Fechar as escolas?

Os professores

(esses madraços ignorantes, como ainda recentemente demonstrei)

sabem que não há nada melhor do que o ensino presencial. Apesar de serem professores

(e, portanto, pessoas que não percebem nada de escolas, de Educação, de alunos e que têm uma visão limitadíssima da sociedade, porque não fazem a mínima ideia dos problemas familiares, sociais e pessoais dos alunos, esses números em forma de pessoa, e porque só falam com professores),

sabem que o Ministério da Educação não aproveitou o Verão para preparar os vários cenários para o ensino – as salas de aula não estão preparadas, por exemplo, para se darem aulas à distância (nos muitos casos de alunos ou turmas em isolamento); o número de alunos por turma manteve-se igual, não permitindo o distanciamento mínimo aconselhado pela DGS; os computadores para os alunos chegaram tarde e más horas.

Os professores sabem

(mas quem são eles para saber seja o que for, não é?)

que o confinamento dos alunos aprofundará as desigualdades, como tive o atrevimento de afirmar, a propósito de um agradecimento dispensável.

Entretanto, desconhece-se a origem de 87% das infecções, mas sabe-se que não ocorrem nas escolas

(não se sabe, mas sabe-se, portanto),

e pedagogos de sofá afiançam que o confinamento dos alunos corresponderá a uma perda irreparável das aprendizagens

(mas os pedagogos de sofá é que sabem!).

Mandar os alunos para casa vai contra os desejos de todos, alunos incluídos, mas aquilo que está em causa é a saúde da população, o que pode ser razão suficiente para defender o confinamento dos alunos.

Alguns dirão que os professores não querem é trabalhar. Sim, deve ser verdade, mas o que está em causa, não sei se ouviram, é a saúde da população.

Comments

  1. Filipe Bastos says:

    Admitamos que o Nabais tem não só graça, neste post e no post anterior, como também razão: as escolas deviam fechar.

    Muito bem. Então, Nabais, outra questão. Se os privados perdem rendimentos, negócios, empregos, porque ficam os funcionários públicos em casa a ganhar exactamente o mesmo, sem qualquer preocupação de ficar sem emprego ou rendimentos?

    Vê a perversidade da coisa, não vê? O que para meio país é uma desgraça, para outro meio é – mais que indiferente – bom. É bom! Porque não perdem nada, não arriscam nada, ficam sossegados e quentinhos em casa a ganhar 100% do que ganhavam.

    É por estas diferenças que – decerto injustamente – são acusados do egoísmo e umbiguismo que o sarcasmo do Nabais parodia com tanta verve. Não será, Nabais?

    • Paulo Marques says:

      Não são só os professores que ficam a 100%.
      Mas se quer uma resposta, porque os privados precisam de clientes.

    • António Fernando Nabais says:

      O Paulo Marques, em parte, já respondeu, mas eu acrescento.

      O facto de uns perderem não é razão para que outros percam, mas eu sei que o Filipe é seguidor da escola simplória que tem como lema “Se uns estão mal, ninguém pode estar bem.”
      Os professores, caso as escolas fechem, continuam a dar aulas, não com o mesmo efeito, nem com o mesmo gosto, mas – repito – continuam a dar aulas. Ou seja, não perdem clientes, para usar um termo que talvez facilite a compreensão.
      Não sei se, por ser professor, estou capacitado para ver a desgraça – o Filipe, em muitos outros comentários, já provou que os funcionários públicos, em geral, são pessoas insensíveis e ignorantes no que se refere à vida de outros profissionais, porque, já se sabe, os professores nem falam com outras pessoas, não lêem jornais, é casa-trabalho-casa (com o confinamento será casa-casa-casa). Os professores, aliás, casam uns com os outros, o que tem provocado o enfraquecimento da espécie, graças à consanguinidade profissional.
      Os professores, portanto, Filipe, são injustamente acusados de egoísmo, sim, porque esta cegueira é apenas uma consequência da endogamia – não é que os professores não queiram ver, é que não conseguem.
      Se algum dia vir um professor preocupado com o resto da sociedade, é porque é mestiço, filho de um pai engenheiro e de uma mãe professora. Ou então, é uma mutação.
      Espero ter ajudado.

    • Filipe Bastos says:

      Então os funcionários públicos continuam a receber 100% para ajudar os privados. Muito bom. E de onde vem a massa, num país falido que pouco produz, e que nem sequer tem soberania monetária e cambial? O Paulo sabe.

      Nabais, percebo a atitude defensiva mas não estou a atacar os professores: ataco a injustiça e a desigualdade. Não é isso a esquerda? A luta pela justiça e pela igualdade?

      Quem veja certa esquerda nunca adivinharia; a igualdade só parece preocupá-la quando lhe afecta as regalias ou o bolso. Nunca as regalias dos outros, o bolso dos outros. O que é que aconteceu ao ‘ou há moralidade ou comem todos’?

      Como tolerar tal fosso entre público e privado? Que solidariedade e contrato social podem existir? Será de admirar o azedume, o chico-espertismo, as acusações de parte a parte, ou que os mamões tão facilmente dividam para reinar?

      • António Fernando Nabais says:

        Não me lembro de ter escrito que não há injustiça ou que não há desigualdade. Não me lembro de ter dito que os professores sofrem o mesmo que o dono de um restaurante ou de uma loja ou o mesmo que um mineiro. Acho é imensa piada (ou não) à ideia de que o fosso entre o público e o privado se deve resolver tirando direitos a uns até que fiquem com tão poucos direitos como os outros (os professores do privado são, em muitos casos – ainda mais se estiverem em exclusividade -, muito mais explorados do que os do ensino público. A maneira de resolver a desigualdade é piorar a vida dos que estão melhor?).
        Sempre que falta o dinheiro que o Estado gasta mal (que não nos funcionários, professores ou outros), aí vêm os filipes deste mundo criticar os trabalhadores da função pública, em vez de exigirem que o Estado funcione como deve ser. Mas não: é mais fácil piorar a vida de quem está melhor. Que pobreza!

        • E depois queixam-se dos “socialistas” dizendo que querem reduzir as desigualdades nivelando por baixo. É preciso descaramento!

      • Filipe Bastos says:

        Sempre que falta o dinheiro que o Estado gasta mal (que não nos funcionários, professores ou outros), aí vêm os filipes deste mundo criticar os trabalhadores da função pública, em vez de exigirem que o Estado funcione como deve ser.

        Claro que exijo, Nabais. Mas exigir a quem? Quem é o Estado? Não me diga que acha que somos ‘todos nós’?

        Quem é o Estado senão a canalha pulhítica que o gere? Que manda e nomeia e adjudica? Que põe e dispõe dos impostos, das esmolas europeias e da dantesca dívida que contrai em nosso nome, sem nos perguntar nada?

        Claro que exijo, Nabais. E o que aqui me dizem, como este governo é xuxa, logo ‘amigo’, é que sou um taxista maluco. Que me cale e vá botar o botinho, para vir outro governo do centrão e ficar tudo na mesma.

        O centrão criou o fosso; os comunas querem agravá-lo; e a direita só quer encher mamões. Quem se lixa é o pequeno privado, enquanto a FP encolhe os ombros com um sorriso sonso de privilegiada. E assim se mantém o status quo.

        Entenda: não quero nivelar por baixo. Mas deixemo-nos de hipocrisia e de tretas; assim jamais nivelaremos por cima.

      • Paulo Marques says:

        As regras de layoff a 100% são para todos, mesmo para os que ganham mais no privado.
        Mas quer que produza menos? Também se arranja, Bruxelas manda já a seguir.

  2. Luís Lavoura says:

    O que está em causa não é somente a saúde da população. Em especial, note-se, da fatia mais idosa e menos produtiva da população, que é a que é mais afetada pela covid-19.

    Está também em causa a educação (e também a saúde mental) da futura geração de portugueses.

    Estão ambas as coisas em causa. Não somente uma.

    • Helder says:

      Isto é a maior anedota que tenho ouvido nos últimos tempos. Coitadinhos dos meninos… 15 dias ou 1 mês em aulas online… Tadinhos, devem são tão traumatizante como … sei lá, a juventude que passou pela 2 guerra mundial ou os jovens da guerra do Golfo ou até todos os que hoje têm que fugir das suas casa para fugir a violência, tipo Cabo Delgado em Moçambique… Sim, 15 dias ou 1 mês em escola online é um verdadeiro terror que vai fazer perder uma geração de jovens… Tenham tino!!! É que 15 dias ou 1 mês em escola online podem salvar uns milhares de vidas!!!

      • Luís Lavoura says:

        15 dias ou 1 mês em escola online podem salvar uns milhares de vidas

        Pois podem. Mas o mais provável é que só salvem uma ou duas. Não há qualquer espécie de comprovativo experimental (e note-se que toda a boa ciência natural é experimental) de que o confinamento em geral, e o fecho das escolas em particular, tenham qualquer influência substancial na evolução desta epidemia. Pelo contrário, aliás, um estudo já mostrou que as crianças e, em menor grau, os jovens não somente não desenvolvem a doença covid-19 como também não transmitem o SARS-COV-2 a outras pessoas.

        • Helder says:

          Não sei debaixo de qual pedra tem vivido nos últimos tempos. Mas basta ver o confinamento Inglês, Alemão onde as escolas fecham.

          Não sei se Inglês será uma barreira para o Luís, mas pode ver aqui alguma informação sobre o que refere:
          Aconselho o ponto 1 deste link :
          https://www.ecdc.europa.eu/en/covid-19/facts/questions-answers-school-transmission

          Ou se lhe apetecer ler um pouco mais, que lhe aconselho vivamente:
          https://www.health.harvard.edu/diseases-and-conditions/coronavirus-outbreak-and-kids

          Já agora, adorava ver o suporte cientifico para a sua afirmação “…Mas o mais provável é que só salvem uma ou duas…”, mas pessoalmente, mesmo que fosse só uma ou duas, para mim já era o suficiente para fechar escolas, excepto se fosse uma ou duas que achem que vale a pena morrer para haver aulas presenciais para os meninos coitadinhos, aí talvez fosse o karma a actuar e até ficava tudo certo.

          Outro pormenor, em Março andaram a bater palmas, o PM e PR deixaram louvados elogios, com o “fetiche” do Natal desconfinado e com estas medidas obviamente inapropriadas e exageradamente tardias, mostra bem o respeito existente por quem dá vida na linha da frente.

          O COVID é um excelente barómetro para mostrar quais as sociedades que se podem chamar isso mesmo, sociedades, e que sabem quando têm que funcionar como uma sociedade para um bem comum maior. Obviamente são muito poucas no mundo inteiro.

          Luís, tenha cuidado, não tenha um acidente, nem adoeça, pode ter que engolir o que tem escrito de uma forma bem mais dolorosa do que pensa.

          • Jorge says:

            Sem pretender envolver-me na polémica, não posso deixar de colocar, com todo o respeito e sem ironias, a questão: Leu atentamente os artigos que recomenda nos links?

      • Paulo Marques says:

        Não é um mês, nunca seria um mês nesta altura do campeonato, como também contam os dois meses do ano passado. Sim, são muitas oportunidades perdidas.
        Dito isto, os números que passaram ontem na SIC não se tinha (públicos, pelo menos) na quarta-feira, e se calhar já passamos os limites onde isso era evitável.

    • António Fernando Nabais says:

      Para o Luís, a vida de um idoso tem pouco valor, como já deixou claro noutro comentário bestial.
      O Luís, se vivesse em Londres durante os bombardeamentos alemães, também deveria andar ir para os abrigos a resmungar:
      – Até parece que não há mais problemas para além dos bombardeamentos!

      • Luís Lavoura says:

        Para o Luís, a vida de um idoso tem pouco valor

        Para mim e para a generalidade das pessoas. Aprendi isso quando fui assistir, com dois meses de diferença, aos funerais de uma tia minha com 90 anos de idade e da neta dela com 30 anos de idade (a neta morreu de um cancro de pele). Para mim pessoalmente, a minha tia dizia-me muito e a neta dela relativamente pouco. Porém, para meu choque, o que verifiquei foi que o funeral da neta teve muito mais emoção e tristeza do que o da minha tia. Claramente, para a generalidade das pessoas, a vida da neta, ainda no início, tinha muito maior valor do que a vida da avó, a qual já era uma ruína.

        É um facto elementar, também reconhecido na medicina, que as vidas humanas não têm todas o mesmo valor. Por algum motivo se diz que, aquando de um naufrágio, se deve salvar primeiro as mulheres e as crianças.

        • POIS! says:

          Ora pois!

          Isto sim, são evidências científicas irrefutáveis! Afinal o pesar tem peso!

          Até já tem uma unidade, o lacrime. Corresponde à produção de uma carpideira média durante cinco minutos.

    • António Fernando Nabais says:

      «O que está em causa não é somente a saúde da população. Em especial, note-se, da fatia mais idosa e menos produtiva da população, que é a que é mais afetada pela covid-19.

      Está também em causa a educação (e também a saúde mental) da futura geração de portugueses.

      Estão ambas as coisas em causa. Não somente uma.»

      Isto é obra!
      Se o Luís vivesse em Londres, durante os bombardeamentos nazis, também deveria andar a dizer aos seus conterrâneos, enquanto fugiam para os abrigos:

      • Olhem que os bombardeamentos não são o nosso único problema! Devíamos manter as escolas abertas, porque a probabilidade de as bombas caírem em cima das escolas não é de 100%.
    • Paulo Marques says:

      Ainda temos muita gente bem produtiva aos 60, e os falecimentos aos 40 também não são displicentes. Bem como não são os danos em orgãos de pessoas de todas as idades.

  3. Elvimonte says:

    Mais uma visão simplista e infantil debitada por um “camarada cassete” que ainda hoje afirmaria que o Sol gira em volta da Terra, porque é isso que os olhos enxergam, não fora terem-lhe ensinado o contrário na escola.

    Pois olhe, não será a sua crença – porque é disso que se trata – a contradizer com o seu obscurantismo a ciência que já tinha advertido para o possível carácter sazonal do SARS-CoV-2 (vd. “Global Seasonality of Human Seasonal Coronaviruses: A Clue for Postpandemic Circulating Season of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2?”, “Global Seasonality of Human Coronaviruses: A Systematic Review”), a par do que acontece com todos os outros coronavírus humanos e demais causadores de infecções respiratórias semelhantes a gripes.

    Na tentativa de mitigar a sua manifesta falta de esclarecimento relativamente a confinamentos e encerramentos de escolas, aqui ficam alguns títulos de artigos científicos e excertos.

    “SARS-CoV-2 waves in Europe: A 2-stratum SEIRS model solution”
    «We searched what isolation values allow to return to normal life in 90 days minimizing final deaths, shockingly all found isolations for healthy <60 [years] were negative (i.e. coronavirus parties minimize final deaths).»

    “Effect of school closures on mortality from coronavirus disease 2019: old and new predictions”
    «(…) school closures and isolation of younger people would increase the total number of deaths, albeit postponed to a second and subsequent waves.»

    “Association between living with children and outcomes from COVID-19: an OpenSAFELY cohort study of 12 million adults in England”
    «Among 9,157,814 adults <=65 years, living with children 0-11 years was not associated with increased risks of recorded SARS-CoV-2 infection, COVID-19 related hospital or ICU admission but was associated with reduced risk of COVID-19 death (HR 0.75, 95%CI 0.62-0.92). Living with children aged 12-18 years was associated with a small increased risk of recorded SARS-CoV-2 infection (HR 1.08, 95%CI 1.03-1.13), but not associated with other COVID-19 outcomes. Living with children of any age was also associated with lower risk of dying from non-COVID-19 causes. Among 2,567,671 adults >65 years there was no association between living with children and outcomes related to SARS-CoV-2. We observed no consistent changes in risk following school closure.»

    “Covid-19 Mortality: A Matter of Vulnerability Among Nations Facing Limited Margins of Adaptation”
    «Higher Covid death rates are observed in the [25/65°] latitude and in the [-35/-125°] longitude ranges. The national criteria most associated with death rate are life expectancy and its slowdown, public health context (metabolic and non-communicable diseases (NCD) burden vs. infectious diseases prevalence), economy (growth national product, financial support), and environment (temperature, ultra-violet index). Stringency of the measures settled to fight pandemia, including lockdown, did not appear to be linked with death rate.»

    “Impact of non-pharmaceutical interventions against COVID-19 in Europe: a quasi-experimental study”
    «Surprisingly, stay-home measures showed a positive association with cases. This means that as the number of lock-down days increased, so did the number of cases. The use of face coverings initially seems to have had a protective effect. However, after day 15 of the face covering advisories or requirements, the number of cases started to rise. Similar patterns were observed for the relationship between face coverings and deaths. (…) These results would suggest that the widespread use of face masks or coverings in the community do not provide any benefit. Indeed, there is even a suggestion that they may actually increase risk, but as stated previously, we feel that the data on face coverings are too preliminary to inform public policy. We have more confidence that results for stay at home orders suggest that such orders may not be required to ensure outbreak control.»

    A realidade é uma função de múltiplas variáveis aleatórias, um processo estocástico muitas das vezes contra-intuitivo. Linear só mesmo uma recta.

    • Paulo Marques says:

      Alguém que começa uma resposta com a influência do frio na influenza é alguém que quer que nem se vá pesquisar em que buraco foi buscar os artigos e que nível de revisão tiveram. Tente outra vez.

      • Jorge says:
        • Elvimonte says:

          O camarada Paulo “cassete” Marques ignora como se utiliza um motor de pesquisa. E mesmo que não ignorasse, nas madrassas que frequenta não cabem artigos científicos – as “cassetes” ocuparam há muito tempo todo o espaço reservado ao raciocínio.

          • Paulo Marques says:

            O chalupa do monte continua a inventar conclusões.
            Um diz que há sazonalidade ligeira o ano passado, o que não explica nada. Outro é sobre um estudo num país durante um mês. O seguir não foi revisto e é incompatível com a realidade em Janeiro. A seguir não foi revisto, mas faz parte do conjunto que me referi que a ciência não era clara. Ah, não, o link seguinte é o mesmo, com acrescento das limitações do mesmo que parece que os chalupas não leram. A seguir… err, Portugal está numa zona geográfica mais vulnerável numa abordagem não epidemiológica, também não leram. O penúltimo não é um artigo. O último é de um único país em Março, e, bem “Our findings strongly suggest that social distancing and population behavioural changes—that have a social and economic impact that is less disruptive than total lockdown—can meaningfully control COVID-19.”

            Quero os meus 20 minutos de volta depois do falhanço redondo. Eu sabia que nem valia a pena.

      • Elvimonte says:

        «They [os “camaradas cassete”] are programmed to think and react to certain stimuli in a certain pattern [alluding to Pavlov]. You can not change their mind even if you expose them to authentic information. Even if you prove that white is white and black is black, you still can not change the basic perception and the logic of behavior.» (Y. Bezmenov)

        • Paulo Marques says:

          Méééé, olha uma conspiração ali, mééééé. Mas não te esqueças de continuar a contribuir para os mauzãos do Google, Amazon e Microsoft, que ganham com ela mas não interessa nada.

          • Jorge says:

            Claramente há nesta discussão uns antagonismos que ultrapassam a argumentação, e nos quais não me pretendo envolver. A minha praia é a discussão racional e civilizada, utilizando informação concreta. Essa informação, que desvalorizou logo de início com menorizações, está disponível em revistas das especialidades com uma credibilidade que penso estar um pouco acima do CM ou das TVs. Que se queixe dos seus 20 minutos desperdiçados, está no seu direito, e se estivesse ao meu alcance devolvia-os. Já eu, que até por razões académicas vou estudando a coisa, não considero o tempo que utilizo a informar-me, para estudo e melhor fundamentar as minhas opiniões, um desperdício. Entretanto asseguro-lhe que, na minha chalupisse, li esses e outros estudos, demorando-me mais que 20 minutos. Como é normal em qualquer trabalho cientifico, não há nem conclusões absolutas, nem verdades dogmáticas. As limitações dos estudos, em que parece ver falhas, são na realidade parte da metodologia e processo cientifico. Há dúvidas neste estudos? Evidentemente. Há limitações temporais, geográficas e demográficas? Claro. Mas o que está em causa é que estes e outros estudos ( revistos ou não, são transparentes e seguem os critérios de publicação ) apontam, com os dados disponíveis, num determinado sentido. No outro sentido, a explorar e que não se deverá excluir à partida, existem essencialmente possibilidades, conjecturas e suspeitas. Conclusão: tal como sugerem os próprios estudos, a recolha de dados deverá prosseguir, assim como a sua análise exaustiva. No entretanto, a atitude lógica, neste momento, talvez fosse, neste e noutros aspectos desta questão de saúde pública, tomar decisões com base nas conclusões melhor fundamentadas. E isso, na minha e muitas outras opiniões, não está a acontecer. Uma questão de saúde pública está a ser abordada com critérios muito mais políticos e mediáticos do que científicos, a reboque de pânico e sensacionalismo, o que não costuma dar grande resultado. Como referi, não me pretendo envolver na vossa troca de galhardetes, e não estou a defender nem A nem B, mas sugerir uma abordagem mais séria a esta questão. Não estou de todo à espera que concorde comigo, e até pode ignorar-me sem que isso me afecte. Também não me parece que isto seja uma competição para ver quem marca mais pontos. Foram-lhe apresentados dados concretos. Se realmente pretende defender a sua posição, seria talvez mais produtivo fundamentá-la com algo mais sólido que “análises” superficiais de 20 minutos e qualificar a outra parte como “chalupa”.

          • Paulo Marques says:

            Isso é tão produtivo como discutir se há racismo sistémico. Pior, os estudos que apontam num determinado sentido, como diz, nem isso fazem, por isso duvido que haja seriedade.

          • Jorge says:

            Você “ganha” cansando o oponente. Realmente, não é produtivo. Leve a bicicleta. Cumprimentos

  4. abaixoapadralhada says:

    O Sr Evoramonte de Elvas diz

    “Na tentativa de mitigar a sua manifesta falta de esclarecimento relativamente a confinamentos e encerramentos de escolas, aqui ficam alguns títulos de artigos científicos e excertos.”

    Tu é que és esperto chaparro, os outros são todos burros, não é ?

    • Elvimonte says:

      «They [os “camaradas cassete”] are programmed to think and react to certain stimuli in a certain pattern [alluding to Pavlov]. You can not change their mind even if you expose them to authentic information. Even if you prove that white is white and black is black, you still can not change the basic perception and the logic of behavior.» (Y. Bezmenov)

      PS – Vá tratar por tu a tribo de idiotas da sua igualha, que eu não o conheço de lado nenhum.

      • abaixoapadralhada says:

        Peço desculpa a V.Exª por o tratar por tu.
        Quanto ao resto, bate certo, como eu previa.

  5. Elvimonte says:

    Sumário: continuação da aula anterior sobre a psicologia da manada aplicada ao encerramento de escolas e aos confinamentos, ou de como se arregimentam, por esses nabais fora, nabos e nabiças num total aproximado de 15.

    Comece-se pelo artigo publicado no BMJ “Covid-19: politicisation, “corruption,” and suppression of science”
    e prossiga-se com o artigo do Der Spiegel “Reconstruction of a Mass Hysteria – The Swine Flu Panic of 2009”

    (Não perguntar ao camarada Paulo “cassete” Marques como se encontra uma publicação na net a partir do seu título porque, ao que parece, ele não sabe usar um motor de pesquisa e queixa-se de “buracos” – a “cassete” tem “razões que a razão deconhece”.)

    Vinha agora a propósito recordar a alegoria da caverna de Platão, mas não há tempo e o meu negócio não é vender medo, histeria, máscaras, testes, mais medo, hipocondria, anti-virais e vacinas. Muito embora ensinar quem é desprovido de raciocínio sempre tenha sido mau negócio. Que o diga Galileu, esse negacionista – “eppur si muove”.

    Recapitulando:

    “SARS-CoV-2 waves in Europe: A 2-stratum SEIRS model solution”
    «We searched what isolation values allow to return to normal life in 90 days minimizing final deaths, shockingly all found isolations for healthy <60 [years] were negative (i.e. coronavirus parties minimize final deaths).»

    “Effect of school closures on mortality from coronavirus disease 2019: old and new predictions”
    «(…) school closures and isolation of younger people would increase the total number of deaths, albeit postponed to a second and subsequent waves.»

    “Association between living with children and outcomes from COVID-19: an OpenSAFELY cohort study of 12 million adults in England”
    «Among 9,157,814 adults <=65 years, living with children 0-11 years was not associated with increased risks of recorded SARS-CoV-2 infection, COVID-19 related hospital or ICU admission but was associated with reduced risk of COVID-19 death (HR 0.75, 95%CI 0.62-0.92). Living with children aged 12-18 years was associated with a small increased risk of recorded SARS-CoV-2 infection (HR 1.08, 95%CI 1.03-1.13), but not associated with other COVID-19 outcomes. Living with children of any age was also associated with lower risk of dying from non-COVID-19 causes. Among 2,567,671 adults >65 years there was no association between living with children and outcomes related to SARS-CoV-2. We observed no consistent changes in risk following school closure.»

    Além do mais:

    “A country level analysis measuring the impact of government actions, country preparedness and socioeconomic factors on COVID-19 mortality and related health outcomes”
    «Increasing COVID-19 caseloads were associated with countries with higher obesity (adjusted rate ratio [RR]=1.06; 95%CI: 1.01–1.11), median population age (RR=1.10; 95%CI: 1.05–1.15) and longer time to border closures from the first reported case (RR=1.04; 95%CI: 1.01–1.08). Increased mortality per million was significantly associated with higher obesity prevalence (RR=1.12; 95%CI: 1.06–1.19) and per capita gross domestic product (GDP) (RR=1.03; 95%CI: 1.00–1.06). Reduced income dispersion reduced mortality (RR=0.88; 95%CI: 0.83–0.93) and the number of critical cases (RR=0.92; 95% CI: 0.87–0.97). Rapid border closures, full lockdowns, and wide-spread testing were not associated with COVID-19 mortality per million people.»

    “Full lockdown policies in Western Europe countries have no evident impacts on the COVID-19 epidemic”
    «This phenomenological study assesses the impacts of full lockdown strategies applied in Italy, France, Spain and United Kingdom, on the slowdown of the 2020 COVID-19 outbreak. Comparing the trajectory of the epidemic before and after the lockdown, we find no evidence of any discontinuity in the growth rate, doubling time, and reproduction number trends. (…) We also show that neighboring countries applying less restrictive social distancing measures (as opposed to police-enforced home containment) experience a very similar time evolution of the epidemic.»

    “Too Little of a Good Thing – A Paradox of Moderate Infection Control” (artigo de 2008)
    «The link between limiting pathogen exposure and improving public health is not always so straightforward. Reducing the risk that each member of a community will be exposed to a pathogen has the attendant effect of increasing the average age at which infections occur.For pathogens that inflict greater morbidity at older ages, interventions that reduce but do not eliminate exposure can paradoxically increase the number of cases of severe disease by shifting the burden of infection toward older individuals.»

    And that’s all folks. Na próxima aula teremos a Suécia e a Bielorrússia como casos de estudo.

    • António Fernando Nabais says:
    • António Fernando Nabais says:
      • Elvimonte says:

        Contra-argumentar artigos científicos com artigos noticiosos, com toda a franqueza, situa-se ao nível da anedota.

        Mas, contrariamente aos artigos científicos, a compreensão da realidade está ao alcance de todos, basta que se saiba interpretar uns gráficos. E o que nos diz a realidade expressa nesses gráficos? Primeiro tem que se olhar para os gráficos.

        Alemanha: http://prntscr.com/xaxkfk
        (confinamento rigoroso desde 16 de Dezembro, com todas as escolas fechadas, uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos)

        França: http://prntscr.com/xayc2f
        (confinamento desde 30 Outubro a 15 de Dezembro, escolas abertas, uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos)

        Gráfico lapidar de estudo realizado em Marselha que ilustra as datas em que as várias medidas não-farmacêuticas foram adoptadas em França, a evolução da epidemia e o facto da taxa de infecções estar já em fase descendente quando o confinamento se inicia no final de Outubro: http://prntscr.com/wa8j30

        Israel: http://prntscr.com/xb11gq
        (confinamento desde 27 de Dezembro, com escolas abertas até ao final do secundário, uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos)

        Suécia: http://prntscr.com/xb093q
        (sem confinamento, sem máscaras, escolas abertas até ao final do secudário)

        Bielorrússia: http://prntscr.com/xb0dxu
        (sem confinamento, sem máscaras, escolas abertas)

        Portanto, os gráficos dizem-nos essencialmente aquilo que nos dizem os artigos científicos que referi sobre encerramento de escolas, confinamentos e uso de máscara, nomeadamente:

        «Rapid border closures, full lockdowns, and wide-spread testing were not associated with COVID-19 mortality per million people.»

        «Stringency of the measures settled to fight pandemia, including lockdown, did not appear to be linked with death rate.»

        «We observed no consistent changes in risk following school closure.»

        «For pathogens that inflict greater morbidity at older ages, interventions that reduce but do not eliminate exposure can paradoxically increase the number of cases of severe disease by shifting the burden of infection toward older individuals.»

        • António Fernando Nabais says:

          Contra-argumentar é um termo demasiado forte. Contrapor, ainda vá. Falta demonstrar que as declarações de um epidemiologista são uma anedota.

          • Elvimonte says:

            Ainda bem que coloca a questão da anedota, caso contrário não seria capaz de escrever o que se segue. Se pesquisar por “manuel carmo gomes publications” vai encontrar estes links:

            loop.frontiersin.org/people/254571/publications
            webpages.ciencias.ulisboa.pt/~mcgomes/perfil/Cvenglish.pdf

            Um total de 20 publicações para um Professor Associado com Agregação? E quais os temas sobre os quais publicou? E onde publicou? É referido no Platinum H Index?

            Sobre a primeira questão não vou fazer comentátios, remetendo-os para a resposta à última questão.

            Sobre a segunda questão direi que publicou cerca de 5 artigos que abordam de alguma forma questões relacionadas com Epidemiologia, mas nenhum sobre o modelo matemático que alegadamente serve de base às suas previsões. E sem que se saiba quais as equações que o regem, as suposições e simplificações que incorpora e se sofreu processo de validação contra dados empíricos, não é possível aferir da sua validade – uma validade que pode ser próxima do modelo do Prof. Ferguson, cujas previsões se mostraram erradas por factores ao redor da dezena. Mas, pelo menos, foi objecto de publicação.

            Sobre a terceira questão também não vou comentar.

            Sobre a quarta questão direi que é natural que não figure na lista dos 50 cientistas portugueses com mais destaque no referido índice – e não figura, com os meus agradecimentos ao Prof. Pacheco Torgal que actualiza frequentemente essa lista no seu blogue e de cujos dados me socorro. De notar que o primeiro da lista tem um índice de 758 e o último 0,7.

            Não se deixe iludir.

          • António Fernando Nabais says:

            Está quase a explicar por que razão as declarações de Manuel Carmo Gomes estão erradas. Ou não. Aproveite para nos explicar o que faz de si uma autoridade na matéria.

    • Paulo Marques says:

      Mais papers avulso a ver se a narrativa surge aplicando um caso ao universo inteiro, fazendo de conta que este já não os deixou para trás à centenas de mortos.

      • Jorge says:

        Desculpe que lhe diga, mas você é difícil de satisfazer. Em que julga que consistem este tipo de estudos? Acha que uma sondagem é analisar toda uma população? Isso e um censo. Os estudos são assim mesmo. Analisam amostras representativas duma população, e utilizando essencialmente a estatística, extrapola-se para outras populações ou para toda uma população. Pode falhar, com certeza, mas é o que há quando não é possível analisar toda uma população.

        • Paulo Marques says:

          Não é um censo, são vários a condições muito díspares não só entre si, como à situação actual com a B117 e hospitais cheios, sem mais meios, e com médicos com problemas psicológicos para o resto da vida.
          Mas deve ser culpa dos lagartos no pântano que comem criancinhas.

          • Jorge says:

            Já não sei que lhe diga sobre a metodologia científica. O senhor parece ser daquelas pessoas que nem com um sim se satisfazem. Os estudos que se estão a fazer com diversas metodologias, diversas populações, diversos parâmetros, etc, permitem por cruzamento de dados e extrapolações retirar conclusões cada vez mais abrangentes, já que em última análise, entre as muitas variáveis, há constantes fundamentais: procura-se efeitos nos seres humanos e suas sociedades, está a lidar-se com um vírus respiratório cujo “comportamento” encaixa razoavelmente no que já se conhece. Logo, as bases da epidemiologia e virologia podem ser utilizadas, e as ciências sociais permitem analisar impactos na sociedade. Portanto, mesmo com incertezas e variáveis, não estamos tão às escuras como querem fazer crer. Portanto, os estudos existentes são incompletos, devido a variáveis e incertezas, mas longe de inconclusivos, já que permitem retirar algumas ilações. As disparidades das fontes são tidas em conta na metodologia científica, não sendo limitativas, assim como variáveis temporais, geográficas e outras. A questão aqui, como já antes referi, é para que lado pendem as evidências, já que não podemos viver na incerteza só porque não temos todos os dados. Como certamente saberá, a ciência, ao longo dos séculos, avançou dessa forma. Se qualquer descoberta ou invenção só fosse aceite com certezas absolutas à partida, nenhum progresso seria possível. Dito isto, sigo para outros factos. Mutações do vírus. Qual a novidade? Como qualquer da família do corona, passam a vida em mutações. Os vírus são tipos com pouco que fazer além de parasitar hospedeiros e reproduzir-se. Sobra-lhes tempo para se adaptarem aos ambientes. Porque acha que a gripe surge com nova cara todos os anos? Pois… Adaptou-se à vacina dos anos anteriores. Este vírus já teve milhares de mutações desde que surgiu. Adaptou-se a populações, climas, geografias, etc. Ou seja, tornou-se endémico, conforme seria de esperar. Porque a comunicação social faz grande alarido dumas mutações, e nem refere outras semelhantes, escapa-me. Esta não tem maior taxa de mortalidade ou letalidade. Poderá ser mais virulenta, o que não é de excluir. Ou então está a acontecer algo expectável: Conforme os “modelos” mais antigos do vírus vão ficando desatualizados, porque os sacanas dos humanos ganharam resistências, tornam-se, por consequência, menos virulentos. Não por características intrínsecas, mas porque há menos “alvos”. Logo, os novos “modelos”, por comparação com os antigos, são relativamente mais virulentos. Vai ver que para o ano o 117 estará completamente fora de moda. Quanto aos médicos, evidentemente que prezo muito o trabalho e esforço deles e compreendo as dificuldades que enfrentam. E também prezo o trabalho de profissionais nas mais diversas áreas, que estão sujeitos a grande pressão, condições adversas e grande responsabilidade. Não são condições exclusivas dos médicos. Estão a fazer o trabalho para que foram treinados e são merecidamente pagos. Reafirmo a apreciação pelo trabalho dos profissionais de saúde, mas lidar com a morte e com momentos de trabalho mais intenso e exaustivo fazem parte da profissão, tanto nos Invernos como em ocasiões de catástrofes, por exemplo. A frequência aos hospitais tem, sempre teve, variações. Há alturas em que estão quase às moscas, e noutras estão a rebentar pelas costuras. Portanto, hospitais com ocupações a 90% não é logisticamente nenhuma catástrofe, desde que essa ocupação seja pontual ou sazonal. No entanto, a questão que o Paulo deveria realmente colocar é porque está realmente a haver uma situação de aparente rutura? Segundo os dados do próprio ministério da saúde, mesmo contando com o vírus, todos os indicadores de serviço estão bem abaixo de 2019: menos episódios de urgências, menos internamentos, menos consultas, menos cirurgias. Todos os anos, desde que me lembro, nos Invernos vem o caos nos hospitais com um rasto de mortes por gripe, frio e outras mazelas. Portanto, nada de novo. Então se a situação é similar aos anos anteriores, e houve menos urgências e internamentos, porquê o caos? Não será por se estar a dar cabo do SNS? Tanta coisa com o vírus, mas no ano passado o SNS “deixou” sair quase mil médicos e centenas de enfermeiros. Eliminou mais de 200 camas. Prometeram-se 17.000 lugares para o covid, e a partir dos 3500 começa tudo a descambar. A logística de admissão de doentes no hospital encrava tudo, já que estão a utilizar protocolos para doenças tipo ébola, num vírus que nem remotamente se aproxima dessa perigosidade. E entretanto, os privados, que no meio de tanto drama afinal não é preciso requisitar, esfregam as mão de contentes com o aumento brutal de “clientes” que não encontram resposta no SNS. E a mama dos testes? Uns 2 ou 3 milhões por dia para andar a testar tudo o que mexe, quando essa massa dava para, cada dia, montar pelo menos10 camas de UCI e contratar os recursos humanos. Mas assim os laboratórios não se andavam a encher à grande com um teste que a própria OMS já veio, mais que uma vez, prevenir das suas grandes fragilidades. E é com base num teste que dá falsos positivos em barda ( e quanto menor a prevalência, mais falsos surgem ), que anda tudo a ser enfiado em casa, porque há muitos “casos” a subirem a pique, que por coincidência sobem certinho em paralelo com o número de testes, algo muito original na epidemiologia. Enfim… Isto dá pano para mangas, mas já vai longo e tenho trabalho à minha espera. Quem tiver capacidade cognitiva ( e acho que a generalidade das pessoas a tem ), interesse, paciência, mente aberta e não dogmática, consegue encontrar e analisar a informação disponível, e poderá retirar as próprias conclusões sobre a distância que vai entre os dados concretos e o discurso oficial.

          • Paulo Marques says:

            A maior parte das mutações não causam alterações funcionais, e estas são muito mais frágeis em coronavírus por causa da estrutura destes. Houve muita dúvida sobre se a B117 era realmente diferente, até a muito maior expansão o tornar rapidamente evidente.
            E esta expansão só é possível porque continua a haver demasiado contacto. É que a ver se se percebe uma coisa, só há contenção porque as pessoas se recusam a usar um bocado de tecido correctamente, a lavar as mãos e a manter distância.
            Acho que devia perguntar aos médicos sobre a perigosidade, e o que é ver as pessoas a sofrer com esta coisa dia sim dia sim. Ou não pergunte, não faltam relatos. E a seguir ver os relatos de quem não morre, mas fica com os pulmões piores do que se fumassem 30 anos. Ou jovens adultos com dificuldades a subir escadas. E depois questione se é só uma gripe.
            Quanto à falta de recursos e financiamento de farmacêuticas… pá, é o que temos, no modelo neoliberal que nos impõem de cortar no serviço público e pagar rendas aos donos disto tudo, e que nos depois achamos que nos protege da globalização. Bruxelas mandou 63 reformas, e Costa já fez as contas à bazuca e sabe que não pode haver mais gastos, pelo menos sem a “desculpa” que era inevitável. O modelo económico é outra conversa, mas é o que temos para lidar com isto.

    • Miguel says:

      «(…) school closures and isolation of younger people would increase the total number of deaths, albeit postponed to a second and subsequent waves.»

      Sim, na ausência de vacinas porque se, entretanto a população for vacinada, as ondas subsequentes serão fortemente atenuadas, senão suprimidas e o isolamento terá assim evitado muitas mortes. Não é asssim tão complicado.

      • Miguel says:

        Correcção: «would increase» não é plausível ; mais plausível seria «would not affect significantly, but only postpone, the total number of deaths»

      • Jorge says:

        Permita-me discordar, mas não é assim tão simples, de facto. Há demasiadas variáveis nos vírus sazonais, com diferentes “comportamentos” do vírus, mutações, etc, assim como variáveis nas populações afectadas. Com o primo do corona, o da gripe, bem estudado e com vacinações para aí desde os anos 40 e vacinas testadas a sério, a coisa continua a levar umas centenas de milhar nos anos menos maus. O que dizer dum vírus sujeito a rápidas mutações ( tal como a gripe ) ainda insuficientemente estudado, cuja abordagem está a ser totalmente condicionada por pânicos e sensacionalismos, e supostamente combatido com vacinas desenvolvidas à pressa, com eficácia e segurança por apurar ( reconhecido pelas próprias agências, lembrando que as vacinas estão apenas autorizadas sob suposta emergência, e não aprovadas ), e aplicadas nas “cobaias” sem sequer termos resultados de testes de um ciclo sazonal? E isto para um vírus que, por muito que custe a encaixar aos promotores do pânico, tem baixas mortalidade e letalidade, e Rt longe de catastrófico? E não retiro estas conclusões de nenhum “buraco” obscuro. Os valores são conhecidos e a própria OMS o afirma. Fio-me mais na atenuação natural da sazonalidade e imunidades naturais, algo que tem acompanhado comprovadamente a história do homem e que para meu grande espanto está agora a ser questionado. Só para esclarecer, se não houvesse imunidades naturais aos vírus com que vamos convivendo ao longo da história, e considerando que a vacinação apareceu “ontem”, toda a humanidade teria sido extinta nas grandes epidemias do passado. Penso que estaremos de acordo em que isso não aconteceu. Em conclusão, lá para a Primavera, com confinamentos ou sem eles, com vacinas ou aspirinas, o corona e os primos irão tirar férias para outras paragens, tal como fizeram na Primavera passada. Chegando ao Outono, estarão de volta cheios de pica, e fazer a diferença depende acima de tudo, como sempre dependeu, de ter serviços de saúde acessíveis, suficientes e eficazes para cuidar dos mais vulneráveis que, faça-se o que se fizer, vão levar com os vírus, de ter uma população saudável para melhor resistir aos bicharocos, de lamentar os que forem, e vivermos, começando a dar mais atenção a dramas muito mais graves que a humanidade enfrenta.

        • Miguel says:

          O que responderão, perante o que escreveu, as pessoas que trabalham nos hospitais neste momento? É plausível que os profissionais de saúde sejam uma cambada de alarmistas? (ainda por cima, se como diz estão bem calejados com as epidemias anuais da gripe). «Cai na real, meu» como dizia o outro.

          Que as questões epidemiológicas são muito complexas é um segredo de polichinelo. O que importa é que, na prática, a resposta a uma pandemia tem de ser o mais simples possível sob pena de não haver sistema algum capaz de a pôr a funcionar. É por essa razão que várias medidas são sub-óptimas: têm de se aplicar a milhões de pessoas (informadas e desinformadas, disciplinadas e indisciplinadas, inteligentes e estúpidas, ….).

          • Jorge says:

            Caro Miguel, se não é segredo que as questões epidemiológicas são complexas, escapa-me o porquê de no seu comentário inicial afirmar que a questão não é complicada, já que foi nessa premissa que escrevi o meu comentário.
            No essencial, concordo consigo sobre as respostas a situações de pandemia. No entanto, convém contextualizar todo o conceito de simplicidade. Porque nem simplicidade poderá ser confundido com precipitação ou amadorismo, nem uma simplicidade ( ou aparência de simplicidade ) na aplicação e resultado deverá ser entendido como simplicidade na tomada de decisões e planificação ( no meu trabalho isso é a norma ). Saberá certamente que a simplicidade a jusante tem frequentemente a montante grande complexidade e trabalho de planificação. A percepção que tenho é que o que está a acontecer agora será´o inverso: Há simplicidade e precipitação, para não dizer pior, a montante, na tomada de decisões e planificação, e a jusante, a aplicação das medidas está rodeada de confusões, o que ajudará a explicar em grande parte o porquê do insucesso das mesmas, deitando as culpas para o Pai Natal, as renas, o menino Jesus e o resto do presépio. Por outro lado, países que parecem estar a abordar o assunto com mais racionalidade e menos histeria, estão a ter mais sucesso na aplicação de medidas, que mesmo que sub-óptimas serão melhor fundamentadas e mais racionais, simples e consistentes, com melhores resultados em geral ( e não me estou a referir à Suécia em concreto ).
            Em resumo, estou de acordo em que há um problema de saúde pública que merece atenção, estou de acordo em que se está a lidar com um vírus que é perigoso para parte da população, e estou completamente em desacordo com a forma com que tudo isto tem sido gerido pela generalidade dos governos e algumas instituições, e como está a ser manipulado pela comunicação social em proveito próprio. Em nem me vou alargar sobre o aproveitamento económico de quem está a cavalgar esta situação como “oportunidade de negócio”. Não é novidade nenhuma que nas tragédias da maioria há sempre uma minoria que amealha grandes fortunas, e aqui não será diferente.

            Quanto ao que os profissionais da saúde poderiam responder à minha humilde opinião, ficaria ao critério deles. Exerceriam a sua constitucionalmente protegida ( até ver ) liberdade de expressão, tal como estou a exercer a minha. Não ofendi a classe ( antes pelo contrário ). Afirmar que uma classe profissional que está a fazer um bom trabalho para o qual foi treinada e é paga por isso, não é menorizá-la. E que lidar com cargas excepcionais de trabalho, por muito louvável que isso seja, faz parte expectável da profissão, não me parece atingir a dignidade da mesma. Um piloto que consiga evitar a queda do seu avião numa situação de emergência poderá ( e deverá ) receber a gratidão dos passageiros, mas ninguém entraria no avião se não acreditasse que a tripulação estivesse preparada e treinada para lidar com imprevistos e emergências, sendo os próprio pilotos a humildemente afirmarem, nessas situações, que fizeram apenas aquilo para que foram treinados.
            Independentemente da minha opinião, do que tenho lido e ouvido, e da meia dúzia de profissionais de saúde com que conversei nas recentes semanas, a percepção não é muito diferente das minhas afirmações. Há realmente momentos mais intensos, mas há de facto em absoluto menos intervenções, menos internamentos, menos consultas, etc, e que muito do que está a correr mal deve-se a mau ou inexistente planeamento ( como aliás todos os anos ), processos burocráticos irrealistas, procedimentos desajustados e recursos insuficientes e mal geridos. Se eu fosse mauzinho, diria, como alguns profissionais de saúde já o fizeram, que tudo isto parece feito à medida para impludir de vez o SNS e empurrar a maioria da população para o privado.
            Quanto a eu achar que os profissionais de saúde são alarmistas, coisa que nunca afirmei, penso não são. A esmagadora maioria está ocupada a fazer o seu trabalho o melhor possível, tratando dos seus pacientes, e tem mais que fazer que dar entrevistas. Depois existem os Gustavos “vamos morrer todos Caronas, os Ricardos “nunca vi morrer tantos” Leite e mais um ramalhete deles que, por questões de personalidade, ou agenda cujos objectivos desconheço, mas desconfio, passam a vida a dar entrevistas a anunciar o fim do mundo. Curiosamente, ou talvez não, muitos dos cenários de catástrofe e caos que propalam acabam desmentidos ao fim do dia pelos próprios responsáveis das unidades hospitalares, como aconteceu recentemente no H. S. João ( dos que mais internamentos pelo vírus apresenta ), onde o director confirmou estar tudo a funcionar normalmente e sem ambulâncias à porta. Ou do “nunca vi morrer tantos num turno”, em que o “tantos” era….1. E a lista destas palhaçadas é longa. Mas a normalidade não vende medo nem audiências, é uma chatice. Pergunto-me, quando o vírus passar de moda e o mundo ( espero eu ) voltar ao normal ( mesmo com todos os defeitos do normal ), o que fará a comunicação social? Fecha, volta a gerar o medo do terrorismo, ou vamos ter o covid 21, covid 22, covid 23, etc, etc.
            Eu estou bem dentro “da real”, e faço por isso. E você?

        • Paulo Marques says:

          O R(t) é exponencial, o que significa que mesmo baixo, cresce rapidamente. As vacinas passaram pelas mesmas fases, a burocracia é que foi acelerada, bem como o financiamento. Ou falharam uma data delas por que razão? E, sim, a imunidade natural faz parte da história, mas não faz parte desta uma economia completamente globalizada; e, de qualquer forma, a história está repleta de confinamentos e morte aos “culpados” da doença, acho que somos um bocadinho mais civilizados. Não, não sabe quem são os mais vulneráveis, sabe a maior parte, aquela a quem se entregou a população a lares de vão de escada.
          Tem razão numa coisa, temos problemas muito mais graves pela frente; um falhanço deste tamanho com um abalo enorme no civismo vai garantir que não conseguimos resolver nenhum.

          • Jorge says:

            Com todo o respeito, não pretendo alimentar mais nenhum debate, e por tal vou limitar-me a abordar um destes pontos, e muito como, se me permite, uma recomendação. Procure informação sobre processo de desenvolvimento de fármacos, informação essa disponibilizada pelas próprias agência reguladora. Vale a pena. Poderá demorar mais de 20 minutos. Eu passei umas horas valentes a ler e ouvir sobre o assunto, à conta de uma das cadeiras, e fiquei a anos-luz de me especializar na coisa, mas vale a pena. Poderá verificar o rigor ( pelo menos teórico ) desse processo, rigor esse muito mais vincado, por motivos óbvios, nas vacinas que nos medicamentos. Verificará que os prazos nada têm a ver com financiamento ( as farmacêuticas têm financiamento tendencialmente ilimitado, tudo funcionando numa lógica de investimento/retorno ), nem com burocracia ( a não ser que, numa hipersimplificação, qualifique regras sensatas e procedimentos testados como simples burocracia ). Os prazos são, no essencial, regulados por processos biológicos. Há processos que se podem acelerar, e esses já são utilizados à anos ( simulações informáticas, testes em animais de metabolismo rápido, etc, etc ), e outros não, nem que tenha todo o dinheiro do mundo disponível. São processos biológicos em que a resposta dos organismos demora o tempo que tem que demorar, e quando se está a lidar com processos sazonais e mutações nos organismos, tem mesmo que se aguardar para analisar os efeitos e tentar compreendê-los. No caso de um vírus sazonal, quando se utilizam humanos para testes, tem que se considerar uma infinidade de factores. Não apenas as caracterísitcas de todo o painel testado ( idades, sexo, doenças pré-existentes, características genéticas, gravidez, etc, etc ), mas também as interações ambientais ( como vai reagir o individuo à doença para que foi vacinado, quando ela de facto atacar, como vai reagir a outras doenças e vírus, como vai reagir a novas mutações do mesmo vírus, como vai reagir ao longo do tempo, etc, etc ). Tem que se considerar efeitos a médio e longo prazo ( meses ou mesmo anos ). E não se pode excluir da equação a razoável probabilidade duma vacina potenciar o surgimento de mutações mais agressivas do vírus que se está a combater. Não há volta a dar, e por isso o desenvolvimento de fármacos sempre foi um processo demorado, e, para bem da nossa saúde, convém continuar a ser. Porque mesmo vacinas exaustivamente testadas, respeitando prazos e procedimentos, e quando tudo parecia estar a correr bem, redundaram nalgumas tragédias, porque houve um graozinho na engrenagem que escapou no processo. As variáveis em causa são tão numerosas e complexas que a melhor garantia de relativa segurança ( total é impossível ) é seguir rigorosamente todas as fases do processo regulado. E essas fases, garanto-lhe ( e não é difícil ir comprovar ), não foram nem de perto nem de longe cumpridas neste caso. Desde fases de teste que se sobrepuseram quase totalmente, ausência de testes toxicológicos com animais, painel testado muito limitado ( não se testaram pessoas de todas as faixas etárias nem com muitas doenças e patologias pré-existentes, nem em número suficiente ), produção a iniciar-se com os limitados testes ainda a decorrer, ausência de publicação, ou mesmo ocultação de alguns resultados e ausências de revisão por pares, manipulações estatísticas de resultados já confirmadas. E talvez mais importante que tudo, nenhuma ideia dos eventuais efeitos reais adversos a médio e longo prazo ( tal é impossível com teste de cerca de 3 meses ), testes esses de importância acrescida num vírus sazonal, em que existe um ciclo biológico anual que não está suficientemente estudado. A lista é longa, tanto do que deverá ser feito no processo de desenvolvimento duma vacina, como longa é a lista do que neste caso não foi feito. Em resumo, os testes mais completos estão a ser efectuados agora, utilizando como cobaias toda uma população, e depois logo se vê. Não será portanto de estranhar que todos os fabricantes se tenham posto ao fresco, tendo-lhes sido oferecido pelos governos, além de muito dinheiro, imunidade sobre qualquer responsabilidade cível ou criminal caso a coisa dê para o torto. E os próprios governos também já se estão a pôr ao fresco da mesma responsabilidade. Portanto, ninguém é responsável. É algo que deverá sossegar qualquer pessoa que vai dar o bracinho à vacina. Eu não compraria para um filho nem um triciclo dum fabricante que me afirmasse que fez a coisa em tempo recorde, não a testou bem e não se responsabilizava pela mesmo. E iria deixar que injetassem no puto um produto nessas mesmas premissas? Não me parece muito racional. Não, não sou por princípio contra as vacinas em geral.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading