Confinamento – II

-Está um dia lindo, primaveril, solarengo, daqueles em que apetece dar um passeio à beira-mar, ou beira-rio. Alguns biltres dizem que não posso, que tenho que ficar em casa, apesar do corpo precisar de vitamina D. Vão encarcerar o raio que os parta, ditadores de meia-tigela e deixem-me viver em paz, não quero, não tolero, nem admito, que me digam o que fazer ou como devo viver. Só vivemos uma vez, o tempo que perdermos, jamais recuperaremos…

Comments

  1. Piedade Roberto says:

    Incoerências.

  2. Luis Lavoura says:

    Não é “solarengo” (= parecido com um solar), é soalheiro.

    • abaixoapadralhada says:

      Que é que se há-de fazer. O António Almeida é solarengo do século 19
      Daí o gosto pelos liberocas

    • António de Almeida says:

      Verdade, caro Luís Lavoura. Imperdoável neste blogue, não irei corrigir, ficará para a posteridade, sujeitando-me a um valente e merecido puxão de orelhas, dos especialistas cá da casa.
      Obrigado!

    • Makarius says:

      “Não é “solarengo””Lavoura, não percebeu que o tipo é analfabeto? Topa-se logo pelo que diz-

  3. Vai viver como eremita, longe de tudo e de todos. Aí fazes as birras que quiseres sem prejudicar os outros.

  4. Sarfarão Azevedo says:

    Mais um seguidor do “encantador de burros”…

    • POIS! says:

      Pois mas…

      Parece que o Sr. de Almeida não está propriamente encantado. Afinal o gajo falha até nos encantamentos. Lamentável!

  5. Paulo Marques says:

    Quando fores capaz de deixar de limitar a vida de, neste momento, 150 portugueses por dia, deixamos-te sair à rua. Se te portares bem.
    E por falar em mortes de centenas de uma vez, como é que vai a história da regulação da Boeing, mesmo?

    • António de Almeida says:

      Eu saio à rua quando quero. Ou seja, todos os dias. Mas não aceito nem compro, uma vida ditada pela “Matrix”…

      • Paulo Marques says:

        Então não digas que te impedem, pensei que era um exagero metafórico. Nunca foi proibido, e dificilmente será, mas seria menos restritivo se as pessoas aceitarem cumprir regras, pois a sua liberdade acaba mais ou menos onde começa a dos outros – e, mais uma vez, não é só questão de sobrevivência dos mais fracos, a síndrome inflamatória sistémica também aparece em quem menos se espera.

  6. Filipe Bastos says:

    Só vivemos uma vez, o tempo que perdermos, jamais recuperaremos…

    Concorde-se ou não com o António de Almeida, goste-se ou não dele, isto é rigorosamente verdade. E esquecemo-nos.

    Algumas medidas serão compreensíveis, outras menos, outras nada. Conheço um velhote que estava sozinho a fumar na rua – aos 89 anos ainda fuma um maço por dia – e por duas vezes foi questionado pela polícia. Mas que raio é isto?

    O problema são estes exageros. E creio que o que mais confusão mete ao António, como também a mim, nem são as medidas: é a sua aceitação acrítica. Que seria preciso para a malta se revoltar?

    Se por milagre da medicina o Botas nunca tivesse morrido, hoje ainda ninguém piava: o país continuaria vergado e amochado, caladinho e respeitoso. Vai uma aposta?

    • Paulo Marques says:

      O país nunca deixou de piar durante o botas, o terrafal ficou cheio deles.
      Preocupa-se bem, dependendo da intervenção, mas sabe o Filipe que há pessoas que são todos os dias interpeladas pela polícia por estar na rua havendo pandemia ou não? Já não se preocupa porquê?

    • POIS! says:

      Pois olhe que não, Bastos, olhe que não!

      Quando o Oliveira da Comba caiu da cadeira (ou a cadeira caiu dele, ou em cima dele, ou apesar dele, tantas são as teses de historiadeiros sobre o assunto) havia um problema que se agudizava dia a dia: a guerra “light” lá pelas áfricas.

      A malta mais jovem já não estava para aquilo. A PIDE, por essa altura, até já tinha começado a desistir do que se passava nas universidades: a agitação, desde que ficasse lá dentro, já não lhes interessava.

      Até as elites do regime já tinham cortado com aquilo. A Academia Militar estava cheia de gente proveniente famílias modestas. Já vinha de trás, mas agravou-se com a guerra.

      Já havia direções anti-regime em importantes “sindicatos nacionais”. Toda a gente ouvia as rádios em onda curta, com destaque para a BBC, já para não falar da ampla circulação de livros e discos proibidos pela censura.

      Em 1969 as listas da oposição obtiveram 34,7 % dos votos em Setúbal, 18,5% em Lisboa e duas listas da oposição mais de 12% no Porto. isto com as limitações a todos os níveis, que iam desde o recenseamento, ao sistema de voto, e às restrições de propaganda.

      Em 1973 assisti a dois comícios da então CDE completamente cheios, numa cidade do interior!

      Se fosse hoje não está a imaginar que a malta saísse de umas noitadas de “Fortnight” e aterrasse noutro, mas mais a sério, pois não?

      Há por aí muita gente a criticar a “descolonização mal feita” mas esquecem-se que a partir de meados de 1974 várias unidades inteiras se recusaram a embarcar para as áfricas.

      O Botas não tinha futuro, como se viu depois.

    • Filipe Bastos says:

      Pois são dados interessantes, POIS, que ilustram que, embora uma pequena minoria, havia realmente quem não amochasse.

      Uma nota: não chamei ‘light’ à guerra; só à ditadura. E esta, como disse na altura, em comparação a outras de que aqui se fala – Alemanha, URSS, Coreia do Norte, etc.

      Outra: já viu as voltas da vida? Agora é a sua geração que defende o status quo e a ‘inevitabilidade’ da partidocracia perante críticos como eu.

  7. RUI SANTOS says:

    Quanto ao “Só vivemos uma vez, o tempo que perdermos, jamais recuperaremos…” que dizer daqueles que com os pulmões ligados a ventiladores deixam de jamais recuperarem, enquanto os negacionistas idiotas passeiam junto ao Tejo

    Este Almeida parece saído de uma realidade/aberração espaço-temporal não prevista por Einstein. Um atrofiado que está a ceder, esperneando.

  8. Elvimonte says:

    A referência que faz à vitamina D parece não encontrar eco na ignorância generalizada que vai por aí. Uma ignorância que pode também ser considerada como negligência naquelas instâncias que tudo fazem, dizem elas, para nos proteger. E negligência é crime.

    É negligente ignorar-se toda a evidência científica produzida antes e após a COVID-19 sobre a vitamina D e outras substâncias genéricas que não permitem gerar grandes lucros. Deixo aqui alguns títulos de artigos científicos na tentativa de mitigar insuficiências várias. Não coloco links porque o “ascomete” não permite.

    “Vitamin D deficiency 2.0: an update on the current status worldwide”

    “Immunologic Effects of Vitamin D on Human Health and Disease”

    “The Possible Role of Vitamin D in Suppressing Cytokine Storm and Associated Mortality in COVID-19 Patients”

    “Vitamin D controls T cell antigen receptor signaling and activation of human T cells”

    “Vitamin D Insufficiency is Prevalent in Severe COVID-19”

    “Effect of Calcifediol Treatment and best Available Therapy versus best Available Therapy on Intensive Care Unit Admission and Mortality Among Patients Hospitalized for COVID-19: A Pilot Randomized Clinical study” [calcifediol, análogo da vitamina D]

    “Zn2+ Inhibits Coronavirus and Arterivirus RNA Polymerase Activity In Vitro and Zinc Ionophores Block the Replication of These Viruses in Cell Culture”

    “The Role of Zinc in Antiviral Immunity”

    “Efficacy of Famotidine for COVID-19: A Systematic Review and Meta-analysis”

    “The role of vitamin D in the prevention of coronavirus disease 2019 infection and mortality”

    “Vitamin D supplementation to prevent acute respiratory tract infections: systematic review and meta-analysis of individual participant data”

    “The Role of Vitamin D in Suppressing Cytokine Storm in COVID-19 Patients and Associated Mortality”

    “Vitamin D Insufficiency is Prevalent in Severe COVID-19”

    “Vitamin D Supplementation Could Possibly Improve Clinical Outcomes of Patients Infected with Coronavirus-2019 (COVID-19)”

    “Vitamin D supplementation could prevent and treat influenza, coronavirus, and pneumonia infections”

    “Vitamin D deficiency in Ireland – implications for COVID-19. Results from the Irish Longitudinal Study on Ageing (TILDA)”

    “The invisible pandemic”

    Sim, a vitamina D, porque essencial para o bom desempenho do sistema imunitário em concentrações na gama 40 – 60 ng/ml (“for optimum immune system and cancer fighting”). Sim, o zinco, porque desempenha papel essencial na imunidade viral. Sim, a melatonina. Sim, a quercetina porque é um ionóforo do zinco. Sim, a famotidina, porque inibe mecanismos de infecção.

    Num próximo noticiário da 20 h, estou certo que o facto da ivermectina e da colchicina já terem merecido aprovação de alguns países europeus para tratamento da COVID-19 merecerá destaque. Podemos é esperar sentados por esse noticiário até, provavelmente, à eternidade.

    • Paulo Marques says:

      Ia dizer que não é barata, mas parece que passou a ser enquanto não olhava. Sim, faz bem, e uma das razões porque não se proibiu sair de casa. Mas milagres é ali ao lado.
      Se fosse a si, não ia ao médico, já estão todos chipados, e quando foram os farmacêuticos, sabe-se lá o que lhe dão. O melhor é voltar à gruta

      • Elvimonte says:

        Não é descabida a “hipótese do frio” no que se refere à mortalidade não-covid, antes pelo contrário. Existe uma relação causal ditada pela fisiologia – e não apenas correlação – entre condições de stress térmico (uma área de investigação científica) e mortalidade. Sempre que as temperaturas se desviam apreciavelmente de condições de conforto térmico, a mortalidade aumenta, quer se trate de temperaturas baixas, quer de temperaturas altas. Este facto, muito embora apareça mascarado no Inverno pela mortalidade causada por infecções respiratórias, é de todo evidente no Verão aquando da ocorrência de ondas de calor.

        Já no que diz respeito à mortalidade e à incidência da COVID-19, não me parece que a temperatura seja um factor determinante. Apesar de ter conhecimento de vários artigos científicos que mostram a existência dessa correlação, em nenhum deles encontro análise comparativa entre temperatura e irradiação solar. O único artigo científico de que tenho conhecimento onde se estuda a influência da irradiação solar, da temperatura e de outras variáveis meteorológicas é este:

        “Higher solar irradiance is associated with a lower incidence of COVID-19”
        (pdfs.semanticscholar.org/22d5/2f6dd0a34849278420b06ef136db7e9a8a38.pdf).

        Tal como o próprio título indica, de todas as variáveis meteorológicas estudadas, aquela que se destaca é a irradiação solar. O que vem ao encontro daquilo que se sabe, sem margem para dúvidas, sobre a existência de relação causal entre irradiação solar (a causa), temperatura, efeito virucida dos ultra-violetas e concentrações de vitamina D (os efeitos).

        Toda a evidência científica produzida antes e após a COVID-19 aponta para a influência determinante que a carência e a insuficência de vitamina D desempenham na frequência de infecções respiratórias, na positividade de testes ao SARS-Cov-2, na gravidade dos seus sintomas e nos desfechos fatais – artigos científicos às dezenas, basta fazer-se uma pesquisa (em inglês). Pelo facto de não haver divulgação generalizada sobre a importância da vitamina D, há quem afirme tratar-se de uma verdadeira conspiração de silêncio e mesmo de negligência, o que constitui crime.

        Para colocar em evidência a importância da vitamina D, socorro-me de ensaio clínico onde se testa o efeito terapêutico de um seu análogo, o calcifediol:

        “Effect of Calcifediol Treatment and best Available Therapy versus best Available Therapy on Intensive Care Unit Admission and Mortality Among Patients Hospitalized for COVID-19: A Pilot Randomized Clinical study”
        (sciencedirect.com/science/article/pii/S0960076020302764)

        Também o artigo científico
        “The seasonality of pandemic and non-pandemic influenzas: the roles of solar radiation and vitamin D”
        (sciencedirect.com/science/article/pii/S1201971210024975)

        estabelece uma relação clara entre irradiação solar, concentrações de vitamina D e sazonalidade da ocorrência de gripe.

        Sobre o efeito perverso das medidas não-farmacêuticas a evidência empírica já se encarregou da demonstração, não sendo necessário referir artigos científicos. Basta ir-se ao worldometers e comparar os gráficos de mortalidade da Suécia e de Belarus, sem confinamentos, sem máscaras e com escolas parcial ou totalmente abertas, com os de outros países. Qualquer cepo com apenas um olho e mais de dois neurónios funcionais chega facilmente a essa conclusão.

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