6 anos de delirante “método Betadine”

Vamos lá ver se entendem de uma vez por todas: raramente (raramente é um eufemismo) o Estado tem dinheiro próprio; os colossais recursos que “gere” (outro eufemismo, a palavra correcta seria “delapida”) resultam dos impostos, contribuições, taxas e “taxinhas” que somos coercivamente forçados a pagar; isto é, o tal “dinheiro do Estado” é produto de uma espécie de  “racketeering” em que, legalmente, se obriga o Contribuinte a pagar por uma protecção que depois pode ou não ocorrer (normalmente, não). 

E há uma forma fácil de avaliar a forma “responsável, sensata e competente” como o “nosso” dinheiro é gasto pelo Estado: não sei se alguma vez foram a uma urgência hospitalar tratar uma ferida ou um corte, mas se foram, repararam a “parcimónia” com que usam o “Betadine”? Pois. Em minha casa, normalmente, uso uma cotonete para o aplicar de modo a conseguir poupar o mais que puder. Nas urgências, enfim, parece champagne numa festa da “t-shirt molhada”.

E foi mais ou menos isto que se fez em Portugal nos últimos 6 anos. Como sempre a “esquerda” só conhece uma forma de enfrentar os problemas que basicamente consiste em não os resolver (“cruzes, canhoto”), mas apenas mascará-los atirando “carradas” de dinheiro para cima deles. O que é fácil porque o dinheiro não é deles, não lhes custou a ganhar e, como se tem visto, há sempre a hipótese de ir buscar mais, aumentando ou criando mais impostos. Até ao dia.

Neste momento e ao fim de 6 anos de “excelsa” governação de esquerda, estamos assim:

– nunca, mas mesmo nunca pagamos tantos e tanto em impostos;

– estamos outra vez com recordes quase históricos no número de funcionários públicos; 

– nunca, mas mesmo nunca tanto desse dinheiro se perdeu em despesa corrente primária ou seja, nunca o dinheiro destinado à redistribuição social se evaporou tanto na manutenção do aparelho estatal;

– estamos com os serviços públicos em nível “caos”, género ficarmos gratos se conseguirmos por breves segundos “chegar à fala” com alguém que poderia resolver o nosso problema (já nem falo do “euromilhões” que será quando esse alguém resolve mesmo o problema); e não “venham” com o argumento da “pandemia” porque por exemplo na saúde, a actual anarquia ainda nem sequer se aproximou do “inferno” que estava instalado antes do “covid”;

– nunca o abuso e a prepotência foram tão flagrantes e despudoradas (desde o preço dos combustíveis, passando pela absolvição do Sócrates, pela “carta dos direitos digitais”, pela TAP, pelo autoritarismo ilegal, inconstitucional e ilegítimo que presidiu às medidas de combate à pandemia, etc., etc., etc.; para não falar do Cabrita que estou certo se irá barricar no Ministério e recusar a ir-se embora); claro que a culpa destes abusos não é só do Governo, Parlamento, Tribunais e Comunicação Social (os habituais 3 mais 1 poderes do Estado); não, obviamente que não; a maior responsabilidade é nossa: desta actual estirpe menor de Lusitanos a quem nada nem ninguém conseguem fazer despertar a mínima centelha de indignação ou veemência; para que percebam, se os Portugueses do século XV e XVI fossem da nossa “têmpera”, ainda hoje o mundo terminava no Mediterrâneo;

– somos o 3º País mais pobre da UE, mas alegre, convicta e rapidamente a caminho da “glória” de sermos o “número 1”;

– estamos como bons indigentes que somos, sôfrega e desesperadamente (sem qualquer esboço de outra qualquer solução) à espera da “bazuca europeia” esquecendo, desde logo, que este Governo desbaratou um valor superior que lhe foi deixado a título de “almofada” pelo executivo de Passos Coelho (grosseiramente, 15 mil ME versus 17 mil ME);

– mas, pior, muito pior, nunca, mas mesmo, mesmo nunca, a esperança foi tão pouca. 

E é esse desalento avassalador, o maior e o mais absoluto legado que estes 6 anos de desgraça esquerdista nos ofereceram. 

Comments

  1. O discurso do Carlos, embora baseado em factos todos lamentáveis, tem por trás uma teoria que subjaz a todo o texto. É certo que ele não afirma abertamente, mas ela lá está presente, pairando diafanamente sobre o povão, qual nuvem sebastianista. Trata-se de um desejo simples (simplório) que atravessa muitas mentes aqui do rectângulo, postulando que a direita, se govenasse, nunca faria as desgraças atribuídas à esquerda. Quanto ao PS ser de esquerda, é uma ideia muito controversa. Quanto ao PC e BE serem de extrema-esquerda, ainda é muito mais controverso. Não a Catarina quem garantiu ser social-democrata?
    Como dizia o Sérgio: – Nós é que somos os bons!…- Não, não. Nós é que somos os bons…
    É por sermos todos assim tão bonzinhos que somos dos mais pobrezinhos da UE.

  2. POIS! says:

    Pois é!

    Porque nos anos do Passos a malta encheu-se de esperança.

    E foi aguentando, aguentando, até que não pôde mais e foi ao WC (ou seja, à casa de banho, mas em americano, por causa da Troika).

    E ficou sem nenhuma.

  3. Paulo Marques says:

    Não, o dinheiro não é um recurso, é um meio de mobilização destes, as regras da qual e o limite escolhemos ser outros a decidir. Já não se mede ao kilo, pá. Mas, para os que insistem, não se percebe a defesa de perder 5.3% do “ouro” no último ano de “boa gestão”.
    De resto, esse “recorde histórico” continua abaixo de países civilizados enquanto se mantém comparável com os outros países reais.
    Não sei de que rabo vai tirar essa estória mítica Galtiana, mas a realidade está-se a borrifar para isso. Nem no nível de esperança está perto da realidade (usando um indicador que lhe diz mais a si que a mim)

    https://tradingeconomics.com/portugal/consumer-confidence

  4. Helder says:

    Efectivamente o Sr. diz coisas muito bonitas, excepto no que concerne em apelidar de “esquerda” quem refere no seu artigo.
    Que eu saiba, no nosso país só governaram 3 partidos desde o 25 de Abril, PS, PSD e CDS misturados lá no meio. Epá, não me venham com situações da treta, governar efectivamente foram estes 3 partidos.
    Ora, se for ler bem, sem julgamentos enviesados (eu sei, para vocês é complicado isso), o artigo do seu colega de blog, João L Maio, eu deixo aqui o link para facilitar o trabalho (https://aventar.eu/2021/10/27/ps-l-partido-social-liberal-ou-o-mito-que-cai-por-terra/) verá que nenhum destes partidos que governou Portugal é de esquerda… O PS só anda disfarçado de esquerda.

  5. JgMenos says:

    Todo o esquerdalho tem por características inevitáveis:
    – Se algo lhe falta, olha a ver de quem o pode obter.
    – Se tem um problema, logo diz que basta olhar para quem não o tem.
    Assim, o imposto substitui o trabalho, a mama europeia substitui o esforço e o rigor das contas.

    Os que se dizem moderados lá vão, de quando em vez, articulando um ‘poucochinho’ mas nada mais que isso.

    • POIS! says:

      Todo o direitalho tem por características inevitáveis:
      – Se algo lhe falta, olha a ver quem pode explorar.
      – Se tem um problema, logo diz que basta olhar para outro que o tem pior.
      Assim, o ócio substitui o trabalho, a mama europeia substitui o investimento e o rigor das contas é coisa para papalvos.

      Os que se dizem direitalhas moderados lá vão, de quando em vez, articulando um ‘poucochinho’ mas nada mais que isso.

      • Paulo Marques says:

        Quase. Se tem um problema, logo diz qual é o outro a quem se pode tirar a dignidade para que nunca lhe falte nada.

  6. estevesayres says:

    «Olhe que não, olhe que não!»!!! Pelo que sabemos, e além dessa sua narrativa, que me parece até interessante, quem tem beneficiado com tudo isso, antes e depois do 25 de abril, os mesmos de sempre.
    Recordo:
    Ex-ministros, secretários de estado, muitos deles ligados à direita e extrema-direita, tb existem uns tantos do PS, e não sò!!!

    Já não vou falar do Ventura (um neofascistas), que esteve tb a mamar no estado…

    Aproveitem antes que seja tarde, estudarem o Manifesto do Partido Comunista (não do P”C”P esse e revisionista) é uma obra conjunta de Karl Marx e de Friedrich Engels escrita quando ambos eram ainda jovens, apenas com 29 e 27 anos de idade, respetivamente, e destinada a servir de programa teórica e prática da Liga dos Comunistas, associação internacional de trabalhadores, na altura secreta…

    Por fim: O PS nunca foi socialista, além de sabermos que o Mário Soares o colocou na gaveta…

    • Paulo Marques says:

      Também há Upton Sinclair e muitos outros, só há um problema; se o partido de vanguarda e o comunismo num só país dá aquilo, e o podre insiste em reinventar a exploração enquanto a consciência de classe nunca dura, o caminho não é exactamente óbvio, nem nunca foi explicitado por estes, de resto, em contextos completamente irreconhecíveis.

  7. Filipe Bastos says:

    As provocações do Osório fazem cá falta.

    O Chico Figueiredo é ainda algo verde, e os demais aventadores professam todos +- o mesmo esquerdismo pífio-moderado que os residentes, como o Marques e o POIS, esperam e apreciam. A única pedrada no charco, embora repetitiva, é o Osório.

    Aqui critica essencialmente os impostos e o que deles obtemos: o desperdício, a prepotência, a corrupção, as negociatas, a péssima gestão estatal. Está coberto de razão.

    Onde falha é no costume: chamar a isto e ao PS ‘esquerda’. O PS é um mero gangue de assalto ao poder e ao pote. Até o PSD, esse outro viveiro de chulos e trafulhas, será mais ideológico que o PS: alguns laranjas, como o fantoche Passos, são realmente de direita. Acreditam mesmo em tretas do ‘mercado’ e afins.

    Sendo de direita, são também mais coerentes: é suposto encherem mamões. Já o PS trai completamente a sua suposta ideologia. Não há maior puta nesta partidocracia do que o PS.

    • POIS! says:

      Ora se não fazem!

      Aliás estas são as primeiras pedradas no charco depois das ultimas.

      Isto porque o escritor descobriu lá em casa algumas, que lhe sobraram do tempo em que as acumulava porque, nessa altura, não tinha charco para onde as mandar.

      Lá nos gabinetes dos Passos Perdidos não dava jeito. Parecia mal, porque andava tudo de gravata.

      Mas o apedrejamento subiu de nível e passou do charco ao rio. Para o qual se adivinha um futuro montenegro, onde haverá choro e rangel de dentes. Não é preciso ser-se bruxo.

    • Paulo Marques says:

      É quase como se a subcontratação dê merda; o tamanho do estado e dos impostos, longe do mundo civilizado, claramente não é, e a corrupção, longe de extraordinária, nem está perto.
      Nem tão pouco desaparece com as rendas garantidas do plano dos liberachos, porque há sempre mais para desregular.

      • Filipe Bastos says:

        Nem só a subcontratação dá merda: muito Estado dá merda sem ela. E dá muitos tachos, muitos boys, muita corrupção, muita gestão danosa, muitas adjudicações e derrapagens ruinosas, muita impunidade e compadrio.

        E quantos funcionários públicos, por essas repartições fora, com o rei na barriga e a lixar-se para o utente? Quantos médicos e ‘consultores’ a mamar no público e no privado? Não, não é só a subcontratação que dá merda.

        Sim, sim, em África é pior. Valha-nos isso…

  8. Wert says:

    Portugal em 2019 tinha menos funcionários públicos que em 2000, e está abaixo da média da união europeia, e é dos países europeus com menor percentagem de funcionários públicos, aliás é o 5º país europeu com menor percentagem.

    Um dia ainda vou perceber esta conversa contra os funcionários públicos…. se há coisa que faz falta em Portugal é mais funcionalismo público. Se fosse ministro da saúde, nem hesitava.

    O problema reside na ausência de fiscalização da qualidade produzida, não no seu número.

    • Paulo Marques says:

      Fiscalização aos objectivos, que aos gastos e gastozinhos não falta, com todo o desperdício burocrático, incluindo planos europeus sem candidatos, há a rodos.

  9. POIS! says:

    Pois temos todos de prestar atenção…

    A um estranho fenómeno, anunciado pelo IPMA.

    Chama-se “Rio Atmosférico”. Já deu origem a “Alerta Laranja”.

    Não há coincidências e a natureza não perdoa!

    Aproxima-se um temporal montenegro. Haverá choro e rangel de dentes!

  10. Pedro Ribeiro says:

    Parece que só contribuem para o estado os da direita. Não há socialistas, nem comunistas que pagam. Impostos e blasfémia, todos têm de ser pobres, e desdentado, de preferência… E pagar impostos não é um mal. Pagar impostos não é nenhuma tragédia… Tragédia são os incompetentes, os oligarcas e as famílias de bem que sempre aprisionaram e empobrecer am este país…

  11. Jorge says:

    É assim em todo lado meu caro . Os contribuintes. Pagam impostos e os governos gastam o mesmo .
    A não ser na sociedade comunista onde o governo das pessoas da lugar à administração das coisas .

    • Paulo Marques says:

      Pois, em democracia não há castas Amorim, Azevedo, Koch, Clinton, Bush, Kennedy, Bourbon de Linhaça, é tudo órfão..

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