André Ventura, a voz de toda a direita

Entre muita direita, mesmo a católica, há a ideia de que só está desempregado quem quer ou só é pobre quem não tem mérito para ganhar dinheiro.

O Chega, para viabilizar a geringonça açoriana, impôs a redução dos apoios sociais no arquipélago. Os pobres e/ou os desempregados têm é de se fazer à vida.

Essa mesma direita – que inclui o PS do Manuel Pinho que aconselhava a investir em Portugal, porque temos salários baixos – está sempre a gritar que é preciso criar uma legislação laboral mais flexível, que é preciso poder despedir mais facilmente.

André Ventura vem, agora, com a ideia de que é preciso pôr essa malta do Rendimento Social de Inserção (RSI) a trabalhar, continuando a pagar-lhes o mesmo.

Não sei se isto é próprio da esquerda, mas acredito que, num país civilizado, é assim: o trabalho implica salário e não esmola ou subsídio. Há trabalho para se fazer? Pague-se um salário.

É verdade que o Estado é um dos patrões que mais se alimentam de vários embustes, como o de não abrir vagas necessárias na Função Pública, impondo a precariedade – basta ver os milhares de professores que trabalham há anos sem vínculo, o que mostra que são necessários ao funcionamento de um sistema que só lhes quer pagar o mínimo possível, uma espécie de trabalhadores à jorna, carne para canhão. O inaceitável praticado por uns não torna aceitável qualquer inaceitável.

Ventura não diz as verdades, mas diz aquilo que muita gente de direita gosta de ouvir e nem sempre tem coragem para dizer, por saber que é eticamente vergonhoso. A subida do Chega faz-se à custa, aliás, desta gente que não gosta de sociedade e que prefere a selva, aquela em que apenas sobrevivem os mais fortes. Ventura é só um PSD que perdeu a vergonha.

Comments

  1. Tal & Qual says:

    Ventura é só um PSD que perdeu a vergonha.

    Exactamente…Os outros, ainda andam com a capa de sociais democratas.
    Dá muito jeito para enganar os parolos…

  2. abaixoapadralhada says:

    O PPD/PSD ou originalmente PPD, é o partido do Marcelo Caetano recauchutado.
    Ainda há quem se admire de lá saírem os Venturas

    • Rui Naldinho says:

      É tão óbvio, não é?
      Ventura vai roubar votos ao PSD e ao CDS, e vai crescer à custa destes dois partidos. Só eles é que não percebem.

      • JgMenos says:

        Pois claro!
        É por isso que a esquerdalhada nem se dá ao trabalho de falar do Chega.

        • POIS! says:

          Claro, pois!

          Mas, pelo Menos, há na direitralhada quem, por Ventura, se dê ao trabalho de dizer coisas.

          É um fenómeno estudado há mais de 100 anos por um tipo chamado Pavlov que pôs vários tipos tipo de direita a ouvir campaínhas. Ficou célebre um tal Menovsky que identificou o som como sendo a 9ª sinfonia de Beethoven tocada por um padeiro, o que o fez salivar abundantemente ao lembrar-se do chouriço que abafava. No meio do pão, obviamente.

    • Albano de Campos says:

      António Nabais, parece-me consensual k André Ventura é no mínimo 1 catavento politico, 1 populista e demagogo básico.
      Para mim, é 1 parasita politico c/ dotes de ventríloquo, mas isso não é grave. Grave é o tempo de antena, a pseudo-importância k lhe dão e criminosas panelinhas k fazem c/ esse nano-projecto de Mussolini de Ranholas !
      Se deixarem crescer a importância politica desse proto-fascista, o caso grave pode tornar-se terminal para a nossa democracia.
      Tds temos a nossa quota de responsabilidade na prevenção desse cancro democrático. Há k tratar desse furúnculo, não o deixando crescer, antes k ganhe metástases.
      Imaginem esse Hitler de BD a presidente da República !
      Credo, Vade Retro !!

  3. Filipe Bastos says:

    Finalmente: é por isto se pode e deve atacar o Chega, não pelo ‘fascismo’ postiço ou por truísmos sobre ciganos.

    Em Portugal, no Reino Unido, nos EUA, na Austrália, em todo o lado é isto a direita: a crença absurda que “cada um tem o que merece”, que trabalho e mérito são os únicos factores entre viver numa mansão ou viver na rua, que impostos são “roubo”, que a desigualdade extrema é natural e até desejável.

    A direita adora lamber o rabo a mamões; o chuleco Ventura vai na onda. A apologia dos ‘fortes’ subjacente à sua filosofia rasca fascina muito carneiro de classe média, média-baixa e até os mais pobres.

    Boa parte da culpa está na ‘celebrity culture’ e na riqueza absurda de estrelas me(r)diáticas que muitos aqui defendem, nem que seja por omissão. Até se limitar a riqueza, só vai piorar.

  4. JgMenos says:

    O que mais mobiliza a esquerda é o princípio de que todos são de algum modo vitimados, pelo que ninguém merece ser pobre, ter uma vida instável e menos de que um qualquer mínimo em permanente revisão em crescendo.

    Daí partem para lhes parecer natural que empresas empreguem quem não lhes faz falta e o Estado nunca despeça ninguém como se fosse abrigo definitivo.
    E se não emprega subsidia a troco de serviço nenhum.

    • POIS! says:

      Pois lá está!

      Bem se tem V. Exa. esforçado por ser pobre, mas ninguém lhe dá esse mérito, sabe-se lá porquê. Resta-lhe a consolação de, já que não o deixam ser materialmente lutar para que lhe valorizem ao Menos, a pobreza de espírito.

      É só mais um esforçozinho. mais meia-dúzia de comentários e atngirá o reconhecimento universal da sua espiritual pobreza, já que, pelo Menos em matéria de ideias, V. Exa. é um verdadeiro Franciscano.

      Noutra época estaria na reclusão conventual a comentar episódios bíblicos assim tipo a Coirona Adúltera, os Mamões do Templo, a Treteirada da Montanha ou a Última Caldeirada.

    • Burro mais burro não há! says:

      Mais um burgesso que se acha incomodado com uns quantos inaptos, uma franja marginal da sociedade cuja percentagem tem pouco significado nas contas públicas, mas se recusa fazer uma análise mais exaustiva sobre o problema da pobreza em Portugal.
      Este asno nunca conseguirá ter a percepção, de que o fenómeno de pobreza no país está muito mais associado à falta de coesão social entre as regiões administrativas, à escolaridade e iliteracia do nosso tecido produtivo, a começar pelos empregadores, à corrupção, ao compadrio, à evasão fiscal e ao tráfico de influências, do que a uma qualquer casta de coiros e indolentes, nascidos de uma raça menor.

    • Paulo Marques says:

      E que justificação tem o Menos para que quem trabalhe e produza riqueza 8h por dia passe fome e viva borrado de ordenado em ordenado?
      A mesma que tem para que seja contra os subsídios em geral, mas esteja caladinho sobre o rodo de capital despejado nos advogados facilitadores do partido ou nos monopólios que favorecem e vão trabalhar.

  5. JgMenos says:

    Da esquerdalhada, o mais divertido é revisitar as suas origens.

    O sec. XVIII, em que da falta de propriedade fundiária entre os indios da amazonia derivaram a ‘bondade natural do homem’ como caminho para sacar os bens ao vizinho.

    Saibe-se quem eram esses bondosos seres, o quanto de ternura punham na engorda dos prisioneiros antes de os comerem, só os poupando ao espeto se fossem tão cobardes que os pudessem contagiar de semelhante mal.

    Aos seus seguidores sabe-lhe a social-democracia a pouco, regressam às origens do fartote antes de mais.
    Quanto a cobardia, aí se mostram tão civilizados que nem sabem o que significa, e são vitimados e tadinhos por direito de que se ufanam.

    • POIS! says:

      Pois é verdade!

      No Século XVIII era esquerdalhos por todo o lado. Mesmo assim menos que no tempo das cruzadas. Aí é que era esquerdalhada à tripa forra.

    • POIS! says:

      Pois temos de reconhecer e de nos solidarizar.

      Com JgMenos, que nos relata um saber de experiência feito, infelizmente fruto de um traumático acontecimento.

      Na realidade, andava JgMenos a desbravar a Amazónia mais profunda, à procura do”bom selvagem”, quando lhe apareceram uma data deles vindos do interior da selva que, em duas palavras lhe disseram “passa pra cá o graveto, ó chouriço” seguido de “estás magrinho mas, mesmo assim, marchas”!

      O que acabou por acontecer, mas do mal o Menos, JgMenos “marchou” mas apenas em sentido bíblico.

      O mais grave é que, desde essa altura mais nada: nem ao Menos uma cartinha, um telefonema, um postalinho, um mail, uma videochamadinha…nada! JgMenos está que nem pode!

      “Bons selvagens”? Publicidade enganosa, é o que é! Esquerdalhos duma figa!

    • Paulo Marques says:

      Aprenderam com os Ibéricos a bondade.
      Que é que isso tem a ver com alguma coisa? E os uivos da CIP e dos restaurantes já são bons e justificados?

Trackbacks

  1. […] André Ventura (AV) defendeu que quer uma ditadura, o que pode ser um acto falhado, um engano, uma metáfora. Ficarei a esperar, sentado, que os críticos de Mamadu Ba façam o mesmo a Ventura. É verdade que AV não quer qualquer outra ditadura, quer “aquela”, uma ditadura específica. De qualquer modo, parece uma ditadura, cheira a ditadura, sabe a ditadura, esperemos não ter o azar de a pisar e sujar o sapatinho. […]

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