Os privados não farāo eutanásias. Pudera!

É óbvio que os hospitais privados não vão fazer eutanásias. Manter os clientes vivos, custe o que custar, é um excelente negócio.
Não é preciso ser um mago da gestão para perceber que um cliente vivo continua a pagar, enquanto que um cliente morto deixa de o ser.
A questão aqui não é a de saber se eles querem ou não, mas se podem. E por razões óbvias, não devem poder.
Num assunto tão sensível como é o de organizar a morte medicamente assistida de alguém, temos de nos assegurar de que todas as questões éticas são tidas em conta e que o lucro, naquele momento, não faz parte da equação.
Da mesma forma que só o Estado faz julgamentos, da mesma forma que só o Estado devia fazer exames de acesso à Universidade, só para dar um exemplo, também só o Estado deve poder praticar eutanásias.
Porque só o Estado oferece todas as garantias necessárias. Ou seja, o SNS. Aquele para onde os privados mandam os clientes que deixam de poder pagar ou cujas doenças não conseguem curar.

Comments

  1. José Alberto Mar says:

    a meu ver, é um dos lados da questão: no entanto, exposto de um modo simples, direto e certeiro.Gostei !

  2. esteves ayres says:

    Ainda a questão da eutanásia!

    DE: LUIS JÚDICE·DOMINGO, 16 DE FEVEREIRO DE 2020·TEMPO DE LEITURA: 5 MINUTOS

    “(…)A questão não pode ser analisada numa perspectica empírica, individualista, mas sim num contexto sócio-político mais complexo e abrangente. Entendemos que as sociedades se organizam em função do modo de produção dominante – no caso vertente, capitalista – que condiciona tudo o resto.
    Dito isto, até parecerá que os marxistas são insensíveis à dor e ao sofrimento daqueles que, por deficiência física profunda ou por se encontrarem em estadio de doença terminal, se encontram numa situação de desespero e fragilidade, de dor.
    Nada disso! O que denunciamos – como sempre o fizemos – é que o sistema capitalista é insensível ao sofrimento das pessoas. Entende que todos temos uma função utilitária

    Quando activos, proporcionamos as mais-valias que permitem a acumulação do capital, via exploração assalariada.
    Esmifram – para não dizer, roubam – os trabalhadores até ao tutano através dos impostos e dos salários miseráveis. Após toda uma carreira contributiva, o estado – que é um mero gestor do capital – abandona à sua sorte os “imprestáveis”, os “incómodos”, os “diferentes” e abandona à sua sorte os reformados e pensionistas pobres.

    E fá-lo de forma brutal, insensível e desumana, sem qualquer comiseração ou empatia. Muito simplesmente cortando todo e qualquer tipo de financiamentos que possam mitigar o sofrimento das pessoas afectadas com problemas de saúde extremos, incluindo os do foro psicológico ou psiquiátrico.
    Ora, a auto-proclamada esquerda – parlamentar e não parlamentar -, ociosa, intelectualmente preguiçosa, oportunista e programaticamente paralisadora, em vez de encabeçar a luta pela exigência de melhores condições de saúde – entre outras – o que faz? Precisamente aquilo que à burguesia e ao capital mais interessa. Dar ordem para matar, com a eufemística designação de eutanásia ou suicídio assistido, os “indesejáveis”, aqueles que são para esse estado que persegue o mito das “contas certas” e do pagamento de dívidas que não foi o povo que contraiu, nem delas retirou qualquer benefício, um “peso morto” em cima dos seus ombros e que quer, por lei, oficializar uma prática que já se verifica, às escondidas, em todo o sistema de saúde nacional.

    É este o verdadeiro alcance e objectivo destes ainda projectos de lei sobre a eutanásia! Poupança! Roubar o que é de direito a quem através dos impostos – que devem ser distribuídos e aplicados de forma solidária -, pagou para ter acesso aos cuidados que se impõem e que lhes são negados.

    Médicos e enfermeiros sabem – e alguns têm feito denúncias públicas – que já se pratica a eutanásia em muitos serviços de internamento hospitalar. O que o estado burguês e capitalista pretende com esta lei é caucionar – legalmente – essa prática de eugenia encoberta, essa aplicação descarada da teoria malthusiana de que só devem sobreviver os mais fortes.
    Dê-se às pessoas a opção de viverem com dignidade, com cuidados continuados que lhe assegurem, na fase terminal – ou durante a sua vida – as condições adequadas a minorar o seu sofrimento, e certamente ninguém desejará morrer. Se o que o estado tem para oferecer é “arrumar” estes doentes em recantos esconços do sistema hospitalar ou confiná-los a quatro paredes sem qualquer contacto exterior, então aí, é muito provável, que se compreenda o desejo de morrer em vez de … “vegetar”!
    Para calar vozes como a nossa, atiram-nos, depois, com essas campanhas terroristas de que estaremos a fazer o jogo da direita, já que, dizem, são a Igreja Católica e os partidos da extrema direita quem parece defender, como nós, o não à eutanásia.

    Eles sabem perfeitamente que a oposição desta direita tramontana e imbecil nada tem a ver com critérios “humanísticos”, nem advêm de preocupações sociais. Eles sabem que, por exemplo, o CDS/PP e o PSD, tutelados pelo palermóide de Boliqueime, Cavaco Silva, foram os responsáveis pelos mais dramáticos e criminosos cortes de apoios sociais do estado e de programas de investimento para áreas como a saúde, mas também para a educação, a habitação, a cultura, os transportes, etc. A agenda política deste sector da direita – porque o PS também é um partido de direita – nada tem a ver com os pressupostos que os marxistas defendem.

    Como sabem que os ultra-fascistas do Chega e do Iniciativa Liberal se “distinguem” daqueles, apenas pelo facto de considerarem que o genocídio fiscal praticado pela coligação da direita com a extrema direita – PSD/CDS-PP – deveria ter ido mais longe ainda!
    É esta arrogância de querer que os outros enfiem os barretes que o sistema lhes pretende enfiar, que leva os arautos das “causas fracturantes” a cair no ridículo do terrorismo verbal de considerar todos aqueles que os enfrentam como retrógados e reaccionários, mal se apercebendo que, na história, passada e recente, muitas foram as mais proeminentes figuras do fascismo e da direita que aclamaram medidas que eles agora pretendem fazer passar como sendo de esquerda… e “libertadoras”!!!
    Aos adeptos da “liberdade individual” só tenho a dizer, a terminar, que a liberdade só ocorre quando é possível escolher entre, pelo menos, duas opções! Ora, se impor uma lei sobre a eutanásia já de si coloca em causa a “liberdade individual”, por outro lado, e de forma redutora, remete a questão para um baixar de braços, para uma criminosa demissão da luta por melhores condições de vida para quem sofre”!

    Tuto isto obriga-nos a recorrer a todos os meios para divulgar aquilo que pensamos visto que a comunicação social (e não só) não divulgam outras deias e sugestões. E porquê?

    • Paulo Marques says:

      O camarada Júdice que veja alguém a desaparecer durante meses com Alzheimer e depois diga o mesmo. A teoria de que é uma proposta para arrumar qualquer velhinho com dores de dentes é para boi dormir.

      • Fernando Manuel Rodrigues says:

        Só que um doente com Alzheimer não deverá ser elegível, por razões óbvias. Ooops…

        Mas não deixa de ter piada ver um marxista da velha linha a escrever coisas como: “É esta arrogância de querer que os outros enfiem os barretes que o sistema lhes pretende enfiar, que leva os arautos das “causas fracturantes” a cair no ridículo do terrorismo verbal de considerar todos aqueles que os enfrentam como retrógados e reaccionários, mal se apercebendo que, na história, passada e recente, muitas foram as mais proeminentes figuras do fascismo e da direita que aclamaram medidas que eles agora pretendem fazer passar como sendo de esquerda… e “libertadoras”!!!”

        TOMAI E EMBRULHAI membros e apoiantes da “auto-proclamada esquerda – parlamentar e não parlamentar -, ociosa, intelectualmente preguiçosa, oportunista e programaticamente paralisadora”. MORRA, PIM.

        • Paulo Marques says:

          Tendo em conta que o diagnóstico é realizado anos antes da debilidade permanente, qual é a razão óbvia? Que o sapatinho do Ronaldo vai descobrir uns milhõeszinhos para manter todos os doentes com medicamentos de ponta para o resto da vida?
          De resto, de acordo que as questões de classe são mais relevantes do que a proporção de mulheres no parlamento, mas isso não faz com que a eutanásia tenha alguma coisa a ver com livrarmo-nos nos indesejáveis; e o PCP também não tem historial para cantar de galo na matéria.

          • Fonseca says:

            Muito bem, Paulo Marques. É assim mesmo!
            Mostre-lhes como é! Você, sim, é mesmo Grande. É um Guru. Bem haja por andar por aqui para podermos beber diariamente da sua infinita sapiência!

          • José Alberto Mar says:

            Comentei na 1ª postagem, o art.o de Ricardo Pinto, como sendo , ” a meu ver, um dos lados da questão: no entanto, exposto de um modo simples, direto e certeiro.” E, gostei. Agora, ao ler a postagem de: esteves ayres ( com o texto de LUIS JÚDICE), gostaria de acrescentar que adquiri uma mais-valia informativa, que agradeço (tendo despendido cerca de 10 Minutos, , agradavelmente). Pois, para além desse lado relevante, pessoalmente, vejo uma explanação que inclusivé ultrapassa as habituais dicotomias de análise e pareceres opinativos.( P.S. prefiro não dizer que , respeitando obviamente todos os autores e respetivos comentários, parece-me talvez pouco relevante eventuais desvios “pessoalíssimos” a nível de catalogações partidárias, à temática inicial em questão, proposta em epílogo. Mas, afinal, já o disse).

    • Carlos Almeida says:

      De um adepto acérrimo da Falange Franquista e que no inicio dos anos 70 e nas vésperas do 25 de Abril estava à direita do Marcelo Caetano, e nessa altura membro do movimento de extrema direita muito forte em Coimbra, denominado Jovem Portugal.
      Se dissesse outra coisa é que era de estranhar e de nos preocuparmos.
      Para alem disso papista, o que já não é pouco.

  3. Julio Rolo Santos says:

    Isso é conversa fiada dos privados, já se diziam contra a despenalização do aborto, quando da discussão do mesmo, e hoje fazem-no a pessoas que lhes dão vantagens económicas. Mais uma vez o delírio da hipocrisia.

  4. fernando tavares says:

    CURIOSAMENTE li este texto para mais vindo de quem vem….https://corta-fitas.blogs.sapo.pt/nao-matem-um-texto-magnifico-6873948

  5. Luís Lavoura says:

    Para mim é óbvio que os privados sempre fizeram, e continuarão a fazer, eutanásia. Porque os privados se orientam para a satisfação de quem lhes paga. Se a família do doente, que é quem paga, incentivar os privados a realizar a eutanásia, então eles fá-lo-ão.

  6. Pedro Vaz says:

    Artigo estupido cheio de populismo, demagogia e superficialidade: “Buahhh os privados não vão fazer eutanásia porque só pensam em lucro…buahh”.

    • POIS! says:

      Sim, pois!

      Até porque o articulista está enganado. Há privados interessados desde que o cliente esteja disposto a comprar um pacote de serviços.

      Temos que reconhecer que a simples eutanásia é um ato que não compensa. A injeção é barata e a ocupação dos médicos e enfermeiros é muito escassa. Os eutanasiados normalmente não querem comer, pelo que não é possível cobrar 200 euros pelo almoço. Não compensa.

      Há uma clínica que, no entanto, está disposta a fazer eutanásia desde que o paciente esteja disposto a pagar, por exemplo, a autópsia. Assim fica-se a saber qual a causa da morte, para maior tranquilidade de todos.

  7. JgMenos says:

    Que visão!
    Então haverão os interesses de negócio ser obstáculo à nova versão das profilácticas e tradicionais práticas das ‘abafadeiras’ e do ‘levar o pai ao monte’?

    • POIS! says:

      Pois, mas olhe ò Sr. Jg!

      Vosselência está a laborar num erro. ou melhor, num par deles..

      Por um lado, a profissão de abafadeira, tão acarinhada durante os primordios do salazarismo (alguns abafadeiros chagaram mesmo a inspetores da PIDE), entrou em declinio, fruto das estúpidas regulamentações impostas pelos burocratas de Bruxelas, que impuseram regras draconianas sobre o material das almofadas que, como sabe, têm de ser fabricadas em fibra de penas de andorinha. A maior parte das abafadeiras abandonou a profissão e preferiram abafar outras coisas que dão maior retorno financeiro.

      E creia que “levar o pai ao monte” também está pelas horas da morte. Um vizinho meu pediu um orçamento às empresas “Pailivrate SA” e “Távelho Vaipromonte Lda” e ficou para morrer!
      A desculpa é que cada vez há menos montes disponíveis devido á urbanização acelerada do Interior e o trabalho só pode ser realizado por membros da Ordem dos Despachadores, que levam caro e ainda exigem subsidio de almoço e jantar, ajudas de custo, despesas de representação, taxas de aceleração (para a coisa ser mais rápida) e, pasme-se, direito de propriedade sobre o cadáver. Fora a nova Taxa de Despacho criada pela geringonça no atual Orçamento de Estado. Um horror!

      No tempo do Estado Novo era tudo muito mais prático. Levava-se ao Hospital da Misericórdia e confiava-se às freirinhas que os punham numa enfermaria para 400 pacientes e dexava-se lá. Elas passavam de dois em dois dias a ver como estava a coisa, chamavam o padre para dar a extrema-unção e a estava resolvido. Ainda dizem mal do Salazar, coitado!

      • JgMenos says:

        Que sejas aparvalhado não me incomoda particularmente; mas que seja tão longamente aparvalhado, é bastante incomodativo.

        • POIS! says:

          Ora pois!

          Sente-se assim porque o seu negócio de longa data foi desmascarado. Já me tinham dito que Vosselência foi abafadeiro mas, se alguém duvidava, bastou lançar o isco e ficou logo incomodado!

  8. whaleproject says:

    É triste que num país em que falta ainda fazer tanto pela vida se tenha garantido o direito à morte. Diria mais, é grotesco que numa região em que os familiares têm de ir à farmácia comprar o gesso se alguém parte uma perna ou um braço, em que a noção de tratamento a cancro são meia dúzia de sessões de quimioterapia á antiga e a frio, em que a noção de cuidados paliativos é mandar o desgraçado para casa com o soro suficiente para não morrer de desidratação, nos queiram dar agora simplesmente o direito a poder escolher a morte como um cão, como um americano executado. Não há dignidade nenhuma na injecção letal, metam isso nessas cabeças duras. “Não quero morrer sem dignidade”, pois, mas não se importam de viver uma vida inteira sem dignidade. Se o patrão for “bicha” e os quiser enrabar descem as calças, arrastam-se de degradação em degradação uma vida inteira, mas procuram a dignidade no fim da vida, no morrer literalmente como um cão. faz sentido.

  9. esteves ayres says:

    Já agora os seguros aceitam pagar as indeminizações da eutanásia?
    Depois os querem ser indemnizados (familiares) não venham chorar lagrimas de crocodilo, visto que alguns deles aceitam a morte assistida .Talvez, pensando nos seguros de vida, neste caso de morte

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