Vende-se coerência a um cêntimo

Na passada quinta-feira, dia 7, António Costa garantia na Assembleia que “era uma política correta não reduzir os impostos sobre os combustíveis”, porque “A emergência climática é uma emergência todos os dias”.

Passada uma semana o Dr Costa vem dizer que sim, afinal dá para baixar. E é já amanhã. Até era para ser hoje ao fim do dia, mas ele levou um assado ao forno e não pode ir tratar do cêntimo. Mas amanhã não falha! O tal cêntimo descontado no gasóleo vai acontecer. A emergência climática pausou e os ursos atingidos pelo degelo das calotas polares terão prioridade nos T3 “a custos controlados” que Medina prometeu e Manuel Salgado carimbou antes de ter aquelas chatices que às vezes a PJ arranja para estorvar o percurso natural da evolução socialista. 

O que mudou? Não sei, mas acredito nada ter a ver com
 medo perante o amontoar de sinais de insatisfação vindos estes dias dos portugueses. Absolutamente não. Um líder convicto como o Dr Costa não recua nem desata a tartamudear assim à toa.
Deve ter sido outra razão, outra e boazinha, que levou o Dr Costa a ir de Greta Tundberg a Toneca Guterres em coisa de uma semana. É acreditar, ir atestar e aproveitar o cêntimo.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    António Costa está para a coerência como o gato está ara o rato.
    Agastado pelo facto da sua estratégia para as autárquicas ter falhado por completo, deixando o PS à beira de um ataque de nervos, percepcionando que a tão desejada maioria absoluta nunca virá, Costa tem metido água dia após dia de forma infantil. Até parece que desaprendeu. Vai daí, um dia destes vira de novo, “poucochinho”.
    Mas diga-se em abono da verdade que não é o único. O PSD pode também ombrear com os socialistas nessa matéria.
    Rui Moreira e PSD anunciaram esta semana um acordo de governação para a câmara do Porto. O PSD não irá assumir qualquer pelouro no executivo mas apresenta o candidato à presidência da Assembleia Municipal. Rui Moreira obtém assim o resultado que ambicionava obter nestas eleições, controlando simultaneamente o executivo e a Assembleia Municipal com maioria.
    Agora pergunto eu:
    – Então os banhos de étnica? Rui Moreira não era confiável na campanha, tinha rabos de palha, e agora virou personalidade insuspeita?
    Vão dar banho ao cão!

  2. luis barreiro says:

    A ralé de esquerda amou-o com esta noticia nem pio se ouve

  3. António Torres says:

    Vou por aqui…, mas se se abrir uma cratera que o impossibilite, dá-se a volta.

    O BE é um partido “assassino”, empurra-nos para a cratera e que se lixe o “zé povinho”.
    Não foi isso que fez em 2011, atirando-nos para o colo da direita e para a troika quando, ao contrário de outros, o País até já tinha uma solução aprovada pela UE para ultrapassar a situação?
    I.e., sabe perfeitamente o que nos vai acontecer se chumbar o Orçamento mas quer lá saber.
    Para eles não há males menores.

    • Paulo Marques says:

      O meu foto não foi, nem nunca será, para acordos de cruz. Muito menos a teatros de má qualidade.
      Acho muita piada que tudo o que não gosta de Costa apoiar-lhe tanto a jogada do coitadinho injustiçado, como se a democracia não fosse uma negociação constante.

    • Rui Naldinho says:

      Essa ideia peregrina de que o BE ou o PCP têm sempre de salvar o PS da sua irresponsabilidade, dos seus negócios ruinosos como foram as PPP’s, por exemplo, só pode vir de alguém que ache o Eng Sócrates um personagem imaculado.
      A memória dos povos é curta. Convinha explicar-lhe que os primeiros sinais de austeridade foram dados pelo governo do PS de José Sócrates, em 2010, com cortes nos ordenados que variavam entre os 5% para os rendimentos mais baixos, e os 10% para os rendimentos mais altos numa relação de progressividade, suspensão das carreiras e escalões.
      O país não ruiu com Passos Coelho. O país ruiu com Sócrates.
      Se me disser que Passos Coelho tinha uma agenda política ultra liberal, empobrecer o país, emagrecendo as classes médias, criando mecanismos de desregulação do mercado de trabalho para o tornar mais barato, nomeadamente sem a contratação coletiva, tornando por exemplo os sindicatos irrelevantes, estou de acordo.
      Se me disser que a direita para além da CS, queria dominar todo o aparelho de Estado, a começa logo pelo topo das instituições, tornando tudo isto numa democracia de estilo Húngaro ou Polaco, também estaria de acordo.
      Agora não confunda a Estrada da Beira, com a beira da estrada.
      O PS não difere muito na substância, do velho PSD. Põe é mais vaselina nas medidas que toma para nos lixar, isto para não usar um verbo muito comum aqui no Norte. Já o novo PSD parece diferir mais um pouco deste PS, ainda que em boa verdade os socialistas estejam com a rédea curta, por não terem maioria absoluta. Caso contrário não sei até onde iriam.
      Um dos problemas do definhamento dos partidos sociais democratas, e aqui a palavra social democracia refere-se àquilo que ela é e sempre ouvimos nas escolas ou universidades, nada tendo a ver com o PSD, tem sim muito mais a ver com o PS; mas dizia eu, esse definhamento só foi possível pela forma como em vários países, sociais democratas se deixaram vender aos desígnios do capitalismo financeiro. Então o Tony Blair não está nos Pandora Papers? E Schroder não foi para Gazprom? E Sócrates para uma farmacêutica?
      Aquilo que o BE fez em 2011 foi o que se impunha em face do desvario Socrático.
      Não acha estranho que passados seis anos sobre a queda de Passos Coelho, o PS continue na casa dos 36/37% do eleitorado potencial, muito longe da maioria absoluta?
      De facto o PS não é confiável, nem com uma maioria relativa. O PCP que o diga. Da negociação feita no ano passado o governo cumpriu com uma ínfima parte o acordo. E sozinho com uma maioria absoluta, ainda seria pior.

    • Paulo Marques says:

      Se Rio, Chicão, Mendes, e por aí fora, são pessoas responsáveis, com medo de mais cedências ao alegado “despesismo”, não se chegam à frente porquê? Falta pote?

  4. Júlio Rolo Santos says:

    Deixem-se de ligar o aumento dos combustíveis a este governo e ao partido que o apoia porque nenhum partido está inocente nesta matéria. Na oposição todos protestam mas quando chegam ao poder fazem exatamente o mesmo. O combustível está caro mas o povo aguenta porque todos falam mas ninguém quer ficar sem combustível no seu carrinho para poder passear ao fim de semana.

    • Rui Naldinho says:

      O imposto sobre os combustíveis tem sido nesta fase de retoma da economia o abono de família deste governo.
      Seria o mesmo com um outro governo?
      Claro que seria. Se calhar até com mais uns cortes nos ordenados, congelamento de carreiras, congelamento do salário mínimo nacional, …
      Mas o que aqui está em causa é a incoerência do PM, ainda por cima num espaço tão curto.
      Haja ao menos algum decoro.

    • Paulo Marques says:

      O governo podia cumprir o que prometeu, mas deixemo-nos de treta, o barril continua a subir com expectativas de subida e problemas logísticos, e só quando matéria prima mais barata sair das refinadoras é que baixará… como sempre.

  5. Antero Cordeiro says:

    Fiquei a saber que o Aventar censura comentários mesmo que não contenham nada inapropriado, apenas factos.

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