A arte de não apalpar cus

Gosto de mãos, gosto de humor, gosto de ternura, de meiguice, de gestos bonitos, de elegância, mas um bom cu é maravilhoso. Penso que também não conseguiria resistir a um cu razoável. Mesmo alguns cus maus passam a ser quase razoáveis em certos dias. Resistir à vontade de apalpar cus é um esforço, como acontece com todas as aprendizagens.

Ando na vida para apalpar os cus de que gosto, mas não posso ou, no mínimo, não devo, pelo menos sem autorização de quem fala em nome do cu.

Sempre que vejo passar um cu que gostaria de apalpar, tenho de fazer um esforço imenso, não para controlar as mãos, não somos animais, mas os olhos. O pior de tudo é não poder ficar a olhar, porque há cus que merecem tempo, porque tempo pode ser dinheiro, mas também é imaginação. Imagino as minhas mãos e o cu observado, mas, como disse, nem sempre há tempo.

Olhar para um cu significa descobrir aqueles segundos em que sei que ninguém está a ver que estamos a olhar, o que inclui, antes de mais, a pessoa a quem pertence. Não há nada pior do que uma pessoa ser apanhada pelo objecto observado em flagrante delito de observação. No fundo, quem tem cu, tem medo e eu não tenho menos cu do que as outras pessoas.

Também é importante saber que mais ninguém está a olhar para mim enquanto estou a olhar para o cu da minha efémera afeição. Foi assim que desenvolvi autênticas técnicas de camuflagem, manobras de evasão, olhares rápidos como tiros. O cu passa, antecipo o espaço por onde vai passar e tenho direito a um breve instante de felicidade, porque é essa a natureza da felicidade. Ser breve, entenda-se, porque a felicidade vai muito para além da visibilidade de um bom cu, também não é preciso exagerar.

Mas tenho assim tanta vontade de apalpar cus? Nem tanto, claro, mas não vou fazer de conta que não há alguma e também não é preciso dar assim tanta importância ao assunto, porque isto são pensamentos que ninguém vai saber que estou a ter.

Gosto de cus, pronto, e não tenho de pedir desculpa. Durante alguns anos, senti uma culpa solitária, até que ouvi duas amigas a falar disso, a propósito de um rapaz que ia a passar na rua. Afinal, não era só eu. E era verdade: o rapazinho tinha um cu bem jeitoso, e não era por eu ter idade para ser mãe dele que ia mudar de opinião. Por ter idade para ser mãe dele, fiquei caladinha, só isso. Quando cheguei a casa, o meu marido, que, não desfazendo, tem um rico cu, estava a apanhar o jornal do chão. Consolei-me: dei-lhe um beliscão.

Comments

  1. luis barreiro says:

    Cu que fala assim muita minhoca come, carago falta um cu.

    • POIS! says:

      Pois cá está!

      A suave ironia, a tolerância para com os opósitos, a esmerada educação largamente cultivada nos nossos melhores salões, onde conviveu e convive com a mais fina sociedade e as mais reputadas elites intelectuais, tudo converge nesse Grande Vulto da Cultura que é o por todos conhecido como barrasco, perdão, barreiro.

      Se algum defeito lhe pudesse ser apontado não seria o de partilhar com os outros a felicidade do que tanto lhe dá prazer e sentido á sua atestada vidinha.

      Pena é que pense que acontece com todos os outros aquilo que considera um privilégio: o de ser eloquente mesmo com as partes mais baixas do corpo, que alimenta de forma inovadora à base de anelídeos.

      • Abstencionista says:

        Por falar em cus vem a propósito este post que em tempos o Pois redigiu:

        “Militarmente falando, uma piroc@, (trato assim carinhosamente a minha), deve ter pelo menos o tamanho de metade da coxa do proprietário em posição de “ombro arma”.
        Na posição de “firme” deve ter 47,59% a mais do que na posição “ombro arma”.
        Em “sentido”, posição em que se apagam as luzes vermelhas para o carro avançãr, nunca medi porque estou sempre ocupado, mas nunca tive avaliações de desempenho negativas apesar do meu utensilio ser ligeiramente superior à média citada.”

        • POIS! says:

          Pois não seja porco, ó Abstencioneiro!

          Eu não redigi nada disso.

          O “post” está assinado por V. Exa. e foi feito segundo um padrão que não engana ninguém.

          Além disso, eu respondi e Vosselência, nessa altura, nada disse. Esteve lá séculos sem que Vosselência se demarcasse. Só quando o divulguei aos aventares apareceu a patranheira versão de Vosselência.

          Se Vosselência se arrepende das atoardas assuma-o. Se não foi Vosselência que o fez, acuse outro.

          Eu não fui.

          Para que conste o referido “comentário” está nesta página:

          https://aventar.eu/2021/11/26/medicoes-penianas-ou-a-zona-confortavel-do-pensamento/#comments

          • Abstencionista says:

            Pois não sejas malcriado e não chames nomes às pessoas.

            Quanto ao excelente comentário acerca do tamanho peniano, custou-me a acreditar que dessa cabeça com os neurónios a gripar tivesse saído tal pérola de divulgação cientifica.

            Confesso que até pensei que fosse mais um plágio teu retirado da disciplina de cidadania.

            Percebo agora que falar em tamanhos de pilas te causa grande perturbação, provavelmente devido a uma moral retorcida originada por muitos golpes das acima referidas.

            Portanto ficamos assim combinados: tu brincas com a tua pequena “acima referida” que eu brinco com a minha … (fico por aqui pois não sou tipo de me gabar).

            Bjs

          • POIS! says:

            Pois tá bem, ó Abstencioneiro Moraleiro.

            Quanto a malcriadice estamos há muito conversados!

            Pelo presente comentário de Vosselência se vê quem fez o outro que patranhosamente resolveu atribuir a quem não o fez..

            É só comparar. Eu nunca aqui falei de tais “objetos”.

            E quanto a “plágios”, relembro a vosselência as acusações de plágio que foram feitas á sua mãezinha porque o achavam muito parecido com o filho do padeiro.

            Foi muito injusto. Porque Vosselência cresceu e, afinal era parecido era com a filha. Do merceeiro.

            O que faz a má língua!

          • Abstencionista says:

            Xô Pois,

            “… Foi muito injusto. Porque Vosselência cresceu e, afinal era parecido era com a filha. Do merceeiro.”

            Para quem se queixa que eu apelidei o pai de proxeneta, sem nunca o provar, estes parágrafos são edificantes!

            Gostavas que eu te perguntasse se o teu pai era padeiro Pois tu tens a cara chapada do guarda noturno da rua onde mora a tua mãe?

            Não gostavas, Pois não?

            Pois podes estar descansado que eu nunca te faria tal pergunta porque tenho educação.

          • luis barreiro says:

            DEsculpa ó Póio, o teclado é que viaja em enganos, o que quis escrever era Cuco que canta assim muita minhoca comeu. ditado dos teus antepassados.

          • POIS! says:

            Pois é Mr. Abstencioneiro Marrante!

            Não se arme em vítima, ó sostro!

            O seu estado de bipolaridade permanente, acompanhado de forte amnésia seletiva começa a ser preocupante.

            Uma vez escreveu, dirigindo-se a mim, isto:

            “Bebe uma seven up com uma empregada do teu pai e finge que é champanhe”.

            Está aqui:

            https://aventar.eu/2021/10/27/perguntas-que-importam-ser-respondidas-por-ps-e-psd/#comments

            Perguntei-lhe o que aquilo queria dizer:

            E respondeu isto:

            “Este parágrafo é uma metonímia que é uma espécie de metáfora para adultos.
            Não terás dificuldade em perceber, mesmo que sejas uma espécie de jerico vestido, a antonomásia do “take away” em que o termo representa realmente uma perífrase.
            Esse parágrafo não é um eufemismo dirigido ao teu pai biológico, mas sim uma hipérbole destinada ao teu pai ideológico abrantes”.

            Foi aqui:

            https://aventar.eu/2021/11/16/ines-sousa-real-meets-ricardo-robles/#comments

            Ou seja, metendo as patas da frente pelas de trás, Vosselência admitiu.

            Também a minha “tirada” não é um eufemismo dirigido a quem quer que seja. Aliás, eu não digo nada de insultuoso para a sua mãezinha. O resto é produto do estado psicopático em que se encontra V, Exa..

            Boas melhoras.

            PS. Arranje um insulto mais imaginativo. Vá lá! Vosselência consegue!

    • Tuga says:

      “VCu que fala assim muita minhoca come, carago falta um cu.”´

      Mais um grunhido dum barrasco

  2. Que post idiota meu deus

    • António Fernando Nabais says:

      Obrigado, meu Deus!

    • Tuga says:

      “Que post idiota meu deus”

      Neste zoo há de tudo, desde barrascos a burros.
      Já ouviste falar numa coisa chamada ironia ?

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