A nova inclusão é a negação; um desabafo linguístico

Aprendam de uma vez e desculpem o desabafo:

“Todes”, “alunes” ou “brasileires” não é linguagem inclusiva e/ou neutra. É a desvirtuação de uma ciência que se chama linguística. Querem incluir? Crie-se políticas públicas de inclusão que realmente façam a diferença na vida de pessoas todos os dias violentadas, ignoradas e abandonadas. A linguagem não é neutra, não queiram fazer dela aquilo que ela nunca poderá ser.

Estudaram linguística? Não? Então deixem-se de merdas e falem correctamente. Fala-se cada vez pior em Portugal, cada vez há menos ligação entre o cidadão e a sua língua. Não queiram agora “impor”, a quem já pouco sabe da sua língua uma outra linguagem, anti-científica, dissimulada e irracional. Quem não estudou medicina também não está capacitado para administrar receitas médicas.

Esta questão da linguagem neutra é muito simples: não se assume o género de ninguém à partida. Se surgir na conversa, fale-se sobre isso, com espírito aberto, tolerância e empatia, como deve ser em todo e qualquer caso que envolva pessoas. Quem se identificar como A ou B, no que ao género diz respeito, há-de afirmar-se como tal. E nós, como boa gente que somos, respeitamos, apoiamos e defendemos.

Menos wokice.
Mais políticas públicas de inclusão.

É pedir muito?

Comments

  1. J. M. Freitas says:

    “não se assume o género de ninguém à partida” !!??
    Já agora podia explicar melhor o que isto quer dizer. E com o é a linguagem neutra?

    • João L Maio says:

      JM Freitas,

      Respondendo à sua primeira questão: não tenho por hábito assumir as identificações de género de cada um. Isto é, não sou eu quem define, à priori, se X pessoa se identifica como rapaz/rapariga/não-binário, o que seja. Como? Não me dirijo à pessoa em antecipação como tal. Pergunto, antes, o nome; a partir do nome e do desenrolar da conversa, há-de haver um ponto de clarificação, porque, por norma, tendemos a mostrar quem somos/o que somos. Ainda assim se, por lapso, eu o fizer (e é possível, porque sou falível), hei-de ser corrigido pela pessoa e, aí, ficará tudo esclarecido.

      Quanto à linguagem “neutra”, defende que as palavras com género não as devam ter e que sejam substituídas por “palavras” neutras, sem género. Vejamos os exemplos que apontei, como “todes” (em vez de todos, o plural de todos+todas; ou em vez de se dizer, simplesmente todos/as ou todas/os), “médique” (em vez de médicos, plural de médicos+médicas; ou de médicos/as) ou de “brasileires” (a mesma norma que aponto no supracitado). Ora, isto levanta várias questões. Uma delas é a que há palavras que não têm género. Por exemplo, o plural professores (professores+professoras) é masculino e não tem “a”; ou seja, segundo a lógica, já seria uma palavra “inclusiva”. O mesmo se passa com portugueses (portugueses+portuguesas).

      No entanto, como eu nem leigo sou (sou mesmo ignorante na matéria), recomendo que procure sobre o assunto e decida, por só, a sua opinião sobre o assunto. Deixo um link: https://www.europarl.europa.eu/cmsdata/187108/GNL_Guidelines_PT-original.pdf

  2. J. M. Freitas says:

    Ao ler a sua resposta lembrei-me da anedota da centopeia. Perguntaram-lhe como conseguia coordenar as cem patas. Ela até aí fazia isso de podo automático, quando lhe perguntaram pensou no assunto e nunca mais consegui andar.
    Eu, se levasse a sua resposta sério nunca mais conseguiria falar.
    E felizes os chineses cuja língua não tem género nem número.
    E as línguas que têm 3 géneros (alemão, russo, etc.) como se safarão?

  3. JgMenos says:

    Portugueses,
    não sigam o exemplo dos cretinos da política que resolveram que se não disserem ‘portugueses e portuguesas’ fica alguém de fora.

    • POIS! says:

      Pois, mas…

      Para não ficar ninguém de fora talvez fosse melhor a expressão “portugueses, portuguesas e JgMenos”.

  4. franci says:

    Só falta por lixivia e desinfectante na língua portuguesa para ficar muito limpinha, muito limpinha, sem mácula. Mas eu vou continuar a falá-la á moda antiga. Prá puta que es pariu.

  5. Filipe Bastos says:

    É natural a confusão do J.M. Freitas e outros: ao contrário do João Maio, não passam a vida entre pronomes e ‘micro-agressões’, quem chama o quê a quem e a que casa-de-banho se vai.

    O post do Maio até é sensato, mas é claramente dirigido a outro público, quiçá compinchas das andanças LGBTQIXVYW+!*, pela naturalidade com que fala de algo de tão abstruso.

    E o mais abstruso é esta solução “simples”: não assumir o género de ninguém à partida. Talvez seja simples para um extraterrestre; para 99% dos terráqueos não o é.

    Não sendo parvo, o Maio sabe disto. Logo, está outra vez a pensar nos compinchas do Bairro Alto, ou o equivalente lá na Vila do Conde, malta ‘fluída’ que experimenta tudo e detesta rótulos. Tudo bem, mas, como ele também sabe, tanta wokice enjoa.

    • J. M. Freitas says:

      “não passam a vida entre pronomes e ‘micro-agressões’, quem chama o quê a quem e a que casa-de-banho se vai.” Verdade. Nunca na vida falei com ninguém a quem não conseguisse atribuir um sexo. E atribuía, e atribuo, sem problemas. Se me enganasse diria: desculpe lá.
      Nunca me enganei na casa de banho. Se me enganasse diria: desculpe lá. Nada de dramático nem particularmente interessante.
      E não costumo deturpar palavras para satisfazer caprichos. Gosto de ler e escutar bom português. Se calhar porque sou fraco a escrever.
      Continuarei assim até ser decretado que é crime.

      • João L Maio says:

        JM Freitas,

        Sexo e género são conceitos diferentes. De resto, de acordo. O que atesta o facto de não ter percebido o meu texto e as respostas que lhe dei.

        Filipe Bastos,

        cuidado com a teorização sobre a intenção de terceiros, pode ser perigoso. Agradeço a sua preocupação, ainda assim.

    • POIS! says:

      Bastos, woke!

      Mas Maio, por esta vez, não cancelado! Por enquanto! Mas fica sob rigorosa observação!

      Tivesse ele defendido as “mamalhudes decotades, tipe flausines debochades” e estava o caldo entornado.

      E se a resposta fosse dirigida ao Bastes, então seria o cúmulo!

  6. POIS! says:

    “todes”, “alunes”, “brasileires”?

    O quê?? O Eanes voltou à ribalta?

    • Pimba! says:

      No caso deve ser o Chiclas, TBC Jorge Jesus.

    • João L Maio says:

      Conhece as Caxinas?

      Também falam assim lá… só que é regionalismo, não é inclusão. Se calhar, se falarmos assim, estaremos a ser inclusivos com os Caxineiros!

      Mas é curioso: se for um Caxineiro a falar assim, chamam-lhe “regionalismo parolo”; se for um defensor deste tipo de linguagem, já é inclusivo. Vá-se lá entender.

      • POIS! says:

        Conheço as beiras. Por lá acontece o mesmo.

        Até havia aquela do menino de Alcains a descrever a constituição do aparelho digestivo:

        “boque, faringe, esofague, estomague, intestine delgade, intestine grosse…e anes”.

  7. Calma pessoal. Nada deste conversê tem a ver com inclusões nem exclusões coisíssima nenhuma. O problema reside sim no facto de alguns iluminados (quem os terá iluminado???) terem a veleidade absurda de se armarem em donos da língua, fingindo que criam o linguajar que lhe apetece para mascarar frustrações cretinas à volta de sexo ou da sua ausência.
    Claro que me pode apetecer chamar mesa a uma cadeira, mas se o fizer, deixo de ser compreendido pelos outros falantes. Isso significa que uma língua tem por base um acordo tácito convencionado sobre os significados e os significantes que os falantes podem usar para se fazerem entender. Se quebrarem essa convenção, a mensagem deixa de fazer qq sentido para o receptor, tornando-se inútil. E é nessa que esses caramelos estão. Mais lamentável é ainda quem lhes dá espaço.

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