Todos os empregos importam, mas há empregos mais importantes que outros…

Causaram indignação as palavras do CEO da padaria portuguesa. Já se sabe que o rapaz tem dificuldade em passar a mensagem, que nem interessou muito à maioria, ávida por bater no mensageiro. Era o que faltava um patrão ter dificuldade em pagar salários ou ameaçar despedir. O governo já indicou o caminho às empresas, endividem-se e logo se vê. A conta há-de chegar.
A cereja em cima do bolo para a turba que exulta com o aproveitamento da crise que atravessamos para promover a sua agenda ideológica, foi a graçola do primeiro-ministro dirigindo-se ao líder da Iniciativa Liberal, sugerindo que mudasse o nome para Iniciativa Estatal, a qual mereceria logo ali a resposta que após impor restrições aos portugueses, António Costa faria bem promover a mudança de nome do partido que lidera para Partido Fascista.

Em Portugal temos um velho ditado “ou comem todos, ou há moralidade”. Por norma sou absolutamente contra intervenções do Estado na economia. Não posso esquecer que vivemos num mundo globalizado, somos parte da U.E., pelo que a política económica não depende apenas do governo português. Mas adiante, houve dinheiro para salvar o BPN, BPP, Banif, BES, com pesados custos para o contribuinte. Mas não há dinheiro para ajudar empresas em dificuldades de tesouraria, causadas por um problema que nada tem a ver com economia, mas sim de saúde pública. Porque não tenhamos dúvidas, as empresas até podem todas falir, mas outras surgirão para prestar os serviços ou vender os produtos que serão necessários no futuro. Só que às micro e pequenas empresas, que investem e criam emprego, que se amanhem. As outras, como sempre, o princípio é too big to fail. Cá estaremos para ver quanto custará a TAP…
Consciente que as recomendações aos empresários para se endividarem não serão seguidas por todos, o governo sabe que muitos portugueses irão perder rendimentos, ou até os seus empregos. A solução passa por mandá-los também endividarem-se, solicitando aos bancos que facilitem moratórias para pagamentos a vencer. Seria mais fácil olhar para alguns exemplos, emitindo cheques à população, que lhes permitissem honrar os compromissos. Mas o governo, fiel aos seus princípios, prefere apoiar o rentismo dos Bancos, que se financiam a juros com taxa negativa para cobrarem juros e spread que pouco ajudam quem os tiver de pagar.
Garantir rendimentos a particulares não pode ser. Poupar impostos às empresas ou facilitar que se restruturem pela perda de clientes? Impensável, são os riscos da economia. Além dos Bancos, quem pelos vistos também não corre riscos foram os concessionários das autoestradas, que perderam utentes, mas já podem ser subsidiadas pela perda de receitas. Maravilhoso mundo do rentismo, em que vivem algumas empresas, para as quais é indiferente o estado da economia. Curiosamente, ou talvez não, são quem dá emprego à casta partidária que nos tem (des)governado ao longo de décadas. E promete continuar, para gáudio de muitos…

Comments

  1. António Carlos Matos says:

    Toda a minha vida fui gestor de crédito numa grande empresa.
    Mas, como estou reformado há alguns anos, tenho adiado a intenção de satisfazer a minha curiosidade em aceder aos Balanços desta empresa que, de repente, apareceu em todo o lado com lojas nos locais mais “nobres” i.e.,caríssimos da cidade de Lisboa e arredores.
    Constando que o principal dono foi um gato fedorento, ainda relativamente jovem, de onde veio o dinheiro para tudo isto?
    Alguém já fez o exercício que eu me proponho fazer?

    • António de Almeida says:

      Utilizei essa empresa como exemplo, não tenho lá qualquer interesse. Este post não é sobre A Padaria Portuguesa.

  2. Carlos Almeida says:

    Caro Antonio de Almeida

    Eu compreendo que ande nervoso com esta situação de saude publica, mas frase como esta que escreveu:
    “António Costa faria bem promover a mudança de nome do partido que lidera para Partido Fascista.”, só lhe ficam mal, mesmo muito mal.
    Deixe essa frases para os seus netos.
    Sou capaz de concordar com algumas outras coisas que diz, contudo prejudicadas por estas tiradas à “MRPP”
    Mas é o markting politico e um partido com 200 anos de ideologia, precisa muito

    • António de Almeida says:

      Caro Carlos Almeida,

      Por mero acaso, calhou ver ontem em directo a tirada que referi, quando o PM atirou a graçola, para mim sem graça, ao Cotrim Figueiredo. Daí a resposta que merecia ser a que referi.
      Obviamente que as medidas não fazem do PS um partido fascista, como o pedido de perdão fiscal, ou até de subsídios, não fará da IL um partido estatizante.
      Haja saúde, ultrapassemos esta fase e voltaremos à luta ideológica.

  3. POIS! says:

    Pois esatrei a ler bem?

    “Mas o governo, fiel aos seus princípios, prefere apoiar o rentismo dos Bancos, que se financiam a juros com taxa negativa para cobrarem juros e spread que pouco ajudam quem os tiver de pagar.”

    “Rentismo dos bancos”. Então…não são os mercados a funcionar? O livre jogo da oferta e procura de fundos? O encontro entre agentes com poupança positiva com os de poupança negativa?

    Ó Sôr Almeida agora advoga que o Estado se meta nisto? E a “mãozinha invisível”? Volta para o bordel onde trabalhava quando foi descoberta?

    Não estava à espera deste discurso por parte de um liberteiro encartado como é V. Exa.

    “Iniciativa Estatal”? Ai que ofensa tão vil a gente que é tão bem comprtadinha, usa gravata e tudo! Não se bate assim nas florzinhas, sr. Costa! O menino é nuito mau!

  4. António de Almeida says:

    Sabe o que é equidade? Defendo tratamento igual para todos. Não é deixar falir o José da esquina que vende caracóis e salvar a TAP, os Bancos. Até porque somados, os zés e marias, são capazes de empregarem bem mais gente.
    Tenho a moral de ter defendido que deixassem falir os Bancos…

  5. Será este o mesmo António de Almeida que escreveu, em 12 de Dezembro de 2019, aqui pelo Aventar, a postada “Países desenvolvidos não são para governo de marxistas…” ? (https://aventar.eu/2019/12/12/paises-desenvolvidos-nao-sao-para-governo-de-marxistas/)

    Fiquei confuso com esta cambalhota intervencionista. Venha de lá o Marx, camarada!

    • Teresa says:

      E escreveu muito bem. Se não diga lá um pais desenvolvido, daqueles onde não há abundancia de escassez, que seja governado por marxistas…

      Teresa

      • António de Almeida says:

        Cara Teresa,

        Também defendo igualdade, mas de oportunidades. Não de resultados, porque esse será sempre fruto do esforço. Há que reconhecer o mérito a quem o tem.
        Acredito no capitalismo, mas não defendo oligarquias, rentismo e outros desvios. Isso não é capitalismo…

        • Teresa says:

          Assim como eu caro António Almeida. Tenho para mim que o Capitalismo é condição necessária para uma sociedade livre mas não suficiente.
          Mas nunca entrará na cabeça utópica de um marxista , que apesar de entrar pelos olhos dentro a desgraça que é o comunismo, o continua a apoiar.

          Teresa

          • António de Almeida says:

            Exemplos não faltam, a URSS e todos os satélites, sabemos como acabaram. Cuba, vi in loco, antes e depois do Fidel. Venezuela…

      • brasuca pro brasil says:

        Brasuca, I presume

      • Paulo Marques says:

        Precisa de defender o que é abundância de escassez, porque até os países mais neo-liberal têm resmas de pobres a dormir na rua.
        Mas era complicado achar, foram todos corridos para chegarmos a esta brilhante recuperação económica que não só só chegou ao capital, e pouco, como deixou condições mínimas para lidar com uma crise, a começar com os cortes na saúde.

    • abaixoapadralhada says:

      O liberaloides, são como os pescadores de cana. Estão sempre à espera que a maré suba.
      Em Português, oportunistas

  6. António de Almeida says:

    É o mesmo António de Almeida que escreveu em 2008 “América Marxista”, quando decidiram o bailout. Que defendeu a queda de Wall Street, que defendeu a falência dos bancos portugueses. Que não concorda com financiamentos à economia. Mas se há para uns, tem que haver para outros. Não apenas para os rentistas…

  7. Filipe Bastos says:

    Ainda bem que o Sr. Almeida malha no rentismo da Banca, das grandes construtoras e outros Donos Disto Tudo. Os mamões. Mas já que fala de rentismo, não se esqueça de muitos senhorios.

    Esses também vivem de rendas. De uma necessidade básica. De especulação. De chulice. Será giro ver a evolução das rendas, sobretudo em Lisboa e Porto, sem a mama do Airbnb e do turismo.

    • António de Almeida says:

      Se construo um prédio para colocar apartamentos no mercado de arrendamento, incorro em riscos. Ou se remodelo um prédio onde ninguém queria viver. O Airbnb é um operador turístico, como outros, o Booking por exemplo. Que presta um bom serviço ao consumidor (o airbnb não sei, nunca usei), garantindo preço e reserva com seriedade. Todos conhecemos casos de pessoas que foram de férias para algum lugar e lá chegados, não existia o sítio que pagaram.
      Nasci em Lisboa, tenho muitos amigos, não recordo que alguém, um dia tenha aspirado a viver na baixa. Mesmo hoje eu não queria, face às restrições que por lá existem.

      • Paulo Marques says:

        Pois, não conhece mesmo o Airbnb, não faltam exemplos de como é mais um desastre de desregulação.

        • António de Almeida says:

          De facto não conheço. Não me seduz enquanto cliente. Continuo a preferir um hotel…

          • Teresa says:

            Pois eu conheço o Airbnb e recomendo. Atravessei toda a América usando, e não podia ficar mais satisfeita. É a emlhor maneira de se conhecer um pais real.
            Além disso quem sou eu ? Basta olhar para os milhões de pessoas que usam o serviço. Se usam é porque é um bom serviço. Esta mania de alguém julgar que sabe o que é bom ou ruim para os outros é um tique um bocadinho arrogante.

            Teresa

          • António de Almeida says:

            O facto de não usar, não me dá o direito de defender que outros não usem. Aliás, deve ser assim, quem não tem consumidores acaba. Os inovadores de hoje, serão os obsoletos de amanhã, caso não acompanhem a evolução. A liberdade de escolha é imprescindível…

          • Paulo Marques says:

            Claro que sim, as escolhas dos agentes económicos são sempre racionais, e há mesmo quem queira passar por isto.
            https://www.vice.com/en_us/article/43k7z3/nationwide-fake-host-scam-on-airbnb

          • António de Almeida says:

            Não, ninguém quer ser enganado. O mercado costuma ser implacável com empresas que prestam um mau serviço.

          • Filipe Bastos says:

            Teresa,

            Nota-se que é fiel da Igreja da Liberdade de Escolha de S. Friedman, em permanente reverência ao sagrado consumidor e ao sacrossanto ‘mercado’.

            Claro que mega-mamões como o Airbnb, a Amazon ou a Uber prestam bons serviços. São convenientes, pensados ao pormenor, dinheiro não é problema, têm tecnologia de ponta e custos ínfimos para o que facturam – ou melhor, para o que não facturam.

            Mas nem tudo o que é popular e conveniente é necessariamente bom ou sustentável. Estes mamões sugam milhares de milhões a países como Portugal. É dinheiro que sai da economia para offshores e que nunca mais volta. Impostos? Zero.

            Além do que secam à sua volta: quantos pequenos e médios negócios arruinados, quantas famílias sem trabalho? As pessoas são cúmplices da sua própria servidão: em troca de comodidade, ficam reféns destes mega-chulos too big to fail.

            Ganância e egoísmo. Eis o seu paraíso.

          • Paulo Marques says:

            O mercado costuma ser implacável com empresas que prestam um mau serviço.

            Nem todos os custos se resumem ao mau serviço, nem pouco mais ao menos, mas nem por isso faltam empresas que não sofrem esses efeitos. Desde o seu ódio de estimação da TAP a uma Oracle ou Boeing, elas continuam.
            E, já agora, “ninguém quer ser enganado”, mas não falta gente que acha que 10000€ por um anel de noivado, todos com origem do calhau na mesma empresa que mantém as boas tradições colonialistas, é um bom mercado a funcionar.

  8. Filipe Bastos says:

    E sobre a Padaria Portuguesa, que é um exemplo algo especial, já alguém escreveu noutro lado:

    A padaria de ponzie do bate punho que se desenrasque no mercado liberal que tanto adoram quando lhes enche os bolsos.

    E até parece que se trata de alguma empresa que produz coisas
    imprescindíveis e de alto valor acrescentado. O que não falta no país é pastelarias e padarias. Aliás, a empresa deste bate punho é daquelas que só serve é para destruir o comércio tradicional familiar, tal como fizeram os hipermercados.

    Agora que as típicas e tradicionais mercearias faziam tanta falta para evitar aglomerações de pessoas não as há. É tudo centralizado e ao monte como o gado. E vocês “liberais-conservadores” batem palmas.

    • Teresa says:

      Não é a Padaria Portuguesa que destrói o comercio tradicional, ´são as pessoas , o cidadão comum, que considera que o serviço prestado por eles é melhor.

      Teresa

      • abaixoapadralhada says:

        É essa a resposta dos oportunistas liberoides, no tempo das vacas gordas. Quando há problemas, vêm chuchar na mama do Estado

  9. António de Almeida says:

    Apenas sou um fraco consumidor da padaria portuguesa. Uns cafés ou sandes, de tempos a tempos.
    Meu caro, nada destrói excepto a falta de visão e modernização. Só alcança o sucesso quem oferece ao consumidor o que ele quer.

  10. Paulo Marques says:

    Portanto, um fascista é alguém que diz as verdades sobre a inevitabilidade da intervenção do estado.
    Quanto ao resto, são tudo regras daquela coisa que diz é muito boa para o sucesso do país, portanto, das duas uma, ou é ignorante sobre o mercado comum, ou é hipócrita. Nessa coisa melhor, é exactamente igual ao “fascista”.

    • Paulo Marques says:

      Nessa coisa menor, é exactamente igual ao “fascista”.

    • António de Almeida says:

      Digamos que neste caso, o hipócrita original foi António Costa. Devolver-lhe a hipocrisia é direito de resposta.

  11. Luís Lavoura says:

    quem pelos vistos também não corre riscos foram os concessionários das autoestradas, que perderam utentes, mas já podem ser subsidiadas pela perda de receitas

    O governo disse (ou sugeriu) que iria subsidiar as autoestradas? Onde é que viu isso?

  12. Pedro Vaz (Nacionalista) says:

    A “Democracia Liberal Ocidental” ™ é a fusão do Capitalismo e o Marxismo. Para os “camponeses” é o socialismo para as multi-nacionais e a grande finança é o Capitalismo.

    • POIS! says:

      Olha pois!

      “Para os “camponeses” é o socialismo”.

      O Xô Pedro Vaz, para simbolizar a desprezível “ralé” utiliza uma boa parte dos que produzem lhe dão a comer. A não ser que não seja preciso. O cruzamento de sangue celta puro por parte da mãe e visigodo ultrapuro por parte do pai livram-no dessa maçada que é alimentar-se.

    • Paulo Marques says:

      Socialismo para quem não tem os meios de produção nem os seus proveitos. Err, pois, é isso, e o céu é violeta e o mar amarelo, porque também posso fazer com que as palavras queiram dizer o que me apeteça.

    • Carlos Almeida says:

      Já ninguém tem paciência de aturar as bocas idiotas de um garotão auto convencido

  13. R Santos says:

    O autor acusa os outros de ” aproveitamento da crise que atravessamos para promover a sua agenda ideológica…” quando ele promove de uma forma descarada isso mesmo.
    Já parece o pateta do gatos fedorentos que alinha com o padeiro.

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