Do Mataste-os, Miguel à morte do homem branco

Miguel Oliveira, o nosso herói em duas rodas, venceu o Grande Prémio de Portimão. O seu director, no final, disse-lhe “Mataste-os, Miguel!”

Éder, o herói de um golo só, gritou em público, no meio das comemorações do Europeu de 2016: “Amanhã, é feriado, caralho!”

Num mundo em que se tomasse tudo à letra, Miguel Oliveira estaria a ser interrogado pela polícia e milhares de trabalhadores teriam ficado em casa por ordem de Éder.

Mamadou Ba defendeu, num vídeo, que é preciso “matar o homem branco assassino, colonial e racista”. Houve gente de uma certa direita que preferiu parar em “branco” e gritar que houve ali incitamento ao ódio, racismo e tudo.

Efectivamente, essa certa direita vive muito preocupada em demonstrar que não há racismo estrutural ou que não há racismo ou que o anti-racismo é outra espécie de racismo. No fundo, essa direita é filha de gente que nunca se conformará com esta mania da igualdade e que vê com maus olhos os filhos dos proletários e dos escravos de há cem anos que se atrevem a dizer o que pensam.

Dir-se-ia que a direita tem dificuldades cognitivas e que, por isso, não sabe lidar com metáforas. Seria redutor e insultuoso para a inteligência de tantos.

Há casos de grande inabilidade no uso das metáforas, é certo: há uns anos, Assunção Esteves chamou “carrascos” a vítimas que se queixavam. Os mesmos que hoje se indignam com Mamadou, por desejar o fim da toxicidade, ficaram, então, muito calados. Percebe-se: os que protestavam pertenciam a uma raça inferior.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Gosto daquelas pessoas que falam claro e dizem sem pruridos o que lhes vai na alma. Se for gente que sabe escrever, até pelo seu próprio “métier”, este é um dos casos, fico anda mais confortado e sossegado.
    Há uma direita da qual sou oriundo que nunca perdoará o 25 de Abril e muito menos a descolonização. Se é verdade que ela teve defeitos e imensos dramas, até aí estou de acordo, também é verdade que 13 anos de guerra colonial, com milhares de mortos, são em si mesmo uma terrível tragédia. Mas essa tragédia só se torna dramática para quem viveu na pele a guerra e os seus efeitos. Directos e indirectos.
    Conheci na aldeia da minha mulher duas mulheres já viúvas, cujos filhos morreram na guerra do ultramar. Uma coincidência rara, mas à qual nunca me pude alhear. A vida delas parou em 1971 e 1973. Essas mulheres até ao dia em que os seus filhos embarcaram com destino às antigas colónias, o mais longe que conheciam no seu horizonte era Fátima. Nem sequer tinham visitado a capital do Império. Os seus filhos conheceram Lisboa pela primeira vez, ao embarcarem para África com a sua companhia de atiradores.
    Mamados Ba pode até ter alguns excessos de linguagem, não vou discutir isso agora, interpretado de forma canina por alguns “rotweillers arianos” sempre prontos a morder no preto, caso este levante a voz diante da turba supremacista.
    Não tenho dúvidas que Mamadou Ba deseja aquilo que qualquer animal racional deseja. Ser tratado como gente, de igual para igual, independente da sua origem, religião ou cor de pele.
    Depois temos os animais emocionais, os boçais, roçando maioria das vezes a irracionalidade, com mania de que só eles têm uma real visão do mundo. Daí defenderem o seu território como se o instinto lhes comandasse a vida.

  2. Filipe Bastos says:

    Concordo com o Nabais no seguinte: o Mamadou que diga o que quiser, e quem quiser que o ouça. Acho lindamente.

    Não há pachorra para a hipersensibilidade destes tempos. Multidões de choninhas passam os dias na ânsia de ser ofendidos por Trampas ou Mamadous. Que raio importa o que alguém escreveu no Twitter, no Facebook ou na porta do WC da área de serviço da Bairrada?

    Para mim, e para qualquer pessoa com mais de um dedo de testa, é rigorosamente igual. Quero lá saber dessa merda. Tudo isto muda zero; só tem a importância que alguém lhe queira dar.

    Ora o Mamadou é justamente dos que vivem de atribuir importância a tais merdas; é um profissional da ofensa, um sacerdote do racismo. Não deseja o “fim da toxicidade”, como diz o Nabais, pois perderia a sua relevância e ganha-pão. Ele é a toxicidade. E quanto a isto:

    gente que nunca se conformará com esta mania da igualdade e que vê com maus olhos os filhos dos proletários e dos escravos

    Nabais: a escravatura africana, a do colonialismo, durou 400 anos e acabou há 200. A escravatura portuguesa, europeia, mundial a que chamam proletariado dura desde sempre e até hoje.

    • Paulo Marques says:

      O que alguém escreveu não importa nada; que haja sempre alguém a escrever, todos os dias, mais uns quantos a olhar de lado, todos os dias, mais uns quantos a desqualificar profissionalmente, todos os dias, uns quantos a tratar de forma diferente nas lojas, todos os dias, e o resto da malta a achar normal, todos os dias, já importa um bocadinho,

    • Filipe Bastos says:

      Sim, sim, outra slippery slope: começamos por ignorar os tweets do PNR, acabamos no IV Reich.

      Ignorar os do Mamadou sempre é menos grave: acabamos só a sustentar activistas racistas, ofendidos profissionais e outros chulos. Nenhuma diferença, portanto.

  3. JgMenos says:

    O Mamadu é um vulgar esquerdalho a que acresce ter um qualquer problema com a pele, a dele e a dos outros.

    O ‘tadinho do preto’ é a sua bandeira.
    A colonização foi um horror que impediu que em África se inventasse a máquina a vapor lá para o ano 2420, o que é uma enorme frustação de legítimas expectativas.

    Mas racionalidade e esquerdalhice são incompatibilidade inevitável.

    • António Fernando Nabais says:

      O menos, se pudesse viajar no tempo, estaria entretido a escravizar pretos, a violar-lhes as mulheres e explicar-lhes a todos que aquilo é um pequenino preço a pagar pela máquina a vapor. É assim mesmo, menos.

    • POIS! says:

      Pois foi! A colonização foi linda!

      E agora inventam-se problemas que nunca existiram. “Identidade”? Pois se cada “nativo” até tinha três nomes: o que lhe davam os pais, o que vinha na “caderneta” e o que o patrão lhe dava.

      Olha, por exemplo, JgMenos. Foi o que o seu patrão lhe deu, não foi? E V. Exa. vê-se que o assumiu com orgulho! Qual colonialismo qual quê!

    • Paulo Marques says:

      Olhe que não, nós vaporizávamos a água deles na mesma a queimar carvão e petróleo de tão racionais que somos.

  4. Elvimonte says:

    Onde é que existiram entrepostos comerciais de escravos? Resposta: África.

    E quem é que vendia escravos nesses entrepostos? Resposta: os africanos.

    Os escravos vendidos nesses entrepostos eram negros vendidos por outros negros? Resposta: sim e sim.

    Ao tempo desses entrepostos e nos séculos imediatamente anteriores, quem é que fazia dos “infiéis” e opositores escravos, desencadeando operações militares para o efeito, e os traficava como negócio regular? Resposta: os muçulmanos, nomeadamente os do norte de África.

    Após a “Primavera árabe”, onde é que existem hoje mercados regulares de escravos? Resposta: na Líbia, país muçulmano situado no norte de África.

    Porque que razão, aquando da chegada dos europeus a África, lá para os lados da Ásia já se tinha descoberto a pólvora, muito embora os europeus ainda não suspeitassem da sua existência e os africanos continuassem, na generalidade, a viver na Idade do Ferro? Resposta: vd. questão seguinte.

    Existem estatísticas do QI médio da população mundial, desagregado por raças, a demonstrar quais os mais inteligentes? Resposta: sim, os números indicam que os asiáticos são os mais inteligentes, seguidos dos brancos, aparecendo em último lugar os negros.

    Qual é o continente (não é o de Matosinhos…) onde actualmente a corrupção continua a ter maior expressão? Resposta: África.

    Qual é o continente (nem pensem em Matosinhos!) onde, após as descolonizações, a esmagadora maioria dos ex-presidentes de países aí localizados abandonou o cargo a pontapé e a tiro, acabando muitos deles mortos? Resposta: África.

    Qual é o continente onde os índices de desigualde atingem maiores valores? Resposta: África.

    Qual é o continente onde as rivalidades e lutas tribais e étnicas, agora pelo poder estatal, continuam a imperar? Resposta: África.

    O que teria acontecido ao autor do post se tivesse caído de pára-quedas no meio de uma tribo africana lá para os idos de 1400? Resposta: teria sido morto e comido, literalmente, ou teria sido feito escravo e vendido.

    • POIS! says:

      Pois teria.

      Já V. Exa. nunca correria esse risco. Aquela malta era esquisita e por vezes, tinha tiques de “gourmet”. Nunca se rebaixariam a devorar um intragável como V. Exa.

      Há males que vêm por bem!

    • Paulo Marques says:

      O Elvimonte acha que é o primeiro a comparar o incomparável, com disparates como o QI (a pseudo-ciência vende bem ao camarada) ou o fim da colonização. Não é, e nem vale uma resposta.

    • António Fernando Nabais says:

      Pois, ó Elvimonte, eu devo ter escrito que os europeus têm o exclusivo da crueldade, mas não me lembro onde. Vou procurar melhor e depois digo. Espera, já sei: nunca escrevi.
      Entretanto, esteja à vontade para continuar a comentar o texto ou, como fez, a escrever o que lhe apetecer, pensando que está a trazer novidades.

    • Filipe Bastos says:

      O Elvimonte acha que é o primeiro a comparar o incomparável

      O que é incomparável?

      O que o Elvimonte disse pode não ser novidade, mas também não é mentira. O QI pode ser discutível, o resto nem tanto.

      É bom recordar que o progresso e os valores mais prezáveis são essencialmente europeus. Mesmo a canalha americana é um filho bastardo da Europa. Outros povos têm coisas boas, mas um mundo civilizado sem a Europa é impensável.

      As atrocidades europeias, sobretudo as do passado recente, são aliás mais graves por virem de europeus. O standard é outro, a exigência também. Não é muito PC, mas é a verdade.

      • Paulo Marques says:

        O tráfico trans-atlântico é incomparável ao que existia, quer em brutalidade, quer em volume. E também não faz sentido falar do caos político ignorando a devastação que se causou e causa antes de fazer manta de retalhos em cima de manta de retalhos das comunidades. Ou que o progresso europeu é que é bom quando se anulou muito dos outros, o que faz muito parte dos tais valores. Bem como o planeta a arder a bem de métricas inúteis.

      • Filipe Bastos says:

        Claro, os africanos estavam no caminho para a paz e prosperidade, chegaram lá os europeus e estragaram tudo: forçaram-nos a ser primitivos, corruptos e violentos.

        Ainda hoje, 50 ou 60 anos depois de lá saírem, continuam a forçá-los. Ditadores grotescos, aldeias varridas à catanada, canibais (Libéria), piratas, mutilações, caças (literais) às bruxas, sociedades pouco acima do Neolítico, tudo herança europeia… onde já iria África sem os europeus.

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