Lei vs Ética

Nestes tempos de pandemia, há muita coisa que nos passa completamente ao lado. A comunicação social que deveria ser a nossa principal fonte de informação, não ajuda muito. Primeiro, porque grande parte está arregimentada pelos interesses dominantes; segundo, porque não está a funcionar em pleno com muitos jornalistas em layoff; terceiro, porque estão quase 100% focados no tema “pandemia”.

E assim temos uma “situação” (na dicotomia oposição/situação) completamente em roda livre. Amparada quer pelo acima exposto quer pelo facto do escrutínio estar apenas nas mãos da oposição menos representativa já que o maior partido com essa responsabildade resolveu confundir patriotismo com cumplicidade.

Por falta desse controle, intui-se por uma simples contabilidade com base em amostras (não há outra forma de calcular efectivamente o que se está a passar) que esquemas fraudulentos devem ser mais que muitos. Os casos de manifesta incompetência são ostensivos e entram pelos olhos adentro. A manipulação da comunicação com o constante recurso às evasivas, à fantasia, à mentira e à contradição factual é óbvia. Etc.

Mas como sempre há algo “a priori” que sustenta a perversão subsequente. Os casos da manifesta e insultuosa dualidade de critérios para o 25A, para o 1º de Maio, etc., a situação da Deputada que vai ser Presidente de um órgão da FPF ou agora este consenso sobre a passagem directa de um Ministro das Finanças para Governador do BdP, entre tantos e tantos indícios, alertam-nos para uma “verdade” que ilumina a nossa actual política: a ética deu lugar à lei. Eu explico. A ética, principio fundamental na vida e nomeadamente no exercício político já não é configurada por um conjunto de valores “morais” comuns a uma comunidade, mas sim pela letra da lei. Ou seja, a ética que deveria definir a lei, é agora definida por ela. Mais ou menos isto: Epá, isso não é bonito de se fazer. Cala-te, não estás a ver que é legal?

Comments

  1. Democrata_Cristão says:

    E aos costumes disse nada

  2. Paulo Marques says:

    Porreiro, porreiro era serem nomeados pessoas do outro clube, isso é que era decente.

    • Paulo Marques says:

      Por clube refiro-me a clube político, se restaram dúvidas. Esperar que não sejam encarnados é como esperar por solidariedade europeia.

  3. António Galante says:

    …”Primeiro, porque grande parte está arregimentada pelos interesses dominantes…
    Tem toda a razão: ainda ontem à noite liguei a TV e, num era o Granda Nóia, noutro o Paulinho das Feiras.
    Desisti, vi uma série.
    Não há direito.

  4. Paulo Monteiro says:

    Que bem que falou, gosto do que lei neste site, obrigado.

  5. Abstencionista says:

    E o que dizer de portugueses detidos às ordens do governo regional dos Açores, num hotel a servir de cárcere, com polícia à porta, pretendendo que passassem a pagar as despesas inerentes ao seu encarceramento?

    E o que dizer ao idiota lá do sítio: “…se não quiserem ficar detidos é simples…metam-se no avião e regressem por onde vieram”?

    E o que dizer dos que nada dizem às garantias constitucionais a respeito dos direitos dos cidadãos?
    (O Marcelo, o Costa e o tamboril mascarado com a enorme boca cheia de liberdade para si e para os seus.)

    Moral da história: “Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os restantes portugueses aplique-se a lei… de vez em quando”.

  6. Albino manuel says:

    Que pacóvio…

    Este tipo de bicheza só há no Porto. A não ser que seja o Vítor Cunha do Blasfémias.

    Em todo o caso é conversa de lareira entre beatas, mancebos da burocracia e comerciantes de pratas, cafés, chás ou colchões.

    É para oferecer à Nação estes Osórios que o Porto brada pela regionalização?

    Se é, dispenso. Mal por mal viva Lisboa. Já basta uma miséria.

  7. POIS! says:

    Pois ainda comecei!

    Comecei a ler, porque pensava que era sobre o Sérgio Monteiro e as suas Passais privatizações. Mas não.

    Continuo à espera da próxima “posta” que pode ser sobre outros temas candentes como a avareza dos “remediados”, a obesidade das “classes baixas” ou o absentismo dos “ausentes”. Ou mais um acerto de contas com a Orografia.

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