Princípios não têm ideologia

Muito provavelmente, daqui a duas semanas, não veremos nenhum surto de Covid-19 devido à realização da Festa do Avante. Mas, também, nunca foi isso o que esteve em causa. Tanto o PCP como quem permitiu que esta festa de realizasse foram totalmente irresponsáveis. Portaram-se como se de um grupo de jovens que quer ouvir uma música e conviver com os amigos se tratasse. Fazer choradinhos a favor do Avante acusando as pessoas de ir para a praia, por exemplo, é igual a um pai chorar por não querer comer o bacalhau, acusando o filho de dois anos não comer a sopa. A responsabilidade social de um partido político é totalmente diferente da responsabilidade social de cidadãos comuns. Não tenho dúvidas de que as regras foram sempre ou quase sempre cumpridas. Afinal, o PCP não é assim tão displicente. O que aqui está errado é a falta de respeito pelos trabalhadores que estiveram na linha da frente, por aqueles que perderam familiares, por aqueles que viram as suas vidas alteradas por causa deste vírus. A não realização da Festa não seria apenas para evitar contágios, mas sim um exemplo para os demais. Apesar de não ser apenas característica do PCP, mais uma vez vemos a classe política a fazer de tudo para ser descredibilizada. Mais uma vez, vemos a ideologia e os interesses políticos a terem mais importância do que a vida do cidadão. Temos de perceber uma coisa: na política, só há um clube que queremos que ganhe, é o cidadão. Esquerda, direita, centro, por cima ou por baixo são apenas táticas para lá chegar.

A realização do Avante envergonhou-me. Até do Partido Comunista esperava mais.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Todo o alarido em torno da Festa do Avante, ora porque ia ser o caos, numa primeira fase, depois porque o PCP demonstrou um comportamento imoral e desrespeitoso para com os mortos e os profissionais, que tiveram na primeira linha do combate ao Covid 19, apesar de cumprir com as determinações da DGS, demonstra antes demais que a direita não consegue ter um discurso mobilizador para aquilo que é essencial. Como se a Festa do Avante fosse um problema importante, num país com o desemprego a aumentar, actividades inibidas de exercerem o seu metier, uma crise económica profunda sem fim à vista.
    Todos nós já percebemos que estão à espera da segunda vaga, depois de não terem tido grande sorte na primeira vaga, e, de permeio, enquanto as coisas não pioram, a Festa do Avante foi o pomo da discórdia.
    Num país onde a oposição, aquilo que tem para apresentar ao eleitorado, é uma guerrilha contra a Festa do Avante, não é crível que mereça grande crédito.

  2. Paulo Marques says:

    E se não tivesse feito, estaria a contribuir para a crise económica por ficar toda a gente em casa e deixar os fornecedores na mão.
    Acho que não a devia ter feito porque se andou a discutir isso ao invés de coisas com relevância e porque perdeu capital político e iniciativa na crise que se inicia, mas desrespeito seria não fazer política.

    • azeitona says:

      O cinismo da direita é ridículo.
      Agora o perigo da festa propagar a infecção já não existe . Já não estão preocupados com a saúde da população que supostamente a festa ia prejudicar .
      Agora é porque o pcp não foi solidário . Ou seja os trabalhares podem ir arriscar a sua saúde nos hospitais, nos lares , nos transportes públicos a caminho do trabalho , mas os mesmos trabalhadores não podem ir a festa , não podem manifestar-se no primeiro de Maio , ou em demonstrações de rua . Ou seja trabalhem que afinal as empresas sem trabalhadores não dão lucros para distribuir .

  3. POIS! says:

    Pois pois!

    A liberdade é uma coisa tão séria, tão séria, que deve ser exercida exclusivamente por reconhecidos Liberais.

    Foi o que aprendi num curso “on line” da Universidade do Vietname. .

  4. Maria says:

    Irra que o avante continua nas bocas de quem tanto ódio destila contra o PCP!… até quando a festa do Avante vai servir de mote a esse ódio?… Não, não sou do PCP, mas já estou farta de ver e ouvir tanto ódio!… E as touradas?… e o concerto em praça de touros com a presença de primeiro ministro, onde os ombros de cada participante se colam com os dos vizinhos?… e os festivais que se vão fazendo?… e o jantar do CHEGA?… e as praias a abarrotar?… e os transportes público, sobretudo nos grandes centros urbanos, em que os passageiros se encavalitam uns nos outros ?… etc. etc, etc…. Sim. Tenho vergonha da subida galopante que foram os números de ontem e os de hoje. Não são as consequências do Avante, que provavelmente também as haverá… são sim a consequência do regresso de férias (eu desmarquei as minhas) e de todos os ajuntamentos autorizados e nunca contestados. Envergonha-me a dualidade de critérios na avaliação dos riscos e os bodes expiatórios fabricados por quem sente raiva de um e aplaude tantos outros

  5. whaleproject says:

    Pois a mim nada me envergonhou. Nem a Festa do Avante, contra a qual muito ódio se destilou antes e depois, nem as praias cheias, nem o Santuário de Fátima cheio. E sabem porquê? Porque a nossa vida não pode continuar suspensa até à vacina ou até o bicho desaparecer “por milagre” como prometia Trump. Não há milagres, a vida tem de continuar, as pessoas devem proteger-se como puderem e se alguém for infectado não deve ser acusado. Nem por ter ido à festa do Avante nem por ter ido à praia, nem por ter ido a Fátima, nem por ter ido trabalhar num autocarro apinhado. Nem sequer por ter ido à manifestação do Chega.
    E deixem lá a festa que foi o evento mais responsável que houve. mesmo que lá tivessem ido 33 mil, dava para um afastamento de nove metros. A DGS fixou em 16 mil, coisa que não fez para mais evento nenhum que já se tem desenrolado. Por isso deixem lá a festa que já passou e ninguém até agora se encheu por lá de bicho.
    Por acaso, numa terrinha próximo de onde vivo, um apanhou esse bicho e já estava trudo cheio que o homem tinha ido à Festa, teria voltado de lá cheio de bicho, teria violado a quarentena e sido preso. Ora, por falta de liquidez financeira, o pobre não pôs lá o gordo traseiro e houve quem se lembrasse da última vez em que o tinha visto. No fim-de-semana da Festa.
    Eu disse logo que era Fake news porque se houvesse a menor possibilidade de o homem se ter infectado na festa já estariam à porta da casa dele equipas da SIC, TVI, CMTV e de todos quantos ladraram contra a festa.
    Enfim é o país que temos, a gente que temos. O Chega agradece.

    • Paulo Marques says:

      “se alguém for infectado não deve ser acusado” desde que tome as devidas precauções.
      Já os bifes e waffles que vieram cá passar férias, tenho dúvidas.

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  1. […] o que aqui foi dito sobre o Avante serve de igual forma para o que se passou em […]

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