O machismo politicamente institucionalizado no PSD

Nestes 102 candidatos, três (repito: três) são mulheres.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Olá, Ana Moreno
    Não, não há machismo institucionalizado no PSD, pelo menos, mais do que em qualquer outro partido do sistema. Talvez a excepção possa vir do BE, onde me parece haver mais equidade.
    Há sim um deserto de ideias para atravessar neste PSD actual, sendo que muitas mulheres preferem evitá-lo. Um vazio total naquilo que se deve propor em termos autárquicos aos municipes das várias regiões, nomeadamente em tempos de pandemia, e no qual as mulheres por norma, mais preocupadas com causas mais nobres e justas, não estão dispostas a pactuar, porque o valor acrescentado no final é fraco, para não dizer mesmo, nulo.
    Este PSD está mortinho por ascender ao poder, não para resolver qualquer problema coletivo que nos atormente, e são vários, desde as questões ambientais e climáticas, a valorização e requalificação dos elevadores sociais como a educação e a saúde, o rendimento dos trabalhadores, em especial os precários, etc, etc…
    Este PSD quer ir apenas ao pote. Quer é negócios de regime. Sempre com a mesma ladainha. Não saem deste registo desde os tempos de Passos Coelho, ainda que pretendam disfarçar o contrário.
    Por exemplo:
    Sabemos que as escolas vão desconfiar em breve. Vão ser necessários testes a professores, funcionários e alunos.
    A primeira coisa que lhes ocorreu dizer e implorar, foi reclamarem testes gratuitos para o ensino privado.
    Ainda que possa ser justa a solicitação, a pergunta que se coloca é esta:
    – Há alguma comparação plausível entre o risco de contágio dos alunos do Colégio São João de Brito, Colégio Moderno, Colégio do Rosário, Ribadouro, Cedros, etc, etc, e os alunos das escolas públicas, nomeadamente os das periferias de Lisboa, Porto, Setúbal, Braga, Coimbra, etc, etc.
    Claro que não. O risco de contágio na escola pública é incomensuravelmente maior.
    Tenho um filho que a partir do 10° ano de escolaridade estudou na escola pública por opção nossa e dele. Até aí estudou num colégio privado religioso. Levava-o e trazia-o todos os dias de carro. Ia buscá-lo, mesmo já no ensino público, logo no final das aulas, para frequentar as aulas de karaté. Só começou a andar de transportes públicos já no 12° Ano do liceu.
    Tirou a carta de condução aos 18 anos. Na universidade teve direito a carro, ainda que emprestado pela mãe.
    Qual era o risco de contágio?
    Médio baixo. Pelo menos bastante inferior ao dos colegas que vinham da periferia, horas e horas nos transportes públicos. Que ficavam na escola o dia todo à espera que a mãe ou o pai os fossem buscar. Que comiam na cantina escolar aos molhos, enquanto o meu se baldava.
    Num partido político sem decoro, será sempre difícil haver mulheres dispostas a carregar essa bandeira. Só mesmo se estiverem desempregadas, e só por isso, serem levadas pela necessidade de encontrar um emprego qualificado.

    • Rui Naldinho says:

      … desconfiar em breve…

      • Ana Moreno says:

        Viva Rui, essa é outra abordagem, concordo quanto à avaliação, mas mantenho “o machismo institucionalizado no PSD”. E noutros partidos e círculos também, é claro.
        A política é o lamaçal que é, mas deixá-la a quem se sente bem nele, leva à perpetuação da situação. Claro que não é fácil aguentar andar no meio deles. Mas pelo que a autora do artigo relata, o problema não é a falta de interessadas, é mesmo a miopia machista e a conversa do mérito.

        • POIS! says:

          Ao mesmo tempo, vi esta semana uma notícia curiosa. A deputada do PSD Lina Lopes foi encarregada de procurar mulheres para as listas. Motivo? A Lei da Paridade, que obriga a 40% de mulheres!

          Para o topo há poucas, no PSD. Mas vão ser necessárias imensas para fazer as listas. E não só! A paridade obrigará que não haja uma única junta de freguesia que não integre uma mulher (ou um homem, também não pode ser constituída por três mulheres, falando das juntas mais pequenas).

          Todos os partidos, sem exceção, vão ter problemas. Mas haverá uns mais atingidos que outros, não tenho dúvidas. Uma das minhas esperanças é que a pretensão do Venturoso Enviado de Deus de apresentar listas em todos os concelhos se torne, também por essa via, uma miragem…

          A notícia, com um link para outra do “Público”, está aqui:

          https://zap.aeiou.pt/em-resposta-a-rio-deputada-do-psd-vai-enviar-lista-de-mulher-385845

          • Ana Moreno says:

            Bela lei, grata pela lembrança, caro Pois!

          • POIS! says:

            OI que eu receio é que a lei seja “demasiado bela” e, por tal, se torne um tanto inexequível. E que proporcione motivos para se justificarem recuos.

            Note-se que a anterior versão da lei já impunha um mínimo de 33% de candidatos de cada sexo nas eleições plurinominais. E que em cada três candidatos na sequência de uma lista um teria de ser de um dos sexos.

            Esta veio impor uma quota mínima mais alta (40%). Em termos de listas grandes (de 20 ou 30 candidatos) a diferença é mínima. Quando o número de candidatos é baixo, impõe uma rigidez bastante estrita.

            Por exemplo: nas freguesias mais pequenas as assembleias de freguesia são compostas por 7 ou 9 membros. Isso implica, nas primeiras, que todos as listas sejam compostas por 4 homens e 3 mulheres, ou 3 mulheres e 4 homens. Não há outra hipótese. E nas de 9 por 5/4 ou 4/5.

            As juntas de freguesia mais pequenas são compostas por três pessoas. Aí a lei torna-se mesmo impossível, a menos que se corte algum elemento ao meio (cada membro representa 33,3%…). Todas, mas todas, a juntas nestas condições terão de ser compostas por duas pessoas de um sexo e uma do outro. E a mesa da assembleia de freguesia também. Se só duas mulheres, ou homens, acabarem por ser eleitos/as para uma dada assembleia de freguesia terão obrigatoriamente de preencher as quotas na junta e mesa da assembleia…

            Na versão anterior da lei, uma lista que não cumprisse a paridade mantinha-se válida mas não podia receber subvenções, entre outras sanções. Agora é simplesmente rejeitada, caso não seja corrigida em tempo útil.

            Tal facto já aconteceu nas anteriores eleições legislativas. Em Portalegre as listas só têm dois efetivos e dois suplentes. Obrigatoriamente têm de ser dois homens e duas mulheres…

            Também existiam algumas exceções para freguesias e concelhos mais pequenos, que acabaram. E aí haverá muitas dificuldades para apresentar listas. Corre-se o risco de se multiplicarem as listas únicas. Ou mesmo de ficarem eleições “em branco”…

            Na semana passada estive com uma pessoa amiga que está a tentar promover a uma lista (apresentada por um partido político) na freguesia de que é natural, e que tem uns 500 eleitores. Todos queriam que a cabeça de lista fosse uma dada mulher, mas esta recusou. Disse estar disposta a ser a segunda, mas não quer ir para a junta de freguesia caso a lista ganhe. O que levanta um sério problema pois, no limite, seriam obrigados a ir “pescar” uma mulher á lista adversária. Se esta quisesse, obviamente…

            No interior, com populações bastante envelhecidas, vai ser difícil arranjar gente para compor listas, quanto mais cumprir-se a paridade nestes estritos moldes!

            O Venturoso Enviado de Deus disse que o seu, tomado no sentido do direito de propriedade, “partido” irá apresentar listas em todos os 308 concelhos. Acho que ainda não tinha visto a lei quando o disse. Aliás, acho que nunca algum partido se apresentou em todos os concelhos do país e ilhas. talvez o PS ou o PSD, mas nem sempre. O PCP, há uns anos, como APU, tentou fazer isso e nem com militantes de Almada a concorrer a câmaras na Madeira, ou portuenses candidatos em Trás-Os-Montes o conseguiu.

            Foi por isso que os sinos tocaram já a rebate no PSD. Toca a arranjar mulheres, nem que venham “pelos cabelos” (estou a lembrar-me de um cartoon do Luís Afonso). Mas a dificuldade vai estender-se a todos. Em caso de dificuldade, sempre há uma militante a mais de Leiria que esteja disposta a compor uma lista da Guarda. Não sei é se “havia necessidade”…

    • Paulo Marques says:

      O vazio não é exclusivo do PSD, muito pelo contrário.

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