Portugal com Israel? Em nosso nome, não!

A Federação Portuguesa de Futebol não está à altura do país que representa. Nem tão pouco, quero acreditar, dos seus jogadores e adeptos. O meu país é outro. É o país que encheu o Martim Moniz contra a radicalização do colonialismo israelita, o seu apartheid e o genocídio do povo palestiniano. É o país que acolheu sempre com muito carinho as Flotilhas da Liberdade contra o bloqueio criminoso que Israel impõe à Faixa de Gaza desde 2008. É o país onde a maioria dos judeus não aceitam ser exportados para ir colonizar uma terra que não lhes pertence. É o país que reivindica uma cultura mediterrânea onde as culturas se partilham e não se combatem, onde as várias heranças se combinam sem síndromes caducas de superioridade. É o país que reconhece a legitimidade do Estado da Palestina. A Israel sobra apenas o poder do dinheiro e meia dúzia de trolls invertebrados que o defendem a troco de subvenções. Caso o jogo se mantenha que ao menos haja alguém a lembrar a parte de Portugal que nos orgulha e a envergonhar a parte de Portugal de que não nos faz falta nenhuma.

Bruno Fernandes joga com Paul Pogba, Bernardo Silva, João Cancelo e Rúben Dias com Riyad Mahrez, Diogo Jota com Sadio Mane e Mohamed Salah, e todos eles viram os seus colegas de equipa tomar posições corajosas contra a radicalização do colonialismo israelita e o genocídio do povo palestiniano. Nenhum foi castigado pelas instâncias desportivas, sempre prontas a calar a dimensão humana dos jogadores. No actual contexto, por mais que as embaixadas pagassem, era inimaginável que a França, a Argélia, o Senegal ou o Egipto trocassem por shekels a dignidade dos seus jogadores e dos seus adeptos. O mesmo se passa em seleções cujos países estão mais próximos do sionismo. Entre as Federações de Futebol dos EUA, do Canadá, da Holanda ou da Alemanha, só para citar algumas, ninguém vendeu o que a Federação Portuguesa de Futebol mercadejou. Se a unanimidade relativamente a Israel acabou em todo o mundo, em Portugal parece que ainda está para durar e o silêncio ensurdecedor de toda a sociedade, naturalmente, é algo que nos deve envergonhar. A indignação seria por certo bem audível se o jogo fosse com a Bielorrússia, ou com a Venezuela, ou com Cuba, mesmo que sejam países que não se dedicam ao genocídio de nenhum povo e que não têm o registo criminal, que Israel tem, a matar crianças enquanto estas jogam à bola na praia, como aconteceu faz agora sete anos, na praia de Gaza. Não se imagina também que em pleno apartheid sul-africano ou reich nazi, seleções de Estados com padrões democráticos fossem a jogo com as respectivas equipa nacionais, precisamente porque tal nunca seria visto, e bem, como um simples jogo de futebol, mas como um acto de diplomacia, um indulto colaboracionista.
A selecção de futebol é suposto ser um factor de agregação, de celebração colectiva, não uma ferramenta para colocar ao serviço da política externa de Estados confessionais, que ainda no mais recente massacre tiraram a vida a 70 crianças palestinianas. A selecção nacional deve pautar a sua acção pelos valores da inclusão, contra o racismo e em defesa do desportivismo, pelo que se devia recusar a jogar com um Estado segregacionista, profundamente racista mesmo entre os seus cidadãos, e que dificulta, sistematicamente, a possibilidade da selecção da Palestina fazer o seu caminho no mundo do futebol. A selecção de futebol vendeu-se não para fazer um jogo de futebol, mas para colaborar na lavagem de mãos de um Estado cuja história é um interminável cadastro de crimes contra a humanidade.
Daqui a poucas horas, se o coro de silêncio se confirmar e por muito que isso me custe, não vão contar com o meu apoio. Lembro-me de acompanhar a selecção desde o Mundial de sub-20, em Riade, ainda pequeno, cuja vitória celebrei com euforia com o meu pai. Lembro os vários apuramentos falhados até à geração de ouro virar o sentido do vento, em casa deste ou daquele amigo, em encontros que acompanhamos com a televisão sem som e o rádio bem alto para nos sentirmos no estádio e lembro, claro, o golo do Éder, o Drogba do Calhabé, no Stade de France, a vingar num só chuto décadas de roubos de igreja da quadrilha de Platini. Tirando o Campeonato Europeu realizado em Portugal, onde Scolari e os investimentos públicos em estádios faraónicos também me revolveram as entranhas, celebrei cada golo, cada vitória. Foi assim com quase todos nós, mas agora devíamos fazer chegar a mensagem aos responsáveis da Federação, com Fernando Gomes, Fernando Santos e Cristiano Ronaldo à cabeça por serem o presidente, o treinador e o capitão de equipa, que não podem fazer tudo em nosso nome. Desta vez não serão a nossa selecção, serão parte da propaganda de uma máquina de guerra infame, que não tinham o direito de normalizar a troco de dinheiro nenhum, em nome de todos os adeptos.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    A podridão da FPF não devia ser surpresa nesta altura.

  2. JgMenos says:

    Monta uma barraca no Martin Moniz e não chateies com os teus fumos de Hamas e jhiadismo.
    Se não te deres bem no Martim Moniz, experimenta Damasco, ou Bagdad.

    • João L Maio says:

      Ó sô Menos Saudosista, por acaso há “barracas” no Martim Moniz. E bem boas! Tem de lá ir encher o bandulho, também. Pode ser que um bom prato de multi-culturalidade abafe um pouco esse bafo racista. De qualquer maneira, lave sempre os dentes no fim.

    • Paulo Marques says:

      Mas daquelas com ar condicionado?

  3. Tamos bem ! says:

    Já não se chama Martim Moniz!
    Agora é Martim Monhé.

  4. Elvimonte says:

    Mais um post para grande orgulho do nazi J. Goebbels, esse grande mestre da propaganda de quem o R. Teixeira é discípulo inconfesso, mesmo sem o saber.

    Síntese do post: blá, blá, blá, meias verdades e algumas mentiras, blá, blá, insultos avulsos, blá, blá, enviesamento ideológico e afirmações não fundamentadas, mais blá, blá, blá, tudo embalado num chorilho de inconsistências para consumo de ignorantes e mentecaptos, sob o alto patrocínio do financiamento iraniano e da pretensa ajuda humanitária recentemente retomada pela actual administração dos EUA, que pagam os rockets e, eventualmente, posts como este.

    Tese do post, fazendo uso de uma parábola: no futebol a bola, na sua totalidade, não é importante porque os jogadores apenas tocam em parte dela, quer de cabeça, quer com os pés, ficando assim demonstrado que se pode jogar futebol com apenas 1/4 da bola.

    PS – Resposta a este comentário por parte das “peças de mobiliário” do Aventar em 3, 2, 1, 0 …

    • Carlos Almeida says:

      ” sob o alto patrocínio do financiamento iraniano ”

      Os nazis do século XXI é que assassinam crianças na Palestina e agora é o financiamento iraniano

      Mas olha que a opinião publica está a mudar

      Deves ser sionista,

      • Elvimonte says:

        Camarada Carlos “cassete” Almeida, não o conheço de lado nenhum. Vá tratar por tu a tribo de camaradas da sua igualha.

        O Hamas usa escudos humanos, onde se incluem crianças, pois claro, para defender as bases de lançamento de rockets, entre outras coisas, ao passo que Israel tenta defender as suas crianças, sendo esta uma das grandes diferenças entre os dois.

        Vejo que vive numa realidade virtual onde o armamento brota do chão e não custa dinheiro. Tire as palas.

        Mas outra coisa não é de esperar de “peça de mobiliário” sempre com a cassete pronta a debitar alarvidades.

        • Carlos Almeida says:

          Peço desculpa se o ofendi, Rabino Elvimonte, mas tudo o que eu escrevi é verdade muito para alem das suas cassetes decalcadas da propaganda sionista.

          Boa tarde Sr Rabino

        • Paulo Marques says:

          Do chão? Mas acha que ninguém nota que o modelo não é caseiro?

    • Paulo Marques says:

      Blah, blah, blah, sim, as 100 crianças pertenciam ao Hamas e isso justifica roubar casas, destruir infra-estruturas e negar eleições para sequer se saber do que são apoiantes.

      • JgMenos says:

        Fala-me da Síria, fiteiro!

        • Paulo Marques says:

          E criticar o resultado brilhante do homem da Goldman? Ó, pá…
          Mas, enfim, isso justifica alguma coisa que não justifique o ataque a um alvo económico e de espionagem em Nova Iorque?

      • Elvimonte says:

        Camarada Paulo “cassete” Marques, o Hamas usa escudos humanos, onde se incluem crianças, pois claro, para defender as bases de lançamento de rockets, entre outras coisas, ao passo que Israel tenta defender as suas crianças, sendo esta uma das grandes diferenças entre os dois.

        Acho curioso que os alegados números de vítimas sejam sempre múltiplos de 10. Porque será?

        Vejo que vive numa realidade virtual onde as alegadas 100 crianças – lá está o número redondo – “pertenciam ao Hamas”. Mas “pertenciam ao Hamas” em que sentido? No sentido de serem usadas como escudos humanos, uma táctica habitual usada por terroristas lá para aquelas paragens? Faça um favor a si próprio: tire as palas.

        Reconheço, no entanto, que outra coisa não é de esperar de “peça de mobiliário” sempre com a cassete pronta a debitar alarvidades.

        • Paulo Marques says:

          É redondo porque não me lembro do número, ó lavador. São todos escudos humanos, até os que estão na rua, e, claro, os prédios são todos do hamas porque os palestinianos são todos do hamas, senão votavam-nos para fora mesmo que se assassine a oposição e deixe de haver eleições.

  5. Filipe Bastos says:

    “A Federação Portuguesa de Futebol não está à altura do país que representa. Nem tão pouco, quero acreditar, dos seus jogadores e adeptos. O meu país é outro.”

    Bem sei que para a maioria não adianta, mas for the record:

    A FPF, a selecção, os jogadores, esta trampa toda representa só uma coisa: a carneirada que ainda liga à máfia da bola.

    Qualquer cidadão não-carneiro está-se nas tintas para com quem jogam ou deixam de jogar. Fazer disto uma questão política, embora frequente e infelizmente o seja, é um disparate.

    O que se devia discutir era como controlar este pseudo-desporto mafioso e taxar a 99.9% os seus broncos mamões. O resto é inútil.

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