Era uma vez um Irão democrático

Uma das primeiras postas que rabisquei num blogue, há quase 10 anos, falava sobre Mohammed Mossadegh, o homem a quem é atribuída uma frase que diz muito sobre o homem que foi: “if I sit silently, I have sinned”.

Mossadegh foi primeiro-ministro do Irão entre 1951 e 1953. Tinha taxas de aprovação popular altíssimas e aproveitou-as, juntamente com o poder de PM, para lançar um programa de nacionalização da indústria petrolífera do seu país, ocupada pelo Reino Unido e outras potências ocidentais, que, quais sanguessugas, parasitaram os recursos do Irão durante décadas, com o beneplácito da elite local.

Durante o seu curto governo, fizeram-se avanços significativos no campo das liberdades individuais, dos direitos humanos, dos direitos laborais (subsídio de desemprego, apoio na doença e invalidez) e dos direitos da mulheres (voto, licença de maternidade). Mas a ganância das tais potências ocidentais, que não admitiam que o Irão controlasse o seu próprio petróleo, levou a que fosse deposto, seguindo-se uma ditadura que contou com forte oposição popular. Foi nesse contexto que se operou a revolução iraniana que deu início ao regime ditatorial dos ayatollahs, que vigora até aos dias de hoje.

É, por isso, seguro dizer que o actual regime iraniano é um subproduto do imperialismo norte-americano e, à época, britânico. Não tivessem os EUA e o Reino Unido interferido no curso da história do Irão e talvez hoje o Irão fosse uma democracia sólida, ou pelo menos uma democracia. Talvez Khomeini nunca tivesse regressado do exílio. Talvez nunca tivesse ascendido um general Soleimani para Trump mandar abater. Talvez não tivessem que morrer tantos inocentes. E os EUA certamente encontrariam outro inimigo para encher os bolsos do lobby do armamento.

Comments

  1. JgMenos says:

    «…que, quais sanguessugas, parasitaram os recursos do Irão durante décadas»
    Traduzindp:: quem tinha capitais e tecnologia e mercado para o produto, investiu na extracção de petróleo bruto que há milénios jazia inerte nos desertos do irão.
    «Tinha taxas de aprovação popular altíssimas…» nas cidades; de tal modo que resignou…
    Como sempre, para a esquerdalhada, ainda que acabe em falência e desgraça, desde que prometam o maná, e ataquem o capital são sempre grandes políticas patrióticas!
    «seguro dizer que o actual regime iraniano é um subproduto do imperialismo norte-americano»
    Tal como a democracia abrilesca é um subproduto do Estado Novo, que por sua vez foi um subproduto da 1ª república ,…

    • abaixoapadralhada says:

      Agora reparo.
      Não está no congresso dos salazaristas ?
      Fazes lá muita falta

      Abaixo a padralhada

      • Amora de Bruegas says:

        A ordinarice não lhe fica bem…,mas diz muito a seu respeito, da credibilidade que merece.

        • POIS! says:

          Pois, realmente!

          Isso de “salazaristas” é uma palavra realmente muito ordinária.

    • E o burro sou eu ? says:

      É mesmo e só “coco de gato”, o que dizes e escreves

    • Paulo Marques says:

      Claro, o colonialista, com a sua bíblia que nunca leu debaixo do braço, é que, coitado, tem o fardo de ir ensinar ao selvagem como é que deve ser explorado correctamente. Taditos.

    • POIS! says:

      Pois, donde se depreende que a História da Humanidade não é mais que uma sucessão de subprodutos de subprodutos de subprodutos sucedendo-se sucessivamente um após outro e outro após um.

      Com uma pequena, mas significativa, exceção: JgMenos, apesar de existir na época presente, é um subproduto direto do paleolítico. Recentemente foram encontradas semelhanças irrefutáveis entre os genes de JgMenos e os de uma múmia da espécie “Homo Salazarecus” encontrada por um acaso debaixo das neves perpétuas da Serra da Estrela por um espectador da Volta a Portugal.

  2. Abaixo apadralhada says:

    Repugnante ratazana salazarista!

    Não dizes nada que se aproveite!

  3. antero seguro says:

    Quem deu cabo do sonho iraniano, foram mais uma vez a política terrorista dos EUA.

  4. Samuel Clemens says:

    Já era maior,no tempo de Mossadegh. Repugnância enorme causou o derrube do primeiro ministro,pelos americanos e ingleses.
    A figura e personalidade ridícula do Xá Rezha Palevi e das suas consecutivas esposas Soraya e Farah Dibha que fizeram as delícias das revistas dos salões das cabeleiras.Nas barbearias o Mundo Desportivo e o Norte Desportivo não davam abébias…O povo iraniano aguentou~se até hoje e passavam muito bem sem a sabedoria dos capitalistas… Não foram estes que montaram e operam os laboratórios de produção atómica que o Ocidente simula temer.
    A música é sempre a mesma,até os novos arranjos são repetitivos…

  5. JgMenos says:

    Valha–vos um ayatola que vos ilumine.
    Não admira que o vitimado da padralhada (ainda hás-de contar-nos o que te fizeram) todo se abespinha por lhe dizerem que uma política fracassada é uma má política, por definição!

    Mas a manada vai toda na mesma onda, como tadinhos solidários com tadinhos.

    • Paulo Marques says:

      E uma política que condena um continente desenvolvido (nem falou dos outros) ao empobrecimento permanente e o mundo à destruição é o quê?

    • POIS! says:

      Ora pois!

      Citando: “Valha–vos um ayatola que vos ilumine.” (JgMenos)

      Pode ser uma solução e a preferência vai para o próprio JgMenos. A pedalar, ligado a um gerador, será certamente capaz de produzir uma data de kilowatts de energia renovável, isto se optarmos por continuar a alimentá-lo. Uma dieta à base de alfarroba poderia produzir bons resultados.

      Ligado a um poste com tecnologia LED poderia iluminar uma data de gente e, com um bocado de sorte, talvez se pudessem até cobrar bilhetes, já que a esquerdaria é muito sensível a estas coisas do ambiente.

    • abaixoapadralhada says:

      Alvissaras Menos

      Já tens companhia
      Anda agora por aqui uma lambe cus de padre, muito sensível à palavra “salazarista”

      Tem toda a pinta de brasuca evangélica

  6. Luís Lavoura says:

    Como diz o título de um livro de Noam Chomsky, “Deterring democracy”, impedir a democracia tem sido um dos principais objetivos da política externa dos EUA ao longo dos últimos decénios.

  7. Pedro Vaz says:

    Na verdade o Shah foi tramados pelos EUA porque não estava a ser o fantoche que devia ser, a revolução de 79 só for possivel graças á CIA e ao MI6. Vejam as entrevistas que o Shah deu a TVs ocidentais depois de 1974, atacava sem piedade o Ocidente.

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