Quando o cavaquismo censurou Herman José

O ano era 1996, o primeiro-ministro António Guterres e a Igreja Católica ainda não tinha vergonha de demonstrar publicamente o seu enorme poder e influência. No olho do furacão estava o sketch “A última ceia”, integrado no programa Herman ZAP, alvo de tentativa de censura pelas forças alinhadas à direita. Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD e da oposição, juntou-se ao coro de críticas da restante direita e da Igreja Católica, num esforço conjunto de cancelar o pai de todos os humoristas, mas a direcção da RTP, na altura liderada por Joaquim Furtado e Joaquim Vieira, não cedeu e deixou o episódio ir para o ar.

Desfecho diferente teve um episódio idêntico, em 1988, quando um sketch de outro programa de Herman José, Humor de Perdição, foi censurado em directo. O primeiro-ministro de então chamava-se Cavaco Silva e o controle da RTP tinha sido por ele entregue a Coelho Ribeiro, um operacional fascista da máquina da censura do Estado Novo, que o cavaquismo reciclou e colocou em posição de poder, onde teve a oportunidade de regressar à actividade censória, que, pelo menos nest caso, executou com distinção.

Cavaco Silva, que colocou um alto quadro da ditadura salazarista a controlar a RTP, não tem autoridade nem moral para falar em ataques à liberdade de expressão ou à democracia, na medida em que foi directamente responsável por alguns episódios de censura e de algumas tentativas de amordaçar a democracia. Já tem é idade para ter juízo, deixar de ser hipócrita e não fazer estas figuras.

Comments

  1. Alexandre Barreira says:

    ….por favor….não liguem ao “Sr. Silva”…ele tem saudades é de….subir aos coqueiros…..!!!!

    • POIS! says:

      Pois, por mim, pode subir à vontade.

      Descer é que não!

    • jovem sexagenario says:

      o que ele quer é abaixar o caqueiro pra apanhar bananas.

  2. British says:

    Em português, por favor, British assimilado

  3. Tal & Qual says:

    Quanto mais falarem do PIDE mais ele gosta !!!

  4. O Alex tem toda a razão. Deixem a cãzoada grunhir as patacoadas que quiserem e dêm-nos ao maior e merecido desprezo.

  5. estevesayres says:

    Uma vez mais a comunicação-social, ajoelha-se perante uma figura sinistra com tiques fascista! Cavaco um dos responsáveis do governo de traição-nacional de Passos e Portas/Cristas, Sabemos que muitos veneram essa figura e também o Salazar e Marcelo (não este o padrinho)!!!

  6. E possivelmente continuaram a querer lixar o Herma… aquela tentativa de incluí-lo no processo Casa Pia foi uma verdadeira palhaçada. Acusaram-no mas esqueceram-se de verificar que nas datas dos supostos crimes o Herman estava no Brasil, a incompetência esperada.

    • João Mendes says:

      E não é o único alegado envolvido que tresanda a booby trap.

      • Filipe Bastos says:

        Sem dúvida, Mendes: veja-se o Ferro e o Paulo Peidoso, por exemplo. Ninguém no mundo diria que andaram metidos nisso. Basta olhar para eles.

        • POIS! says:

          È o Bastos e o Super-Homem! O Olhar de Raio-X é simplesmente infalível!

          Espera aí! O Bastos, Super-Homem? Huumm….

          Bem, resta uma consolação: em caso de aperto há sempre um lugar à disposição no aeroporto. Nem tudo é mau!

        • Paulo Marques says:

          É, como os sans-couloutes, o Filipe é guilhotina com todos.

  7. Filipe Bastos says:

    Ah, os bons tempos do Herman: embora já ganancioso, pelo menos desafiava parte do status quo. E tinha piada.

    É habitual dizer-se que os artistas se ‘vendem’ quando abdicam de princípios ou se submetem à mediocridade fácil do mercado. O Herman vendeu-se tanto que nada sobrou dele.

    E nem se vendeu ao mercado; o que fazia já agradava e vendia bem. Vendeu-se ao status quo, ao ‘sistema’, aos mamões a que queria pertencer e que acabou por pertencer. Será um mini-mamão, se comparado aos outros, mas lá tem os seus milhões.

    Foi deprimente vê-lo a perder piada, a papaguear tretas escritas por outros, a repetir rábulas de 3ª categoria, a branquear pulhíticos e Lilis Caneças. Não é preciso censurá-lo. Ele trata disso.

    • Paulo Marques says:

      Ou isso, ou eram as Produções Fictícias que tinham piada, e não o actor.

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