Existe uma faixa etária, dos 30 aos 45 anos, que anda pujante e frenética não só nas redes sociais, como, também, nas caixas de comentários um pouco por todo o lado, a defender tempos de outrora que nunca viveram.
Partilham e invocam frases de Salazar, textos de Marcelo Caetano, enaltecem a PIDE. Defendem, acerrimamente, o bom que seria se houvesse alguém a mandar nisto e que pusesse tudo na ordem. Sendo comum manifestarem-se com ódio – que os motiva -, desde o vocabulário até às soluções que preconizam.
Acontece que o ódio tem sempre uma razão para existir. Não nasce por capricho. E é um mercado altamente lucrativo. Porque arrecada seguidores que sofrem de um dos mais graves efeitos do ódio: a cegueira. O que permite o fim que se pretende: a manipulação.
É a cegueira que leva a partilhar tudo nas redes sociais, sem qualquer filtro crítico. Porque se certa frase satisfaz o ódio, não importa se é verdadeira ou falsa. Nem sequer o que ela realmente significa e qual o perigo que representa, até para o próprio.
Donde vem isto?
Das distorções de oportunidades e de méritos na sociedade. Da cultura da cunha e do frete que vem dos tempos da Monarquia. Dos “carreirismos” partidários, das influências, e das dificuldades criadas para suscitar facilidades compradas, e que representam muito do lodaçal em que se têm afundado as diversas instituições da República.
Em cada adjudicação directa de escolha tribal; em cada obra faraónica rotulada de “desígnio nacional” e que endivida o país; em cada mega-processo inconsequente; em cada crime prescrito; em cada salário indigno contemporâneo com fortunas ganhas de forma ilícita e impune. Em cada qualquer uma destas traições, ou outras, está o descrédito da nossa Democracia.
A origem do ódio que leva à existência dos saudosistas do tempo que não viveram – fervorosos defensores do autoritarismo e do líder providencial -, não está nos mercadores de ódio que prometem o paraíso à custa da liberdade. Mas, sim, de quem traiu, e trai, a promessa de liberdade – económica, social, cultural, civil, etc. – em tempos de Democracia e se diz democrata.
J. Mário Teixeira, pertenço ao final dessa faixa etária. Não defendo ditaduras, defendo o oposto: democracia directa. Mas a motivação não é assim tão diferente. O ódio também não.
V. listou várias razões, todas verdadeiras. Acrescento: a impotência. Nada podemos fazer ou decidir; cada voto é um mero cheque em branco. Tudo é decidido sem nós. Assistimos serenos ao triunfo dos porcos. Resta-nos comer e calar. E pagar os calotes.
Dirá que não, que em ‘democracia’ tudo é possível. É mentira. O sistema está viciado. Os partidos estão podres. Votar é tão inútil que só uma minoria ainda vota. Os votos brancos/nulos são ignorados. A abstenção também; ocupam os tachos na mesma.
Nenhum novo partido, nenhum grupo de cidadãos consegue votos e poder bastante para mudar isto. Até casos de sucesso como o BE ou o Chega só podem ser muletas do Centrão.
Daí o ódio. A impotência gera ódio. Já não se quer corrigir; quer-se partir esta merda toda. Caçar os pulhas. Acabar com a impunidade. Também discordo dos que querem novo paizinho, novo Salazar; mas muita gente já está por tudo. É assim o ódio.
Monarquia, Republica, Parlamentarismo, Autoritarismo, Abrilada…
Todo o regime depende da qualidade ética e da competência dos seus agentes.
Onde hoje se pugna por valores éticos?
Onde hoje se exige demonstração de competência?
Isso define o regime: um puteiro.
Ora pois!
Tanta oportunidade, tanto trabalhinho para V. Exa e ainda se queixa?
Francamente!
Se a primeira parte é óbvia, a segunda também; só em democracia se não se quiser levar uma bala nas fuças.
Quando à terceira, deixando o provincianismo de lado, vemos que mediano é o mesmo que medíocre.
Tu deves de ser um saudosista da miséria e dos gulags da 1 república.
Um pouco disso, um pouco do que diz o Filipe, um pouco de ser fácil as pessoas agarrem-se ao que têm independentemente do que custar aos outros.
Esses saudosistas que eu considero bostas, deviam ter passado como eu quatro anos nas fileiras entre de janeiro de 67 e o final de 70, OBRIGADO! Para saberem o que foi bom!