (da qual não faço parte), um de 57€ e outro de 50€, e nos 2 talões de depósito, além, da minha completa identificação por leitura electrónica do meu CC, figurava o grau de parentesco, e pasme-se… para que fim se destinava o dinheiro – “Acto económico: pagtº de factura”; e no outro “”Acto económico: Prenda”.

        Isto num balcão do Montepio.

        Assim, sim…

        • Patricia says:

          Vocês comunistas não pretendem o controlo de capitais ? Então devem estar contentes com o vosso trabalho.

          Patricia

          • Ana A. says:

            Pois é Patrícia, “nós comunistas” queremos o controle dos capitais que circulam e voam em roda livre para os paraísos fiscais, e não que se entretenham a fazer de conta que o fazem, quando apenas controlam os nossos míseros salários e pensões!

          • Paulo Marques says:

            Controlo de depósitos de €50 não é controlo de capitais.

          • Patrícia Gunther says:

            Pois Ana, o controlo é bom para os outros, já para nós …!
            A isso chama-se dualidade de critério.
            Para isso a Ana tem que se esforçar para chegar ao Piliteburo pois só aí passará a ser controladora e não será controlada, ou de outra maneira , no seu regime preferido tem que pertencer à Aristocracia Comunista para estar acima do bem e do mal.

            Patricia

          • Patrícia Gunther says:

            Corrijo “Politburo”.

            PG

    • Paulo Marques says:

      O problema é o mesmo de tudo o que deixamos na internet: é o potencial de ser tudo armazenado para se fazer não se sabe o quê daqui a décadas, mesmo quando hoje são coisas inócuas e normais, bem como de estar tudo em risco permanente de ser copiado por quem nos queira manipular ou chantagear. E se eu duvido que me candidate a algum cargo público, quem o fizer vai ter que levar com a escolha selectiva e descontextualizada de toda esta bagagem.

  4. Nestes amplos contextos ( a meu ver ) a “fabricação” e respetiva implantação inteligente & genérica do MEDO, parece-me ser o + eficaz segredo. “deles”.

  5. Julio Rolo Santos says:

    Sim, o controlo de capitais deve ser generalizado, caso contrário, nada se vai alterar em relação a política atual que vai ignorando a fuga da grande soma de capitais para países fiscais e que põem em causa a justa tributação da riqueza criada em Portugal.

    • Patrìcia says:

      O Julio Rolo acha que o controlo deve ser generalizado, sim GENERALIZADO.
      Tenho a certeza que o Julio Rolo enche a boca todos os dias com as palavras “Liberdade” e “Democracia”.
      Claro que o seu conceito de Liberdade é muito aperfeiçoado. Há quem lhe chame até as mais amplas liberdades (Alvaro Cunhal – o aprendiz de ditador) .
      É o conceito de Liberdade popularizado pelos regimes Comunista e Fascista e Nazi ( A*beit Macht Frei).

      Patrícia Gunther

      • Julio Rolo Santos says:

        Patrícia
        Acha que liberdade significa poder colocar milhões em paraísos fiscais, milhões que muitas vezes não são mais do que o produto da lavagem de dinheiro ou subtraído de quem o ajuda a ganhar os ditos milhões? Sei que é difícil compreender a situação mas, neste caso, deve-se ser rigoroso, o que raramente acontece.

      • Paulo Marques says:

        E monárquico e judeu e hindu e muçulmano e homosexual e pontapeia cachorros nas horas vagas e pedófilo e satânico e por aí fora.
        Agora alguma coisa de jeito daí é que não sai. Vai mas é trabalhar a ver se te sentes livre.

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