João Rendeiro e Cavaco Silva: uma pequena história com pouco interesse

João Rendeiro, o gangster financeiro do BPP que soma acusações e condenações, fugiu do país. Era expectável. Um criminoso condenado, a quem era permitido viajar sem limitações, foi dar um passeio a Inglaterra mas acabou por se escapulir para um país sem acordo de extradição com Portugal. Era interessante saber que juiz permitiu que viajasse para fora do país, com uma condenação que já transitou em julgado. Se fosse o juiz Ivo Rosa já se sabia, mas este deve ser dos bons e só se enganou desta vez. O gajo era capa das Exames da vida, em princípio era bom rapaz. Deve ter sido isso.
Importa clarificar que João Rendeiro, ao qual a imprensa habitualmente se refere como “banqueiro”, e só como “banqueiro”, é alguém que, noutra vida, circulou nos corredores do poder. Em 2006, João Rendeiro foi um dos principais financiadores da primeira campanha presidencial de Cavaco Silva, atribuindo aos político dos políticos o donativo máximo permitido por lei (22.482€), a par de personalidades tão distintas como Ricardo Salgado ou Oliveira e Costa. A fina flor da banca portuguesa, que sempre encheu as contas bancárias das campanhas de Cavaco.

Uma vez eleito, imaginem lá vocês, Cavaco Silva impulsionou e abençoou a criação da associação Empresários Pela Inclusão Social (não está aqui em causa o valor da associação), e Rendeiro foi o escolhido para a liderar. Coincidências que aguçam a curiosidade, mas, tratando-se de Cavaco, e não de um Sócrates ou de um Isaltino qualquer, em princípio é só mesmo uma coincidência. Cavaco é sempre incorruptível, seja em permutas na Herdade da Coelha, seja na venda das acções da SLN à SLN dirigida por Oliveira e Costa, seja nas mil e uma ligações que tem à tralha do defunto BES e de outros talibans da banca portuguesa.
João Rendeiro humilhou o Estado português. Condenado, mas não notificado, foi de férias e não voltou. O caso do banqueiro Rendeiro é o expoente máximo de uma justiça célere com os fracos e patética com os fortes. Anos de recursos e manobras dilatórias, só ao alcance das maiores fortunas, e com as quais o comum dos mortais só pode sonhar, tendem a terminar em absolvição ou simpáticas penas suspensas. Quando não termina, teremos sempre um paraíso fiscal, mas só se tivermos dinheiro para o pagar. Quem tem amigos não morre na prisão. E os amigos banqueiros de Cavaco safam-se todos.
Todos.

Comments

  1. Alexandre Barreira says:

    ….pois….pois……..a memória é curta….e o Sócrates tem as…..costas largas……!!!!

  2. Tone says:

    Abrilada porfiada em conquistar para sempre o último lugar da Europa!

    • POIS! says:

      Pois é!

      Porque muito Tonezinho conserva a uma certa nostalgia do lugar onde o Oliveira da Cerejeira nos deixou e fazem tudo para lá voltarmos.

  3. JgMenos says:

    Um exercício de má-língua.
    Que reconfortante, para a cambada!

  4. Pedro Luiz de Castro says:

    Gostei do “… gangster financeiro…”

  5. Tal & Qual says:

    Não se esqueçam que têm de nascer 2 vezes para serem tão “onestos” como o montanheiro de Boliqueime…

  6. Filipe Bastos says:

    Muita gente tem um bom vinho ou champanhe guardado para o dia em que será anunciada a morte da Múmia Cavaca.

    Não é positivo desejar ou festejar uma morte, mas compreendo-os. Que PM de péssima memória. Que PR avacalhado. Que labrego pesporrente e insuportável. Que mamador sem vergonha na cara. E que carneirada conseguiu venerar tal estrupício.

    Mas esse tempo já lá vai. A Múmia era o regime… até o PS tomar conta disto tudo. O pântano guterrista criou o polvo, o 44 e o Costa expandiram-no. O regime é o PS. A máfia xuxa suplantou a laranja. Quem duvidar pergunte ao Mamão Salgado.

    • Paulo Marques says:

      É, pessoas como António Ramalho, Cláudia Azevedo ou Alexandre Fonseca até tremem face ao poder Costista.

      • Filipe Bastos says:

        Não tremem porque o têm no bolso. Os grandes mamões mandam neste e em todos os governos. Mais uma vez basta perguntar ao Salgado, ao Bava, ao Mexia…

        Mas desde que não incomode os mamões nacionais e internacionais, a máfia xuxa tem muito por onde mandar, chular e trafulhar. Além dos subornos ‘gerem’ o saque fiscal, as esmolas europeias, o governo, as autarquias, as ruinosas PPP, as TAPs da vida, as privatizações, mil e um tachos públicos, todas as obras e adjudicações.

        • Paulo Marques says:

          Eu pago a quem devia perguntar, mas preocuparam-se mais com fotografias e narrativas de cordel, sem dúvida manietados por um Costa financiado por George Soros a preparar-se para nos injectar com 5G.
          Eu gosto que o dono varia consoante o momento; vai-se a ver, e o primeiro-ministro e o maior accionista de todas as sociedades anónimas é uma e a mesma pessoa. Mas há mais! Controla também a UE para que todos as facturas obrigatórias sejam assentes, apesar de serem todas para do mesmo restaurante na Bairrada.
          A maneira como depois debita mais uma lista de propaganda liberal é só patético.

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