André Ventura, o candidato a Miguel de Vasconcellos de Abascal

Em 2020, a propaganda do neofranquista Vox apresentava um mapa de Espanha no qual Portugal surgia anexado, como se o 1 de Dezembro de 1640 não tivesse acontecido. Por altura do sucedido, André Ventura fez um dos seus números de contorcionismo e exigiu um pedido de desculpas ao partido do aliado Abascal, pedido esse que nunca aconteceu. E logo aqui vemos o patamar de nacionalismo em que se encontra o Chega: o da chalaça.

Seria de esperar, da má velha extrema-direita, que, perante ausência do vigorosamente exigido pedido de desculpas, se seguisse uma acção mais musculada, ou mesmo um corte de relações institucionais. Por muito menos – a data de um congresso – cortou com o CDS. Mas nada aconteceu, perante este insulto a ocidental praia lusitana. Aliás, tivemos até André Ventura a lamber as botas de Abascal, na passada semana, e a gritar “Viva España” num comício da extrema-direita espanhola. Querem ver que o projecto mal parido de Francisco Franco já ofereceu a Ventura uma pasta ministerial no hipotético governo da Ibéria?

Entretanto, o Vox voltou esta semana a cuspir na nação portuguesa e a apresentá-la, em novo mapa, como um anexo de Espanha. E de Ventura nem um tweet furioso, como é seu hábito por tudo e por nada. Nem piou. Meteu a viola ao saco e bateu a bola baixa. E aqui se vê a determinação e o nacionalismo do líder da extrema-direita. O amor à pátria termina onde começam as suas alianças políticas. Um hipócrita, portanto. Nada de novo.

Comments

  1. Filipe Bastos says:

    Quanto à hipocrisia do chuleco Ventura, de acordo.

    Note, no entanto, que embora hipócrita é coerente com uma velha tradição: o fanático, ou neste caso o falso fanático, tende sempre a identificar-se mais com outros fanáticos, ainda que as causas destes pareçam colidir com a sua.

    É o mesmo que leva um cristão a aceitar melhor um muçulmano do que um ateu. Ainda que o muçulmano queira conquistá-lo ou matá-lo, é movido pela sua fé. Ambos respeitam mais essa lógica absurda do que a ausência de fé do ateu.

    Da mesma forma, o (pseudo)nacionalista tuga tende a aceitar o seu congénere espanhol, mesmo que este assuma Portugal como seu. Hitler tinha mais respeito por Estaline do que pelos pífios líderes europeus que lhe cederam. Etc.

    Quanto a ser anexado por Espanha, já fui mais contra. Desde que mantenhamos a língua e alguns pratos, se calhar nem era mal visto. Pelo menos na classe pulhítica não perdíamos nada.

    • POIS! says:

      Ah! Ah! Ah!

      Farto-me de rir com o Sr. Bastos!

      Acha que, em Espanha, a corrupção, grande e pequena, é menor que a de cá?

      Ahhhh! Ahhhh! Ai que o Bastos é tão cómico!

      • Filipe Bastos says:

        A corrupção será em geral parecida. O que eu disse – está acima, é só ler – é que na classe pulhítica não perdíamos nada. Ou seja, trocando a nossa não ficávamos pior.

        Mas se o fiz rir ainda bem. Assim rimos todos.

      • “Acha que, em Espanha, a corrupção, grande e pequena, é menor que a de cá?”
        O que é que acha?
        Dê-nos a sua opinião, não tenha receio.

        • POIS! says:

          Pois acho..,

          Que a questão de V. Exa. demonstra uma estupidez crescente a tomar conta do que resta do seu estafado cérebro.

          Foi muita marrada junta. Tinha de haver danos.

          PS. (Post Scriptum, nada de confusões…) Acho que o Aventar não tem ainda nenhuma rúbrica de “comentários pedidos”. E o “Quando o Telefone Toca” já acabou há tempo. Tenha paciência!

    • Tuga says:

      Filipe Bostas

      “Quanto a ser anexado por Espanha, já fui mais contra. Desde que mantenhamos a língua e alguns pratos, se calhar nem era mal visto. Pelo menos na classe pulhítica não perdíamos nada.”

      Nada que eu estranhe vindo de quem vem

      Lê este artigo do france 24 e depois torna a escrever/vomitar

      https://f24.my/849T

    • Paulo Marques says:

      Entretanto, no século XXI, e não só, morte ao infiel é a palavra do dia.
      Também não deixa de ser curioso que quer um governo ainda mais católico e mais violento. O Guardian não deve falar nisso, presumo.

  2. Pimba! says:

    Se a Espanha declarar a III República, não me importaria nada ter uma Federação Ibérica!

  3. estevesayres says:

    Esta goste (…)”Aliás, tivemos até André Ventura a lamber as botas de Abascal, na passada semana”! Nem tenho coragem para dizer mais nada…

  4. estevesayres says:

    Esta gostei (…)”Aliás, tivemos até André Ventura a lamber as botas de Abascal, na passada semana”! Nem tenho coragem para dizer mais nada…

  5. Filipe Bastos says:

    Por falar em hipocrisia:

    “Foi chumbada pela Assembleia da República a proposta do Chega para uma comissão de inquérito à actuação do Min. Administração Interna no acidente que envolveu a viatura oficial de Eduardo Cabrita, e que resultou na morte de um trabalhador de 43 anos.

    A proposta foi chumbada pelo PS, PSD, BE, PCP, PAN, PEV e Joacine Katar Moreira. CDS e IL votaram a favor.”

    A comissão seria inútil? O Ventura só procura exposição merdiática? Com certeza, mas veja-se a cumplicidade do bordel paralamentar. O que as pessoas vêem nestes arranjinhos não é um voto contra o Chega: é a favor da impunidade da classe pulhítica.

    Esta trampa tem de rebentar. Depois chamem-lhe ‘populismo’.

    • Paulo Marques says:

      Se o objectivo é estragar a estratégia do santo MP, seja lá qual for, é uma excelente ideia. Mas é incoerente com a beatificação do mesmo face aos malvados juízes, por isso lá saem os incoerentes de serviço a mostrar mais uma vez que o importante é a propaganda. E a carneirada que tanto se queixa dos deputados afinal já querem que sejam eles a acusação.
      É bonita a salada.

    • Filipe Bastos says:

      Se o objectivo é estragar a estratégia do santo MP…

      O objectivo é acabar com a nojenta impunidade que permite a este porco atropelar uma pessoa, matá-la e ficar-se a rir.

      É gritar ao PS e ao FDP do Costa que podem mandar nisto tudo, mas ainda há alguns limites. E que este é um deles.

      É fazer ver ao Ministério, ao MP, à PGR e toda a javardeira a que chamam ‘instituições’ que é absolutamente inaceitável o porco continuar como se nada tivesse acontecido; muito menos nem ser público a que velocidade ia o porco.

      É mostrar a outros pulhíticos, do Partido Sucateiro e não só, que não podem fazer tudo, incluindo atropelar pessoas em ‘serviço oficial’ em que só eles acreditam.

      Que não podem andar a 200 enquanto quem lhes paga os tachos, carros e motoristas só pode andar a 120.

      Que podem controlar a Justiça, as leis, o MP, etc., mas em algum ponto a coisa quebra. E o focinho deles também.

      Aqui entre nós, nem sei como a família e amigos do atropelado nada fizeram ao Cabrita. E quem o branqueia, activamente ou por omissão, merecia que lhe acontecesse o mesmo.

      • Paulo Marques says:

        Acabar com a impunidade… com uma comissão parlamentar… que não tem poder de condenar ninguém, nem sequer exonerar, mas pode estragar a investigação criminal?
        Certo, certo.
        Agora porque é que Costa acha que é boa ideia mantê-lo ilude-me, o preço só não é mais caro pelas circunstâncias, mas isso há-de mudar.

        • Filipe Bastos says:

          Qual investigação criminal, alminha? V. será mesmo tão otário? Ou engole a trampa do PS há tanto tempo que já nem estranha o gosto?

          A comissão paralamentar, que daria zero como todas, pelo menos recordou o tema. O PS quer abafá-lo. Que já fizeram o BE ou o PCP para impedi-lo? Que fizeram para acabar com a impunidade do porco?

          Como é possível que o porco e o FDP do Costa andem descansados pela rua? Se o morto fosse seu pai, seu irmão, seu filho, que diria v. agora?

          • Paulo Marques says:

            Diria o que digo, é uma vergonha, como é uma vergonha ainda ser ministro no mínimo pela acumulação de trapalhadas, mas a investigação é responsabilidade do mesmo MP que prefere novelas de cordel a quem quer atribuir todos os problemas do regime. Só os Filipes é que se surpreendem.

  6. luis barreiro says:

    A escumalha estalinista percebeu e/ou conhece a bandeira que está á esquerda’ no cimo da foto?

    • POIS! says:

      Pois fica demonstrado! Conhece!

      E a prova é que a V. Exa. nada escapa, ou não fosse um sério candidato a Grão-Escumalho. O estalinismo instala-se onde menos se espera, Não há barreiro que lhe resista.

    • Paulo Marques says:

      E o Barreiro sabe em que período foi usada a da direita? E, claro, o texto é o texto.

Trackbacks

  1. […] falar em anexações, quem volta e meia brinca com o tema é o partido neofranquista Vox. Ainda há dias voltaram a fazer um daqueles mapas, inspirados no período cujo o fim celebramos hoje, onde Portugal surgia como um território sob […]

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