Abdul Ghani Baradar, o terrorista que Donald Trump normalizou

Abdul Ghani Baradar, actual vice-Emir do Emirado Islâmico do Afeganistão, foi um dos fundadores dos Taliban. Às suas ordens, milhares foram presos, torturados e mortos. Baradar matou, impôs o totalitarismo religioso, oprimiu mulheres e crianças, semeou o terror.

Em 2010, Baradar foi detido na cidade paquistanesa de Karachi. Foi libertado oito anos mais tarde, devido à influência decisiva da administração Trump. O que me leva a afirmar que os EUA estiveram envolvidos na libertação do líder terrorista são as palavras do enviado especial de Washington, Zalmay Khalilzad, que o reiterou. E quem sou eu para duvidar das palavras do enviado de Trump que Biden manteve no cargo.

Uma vez libertado, Baradar foi transferido para Doha, no Qatar, sede da missão diplomática permanente dos Taliban, onde os terroristas negociaram a retirada das tropas da NATO com os EUA. Baradar foi imediatamente nomeado líder da delegação. O acordo firmado entre os EUA e os Taliban tem a sua assinatura.

De simples terrorista, temido e odiado pelo Ocidente, em particular pelos estadunidenses, Baradar chegou ao topo do poder no Afeganistão. E nada disto teria sido possível sem que a sua libertação, a pedido expresso de Donald Trump, tivesse acontecido. E se dúvidas restassem sobre quem normalizou e legitimou os Taliban enquanto interlocutores nas negociações, o encontro de 2020 com o Secretário de Estado Mike Pompeo dissipa-as todas. Biden já tinha ganho as eleições, é certo, mas o mundo ainda estava a assistir ao The Rudy & Donald “this election is a fraud” Show, a transição de poder estava longe de concluída, e ainda haveríamos de assistir à invasão do Capitólio, semanas depois.

Joe Biden não está isento de culpas neste processo, e carregará a sua cruz até ao final do mandato. Podia ter revertido a saída das tropas, se quisesse, mas tinha pelo menos a obrigação de a fazer de forma a garantir que os afegãos e o seu exército estariam devidamente apoiados para resistir aos avanços dos Taliban. Tem culpas no cartório, e não são poucas. Agora esta lengalenga da extrema-direita, incluindo dos fachos cá do rectângulo, que garante que com Trump nada disto teria acontecido, é, em bom inglês americanizado, a butt load of crap. Porque foi Trump quem garantiu a libertação de Baradar, foi Trump quem legitimou os Taliban como interlocutores e foi Trump quem afirmou, num comício recente, que mesmo que Biden quisesse, não poderia reverter o processo. Mas hey, qual é a admiração? O gajo trocava cartas de amor com o Kim Jong-un, protagonizou um belo momento de ass-licking em directo a Vladimir Putin e incitou uma turba de neofascistas a invadir o Capitólio. Estávamos à espera de quê? Afinal de contas, não é assim tanto, o que separa os neofascistas, de lá e de cá, dos fundamentalistas religiosos. Ou não andassem os fundamentalistas religiosos de cá a reboque dos partidos neofascistas.

Comments

  1. Fernando Manuel Dias de Lemos Rodrigues says:

    A culpa é do Passos Coelho…

    • POIS! says:

      Ora pois!

      Assim é que é! Há que apurar responsabilidades!

      Proponho uma comissão de inquérito. Pode ser presidida pelo Durão Barroso, com o Blair como secretário e o Aznar como tesoureiro.

    • Paulo Marques says:

      Não, ainda andava ocupado a evitar pagar a segurança social.

  2. A foto das mulheres com os livros sagrados vale mais que mais de 1000 palavras, diz tudo sem dizer uma palavra

  3. POIS! says:

    Como já comentei noutro lado…

    O Baradar foi libertado porque agora os Taliban estão muito bonzinhos, evoluíram imenso.

    Refletiram muito nestes 20 anos (especialmente o Baradar, nos 8 em que esteve preso) e estão muito melhores. Até já admitem que as burcas subam até ao joelho, vejam lá!

    Se não fossem bonzinhos os americanos não tinham negociado com eles. Veja-se o caso do Maduro: continua mauzinho e nada de conversas!

    • POIS! says:

      E também há os cubanos! Com esses, é que nada de confiança!

      Copázios de Rum, tudo ao léu nas praias, danças indecorosas, gajas que chegam a doutoras…

      Porrada nos manifestantes, um campo de concentração em Guantánamo… Que mauzinhos, meu deus! Nada, mas nada, de conversas, enquanto não aprenderem a ser tão tolerantes como os Taliban!

  4. Paulo Marques says:

    E qual seria o líder preferível, Haqqani? E os Taliban vão aceitar só porque sim?
    Ou era só uma questão de continuar a fazer de conta que se controlava o país, e não cidades, indefinidamente? Ou é para fazer de conta que se iam arranjar umas centenas de milhares de carne para IEDs e à 5º tentativa é que se dominava a coisa, enquanto se continuava a alimentar um governo corrupto sem legitimidade com um exército de papel? Quando os próprios eleitores estão fartos daquilo?
    Quando concordas com Blair, devias rever o que pensas, porque ninguém te vai dar milhões para dizer que nada deve mudar.

  5. JgMenos says:

    Colar a besta do Tump ao pensamento de Direita é o sonho húmido da cambada esquerdalha.
    Já todo o fdp que preenche o enorme cartaz de líderes de esquerda, é branqueado dos melhores sentimentos humanistas, porque sempre ‘lá no fundo’ tinha as melhores intenções.
    Falta de vergonha!

    • POIS! says:

      Pois tá bem, e…

      Descolar a besta do Tump do pensamento de Direita é o sonho húmido da cambada direitalha.

      Já todo o fdp que preenche o enorme cartaz de líderes de direita, é branqueado dos melhores sentimentos humanistas, porque sempre ‘lá no fundo’ tinha as melhores intenções.

      Falta de vergonha, pelo Menos!

      • João Mendes says:

        Só mesmo o chalupa do Menos para descolar o Trump da direita. Chegará o dia em que alguém dirá que a besta laranja é comunista.

    • Paulo Marques says:

      Dizer que têm pensamento é o sonho molhado da direitola, mas, adiante; tens que avisar os teus camaradas para tarem calados que és tu que decides. A começar no partido Republicano, esse antro comunista.

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