Feminismo vs Liberdade Individual

Há certezas absolutas que ninguém pode refutar quando falamos nas desigualdades entre homens e mulheres. Temos o exemplo dos salários ganhos por cada género, sendo que por cada euro ganho por um homem, uma mulher recebe 84 cêntimos. O problema coloca-se quando nos questionamos pela razão desta desigualdade factual. O movimento feminista fala de uma sociedade patriarcal, uma sociedade em que o homem tem predominância apenas pelo género. As feministas, que tanto criticam o capitalismo e aqueles que têm o lucro como algo positivo, são as primeiras a falar das diferenças salariais. Pelos vistos, o dinheiro não é assim tão irrelevante quanto isso. O movimento feminista, que não podemos confundir com as mulheres, não defende a igualdade de oportunidades para os indivíduos de ambos os géneros, mas sim uma igualdade de resultados. Se antes, as pessoas viviam numa ditadura pela ordem, agora vivem numa obsessão pela igualdade. Colocaram essa obsessão à frente da liberdade individual, não permitindo que as mulheres sigam o seu caminho, mas impondo uma luta identitária contra os homens.

Analisemos. As mulheres, antigamente, viviam com menos liberdades do que hoje, não podiam trabalhar, não podiam votar, entre outros. Mas isto também trazia um peso para o sexo masculino, sendo que era nos homens onde encontrávamos uma maior taxa de mortalidade, uma maior exposição ao perigo e a obrigação de sustentar uma família. O feminismo foi uma luta importante para a libertação do indivíduo do coletivismo. Se, por um lado, as mulheres puderam começar mostrar os seus talentos no mercado de trabalho, por outro, os homens também puderam libertar-se da obrigação de sustentar economicamente uma família. Então, porque é que as mulheres recebem menos? Recebem menos pelas suas opções de vida. O que não é algo negativo, propriamente. Da mesma forma que os homens tendem a seguir vias e formas de vida que priorizam o trabalho, as mulheres tendem a priorizar empregos mais ligados a pessoas e a família. E é aqui que as feministas começam o ataque às mulheres. Quando sobrepõe o género à liberdade de cada uma.
Em Portugal, neste ano, no ensino superior, estão 12685 indivíduos em áreas da Educação, 58986 na área da Saúde e 81137 indivíduos em Engenharias, Indústrias, Transformadoras e Construção. Na Educação, as mulheres representam 78%, na Saúde, 77%, e nas Engenharias representam 28%. Estas são as áreas que apresentam maior disparidade e revelam que as mulheres têm maior tendência do que os homens para a Educação e os homens maior tendência para as Engenharias. Onde é que os homens ou as mulheres têm culpa de a Educação oferecer salários mais baixos? Um homem que entre em Educação, provavelmente, vai receber menos do que uma engenheira. São opções.

Mas essas opções advém de uma construção social. Este é o argumento utilizado para justificar as livres decisões das mulheres. Este argumento equivale àquele rapaz de 13 anos que parece que nasceu em Chernobyl e metemo-lo à frente do cesto nos torneios da escola, é o último recurso para justificar a incompetência. Atenção, a incompetência não é das mulheres, que seguiram algo que queriam, mas sim das feministas que insistem em achar o que é melhor para as mulheres como um grupo em vez de defender a liberdade individual. Estamos a regredir.

As feministas acusam também o capitalismo por os salários das mulheres serem menores aos dos homens. Se as mulheres são mais baratas do que homens para o empregador, porque não se contratam apenas mulheres? Fica a ideia para algum animal capitalista que tem sede de lucros.

Concluindo o assunto da desigualdade salarial no global, temos de ter em conta as opções de carreira de cada um. Não há nenhuma lei que obrigue as mulheres a ficarem em casa com os filhos em vez dos homens. Os homens e as mulheres não têm culpa de ser consensual num casal que um dos dois fique em casa. Mas são sempre as mulheres, porque estão habituadas desde pequenas a essa ideia -é uma construção social. Tal como tudo. Andar para a frente com um pé à frente do outro é uma construção social, se formos por esses fanatismos insensatos. Perdoem-me a redundância. As feministas dizerem que as desigualdades são culpa de uma sociedade patriarcal é tão legítimo como dizer que a maioria dos presos serem homens é culpa de uma sociedade dominada por mulheres. Não, não é. Simplesmente, os homens tendem a optar pelo crime mais regularmente do que as mulheres.

As feministas defendem, para haver uma maior igualdade, um sistema de quotas. Este é, provavelmente, o maior insulto que se pode fazer às mulheres. É que mandar umas bocas é uma coisa, cada um leva em consideração o quer. Exigir ao Estado que obrigue empresas a ter uma percentagem de mulheres? É considerar as mulheres incapazes de exercer uma função pelo seu próprio pé. Agrada-me ver que as quotas são apenas para cargos de administração. Onde estão quotas para haver 40% de mulheres trolhas? Fica mais uma ideia.

Mas as mulheres são mais vítimas de violações e assédio. Sim, é verdade, mas isso não apresenta uma assimetria tendo como base o género. É um peso enorme nos ombros dos homens ter que se sentir responsável por crimes tão horrendos. As pessoas devem ser responsabilizadas individualmente e não numa ideologia de grupo. O que diriam as mulheres se fossem todas culpadas por casos de manipulação extrema e abuso psicológico a homens? Era desumano seguir esse princípio.

Um bom exemplo que nos mostra que as desigualdades entre homens e mulheres são as comparações que podemos estabelecer entre jogadores de futebol e modelos. Por vezes, vemos a exigência de jogadoras por igualdade salarial, no entanto o futebol feminino gera muito menos riqueza. Só para termos uma ideia, aquele que é o campeonato do país da melhor seleção do mundo feminina, os Estados Unidos, tem uma média de espectadores um pouco superior a 7300. No país do atual campeão mundial, a França, para encontrar uma média inferior, num estádio apenas, precisamos de ir até ao nono clube com melhor média da… segunda divisão. Há uma divisão inteira e metade de uma secundária com melhores assistências em França do que no Campeonato feminino americano. E estamos a falar de França. Imaginemos lá o que seria na Alemanha ou em Inglaterra. No entanto, ainda temos pessoas que acreditam que alguém não gostar de futebol feminino é devido a sexismo.

Se no futebol assistimos a uma predominância dos homens, por o futebol masculino ser muito mais procurado e consumido, no mundo da moda vemos o inverso. Em 2018, a modelo mais bem paga do mundo auferiu uns modestos 17 milhões de euros, enquanto o modelo masculino mais bem pago recebeu, em 2017, nesta sociedade patriarcal que beneficia naturalmente os homens, menos de milhão e meio. Esta desigualdade é normal? Claramente que sim, visto que a moda feminina é muito mais consumida do que a moda masculina. O mercado é assim. Foi uma escolha livre de homens seguir esse ramo, mesmo sabendo que as mulheres costumam ser mais bem pagas devido à procura.

Apesar de assumirmos todos que havia, antigamente, uma desigualdade estrutural, acredito que o objetivo não era diminuir as mulheres, mas sim definir um papel para cada género. Felizmente, isso acabou e as desigualdades a que hoje assistimos devem-se a escolhas individuais. Um estudo revela que nos sites de encontros 85% dos homens não correspondem às expectativas das mulheres, por exemplo. Também podemos ver num estudo que é consensual que os homens pagam mais despesas nas relações. 44% das mulheres afirma que fica incomodada quando o homem espera que ela também ajude a pagar a conta. 76% dos homens sentem-se culpados ao aceitar ajuda a pagar a conta. Estes estudos revelam-nos que apesar das mulheres receberem menos, geralmente, pelas suas opções, os homens também ficam condicionados em algumas questões pelas suas opções.

Conclusão? O único caminho é libertar as pessoas de políticas de género e dar a possibilidade de cada um seguir o caminho que quer. Desta forma, podem coexistir mulheres que achem que a conta se pode dividir, tal como pode haver mulheres que achem que os homens é que devem assumir os custos. As feministas não têm o direito de obrigar todo um género a seguir um ideal. Ser feminista é reprimir a liberdade da mulher como ser humano.
Menos Feminismo. Mais Liberdade.

Comments

  1. Julio Rolo Santos says:

    Na construção civil não vejo essa desigualdade salarial, pela simples razão, de que a mulher aí não entra, ou antes, entra mas com um caderninho de apontamentos debaixo do braço e a olhar para os escravos de pá e pica, a dar o litro. A guerra de sexos, fomentada pelas feministas, não querem revelar toda a verdade que justificam as desigualdades salariais de gênero.

    • POIS! says:

      Pois aceite um conselho.

      Quando sair da maternidade é melhor tratar dessa depressão pós-parto. É uma doença perigosa que causa, muitas vezes, um certo enviesamento cognitivo.

  2. JgMenos says:

    A estupidez de tudo agregar em géneros, médias e outras agrupamentos que não distinguem pessoas, é o cientismo tosco das estatísticas que se quer descomprometido do passado e do presente para ditarem o futuro.

    E não espanta que seja esse o cientismo que inflama a intelectualidade tosca dos esquerdalhos, palhaços para quem o mundo é nascituro a quem é preciso definir um futuro a criar pelos seus excelsos bestuntos!

    • Paulo Marques says:

      Vai estudar pá, os esquerdistas em geral são a favor da liberdade individual e os conservadores de hierarquias bem definidas (ou seja, grupos). Não faltam sondagens sobre o assunto.
      Ainda para mais, se fosse há 50 anos estavas aqui a defender a teoria da fenologia.

      • JgMenos says:

        És um cretino!
        A liberdade individual da esquerdalhada sob a batuta do Estado em tudo: as classes, os géneros, as profissões, os do dinheiro, os coitadinhos, os LGBTQIAP+…. tudo classificado, agrupado, sistematizado para tratamento de grupo.

        Quanto à fenologia mete-a onde te der mais gozo.

        • Paulo Marques says:

          O facto de LGBTQIAP+ ser uma sopa de letras devia dizer-te qualquer coisa…

  3. Paulo Marques says:

    Isso é giro, só é pena as mulheres receberem menos, e serem menos reconhecidas, ou mesmo nem sequer ser ouvidas, mesmo em engenharia, ciência ou informática. E se escolhem não seguir para informática, por exemplo, como alguém que foi, percebo perfeitamente porquê. O assédio moral e sexual é constante, feito por adolescentes a quem ninguém diz nada. Ao menos não somos os Estados Unidos onde os casos de violação no equivalente às praxes são constantes, aqui é um bocadinho mais raro.
    Não sinto peso nenhum por admiti-lo. Se a empatia lhe dá nós à cabeça, o defeito é seu, porque as oportunidades não são iguais e é trivial constatá-lo. E têm repercusões nos homens, por exemplo, em quem escolhe ir para enfermeiro.

    Se há algum exagero? Claro, como em tudo. Por exemplo, diria que no caso do desporto profissional bem renumerado é marioritariamente uma questão do mercado, mas não quer dizer que não haja alguma descriminação também. E provavelmente uns quantos Weisnteins escondidos.
    Ponham-se nos sapatos dos outros e ouçam de vez em quando.

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