Estreia a Aventar

[Renato Teixeira]

Em tempos, quando saí do 5Dias, cheguei a conspirar com o João José Cardoso para rumar ao Aventar. Hoje já não temos entre nós o saudoso JJC mas essa conspiração ganhou forma pelo convite do Fernando Moreira de Sá. A blogosfera mudou muito nos últimos anos e eu não serei excepção a esse fenómeno. Dos acesos debates sobre este mundo e o outro, onde o tempo era mais importante que a gramática, agora o que se mantém vivo parece ser à conta mais da análise do que pelo relato do quotidiano. Mais pela investigação e denúncia, do que pelo pulsar de estados de alma. Não sei, agora que dou início a esta participação, o que mais me motivará, cá estaremos, eu e vocês, para o descobrir. Para quem nunca se tenha cruzado comigo cabe-me fazer a devida apresentação e declaração de interesses. Sou jornalista de formação e trabalho como consultor de comunicação, actualmente ao serviço do Sindicato dos Estivadores. Como jornalista trabalhei sobretudo temas relacionados com a política nacional e internacional e como consultor de comunicação passei de forma fugaz pela NextPower, do universo da LPM, e de forma mais prolongada pela CV&A. Politicamente comecei o meu envolvimento no movimento estudantil e no movimento antiglobalização e estive nos primeiros anos do Bloco de Esquerda, projecto que abandonei quando a maioria do partido deixou de colocar o PS no arco da governação para o passar a ter em conta para uma alternativa política. O Zé que fazia falta ao PS na CML, foi mesmo o balão de ensaio da geringonça. Depois de sair do partido dediquei-me sobretudo ao movimento social e sindical, bem como à causa palestiniana. Sou um refugiado de Coimbra em Lisboa, antigo da República Prá-kys-tão, apreciador de futebol e de gastronomia e serei sempre antifascista antes de tudo o resto. Obrigado ao colectivo pela abertura das portas deste espaço, onde espero poder contribuir para a bonita história de longevidade e diversidade que o Aventar representa.

Não podia dar inicio à minha participação no Aventar sem a devida homenagem a João José Cardoso, com quem partilhei a experiência militante, o amor pela escrita e a paixão pela Briosa.

Comments

  1. Ana Moreno says:

    Bem-vindo, Renato!

  2. Filipe Bastos says:

    O sindicato dos estivadores tem um ‘consultor de comunicação’? Para comunicar o quê? A quem?

    Nunca vi um sindicato como uma marca de ténis ou de pasta de dentes; via-o como outra coisa. Talvez os estivadores sejam um caso à parte. Em poder e em egoísmo são-no certamente.

    • Renato Teixeira says:

      Curiosamente pergunta-se menos porque razão os patrões investem o que investem em comunicação, nomeadamente tendo como missão quebrar a espinha a sindicatos. Mas claro, quem quer ser forte com os fracos e fraco com os fortes é assim que pensa.

    • Filipe Bastos says:

      Asseguro que não encontrará ninguém com mais vontade de quebrar a espinha a mamões – patrões ou outros – do que eu.

      Questiono qualquer investimento em ‘comunicação’, seja de quem for, e para mim ‘consultor’ é um biscateiro pomposo e sobrepago. Não deve ser fácil darmo-nos bem.

      Os estivadores são um exemplo de classe egoísta e alienada do resto do país: desde que estejam bem, o resto até pode arder. Demasiadas classes são assim; por isso temos a sociedade, o país e o mundo que temos. Tudo a olhar para o umbigo.

      Dito isto, não leve a mal o meu tom: seja bem-vindo e tal.

      • Renato Teixeira says:

        Não podia estar mais equivocado e mal informado, quer sobre a importância da assessoria de imprensa numa sociedade dominada pela comunicação, quer sobre o sector portuário, ímpar pela sua solidariedade. Mas lá está, cada doido sua mania, eu por exemplo acho mais disparatado trolar caixas de comentários do que não gosto de ler ou de quem não tenho respeito. Coisas de quem não tem tempo nem vagar para ler tudo o que gosta. Obrigado de qualquer maneira pelo coiso e tal.

    • Paulo Marques says:

      Qualquer um que proteste para parte da classe é chuleco. Fica a dúvida, o Filipe passa incólume porquê?

      • Filipe Bastos says:

        Repare que não chamei chulecos aos estivadores; não acho que o sejam. Acredito que trabalhem e que mereçam ser bem pagos. A questão é que muitos outros o merecem e não o são. Os estivadores têm privilégios.

        Esses privilégios assentam no controlo da oferta e no poder negocial, pois quando param tudo pára. Se prejudicassem apenas mamões tudo bem, mas as suas chantagens prejudicam muita gente sem culpa alguma.

        Os estivadores lembram os pilotos e outras classes que gostam de fazer de conta que não vivem num país pobre. Só eles importam; os outros que se amanhem.

        Eu não passo incólume; porque passaria? Nem eu nem ninguém. Muito menos ‘consultores de comunicação’.

        • Renato Teixeira says:

          Uma vez mais continua bem a ilustrar a mentalidade que mantém muitos com piores condições que outros. Ao invés de aprenderem com as formas de luta, a solidariedade entre pares e entre sectores, o combate à precariedade que garante os salários baixos, aponta para quem não esteja tão mal ao invés de apontar para os patrões. Não é inovador, muito menos para comentadores de escárnio.

        • Paulo Marques says:

          Bem pagos, heh.
          Mas parar é o único poder negocial de quem cria valor, não há outro. E enquanto os trabalhadores não apoiarem os outros, os que podem com mais facilidade, e esperarem o inverso caído do céu, aí ganha o cada um por si tão bem executado por Coelho. Porque qual é a alternativa, não fazer nada porque há quem esteja pior, que até viola a lei pelo patrão para comer mais um bocadinho? Que alternativa é essa?

  3. Francisco Miguel Valada says:

    Bem-vindo, Renato!

  4. António de Almeida says:

    Bem-vindo ao Aventar, Renato.

  5. J. Mário Teixeira says:

    Bem-vindo, Renato.
    Mais um Teixeira nunca é demais

    • Renato Teixeira says:

      Obrigado! Vamos por certo irritar quem se irrita duas vezes.

  6. José Meireles Graça says:

    Com João José Cardoso cheguei a trocar umas acrimónias, a que se seguiu passado um tempo uma correspondência amistosa. Era um tipo muitíssimo tolerante, característica improvável para quem tinha as convicções políticas que tinha. E de si e do 5Dias lembro-me bem – eu era, como comentador, um dos fascistas residentes. E como já passaram muitos anos talvez me possa dizer quem diabo era a morgada de V., cujos textos apreciava. Aqui há tempos, e porque essa curiosidade nunca me largou, um amigo facebookiano investigou, disse-me que ficou informado quem era mas não estava autorizado a revelar. De modo que provavelmente ficarei sem saber mais uma vez o nome dela (ou dele). Mas não pago nada por tentar.

    • Renato Teixeira says:

      Não deve ser bem fascista ou então o João José Cardoso trocou-lhe as voltas e fez de si prato. Quem é Morgada de V.? Acha mesmo que iria dar-lhe a chave de tamanho segredo? Pode não saber que não é fascista, acontece amiúde quase a meio milhão de eleitores, agora convém não achar que os demais não têm para si mais elevados padrões de conduta daqueles que está convencido que tem.

      • José Meireles Graça says:

        Mas quais padrões de conduta? Apenas admito que passado todo este tempo a própria (ou o próprio) já não se interesse em proteger um segredo que, se fazia sentido na altura, agora provavelmente deixou de fazer. Está igualzinho, Renato: agressividade despropositada, processos de intenção, ausência de sentido de humor (que não lhe vou explicar em que, no caso, consiste), raciocínios fajutos. Vá dar uma volta à Quinta da Atalaia, os ares acalmam os nervos.

        • Renato Teixeira says:

          Haja alguma coisa a manter a consistência. Assim, nem eu nem o Graça perdemos muito tempo um com o outro.

  7. João Mendes says:

    Sê bem vindo, Renato! Muitas postas e mais lutas ainda!

  8. Paulo Marques says:

    Mais um comuna? Como anda este país, sempre no século passado!
    Brinco. Seja bem vindo.

    • Renato Teixeira says:

      Uma autêntica República Popular e Socialista, oh, oh. 🙂 Obrigado!

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