Assim vai o país…

Foi possível assistir a espectáculos ao vivo na praça de toiros do Campo Pequeno, mas até ao momento não foi autorizado um único evento tauromáquico. Ao que parece e cedendo à pressão do sector, passará a ser possível a realização de corridas de toiros, desde que os promotores garantam que a lotação das praças não exceda os 50 por cento. Já o futebol, cujos estádios também são ao livre, continua a ter os jogos disputados sem público. Isto nas competições que interessam, as que envolvem muito dinheiro em contratos televisivos e patrocínios, porque os amadores, esses nem podem treinar. Para não causar mais falências permitiu-se a abertura de ginásios, mas os atletas das modalidades amadoras continuam impedidos de entrar em competição.

Muitos sectores da sociedade perderam rendimentos devido à política errática, sem grandes resultados, diga-se, dos nossos governantes. As regras nas praias tornaram-se tão restritivas, algumas até absurdas, que os concessionários irão forçosamente falir. O mesmo se passa com o sector da restauração, há quem ainda tente remar contra a maré, mas o aumento das despesas forçadas pelas regras impostas, com a diminuição de receitas, torna inviável a sobrevivência de inúmeros empresários, nomeadamente os que investiram nos últimos anos e têm prazos de crédito apertados para cumprir. O turismo desapareceu e com ele milhares de empregos.
Não antevejo um futuro risonho no curto prazo, ninguém o faz, mas o governo PS aposta na ferrovia reabilitando carruagens obsoletas que outros países já não querem, ao mesmo tempo que o inefável secretário de Estado da energia vem anunciar que o futuro pertence ao hidrogénio. Até sou dos que acredita que a médio prazo esta tecnologia suplantará na indústria automóvel o carro eléctrico, que continua a ter muitos problemas e custos elevadíssimos. Já tivemos no passado um governo que ía além da troika, hoje temos outro que pelos vistos vai além da exigência do cumprimento das metas ambientais, impostas por Bruxelas. Obviamente que o custo é suportado pelos mesmos de sempre, sem que isso represente uma vantagem por aí além, Portugal é um poluidor residual, mesmo em termos europeus e não deveria ser cobaia nestas matérias, para evitar desperdiçar o dinheiro que não tem. Os países tecnologicamente mais avançados desenvolvem e Portugal deve estar atento, porque sem indústria de ponta, tem que escolher com critério em vez de fazer apostas com o dinheiro do contribuinte.
À espera que o poder lhe caia no colo, está Rui Rio. Vergonhosa a postura do PSD na questão dos debates parlamentares, a estender a mão ao governo, que António Costa se preparara para cinicamente aproveitar, silenciando os pequenos partidos. A médio prazo, quando PS e PSD se entenderem para chamar ministros aos debates no parlamento, serão também esvaziadas as comissões parlamentares de inquérito por falta de tempo, a agenda ministerial não lhes permitirá passarem os dias na A.R., obviamente que o PSD, percebendo as ameaças à sua direita, já está a apostar no futuro, por um lado retirando-lhes protagonismo, ao limitar o seu tempo de antena, por outro, algures no futuro, um governo liderado pelo PSD poderá ignorar a A.R. sob o pretexto que nem foi ele quem começou a prática. À esquerda o PS será tão beneficiado quanto o PSD e não me surpreenderia que um destes dias, para combater o avanço do populismo, surja algum arranjinho nas leis eleitorais que beneficie o bloco central de interesses. Afinal PS e PSD estão bem um para o outro, são a dupla face da mesma má moeda…
Mas nem tudo é mau, o FCP vai ser campeão nacional, o SLB vai ter novo treinador, com Ruben Amorim, o SCP para o ano é que vai ser e teremos a final da champions em Lisboa. Merecemos o país que temos…

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Portanto, o governo:
    – demorou demasiado a mandar as pessoas para casa e a fechar fronteiras;
    – deu mensagens confusas em permitir manifestações adequadamente organizadas;
    – devia continuar a proibir o Avante, que ainda ninguém sabe em que moldes será;
    – devia mandar os portugueses para casa depois do trabalho para baixar os números;
    – devia fechar zonas do país quando há surtos;
    – devia aumentar as lotações para esses eventos e tê-los aberto mais cedo;
    – devia fazer tudo para aumentar o número de turistas nas praias e nas ruas;
    – devia ter estado melhor preparado depois de 63 cortes recomendados por Bruxelas, e devia fazer melhor rastreamento sem contratar trabalhadores;
    – deve continuar a permitir todo o tipo de situações laborais, mas conseguir encontrar os trabalhadores ilegais para rastrear os surtos;
    – devia continuar as reuniões com o infarmed, apesar de Rio dizer no dia anterior que não servem para nada;
    – devia nem deixar falir a TAP, nem investir dinheiro, nem nacionalizá-la;
    – deve dar condições para que as empresas continuem a produzir e garantir que os trabalhadores não ganhem para o consumo destes bens;
    – …

    Rais parta estes socialistas, não sabem fazer nada.

    • Paulo Marques says:

      Lembrei-de de outra:

      deve subsidiar deixar os operadores privados de transportes responderem como quiserem ao mercado, mas tem culpa de cortarem custos no número de viaturas;
      deve precarizar o emprego e a capacidade de ter propriedade (desde que não impeça a banca de emprestar como quiser), mas tem culpa de os transportes públicos estarem cheios, apesar de não dever investir neles, nem sequer comprar usados.

  2. POIS! says:

    Pronto, está bem, pois!

    Realmente obrigar as tascas a fechar tão cedo pode ser uma medida exagerada e com consequências indesejáveis.

    As conversas ficam em suspenso e depois continuam nos blogues e nas redes sociais, como demonstra o “post”.

  3. No caso do futebol não há público porque a manada não pode dar umas facadas nos jogadores… Se tal fosse possível então já poderia haver 50% de clientela na arena.

  4. Luís Lavoura says:

    As regras nas praias tornaram-se tão restritivas

    As regras nas praias são amplamente violadas. Nem há ninguém que as controle. Ainda neste fim de semana estive numa praia a violar as regras (em termos de proximidade, e jogando raquetes), e absolutamente ninguém pretendeu impedir-me de as violar.

    O mesmo se passa com o sector da restauração, há quem ainda tente remar contra a maré, mas o aumento das despesas forçadas pelas regras impostas, com a diminuição de receitas, torna inviável a sobrevivência de inúmeros empresários

    No setor da restauração o problema não são as regras, é o medo das pessoas. As pessoas não querem ir aos restaurantes, não por causa de haver ou não haver regras, mas sim porque as pessoas têm medo. Se não houvesse regras nos restaurantes, as pessoas teriam ainda mais medo e iriam a eles ainda menos.

    • Paulo Marques says:

      Como já foi dito e repetido, não é entre ter regras ou economia, é entre ter regras ou não ter nenhuma das duas.

  5. POIS! says:

    Pois aguardemos.

    Pelas próximas crónicas crónicas de António de Almeida.

    Adivinham-se os títulos:

    “Como vai o país…”

    “Assim está o país…”

    “Só neste país…”

    “Vai assim o país…”

    “A vida neste país…”

    “Assim vai a vida neste país…”

    “Como vai a vida no país…”

    “Assim tem ido este país…”

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