Repensar, defender e reforçar o SNS

SNS

Umas das lições que (já) podemos tirar desta pandemia, e que para muitos não é novidade nenhuma, tem a ver com o carácter imprescindível e vital do Serviço Nacional de Saúde no nosso modelo de sociedade. Como dizia Ricardo Araújo Pereira, numa recente intervenção no Governo Sombra, “não há ateus na cova do lobo e também não há grandes críticos do SNS em tempos de pandemia”.

O SNS, na minha opinião, e na de muitos portugueses, é o maior avanço civilizacional do pós-25 de Abril, a par da Educação e das liberdades a garantias fundamentais conquistadas. E, por muito que o critiquem, ele está entre os melhores. O Euro Health Consumer Index 2018 (não encontrei o de 2019, presumo que ainda não tenha sido publicado), o ranking de SNSs europeus elaborado pelo think tank sueco Health Consumer Powerhouse, coloca Portugal no 13° posto, entre 35 serviços nacionais de saúde analisados no continente europeu, atrás dos óbvios mas à frente de países como o Reino Unido, Espanha, Itália ou Irlanda.

E se um 13° lugar poderá parecer modesto, olhemos para o globo. Quantos serviços nacionais de saúde existirão por aí, melhores que o 13° europeu? Eu arrisco seis, mas não tenho a certeza em relação a todos: Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Israel. Em todo o caso, estar entre os 20 melhores, de um universo de mais de 190 países, não é nada mau. Mais ainda se considerarmos a situação económica do país, o seu nível de endividamento e a sua profunda dependência externa.

Esta crise que hoje atravessamos, e que a muitos, mesmo àqueles que pensam não precisar dele, fez repensar a importância do SNS, é o momento ideal para uma reflexão sobre que SNS queremos. E se o queremos mais forte, como é o meu caso, o que podemos fazer. É bom que a crise sanitária não nos tolde o lado racional. É bom recordar que a agremiação unipessoal do comentador-consultor neofascista defendeu a sua total privatização. É isso que está no programa que apresentado aos portugueses. E não, não foi só a extrema-direita. Também muitos daqueles que se posicionam na direita dita moderada tentaram, de formas mais ou menos encapotadas, enfraquecer o SNS, em detrimento do sector privado. Espero, sinceramente, que a memória dos portugueses não seja curta, e que esta tragédia sirva para nos consciencializarmos da importância fulcral de um SNS forte, capitalizado, com profissionais de saúde suficientes e bem remunerados, no topo das nossas prioridades. E que saibamos exigi-lo, no momento de colocar o próximo voto legislativo na urna.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Os portugueses tiveram nesta última década uma experiência dolorosa e amarga, com o enfraquecimento do chamado Estado Social. A primeira começou ainda no “reinado” de José Sócrates, o presunçoso aldrabão da Nação, esmifrado à posteriori até à penúria, por Pedro Passos Coelho, atirando muito boa gente para a pobreza, e destruindo uma boa parte da classe média. Ainda se tirassem a uns para dar aos outros, mesmo contrariados acabaríamos por aceitar. Mas não. Tirou-se a todos, para que a dieta servisse de emenda. Entretanto os do costume engordaram ainda mais, a bem da economia, “deles”.
    Recuperada em boa parte a actividade económica, por este governo, ainda que na legislatura anterior, em especial no sector do turismo, não faltaram de novo os liberais de pacotilha, cheios de peito, a defender a liberalização total do que ainda restava do Estado Social, saúde incluída. Quero vê-los agora a mandar bitaites, com os seus negócios arruinados.
    Por sorte nossa e azar desses iluminados, veio uma pandemia, que mesmo não sendo tão mortífera como se apregoa, deixou as pessoas em pânico, a começar pelos governantes do país.
    Admito que alguns pacientes tenham sido tratados nos hospitais privados, mas a coisa não lhes ficou barata. Disso tenho eu a certeza, por experiência própria. E recente.
    Vêm aí uma crise económica terrível. Gostemos ou não, vão ter de ser feitas opções políticas e económicas muitas vezes contra os nossos próprios anseios. Mas o importante é não deixar ninguém para trás. É para isso que serve o Estado Social.

  2. Pedro Vaz (Nacionalista) says:

    Ainda sem uma palavra acerca do Novo Banco…vem para aqui com a conversa gasta do SNS (nova técnica de controlo do gado criada no Reino Unido agora a sem importada para o resto da Europa) para disfarçar. Ordens da Open Society.

    • Democrata_Cristão says:

      “a conversa gasta do SNS (nova técnica de controlo do gado criada no Reino Unido”

      Estás a fazer concorrência ao repugnante Salazarento do Aventar, conhecido pelo JgMenos.

      Já enganavas poucos, mas ainda bem que pões as coisas tão claras.

      Gostei dessa “nova técnica de controlo do gado “

      • Óh da guarda ! says:

        Ele quer o gado controlado pelos privados, isso é o que ele quer!

      • abaixoapadralhada says:

        Por estas e outras é que eu admiro o JgMenos.
        É fascista mas assume.

        Estes liberoides ou o que raio são, só têm leria incoerente

    • POIS! says:

      Pois é de fugir!!

      Olhem o que nos diz o Vaz! O Vaz sente-se controlado! Se apanhar um cancro mete-se em casa e passa à clandestinidade! Tratamentos só na Coreia do Norte Nacionalista Ou por cá, se o Kim Jong Un fizer o favor de generalizar a radioterapia a toda a população, via míssil.

  3. Filipe Bastos says:

    Enquanto houver saúde privada, enquanto a saúde continuar a ser encarada como um negócio, tudo está em risco.

    E muita carneirada, contentinha por ser atendida mais depressa em lindos e chiques hospitais privados, até agradece e aplaude a progressiva e obscena privatização da saúde.

    Em vez de exigirmos mais e melhor saúde pública e o fim da mama privada, vemos cada vez mais a saúde como um mero produto ou serviço; como quem vai ao supermercado ou ao barbeiro.

    Se não é para a saúde, para que raio pagamos impostos? Para encher o rabo à Banca? Aos “gestores” do NB, que até mamam prémios com colossais prejuízos e injecções de capital público? PQP.

    O fim da linha que todos fingem não ver, claro, é essa utopia chamada EUA, onde a saúde é controlada por mamões privados, muitos recusam uma ambulância por não poder pagá-la, e muitos mais sofrem ou morrem por falta de tratamento adequado.

    Curiosamente, os direitalhas, sempre prontos a ver uma slippery slope em tudo que cheire levemente a esquerda, aqui não vêem nenhuma: mesmo com o atroz exemplo da canalha americana, insistem em privatizar. Pensam os canalhas que terão sempre acesso ao privado; os outros que se lixem.

  4. Daniel says:

    Muita boa análise. Concordo completamente.

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