Um português, um indiano e um cigano…

O título deste texto parece o início de uma anedota, mas também se adapta a um dos últimos episódios da política portuguesa e tiveram como protagonistas André Ventura, António Costa e Ricardo Quaresma. Achei melhor dizer, pois há quem se dê mal ao brincar com estereótipos. Ai se os Gato Fedorento fossem dos dias de hoje…

Tudo começou com uma proposta do Ventura para haver um plano especial de confinamento para ciganos. Daí veio o cigano mais famoso em Portugal defender que isto é colocar “homens contra homens” e foi aplaudido por Catarina Martins. Estranho ver uma mulher que tenta colocar pobres contra ricos, trabalhadores contra empresários, portugueses contra a Europa, aplaudir isto, mas tudo bem. Depois, o André Ventura cometeu o maior erro da sua carreira política ao dizer que jogadores da seleção não deviam dar opinião política. Portugal indignou-se com razão. Era o que faltava uma pessoa, independentemente da sua profissão, não poder ter opinião política. E depois, para acabar, chegou o taberneiro Costa para mandar uma piada rasca sobre a resposta do Quaresma ao Ventura. O mundo congratulou Costa por uma piada fraca, mas cala-se quando este faz pressões para acabar com um programa de investigação. E já que estamos numa de trivelas, gostaria de falar da fora-de-jogo gravíssima que originou num golo do Costa. Um golo mentiroso. Um golo festejado, mas que não corresponde à realidade. O primeiro-ministro afirmou que não há um problema com a comunidade cigana em Portugal.

Sim, há um problema com a comunidade cigana em Portugal. Um problema que afeta toda a sociedade, inclusive os ciganos. Não é que os ciganos sejam más pessoas por serem de certa etnia. Há de haver ciganos maravilhosos como outros que nem tanto. O problema é que os ciganos são um povo extremamente dedicado às suas tradições, tradições essas que não conjugam com a sociedade portuguesa. Como podemos exigir a integração no mercado de trabalho a indivíduos de uma comunidade que mais de 90% não tem o terceiro ciclo? Como podemos exigir que se integrem tão bem crianças que estão a estudar matemática e outras a escolher um cônjuge?

A esquerda não defende minorias, nem defende liberdades. Defende aquilo que lhes dá uma imagem mais bonita. Se defendessem a liberdade, não permitiam que os sonhos de pessoas continuem a ser barrados por tradições étnicas. Os ciganos, no fundo, são um povo nacionalista, só que dedicados à etnia e à manutenção das suas tradições. Isto faz com que sejam incompreendidos e que haja tanto preconceito. Ter medo não é racismo. Levantar problemas também não é racismo. É bem pior continuarmos a assobiar para o lado, ignorando problemas que a nossa sociedade enfrenta.

Quais são as soluções? Num país em que existe escolaridade obrigatória e medidas para proteção de crianças – sim, Portugal é aquele país que tem 42 institutos para a mesma coisa, mas não atua – tem de se aplicar estas, independentemente das crenças de uma comunidade. Continuarmos a deixar que crianças vivam em realidades que não lhes permite um dia competir com os demais pelo que querem é o maior desrespeito pela liberdade que podemos ter. A cultura de um certo povo nunca pode servir de argumentação para retirar liberdades individuais. Ninguém está acima da lei, portanto não é possível a cultura cigana da forma que vemos e a cultura ocidental coexistirem.

Temos de enfrentar os assuntos tal como eles são. Há um problema com a comunidade cigana e a forma de o resolver é não permitir que as crenças de determinado povo se sobreponham à liberdade individual.
Os que odeiam os nazis por terem lutado por uma raça pura são aqueles que defendem pessoas que obrigam filhos a estagnar a sua vida aos 14 anos em nome de um costume.

Se considerarmos que não temos o direito de intervir, então também não podemos permitir que o Estado apoie futuramente estas pessoas. Foi uma escolha abdicar de um futuro numa sociedade democrática pela submissão a uma tradição milenar.

Comments

  1. António Sequeira says:

    Queria dizer “três portugueses” certamente. Ou não…

  2. Carlos Almeida says:

    “Estranho ver uma mulher que tenta colocar pobres contra ricos, trabalhadores contra empresários, portugueses contra a Europa, aplaudir isto, mas tudo bem.”

    A demagogia liberoide ao seu mais alto nível. Nem o Botas dizia melhor.

    É tudo a bem da nação, não é sr Figeiredo.

    Liberoides ?

    • POIS! says:

      Pois é!

      O Sr. Figueiredo sempre de arma em riste contra as incoerências. É um temível caçador, não há bicho incoerente que lhe escape!

      Temo que a coisa acabe em suicídio, por excesso de zelo.

  3. Albino manuel says:

    Labrego tripeiro

  4. JgMenos says:

    Esquerdalhada negacionista sempre que lhes parece dar-lhe imagem de bonzinhos para temperar o quanto têm de invejosos ladrões e mentirosos.

  5. Pedro Vaz (Nacionalista) says:

    O liberal/centrista-radical bem tenta mas não lhe adianta um grosso…

    Nós Nacionalistas estamos sempre a avisar estes cucks liberais/centristas-radicais: “You can never cuck enough”, não vale a pena essa posição centrista e cobarde porque a máquina e as suas hordas ou não vos ligam nenhuma ou odeiam-vos na mesma, deixem-se de balelas e tornem-se Nacionalistas.

    • Paulo Marques says:

      Não há problemas com a comunidade cigana, há problemas com indivíduos ciganos, como há problemas de polícias que batem em quem lhes apetece, em juízes que não gostam das leis, em banqueiros sem regras para cumprir, em políticos que sonham com o pelotão da frente, em traficantes de pneus e por aí fora.
      Quanto aos ricos, empresários e Europa, é contra o previlegio dos primeiros graças ao sistema implementado pelo último. Se não percebe a diferença, aprecie a desvalorização competitiva permanente, que eu não.

    • JgMenos says:

      Essa de nacionalista entre parêntesis já não engana ninguém,
      Sugiro-te ‘Comuna (patriota)’ que essa toda a dente sabe do que gasta.

    • POIS! says:

      Pois sim!

      O Sôr Vaz perde a paciência com os “cucks”. Prefere “cocks” desde que lhe preencham os “standards”.

  6. Rui Santos says:

    “Um português, um indiano e um cigano…” Este titulo diz tudo sobre o autor e a sua manhosa trivela intelectual.

    • JgMenos says:

      Chsss! O paladino do corretês; só gente certificada de esquerdalho pode pronunciar tais palavras!

      O ridículo sempre os distingue!

      • abaixoapadralhada says:

        “O ridículo sempre os distingue!”

        JgMenos

        Mas tu es Sa Lazarento, não esquerdalho

  7. Rui Santos says:

    Quando se fala de comunidades e etnias entra-se no politicamente correcto onde os blocos e calhaus e defensores dos coitadinhos querem marcar pontos. O artigo mesmo que da forma errada apresenta situações reais.

  8. Luís Lavoura says:

    O autor do post começa a dizer que defende a liberdade,

    Se defendessem a liberdade, não permitiam que os sonhos de pessoas continuem a ser barrados por tradições étnicas.

    para depois defender a não-liberdade:

    Num país em que existe escolaridade obrigatória, tem de se aplicar independentemente das crenças de uma comunidade.

    Ou seja, as crianças não podem ver a sua liberdade atropelada por tradições étnicas, mas podem vê-la atropelada pela obrigação de estarem na escola a ouvirem falar de coisas que não interessam nem ao Menino Jesus.

    • Fernando Manuel Rodrigues says:

      Acho bem. As crianças deviam era dedicar-se à “lavoura”… Isso é que “induca”.

      • Fernando says:

        A “liberdade” liberal do antigamente é que era bom.
        Na altura quando as crianças trabalhavam nas minas as crianças podiam sonhar, sonhar em não serem soterradas e viver no máximo até aos trinta anos…..

    • Francisco Figueiredo says:

      Pertinente, de facto. No entanto, eu dei a resposta a isso. Se querem liberdade para abandonar a escola, tudo bem. Mas futuramente não poderão viver às custas do Estado e terão de se contentar com trabalhos mal pagos.

      • Fernando says:

        Se os liberais, sejam os Donos Disto Tudo nacionais como internacionais, levassem os seus critérios a sério viviam debaixo da ponte.

        Claro, o liberal nunca vê a merda que os ricos fazem, são ricos porque “trabalharam” muito, como Trump trabalhou muito, não só não merecem ser criticados como merecem toda a adulação!

        Já a criança, filha da ralé, se abandonar a escolha está condenada para vida, só tem é que se conformar e sujeitar a todas as agruras da vida, não há redenção possível para o pobretana!

        Enfim, ideologia liberal, a ideologia da “liberdade”… dizem…

  9. POIS! says:

    Pois vejamos:

    “Tudo começou com uma proposta do Ventura para haver um plano especial de confinamento para ciganos. Daí veio o cigano mais famoso em Portugal defender que isto é colocar “homens contra homens” e foi aplaudido por Catarina Martins. Estranho ver uma mulher que tenta colocar pobres contra ricos, trabalhadores contra empresários, portugueses contra a Europa, aplaudir isto, mas tudo bem”.

    Tá bem, já entendi.Se formos todos amiguinhos e bem comportadinhos um dia vamos ser todos ricos, ou pelo menos remediados como o Dr. Catroga, o Dr. Mexia, e o Dr. Liberal Cotrim, os trabalhadores irão acabar porque seremos todos empresários tal como os arrojados empreendedores da Uber e todos os anos iremos a pé a Bruxelas para louvar a Santa Europa e pedir-lhe perdão pelas nossas impaciências.

    E seremos todos livres de escolher o nosso estilo de vida desde que não tenhamos modos de vida contrários aos modos de vida daqueles que acham que todos temos liberdade de escolha desde que a escolha seja a escolha certa e que pode ser facilmente encontrada em publicações de larga circulação como a “Caras”, “Nova Gente” e mesmo páginas finais do “Correio da Manha”.

    Mas para isso é preciso que o Estado intervenha imediatamente no sentido de impor o que é necessário, seguindo o lema:

    “Quer tu queiras, quer não queiras, hás-de ser liberal”!

    E quem não quiser deve sofrer as consequências!

  10. Albino manuel says:

    JgMenos

    Vossemecê parece ser padre de Bejeu ou da Guarda. Veja lá se não anda a exagerar no chamar a mim as criancinhas. Isso era para Jesus, não era para os devotos.

    É que fala, fala, e eu fico com a ideia de que é padre.

    A não ser que seja subsídio-agricultor alentejano, rapaziada de touradas e de umas variações à sombra do chaparro com outros camaradas.

    Em todo o caso, tenha cuidado, não encoste as mãos à parede.

  11. Albino manuel says:

    É que sabe, com uma pequena irreverência, isto é como na liturgia da Igreja:

    Livrai-nos Senhor dos paneleiros, agora e na hora da nossa morte.

    Amen

  12. Filipe Bastos says:

    Quanto ao autor do post, outros já notaram as contradições: um ‘liberal’ quer impor o Estado a pessoas, essas sim, livres – os ciganos.

    Os ciganos, pelo menos os homens, são mais livres que os liberais. Fazem o que lhes dá na bolha. Borrifam-se na autoridade, nas regras e obrigações das sociedades que parasitam.

    E como não são formiguinhas produtivas e obedientes, além do Estado o autor quer impor-lhes o TINA. Têm de trabalhar, consumir, endividar-se e acompanhar os Joneses como todos os outros, para aplacar o deus capitalista e perpetuar o mantra do crescimento infinito. Quanto a ‘liberais’ estamos conversados.

    Depois temos o lado da esquerda-caviar, sempre de bandeira virtuosa desfraldada: o lado dos Araújos Pereira, que nas suas ricas e confortáveis vidinhas conhecem três ciganos, todos gajos porreiros. Pagava para vê-los a ter de lidar diariamente com um acampamento cigano à porta da vivenda ou do duplex.

    Pagava para vê-los a ter de lidar com a hostilidade, a violência, a tacanhez, a cobardia, o egoísmo, o atraso de vida que são, na sua grande maioria, os ciganos quando em grupo.

  13. Filipe Bastos says:

    No outro dia li isto ao Zé Manel Tonto, um tipo do Blasfémias com quem discordo em quase tudo:

    “Tratar todos por igual deve ser o objectivo. Mas não podemos ser parvos [ou cegos].
    A cultura, religião, etc. não define como um indíviduo se vai comportar, mas mostra como uma multidão se vai comportar.
    Olhe-se para Paris ou Marselha, e percebe-se que não se pode aplicar a Argelinos leis feitas para Franceses.
    Um indíviduo cigano não é, a priori, ladrão, violento e delinquente por ser cigano. Mas ninguém quer viver ao pé de um grupo de ciganos. Os estereótipos não caem do céu.”

    Porra. É preciso um contumaz direitalha para ver e dizer o óbvio?

    • anticarneiros says:

      “Olhe-se para Paris ou Marselha, e percebe-se que não se pode aplicar a Argelinos leis feitas para Franceses.”

      Os argelinos estão em França há 50 anos. Os quaresmas estão em Portugal há 500 anos. Não se adaptam porque não querem

    • Paulo Marques says:

      Pois, os argelinos estão lá por caridade do estado francês em lhes dar a nacionalidade/direito de residência sem lhes exigir nada em troca nem ao país de origem. Os malandros é que não querem pagar por um curso de informática onde eram tratados como os outros.

  14. “Os que odeiam os nazis por terem lutado por uma raça pura são aqueles que defendem pessoas que obrigam filhos a estagnar a sua vida aos 14 anos em nome de um costume.”

    Lutado por uma raça pura?
    És nazi e não sabias.

  15. Daniel says:

    Tanto disparate, mentira e meia-verdade!…

  16. Álvaro Oliveira says:

    “Tudo começou com uma proposta do Ventura para haver um plano especial de confinamento para ciganos. Daí veio o cigano mais famoso em Portugal defender que isto é colocar “homens contra homens” e foi aplaudido por Catarina Martins. Estranho ver uma mulher que tenta colocar pobres contra ricos, trabalhadores contra empresários, portugueses contra a Europa, aplaudir isto, mas tudo bem.”

    Excelente, Salvador!

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