Papa Francisco e Macron são os primeiros a abrir os olhos para a paz

Após a abominável invasão da Ucrânia pela Rússia iniciada a 24 de Fevereiro assistimos a uma escalada ininterrupta de violência na ocupação de território por Putin, mas também a uma escalada de discursos belicistas por parte do Ocidente, seja através da OTAN, do Presidente dos Estados Unidos e da União Europeia.
Discursos de paz, de cessar-fogo imediato, de negociações sérias com o empenho dos mais poderosos, esbarram na compreensão pela revolta e resistência a que os ucranianos têm legítimo direito. No entanto, depois de tantos mortos a ocorrerem diariamente, será eticamente louvável continuar a incitar uma resistência que só provoca vítimas e que, a não ser que ocorra algo de muito inesperado, nada conseguirá em seu proveito?

Papa Francisco (imagem Agência Eclesia)

Depois do passeio de Joe Biden pelos seus domínios europeus, na reunião da OTAN, na participação no Conselho Europeu, na visita à Polónia, ficamos a saber, se é que dúvidas acalentávamos, que os Estados Unidos estão interessados na continuidade desta guerra, onde já morreram dezenas de milhar de ucranianos, milhões já se refugiaram fora de fronteiras e outros mais milhões estão deslocados internamente sem condições mínimas de existência.
Após o discurso belicista de Biden, sentimos, logo no dia seguinte, que o Papa Francisco percebeu os intentos de quem quer esta guerra, apelando, na sua homilia dominical, a que “todos os políticos envolvidos (..) se empenham no abolir da guerra, pois cada dia que passa é pior para todos, em particular, para a martirizada Ucrânia.
(…) Os poderosos decidem e os pobres morrem”: basta, exige o Papa Francisco

Emmanuel Macron, também no dia seguinte ao desmando americano, vem marcar posição contra o discurso de Biden, afirmando, sem tibiezas:
Queremos parar a guerra que a Rússia lançou na Ucrânia sem entrar em guerra. Esse é o objetivo” e “se queremos fazer isso não devemos entrar na escalada nem das palavras nem das ações“.

Será este um momento de viragem na política europeia face à invasão da Ucrânia? Será um momento em que a Europa conseguirá deixar de ser uma marioneta nas mãos dos Estados Unidos que, com o seu aliado Zelensky, nos têm tentado empurrar para uma guerra sem precedentes, em vez de a circunscrever?

Pela minha parte, espero bem que sim, que nos pautemos pelo apoio aos ucranianos, pela condenação de Putin, com certeza, mas visando um cessar-fogo e a abolição da guerra, citando o Papa, com discursos e acções conducentes a esse fim, citando Macron.
Abramos os olhos, europeus! Estamos a ser marionetas entre os poderosos das guerras, em vez de apelar à paz e a defender os nossos interesses, os da União Europeia, os nossos!

Comments

  1. JgMenos says:

    «será eticamente louvável continuar a incitar uma resistência que só provoca vítimas»?
    À «abominável invasão da Ucrânia pela Rússia»
    segue-se, em nome da ética, o apelo à rendição!

    Que almas tão dignas!
    Que espíritos de rara elevação moral!
    Que transcendência!

    A violência é inaceitável, mas se fores dela vítima, conforma-te e éticamente oferece a outra face e ganha o reino dos céus que é eterno e f*-te neste mundo que é uma passagem…
    Oremos irmãos!

    • POIS! says:

      Pois temos de reconhecer…

      Que se trata, pelo Menos, de um sublime libelo contra o comodismo e a indiferença!

      Só tem um pequeno defeito: o de não ser póstumo. Quanto ao resto, é perfeito.

    • Carlos Araújo Alves says:

      JgMenos,
      Apelar à rendição? Está escrito onde?
      Apelar à negociação e evitar mais mortes, isso sim.

      Não, não sou pacififistas, nem suicidário.

  2. Adeus Nazis – É Assim Que Combatem as Forças Armadas da Federação Russa em Mariupol:

    https://toranja-mecanica.blogspot.com/2022/03/adeus-nazis-e-assim-que-combatem-as.html

    • POIS! says:

      Pois é! É uma maravilha, ó Terroranjo Mecânico!

      É um lindo parque de diversões. Uma coisa mesmo muito fixe.

      Há disto para crianças? Quanto custam os bilhetes?

      Ainda bem que, antes disto, tiraram aquela malta toda lá de Mariupol. Só atrapalhavam, e não queriam pagar bilhete.

      Queriam borlas? Estas coisas dão despesa! Tá tudo pela hora da morte!

  3. Joana Quelhas says:

    “…Abramos os olhos, europeus! Estamos a ser marionetas entre os poderosos das guerras, em vez de apelar à paz e a defender os nossos interesses, os da União Europeia, os nossos!…”

    Este não é o “perigoso” discurso nacionalista tipo Trump ?

    Ah! Não , porque os “nossos” interesses são os interesses do Carlos Araújo Alves.
    Devem ser os interesses sem interesses ou seja se a “Mãe Rússia” quiser vir aqui à Europa impor os seus padrões políticos, económicos e morais está tudo bem …

    Joana Quelhas

    • POIS! says:

      Pois é, ó Qwellhasss!

      Olhe que há uma ligeira diferença entre “juntar as letras” e “saber ler”.

      Talvez lá na escola não lhe tivessem ensinado a diferença.

    • Carlos Araújo Alves says:

      Sim, Joana Quelhas, sim!!!

      Os interesses da Europa deveriam ser os meus! Mas isso não estava claro?
      Os interesses da Europa em aplicar sanções a si própria para benefício dos Estados Unidos e da China é que lhe deve parecer mais razoável.

      Eu defender Putin e esta invasão da Rússia? Tome as gotas, por favor.

  4. balio says:

    Concordo totalmente com este post.
    Os EUA só têm a ganhar com a guerra. A Europa só tem a perder com ela.
    É pois conveniente que esta última abandone a atuação seguidista que tem tomado em relação aos primeiros.

  5. José M G Ribeiro says:

    Humm…
    Quando miúdo era gordito e usava óculos. Além disto era “marrão”, o melhor aluno da turma. Enfim, o perfil ideal para objeto de bullying (palavra que não se dizia na altura).
    Queixei-me ao meu paizinho. Parou de ler o “Diário de Lisboa”, tirou os óculos e disse: “Tens que defender-te, mesmo que leves porrada no focinho. É a única maneira de ganhares o respeito deles. No futuro, pensarão duas vezes antes de atacarem-te”.
    E assim foi.
    É uma coisa simples. Lamento que nem toda a gente tenha tido a sorte de ter papás assim clarividentes. Em particular, há uns generais comentadores na TV cujos papás falharam neste ponto. E parece que a AM não conseguiu colmatar tal falha. Ainda bem que estão na reforma, senão estava muito preocupado.

    • Paulo Marques says:

      Não conheço a infância do Ribeiro, mas, se eu o fizesse, ao fim do dia tinha comida na mesa na mesma e o SNS se os danos fossem graves, sem no fim me mandarem vender a roupa para lhes pagar a ajuda.
      E não cabe na metáfora, mas se a metade agora armada e mais unida decidir que outra parte é traidora, o paizinho não ficava contente porque era da maneira que recebia mais depressa, enquanto a parte que fugiu alimenta anticorpos existentes noutro organismo.

      É que apoiar a decisão é uma coisa, porque é deles e melhor que a derrota, mas incentivá-la só pode resultar na hipocrisia do costume – a eurolândia e o FMI vão querer o seu quilo de carne “humanista” para agradecimento.

    • Carlos Araújo Alves says:

      José M G Ribeiro,
      Felicito seu pai pelas palavras que lhe endereçou, as quais parece terem ficado bem marcadas em si.
      Também tive essa sorte, a de receber esse ensinamento, mas tive outro também relevante da parte do meu pai: não venhas chorar se apanhares de um mais forte do que tu, pois isso é falta de inteligência tua!

  6. estevesayres says:

    Ele tb disse que existem responsabilidades de ambas as partes… deve ter lido muita coisa estes anos todos…

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