A Astrazeneca e o negócio da pandemia

Em 2020, os lucros da Astrazeneca registaram um aumento de 159%, face ao resultado do ano anterior, fixando-se nos 2592 milhões de euros. A farmacêutica atribui o resultado, em larga medida, aos avanços produzidos no desenvolvimento da vacina contra a covid-19 que, recorde-se, foi subsidiada pela União Europeia, que entregou, sem garantias de absolutamente nada, mais de 11 mil milhões de euros – só em apoios directos!!! – a um punhado de farmacêuticas que estão na corrida às vacinas.

Apesar dos subsídios estratosféricos que recebeu da União, e dos acordos subjacentes aos mesmos, a Astrazeneca tem estado em permanente incumprimento do contrato assinado com as autoridades europeias, havendo já registo de outros clientes que, de bolsos gordos, pagaram para passar à frente da fila. Sorte a deles, o facto de serem conservadores, não socialistas, permitiu-lhes passar incólumes ao spin da direita trauliteira e à ira da bastonária da Ordem dos Gajos com Palito na Boca que Batem na Mulher.

Que fique claro que nada me move contra o lucro das grandes, pequenas ou médias empresas. Acho muito bem que o obtenham, que distribuam dividendos a quem nelas investe e, claro, que sejam justamente tributadas, sem que tenham a possibilidade de fugir com o dinheiro para uma qualquer ilha de criminalidade económica. Como nada me move contra o capitalismo, desde que devidamente regulado pelo poder político, para que os abusos que desembocam em mais desigualdade, crises financeiras ou cartelização sejam contidos e severamente punidos. O que não posso aceitar é que os contribuintes europeus injectem milhares de milhões de euros no desenvolvimento desta vacina, ficando todo o risco do seu lado, ao passo que as farmacêuticas não só são desresponsabilizadas de qualquer falha ou “consequência imprevista”, como ainda obtém lucros tão estratosféricos, como os subsídios que receberam. Como não posso aceitar que o ritmo de produção das vacinas dependa mais da capitalização bolsista destas empresas do que das necessidades reais das pessoas reais. Se isto é ser extrema-esquerda ou esquerda radical, sim senhor, assumo de bom grado ser tudo isso. Com a ignorância e a manipulação patega posso eu bem. Com o assalto ao bolso dos contribuintes e com a lógica predatória do capitalismo sem lei, parasita e subsídio-dependente, é que já não lido tão bem. Quero, muito honestamente, que vá para a grande puta que o pariu.

Comments

  1. JgMenos says:

    «havendo já registo de outros clientes que, de bolsos gordos, pagaram para passar à frente da fila»
    Aqui faltam nomes.

    «entregou, sem garantias de absolutamente nada, mais de 11 mil milhões de euros – só em apoios directos!!!»
    Quer dizer que não a troco de vacinas?

    O aumento de lucros é lucro com vacinas, ou a pandemia trouxe outros negócios.

    O habitua rebéu-béu ao serviço de uma ideia.

    • Paulo Marques says:

      E os impostos também são em nome do lucro de contas no Panamá. Béu, béu, pardais ao ninho, queixa-se de quê, afinal?

  2. “nada me move contra o capitalismo, desde que devidamente regulado pelo poder político, para que os abusos que desembocam em mais desigualdade”

    Nada o move contra um capitalismo que não existe há mais de 25 anos (1/4 de século)…

    “Quero, muito honestamente, que vá para a grande puta que o pariu.”

    Por outras palavas “caguei e andei”…

  3. Elvimonte says:

    Quem não percebe o essencial, normalmente queixa-se do acessório.

    Continue pois, JM, nessa senda dos que informalmente já há muito foram vacinados, muito embora o ignorem, com magníficas peças de cerâmica típica das Caldas da Rainha.

    • POIS! says:

      Pois não creio mesmo!

      Que o JN esteja especialmente interessado em andar na senda de V. Exa.

      Feitios!

      • Elvimonte says:

        Graças ao financiamento, à investigação, à perspectiva de lucro garantido por contratos de compra nacionais e à competência das empresas farmacêuticas privadas, porque se prescindiu da fase de testes em animais foi desenvolvida em menos de 1 ano (em vez dos 3 ou 5 ou mais habituais em casos assim quando há testes preliminares em animais) a vacina contra o coronavirus, apesar de cerca de 50% da população não precisar dela.

        E quem é que ganhou? Dois exemplos.

        Quem comprou acções da Moderna, que num ano passaram de um mínimo de $17.91 para um máximo de $185.98 e cuja cotação actual ronda $158.

        Os animais que, depois de vacinados, deviam ter sido propositadamente infectados para avaliar de possíveis efeitos de agravação de doença fruto de vacinação. Efeitos esses que, de tão funestos se terem mostrado, em abono da verdade seja dito levaram ao cancelamento dos processos de investigação relativos às vacinas contra o SARS-COV-1 e o MERS, parentes próximos do SARS-COV-2.

        Talvez por isso seja possível ver vídeos de vacinações como estes (colocar https:// no início dos links):

        PM de Queensland: newtube.app/carmenjq17/Ipjztuv
        médico de El Paso: newtube.app/fake_pandemic/yiC2iME
        Kamala Harris: newtube.app/user/Fredyatelmstreet13/OuN1vSo
        Dr. Fauci: newtube.app/TonyHeller/TSFaWUd (vacina no braço esquerdo e queixa-se do direito?)

        Pois, ao que parece há para aí umas pessoas ilustres cuja vacinação foi encenada e, porventura, os chicos (e chicas) espertos que andam a vacinar-se à frente de outros talvez sejam apenas estúpidos. Como se prescindiu da fase de testes em animais, talvez os animais sejam eles, muito embora o ignorem. Até porque, há que notar, apenas o uso de emergência, ou condicional, das vacinas foi aprovado e não as vacinas – isto até pode parecer apenas um pormenor, mas de facto é o essencial.

        “The [Moderna, Pfizer] COVID-19 Vaccine has not been approved or licensed by the US Food and Drug Administration (FDA), but has been authorized for emergency use by FDA, under an Emergency Use Authorization (EUA) …”
        “The US-developed COVID-19 vaccine was rubber-stamped by the European Commission after getting conditional market approval from the EU’s medical watchdog. ”

        Dito de outra forma: trata-se de vacinas experimentais administradas a cobaias humanas.

        Para fundamentar afirmações anteriores, alguns artigos científicos onde se conclui que cerca de 50% das pessoas apresentam imunidade prévia/cruzada ao SARS-CoV-2:

        “Immunodominant T-cell epitopes from the SARS-CoV-2 spike antigen reveal robust pre-existing T-cell immunity in unexposed individuals”;
        “SARS-CoV-2-specific T cell immunity in cases of COVID-19 and SARS, and uninfected controls”;
        “Targets of T Cell Responses to SARS-CoV-2 Coronavirus in Humans with COVID-19 Disease and Unexposed Individuals”.

        E também alguns artigos científicos sobre resposta exacerbada do sistema imunitário/agravamento de doença após vacinação contra coronavírus:

        “Vaccination against SARS-CoV-2 and disease enhancement – knowns and unknowns”;
        “Immunization with SARS coronavirus vaccines leads to pulmonary immunopathology on challenge with the SARS virus”;
        “Informed consent disclosure to vaccine trial subjects of risk of COVID-19 vaccines worsening clinical disease”.

    • Paulo Marques says:

      Tarde demais, os médicos já foram todos chipados e vão recusar a atendê-lo fora do hospício. Esconda-se, que eles andem aí.

      • Elvimonte says:

        O que não se faz é omitir-se que o número de casos (testes RT-PCR e antígeno positivos) depende, entre outras variáveis, do número de testes realizados.
        O que não se faz é omitir-se que a positividade dos testes RT-PCR depende do número de ciclos de amplificação (Polymerase Chain Reaction) a que é sujeito o material genético colhido.
        O que não se faz é continuarmos sem saber qual o limite de ciclos de amplificação (cycle threshold, ct) usado em Portugal.
        O que não se faz é omitir-se que para um ct=35 (valor usual na Europa) a probabilidade dos positivos serem falsos ronda 97%.
        O que não se faz é omitir-se a baixa fiabilidade dos (alguns?) testes de antígeno (ao que parece os Kiwis testam positivo).
        O que não se faz é omitir-se que só a partir de 6/1/2021 é que se começaram a efectuar mais de 50 000 testes diários, tendo esse valor apenas sido ultrapassado antes nos dias 22 e 23 de Dezembro.

        Se se pretender aumentar o número diário de casos, apenas há que fazer mais testes. Outra forma de o fazer é aumentar o valor de ct. E vice-versa. É simples e consegue-se demonstrar tudo aquilo que se quiser: que foi o Natal o culpado (número de testes acima de 50 000 a partir de 6/1/2021) e que os confinamentos funcionam (máximo de testes a 22/1/2021 e subsequente diminuição).

        Data – Testes – casos
        19/1/2021 72 022 – 10 455
        20/1/2021 75 516 – 14 647
        21/1/2021 70 689 – 13 544
        22/1/2021 76 965 – 13 987
        23/1/2021 63 000 – 15 333
        24/1/2021 38 321 – 11 721
        25/1/2021 55 544 – 6 923
        26/1/2021 74 499 – 10 765
        27/1/2021 71 228 – 15 073
        28/1/2021 69 288 – 16 432
        29/1/2021 67 800 – 13 200
        30/1/2021 51 143 – 12 435
        31/1/2021 25 377 – 9 498
        1/2/2021 46 924 – 5 805
        2/2/2021 56 284 – 5 540
        3/2/2021 51 140 – 9 083
        (fonte: covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal/)

        • Paulo Marques says:

          Exacto, é o que eu digo, os médicos nos hospitais andam todos a mentir, é melhor ficar longe.

          • POIS! says:

            Pois tenha cuidado, Paulo.

            O Elvimonte é um tipo muito culto. Até fala estrangeiro, porque só em estrangeiro é que se sabem as verdades. Um exemplo evidente é o Bolsonaro.

          • Elvimonte says:

            Nota prévia: as vacinas foram uma das descobertas mais importantes da Humanidade em termos de saúde pública e, em abstracto, nada me move contra elas.

            Como contexto, de um lado temos as manadas de votos, a quem os políticos, à cautela, devem convencer do pior cenário possível – para depois ficarem com os louros ou dizerem que fizeram tudo o que estava ao seu alcance – o jornalismo da desgraça, da faca e do alguidar, porque é isso que vende, as baratas tontas do alarmismo, a estupidez saloia, os especialistas balofos e a ignorância generalizada. Do outro temos as “pandemic bonds” do Banco Mundial (é só pesquisar), a omissão dos efeitos nefastos – com grande probabilidade fatais – da carência de vitamina D, a omissão do papel do zinco na imunidade viral, a supressão, censura e diabolização da hidroxicloroquina, um dos ionóforos mais conhecidos do zinco, os interesses do complexo farmacêutico, que vão desde os antivirais até ao negócio superlativo das vacinas, os interesses dos que pretendem comprar os activos dos arruinados ao preço da uva mijona, os interesses difusos dos que apostam no endividamento dos países e a corrupção endémica e transversal às sociedades actuais. Um cocktail apocalíptico de fim de civilização.

            Chegados aqui, seria proveitoso consultar-se o site c19study.com, uma base de dados com artigos científicos sobre hidroxicloroquina, ivermectina, vitamina D, zinco, tratamentos de anti-corpos e o anti-viral remdesivir. Proveitosa seria também a leitura do protocolo de tratamento MATH+ (é só pesquisar), oriundo da East Verginia Medical School.

            Portanto, temos evidência científica sobre profilaxia e terapêutica, constituindo aquilo que refiro apenas alguns exemplos. Ao contrário da crença popular, a doença pode ser prevenida e terá cura em mais de 99,7% dos casos. E quem inculcou, difundiu e fomentou essa crença popular?

            Chegados aqui, convém ler, porque estão lá todas as respostas, o artigo do Der Spiegel “Reconstruction of a Mass Hysteria – The Swine Flu Panic of 2009”
            (spiegel.de/international/world/reconstruction-of-a-mass-hysteria-the-swine-flu-panic-of-2009-a-682613.html)

            Temos também evidência científica e empírica de que, segundo o recente artigo “Infection fatality rate of COVID-19 inferred from seroprevalence data”, publicado no Bulletin of the World Health Organization:

            «Across 51 locations, the median COVID-19 infection fatality rate was 0.27% (corrected 0.23%) (…). In people <70 years, infection fatality rates ranged from 0.00% to 0.31% with crude and corrected medians of 0.05%.»

            Eu diria que só não temos evidência científica dos interesses que nos estão a empurrar para o negócio superlativo das vacinas. Se bem que haja alguns indícios, como por exemplo este, vindo do RU:

            «Revealed: Sir Patrick Vallance has £600,000 shareholding in firm contracted to develop vaccines
            Government denies claims of potential conflict of interest, maintaining he is not involved in commercial decisions on coronavirus vaccines.»
            (telegraph.co.uk/news/2020/09/23/revealed-sir-patrick-vallance-has-600000-shareholding-firm-contracted/)

            Ora é precisamente do RU que nos chega este sinal de alarme, sob a forma do aviso Supplies – 506291-2020 -TED:

            «The MHRA urgently seeks an Artificial Intelligence (AI) software tool to process the expected high volume of Covid-19 vaccine Adverse Drug Reaction (ADRs) (…).
            (…)
            Events unforeseeable — the Covid-19 crisis is novel and developments in the search of a Covid-19 vaccine have not followed any predictable pattern so far.»

            (lted.europa.eu/udl?uri=TED%3ANOTICE%3A506291-2020%3ATEXT%3AEN%3AHTML)

          • Paulo Marques says:

            Para convencer as pessoas do pior cenário possível não é preciso tanta imaginação, basta ver quanta gente acredita na necessidade de empobrecer porque ainda acha o dinheiro é escasso, e o grupo não desprezável que acha que é melhor ser ainda mais escasso e ser novamente baseado em ouro.
            Se a europa aceita empobrecer durante 2/3 décadas, com e sem FMI, em nome da livre circulação para a qual não tem dinheiro, não é preciso inventar mais mentiras.
            E similar para os EUA.

      • Elvimonte says:

        Como se isto não bastasse, também o artigo científico “Correlation Between 3790 Quantitative Polymerase Chain Reaction–Positives Samples and Positive Cell Cultures, Including 1941 Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 Isolates”, citado no ACÓRDÃO N.º 1783/20.7T8PDL.L1-3 do Tribunal da Relação de Lisboa, datado de 11 de Novembro de 2020, afirma claramente (na tradução constante nesse acórdão):

        «“A um limiar de ciclos (ct) de 25, cerca de 70% das amostras mantém-se positivas na cultura celular (i.e. estavam infectadas); num ct de 30, 20% das amostras mantinham-se positivas; num ct de 35, 3% das amostras mantinham-se positivas; e num ct acima de 35, nenhuma amostra se mantinha positiva (infecciosa) na cultura celular (ver diagrama).

        Isto significa que se uma pessoa tem um teste PCR positivo a um limiar de ciclos de 35 ou superior (como acontece na maioria dos laboratórios do EUA e da Europa), as probabilidades de uma pessoa estar infectada é menor do que 3%. A probabilidade de a pessoa receber um falso positivo é de 97% ou superior”.»

        Este conhecimento não é propriamente novo, como o Prof. Michael Mina e página do site do CEBM da Universidade de Oxford bem têm explicado desde há meses, bem assim como o artigo do NYT “Your Coronavirus Test Is Positive. Maybe It Shouldn’t Be.” Nesse artigo, de 29/8/2020, já se escrevia que, relativamente a um ct de 40, valor usual nos EUA:

        «With a cutoff of 35 [cycles], about 43 percent of those tests would no longer qualify as positive. About 63 percent would no longer be judged positive if the cycles were limited to 30.»

  4. Filipe Bastos says:

    Já cá não estaremos, mas gosto de pensar que futuras gerações vão olhar para estes tempos como hoje olhamos para a Idade Média. E na verdade, esta não foi há muito tempo.

    Na escala humana é que parece muito tempo. Por isso sentimo-nos avançados, evoluídos, distantes. Há certa tendência para vermos o nosso tempo como o fim da História; como só sabemos o passado falta-nos perspectiva.

    O futuro acabará por situar-nos à devida distância: um mero passo seguinte, como foi a Rev. Industrial, ainda dominado pela ganância irracional, egoísmo e barbárie. A haver futuro, claro.

  5. Luís Lavoura says:

    foi subsidiada pela União Europeia, que entregou, sem garantias de absolutamente nada, mais de 11 mil milhões de euros

    De onde retirou este número e este “sem garantias”? Que eu saiba, o contrato que a UE fez com a AstraZeneca é secreto, e nunca ouvi nada sobre os valores pagos ou a pagar pela UE às diferentes farmacêuticas com quem contratou.

    • Paulo Marques says:

      Os números andam por aí, e a falta de garantias… bem, onde estão elas, se existem?

  6. Júlio Rolo Santos says:

    Apoios monetários sem garantia de retorno é o que dá. Há por aí muito comerciante que está a receber apoios estatais para manter os postos de trabalho e quando a mama lhes acabar vão falir e voltar a abrir atirando os empregados para o desemprego. Afinal de contas, andam todos ao mesmo.

    • Paulo Marques says:

      Não é necessariamente mama, fora os retalhistas que até ganham mais, não há alternativa. Pelo contrário, é tão pouco e tão condicionado que é practicamente inútil e deitar dinheiro fora.

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