Vírus para uns, amigo para outros

Neste fim-de-semana, apesar das regras mais rígidas, os portugueses começaram a ir à praia e fazer outras atividades. No entanto, as medidas continuam a ser pouco claras e das duas uma: ou não há coerência ou o vírus é muito seletivo. Este vírus, segundo a DGS, parece que escolheu horas para atacar e tem sítios preferidos. Por exemplo, este vírus detesta Fátima, mas tem um apreço especial por manifestações da CGTP. O vírus detesta pessoas na praia que não façam desporto, mas adora quem faz surf. O vírus detesta o português médio que quer ir ao centro comercial, mas adora membros do governo que se juntam em tascas. O vírus detesta música pop e festivais, menos se houver t-shirts do Che Guevara a cada tenda. O vírus, até há umas semanas, não via as máscaras como obstáculo. Agora, é das maiores barreiras que tem. O vírus detestava médicos, hipertensos e diabéticos. De repente, devem ter feito todos um jantar e já ficaram amigos outra vez.

As medidas da DGS até podem ser estudadas até ao mais ínfimo pormenor, mas não dão nenhuma sensação de confiança. Parece que é como dá mais jeito. E sempre que há medidas demasiado severas por parte do Estado, há, e bem, uns revolucionários que tentam enfrentar essas regras, em nome da liberdade. Vimos, neste fim-de-semana, um cidadão comum, que por acaso é Presidente da República, a dizer que ia encontrar um esquema para poder mergulhar caso houvesse muita gente na praia. Não me parece que seja o melhor exemplo para um país farto de ter a sua vida condicionada por um vírus.

Todos temos de concordar que ninguém estava preparado para uma pandemia, mas há que tentar encontrar soluções. Enquanto se aponta problemas, temos políticos mais preocupados em popularizar as suas ideias. É de muito pobre espírito, num momento destes, haver pessoas como o Nuno Melo que falam em marxismo-cultural só porque um historiador, que, por acaso, é de esquerda, teve um vídeo em arquivo a passar na tele-escola. Depois daquele famoso rap sobre os meses do ano, não sei como é que ainda não houve queixas, já que quando a professora diz “March” parece mesmo que está a dizer “Marx”. Por outro lado, tivemos André Ventura, que aproveita uma tragédia para se popularizar. E assim continua a sua estratégia. Em termos muito vagos, com um sabor a revolta e promessa de mudança, vai crescendo. Mandar bocas ao BE e desvendar os podres do socialismo não chegam para representar alguém na Assembleia.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Se grandes eventos comerciais não são lucrativos e os promotores desistem antes de mandar o plano à DGS, a culpa não é desta. Paciência, o agora claramente não-independente que cumpra a sua razão de existir.
    O resto, uma escala de cada vez.

  2. Filipe Bastos says:

    “Representar alguém na Assembleia”?

    Mas o Sr. Figueiredo acha que este putedo – de todos os partidos – representa alguém, para além dos Donos Disto Tudo e das hordas de chulos, tachistas e trafulhas de cada gangue-partido?

    Sabia-o fã futeboleiro, o que não é grande auspício, mas tão cândido também não.

  3. Rui Naldinho says:

    A pior doença deste século, o qual conta apenas vinte anos, é a desinformação gerada por uma CS cheia de analfabetos arregimentados, coadjuvados por redes sociais instrumentalizadas por uns quantos mafiosos, a produzir Fake News a toda a hora, e por último, políticos borrados de medo, das entidades referidas anteriormente, fazendo de qualquer evento que saia fora da normalidade, uma catástrofe.
    Gerado o pânico, nem o Poder Politico discerne de acordo com as boas práticas, nem as pessoas se questionam sobre a razoabilidade das medidas propostas. Basta lembrarmos-nos da bagunçada que se adivinha com a ida às praias. Mesmo a ideia de afastar mesas nos restaurantes me parece estapafúrdia. Se os aparelhos de ar condicionado estiveram a trabalhar, podem crer que de nada vale o afastamento das mesas. Contrariamente, se desligassem os sistemas de ventilação, apenas mantendo os de exaustão de fumos e cheiros, desde que os espaços não fossem muito apertados, como acontece com algumas tasquinhas, ginjinhas, etc, tudo se resolveria sem grandes danos. Não estou a imaginar ninguém educado a tossir ou a espilrar para a mesa do lado, sentado a uma mesa de restaurante.
    Quanto à comparação entre o 1.° de Maio e Fátima, só no plano do princípio da igualdade de oportunidade, pode ser analisada. Em Fátima reúnem-se sempre, no mínimo, mais de 250.000 pessoas, no 12/13 de Maio. A duração do evento prolonga-se por quase dois dias. No 1.° de Maio, juntar 30.000 pessoas numa só alameda ou praça, é capaz de já ser um número generoso. Por outro lado, a fé comunista e muito mais racional do que a fé cristã. Ainda não vi nenhum comunista de joelhos a arrastar-se pelo calçadão fora, de vela na mão a pedir aumento de ordenado ou melhores condições de trabalho. Vejo sim essa “casta”, por norma bastante politizada e pragmática, a usar os seus poderes de rua de forma muito cirúrgica. Por exemplo, a fazer greves à sexta feira.

    • …gostei, Rui Naldinho !!

      ! sarcasmo qb e bem observado ! :

      ” Ainda não vi nenhum comunista de joelhos a arrastar-se pelo calçadão fora, de vela na mão a pedir aumento de ordenado ou melhores condições de trabalho…”
      : ) kkkkkkk

      • Rui Naldinho says:

        Obrigado, Isabela.
        Só agora vi o seu comentário.
        Cumprimentos

  4. POIS! says:

    Pois francamente, não entendo!

    Não entendo a preocupação dos liberais com o vírus, o primeiro de maio e a festa do “Avante!”. Já viram algum militante comunista a transmitir o vírus a um liberal? Não creio!

    Até porque os liberais estão bem resguardados. Uns estão no Vietname, outros no Parlamento, outros ainda estão a escrever postas liberalaças em blogues e o grosso do movimento, a juventude liberal, está em casa a startupar empresas que produzem sanitas inteligentes e outras coisas assim, isto é, a preparar um futuro de grande sucesso.

    Consta até que um desses arrojados empreendedores produziu uma sanita tão inteligente tão inteligente, que agora se tornou ela mesma o CEO da empresa, tendo trocado de papel com o empreendedor, que passou a ser ele a receber pessoalmente os regulares contributos dos colaboradores, dando assim um verdadeiro exemplo da mobilidade e flexibilidade que carateriza a moderna gestão empresarial liberal.

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