Primeiro mês em Karviná? Czech ✔

Há pouco mais de um mês, chegava à República Checa, país que celebra hoje o dia do tão belo nome Francisco, František para os amigos, para iniciar um dos maiores desafios da minha vida: trabalhar com crianças com deficiências. Antes de começar isto, digo-vos com toda a sinceridade que há momentos hilariantes. Sim, porque eu não pertenço ao clube que confunde respeito com condescendência. Já trabalhei com duas turmas, uma de miúdos com 5/6 anos, outra com miúdos com 13/14 anos. Os mais pequenos tem uma mistura incrível entre a pureza da infância com os seus problemas. Há pequenas coisas que se tornam uma autêntica vitória. E isso é bom de assistir. Para facilitar, eles podem chamar-me Chico. Há uns dias, um miúdo chamou-me Choco. Não entendi o porquê, mas se era para escolher o nome de um prato típico português, ao menos que fosse Tripas ou Francesinha. Na turma dos miúdos mais velhos, temos dois autênticos crânios. Um sabe já tudo sobre a bandeira portuguesa e fez-me questão de dizer “desculpa por ser tão mau a português”. Irra, o miúdo com umas visitas ao Google Tradutor dá um baile gramatical ao Jorge Jesus.
Infelizmente, numa formação em Praga, cidade linda com gente não tão linda, estive em contacto com uma coordenadora “covidada” e estive 10 dias em quarentena em condições a la Guantánamo. Comunismo e aquela cama são as duas coisas que me fazem dizer “NUNCA MAIS”. Felizmente, tive dois testes negativos, o que já não acontecia desde o secundário. E nestes testes ainda deu para desentupir o nariz. Da próxima vez, já sei!
Este fim-de-semana são as eleições regionais na República Checa e os cartazes estão por toda a parte e foi por isto que tive o maior ataque de riso dos últimos tempos. Um partido assumidamente anti-imigração tem um cartaz com a cara do líder. Ora, o lider do SPD, partido que diz “Não à imigração, não à UE”, é, nada mais, nada menos do que… japonês.
A modesta cidade de Karviná que me acolheu é cheia de boa gente. É uma zona pobre, uma zona em que é normal um rapaz da minha idade ser pescador, eletricista, etc. No entanto, estão sempre prontos a ajudar. Autocarros de 5 em 5 minutos, um creme de queijo picante do Kaufland, uma espécie de croquetes de queijo e gente prestável. O que mais se pode pedir a esta cidade?

Comments

  1. César P. Sousa says:

    O tal japonês , não seria por acaso o Nakajima ? Ele andou desaparecido uns tempos.

    • Francisco Figueiredo says:

      Por momentos pensei que adivinhou que tive um japonês com hábitos muito singulares a viver em minha casa. Nem sei como me esqueci de referir isso no texto. Que incompetente!


    • Nakajima mudou de nome para Nãkámora.


  2. Esse japonês é meio coreano e meio japonês, foi vitima de “bullying” durante toda a infância e juventude por ter traços orientais e não gosta de imigrantes…