Quem diz a verdade….

… não merece castigo.

António Costa disse que é inevitável tornarmo-nos no país mais pobre da Zona Euro por questões geográficas e diferenças de níveis educacionais. Ele já desistiu. Os portugueses, pelo que se vê e lê, também.

Comments

  1. jose silva says:

    Ele disse isso? Quando, e onde?

  2. Rui Naldinho says:

    Isso foi o que disse o Egas Moniz, Aio de D. Afonso Henriques, depois deste dar o dito por não dito, sobre uma suposta vassalagem ao monarca de Castela.

    “Porra, desisto!”

    Reza a Lenda:
    Como Afonso Henriques não cumpriu o acordado por seu Aio, Egas Moniz, ao saber do sucedido, este ter-se-ia deslocado a Toledo, a capital do Reino de Castela, acompanhado da mulher e dos filhos, todos descalços, vestidos de branco e com um baraço ao pescoço. Apresentando-se assim a Afonso VII, deixou-o dispor da sua vida e da dos seus, como penhor pela manutenção do juramento de fidelidade prometida por ele mas não cumprida pelo pupilo.

    Moral da História:
    O primeiro político que tivemos, D. Afonso I, começou logo por ser um aldrabão, mentindo a conterrâneos e vizinhos.
    Para mim nada disto me é estranho. Já o meu avô dizia o mesmo, e provavelmente o avô dele também.

    • Teresa Palmira Hoffbauer says:

      Ao ler o seu histórico e divertido comentário, lembrei-me dos meus avôs, ambos descendentes do Afonso!!

    • POIS! says:

      Tá bem, mas há aqui coisas que…

      Promeiro: não acredito que o Egas tenha dito “Porra, desisto”.

      Em primeiro lugar, porque não consta que soubesse usar as vírgulas.

      Em segundo porque logo que dissesse “porra” caía-lhe uma machadada pelas hastes abaixo que nunca mais se levantava.

      Na altura, as blasfémias eram fortemente reprimidas. Havia um salazar em cada esquina, fortemente aparelhado com toda a espécie de cutelões.

      Quanto muito, terá dito “Desisto porra”, logo seguido de “porra que disse porra”.

      Segundo: não acredito que tanta malta tenha ido a Toledo descalçar-se e vestir-se de branco com ornamentos de cordoaria.

      Na realidade, já iam descalços de cá. O Egas tinha levado a família toda para um bando de “hippies”. Estavam a caminho de um festival e foram até ao palácio para fumar umas ganzas com o Afonso para ver se o mau ambiente desanuviava.

      Bastou a primeira fumaça e o gajo perdoou-lhes logo. Era bom material! O Egas sabia-a toda!

      • Rui Naldinho says:

        Quanto muito, terá dito “Desisto porra”

        Claro. O gajo até era erudito face à ralé que o circundava. Mas como eu estou mais próximo da ralé do que da erudição, coloco a expressão à boa maneira tripeira.
        Também é verosímil a sua versão. Nessa altura já havia a caminho de Toledo, aquele “Boom Festival” na Idanha a Nova, na altura com caravanas puxadas por mulas, burros e até cavalos de má raça, com gajos cheios de rastas, cabeças com tatuagens, argolas no nariz e piercings nas orelhas, muita ganza e cerveja artesanal.
        Aquilo até ficava no caminho.

        • POIS! says:

          Olhe que o “Boom” foi mesmo o primeiro festival que me ocorreu!

          Nunca tive oportunidade de lá ir. Mas já fui à “Senhora do Almurtão” (é na segunda segunda-feira depois da Páscoa) e aquilo também é uma curtição.

          Aquela malta das adufeiras bem que merecia uma consagração global! Não existe nada daquilo em lado nenhum!

          • Rui Naldinho says:

            Este ano calha no dia 1° de Maio, que coincide com um Domingo.

          • Rui Naldinho says:

            E na terceira Segunda feira a seguir à Páscoa. Mas começa no domingo e termina na terça.
            A Senhora do Incenso é que é na Segunda Feira de Pascoela. Em Penamacor.

          • POIS! says:

            Sim é isso. Eu não estava a contar a primeira segunda-feira. Para mim, ainda era Páscoa…

            É feriado municipal em Idanha-a-Nova. Eu já beneficiei desse feriado porque trabalhei em Idanha durante uns meses (em 1980…)

  3. Rui Naldinho says:

    Portugal é o país mais meridional da Europa. A Noruega o mais setentrional. Ambos estão bastante afastados do centro da Europa, se considerarmos o Círculo ⭕️ Paris, Haia, Bruxelas e Frankfurt. Não ponho Berlim no círculo, porque antes era Bona.
    Eu sei que a Noruega tem metade da nossa população e o triplo do nosso território. Mas também sei que o nosso país tem um clima bem mais generoso que o da Noruega.
    Se calhar o problema está nas elites. Claro, os noruegueses não vivem de vistos gold, especulação imobiliária, blá, blá, blá…
    A empresa que explora o petróleo na Noruega, é propriedade de quem? Ou se quiserem, que garantias dá ao Estado nórdico?
    É isso. Não são filhos do Afonso. Sao filhos do Guilherme.

    • Teresa Palmira Hoffbauer says:

      Os filhos do Fritz ficam entre os filhos do Afonso e os filhos do Guilherme. Todos bons rapazes!! Uns um pouco mais dados às mentiras.

      • Rui Naldinho says:

        Li algures, já não sei onde, que o escritor e historiador Oliveira Martins terá considerado, na interpretação que fez da personagem e do legado, Dom Afonso Henriques como um escroque, no mínimo.

        D. Afonso Henriques O “CHEFE DE BANDIDOS” QUE QUIS SER REI.

        “Louco, brutal, pérfido, astuto, calculista, frio, romântico, visionário? Media dois metros e vinte? Era doente? Os historiadores não chegam a acordo quanto ao aspecto e à personalidade do nosso primeiro rei. Que era o fundador da nacionalidade?

        Guilherme de Vitulo toma a palavra. “Não confio nesse homem. Temos razões para crer que tudo o que diz e promete não passa de mentiras”, argumenta ele no seu vozeirão de pirata. Ouvem-se gritos de aprovação. Outros líderes cruzados, provenientes de Northhampton e de Bristol, também não confiam em Afonso Henriques. “Não será a primeira vez que ele nos vai trair”, diz um.
        Estamos num acampamento junto às muralhas de Lisboa, uma tarde quente do dia 29 de Junho do ano de 1147, no meio de uma reunião de chefes cruzados provenientes de todos os cantos da Europa. Ordem de trabalhos: decidir se ajudam ou não Afonso Henriques a conquistar a cidade. O rei português soube da passagem dos cavaleiros pelo Porto, a caminho da Terra Santa, respondendo ao apelo da Segunda Cruzada, e pediu-lhes auxílio. Para os convencer, prometeu mundos e fundos. Que havia um tesouro de valor incalculável na cidade (segundo a historiadora Dejanirah Couto), que o saque seria todo deles e que, depois da conquista, os cruzados que quisessem ficar teriam todo o tipo de privilégios.
        A proposta era irrecusável excepto por uma razão: o monarca português não era de confiança. Alguns cruzados não acreditaram na história do tesouro. Tinham razão: era inventada. Outros estiveram na anterior tentativa de conquista de Lisboa, cinco anos antes, em que Afonso Henriques não cumpriu nada do que prometeu. Outros trazem agora à discussão um assunto ainda mais embaraçoso: o que se passou em Santarém.
        Foi em Março desse ano. Os historiadores dividem-se nas interpretações, mas não quanto aos factos. Freitas do Amaral vê no que se passou a prova do engenho estratégico de Afonso Henriques. Alexandre Herculano fala da “perfídia” do monarca, e Oliveira Martins da “brutalidade medíocre” de um “chefe de bandidos”.
        Os factos: El-rei partiu de Coimbra uma segunda-feira com as suas tropas, sem as informar do seu destino. Chegados perto de Santarém, com cujos líderes mouros havia um acordo de tréguas, Afonso mandou um emissário à cidade avisar que elas ficavam suspensas por três dias. Era assim a tradição na época: havendo tréguas, era preciso avisar o inimigo, se o queríamos atacar. Isto passou-se na terça-feira, pelo que os mouros fizeram as suas contas: quarta, quinta ou sexta viria um ataque dos cristãos. Como não veio, no sábado foram todos dormir. Afonso Henriques atacou a cidade na noite de sábado para domingo.
        Um cruzado está precisamente a contar esta história, na reunião em frente a Lisboa, quando o pirata normando, o gigantesco Vitulo, toma uma decisão: não apoiará Afonso. Primeiro, porque não acredita que ele seja rei. Depois, porque “conquistarei mais riquezas a assaltar navios pelo caminho daqui até Jerusalém do que a saquear Lisboa”. É mais ou menos isto que diz o valente cruzado que o Papa Eugénio III enviara ao Oriente para devolver o Santo Sepulcro à Cristandade. Neste momento, o chefe dos ingleses, Herveu de Glanvill, a quem, segundo alguns historiadores, Afonso Henriques terá prometido secretas e exclusivas benesses, faz um golpe de teatro: “Recordo no meu espírito a piedosa lembrança de ter visto ainda ontem unidos junto de Portugal povos de tantas nações e homens de tanta sabedoria assinalados com a Cruz do Senhor”, começa ele. E irrompe numa pungente invocação dos ideais cristãos e de Cruzada, da obrigação de combater os infiéis e dos laços de sangue que unem ingleses e normandos. “Visto que todos somos filhos da mesma mãe, é como se recusassem o seu serviço de mútuo préstimo, a língua ao palato, a boca ao ventre, o pé a seu igual e a mão à mão” diz ele, tremendo de eloquência. E refere-se a seguir a D. Afonso Henriques: “Ainda que ele fosse culpado aos vossos olhos, como antes dissestes, por amor de Deus e deveríamos sofrer, para que um lucro maior alcancemos”. E termina a chorar, ajoelhado aos pés de Guilherme Vitulo, declarando que se submete a ele, que o aceita como chefe, desde que aceite ficar, para ajudar o rei português. “Se pois não quiserdes mostrar-vos como nossos companheiros, mostrai-nos, ao menos, como nossos senhores”.
        Esmagado pela emoção, o colossal Vitulo ergue no ar Herveu e, lavado em lágrimas, acede a ficar. Mas com uma condição: Afonso Henriques terá de escrever, no contrato que vão assinar, que “não inventa nenhum pretexto para faltar ao combinado”. Na realidade não inventaria, porque já tinha inventado: não havia nenhum tesouro fabuloso em Lisboa.
        Mas neste momento, com 39 anos, depois de se ter armado cavaleiro por conta própria, depois de ter derrotado a própria mãe numa batalha, de ter sido declarado rei, de ter obtido o reconhecimento do Papa para o novo reino, de ter casado, há um ano, com Mafalda de Sabóia, por conveniência, Afonso é um homem comprometido com um projecto. Segundo Freitas do Amaral, na sua biografia de D. Afonso Henriques, ele afirma-se já, mais do que como guerreiro, como político e estadista. Um político hábil, que manobra e negoceia, muitas vezes com aparentes frieza e falta de escrúpulos, e põe invariavelmente à frente dos interesses pessoais os do país que quer construir. Porque teve realmente a visão de fundar um reino.

        Os amores do reiHá razões para crer que Afonso Henriques viveu uma grande paixão. Foi em 1139, aos 30 anos, que conheceu Flâmula Gomes. Era jovem, bonita e inteligente, dizem os cronistas. Mas tinha um problema: era sobrinha de Fernão Peres de Trava, o galego amante da mãe de Afonso Henriques, D. Teresa. Casar-se com a bela Flâmula seria portanto unir a coroa de Portugal à nobreza da Galiza, o que era mal visto pelo rei, pela nobreza do reino e pelo clero de Braga. Para evitar essa união, Afonso já tinha combatido e mantido presa a vida inteira a própria mãe. Pois teria também de sacrificar Flâmula. Viveu com ela, tiveram dois filhos, mas depois foi decidido pelos conselheiros do rei escolher uma donzela nem da Galiza nem de Leão ou Castela para o casamento. A Casa de Sabóia, com territórios entre a França e a Itália, era suficientemente longe, e o conde de Sabóia, empenhado na Segunda Cruzada, poderia ser uma ajuda preciosa para conquistar Lisboa. A infeliz Mafalda de Sabóia, com talvez não mais de 16 anos, chegou a Coimbra, para casar, em 1146. Deu à luz sete filhos em 12 anos e morreu no parto do último.

        O desastre de BadajozCom a excepção da batalha de Badajoz, em 1169, Afonso Henriques conduziu todas as suas acções com êxito em função do objectivo: tornar Portugal independente e alargar o território.
        Em 1169, tinha Afonso já 60 anos, foi chamado pelo caudilho Geraldo Sem Pavor para o tirar de apuros na conquista de Badajoz aos mouros almóadas. Ora a cidade pertencia, na península, à esfera de influência de Fernando II, Rei de Leão, que, desagradado com a iniciativa de Afonso, se aliou aos mouros e cercou os portugueses. Afonso Henriques foi ferido e preso. Mas isso foram os anos da decadência. Pouco depois, o filho D. Sancho assumiria responsabilidades governativas.
        Agora, neste Verão de 1147, Afonso Henriques sabe o que quer e como o obter. Após um cerco de três meses, os cruzados e as tropas do rei (cerca de 30 mil) atacam Lisboa. Os mouros rendem-se e entregam ao rei de Portugal, como prova, um grupo de reféns. Rebenta um tumulto entre os cruzados. Corre o rumor de que Afonso Henriques quer a cidade para ele e que não vai haver tesouro para os nobres cavaleiros da Cruz. Achando-se traídos, os normandos, alemães e flamengos pegam em armas e preparam-se para atacar o acampamento dos portugueses.
        Afonso Henriques, confrontado com a maior ameaça à sua liderança que alguma vez sofreria, toma uma decisão temerária: anuncia que, se os cruzados amotinados não depõem as armas e aceitam o combinado – que terão direito ao saque mas não à posse da cidade de Lisboa – ele, Afonso, com todos os 15 mil portugueses, abandonarão imediatamente o cerco. “Prefiro perder Lisboa do que a honra”, disse Afonso Henriques, enquanto os seus homens já depunham as armas, ameaçando regressar ao Norte. Parece que os cruzados (incluindo o gigante Vitulo) perceberam finalmente com quem estavam a lidar e juraram fidelidade ao rei dos portugueses enquanto estivessem no seu território. O massacre de Lisboa começaria logo a seguir.

        Paulo Moura

    • Paulo Marques says:

      Também não têm que levar com PECs e reformas, a bem de ficarem no mesmo sítio, ou tanta preocupação com “o que se faz lá fora”.

  4. Paulo Marques says:

    Se disse, não só mentiu, como é burro. Mas a ideologia tem destas coisas, e a desunião também e faz as pessoas esquecerem-se da destruição grega.

    • Paulo Marques says:

      Ou dos outros que, alegadamente, quer que se juntem rapidamente depois de destruídos.

  5. ” tornarmo-nos no país mais pobre da Zona Euro por questões geográficas e diferenças de níveis educacionais.”
    Não sei se ele disse isso mas um pais que tinha um analfabetismo de 30% nos anos 70 e neste momento pouco mais
    de metade da população tem o ensino secundário, dificilmente pode competir com paises que nos anos 30 já fabricavam aviões e tinham industria automóvel indígena.

  6. Manel da Mercearia says:

    Pois é! No caso da Noruega, o petróleo, o gás e outros recursos ajudam muito (https://www.norway.no/pt/portugal/valores-prioridades/noruega-atualidade/).

    E os malandros financiam com dinheiros públicos “os serviços de saúde e bem-estar e educação” e “32,9% da população tem uma educação universitária ou politécnica”. E “as autoridades norueguesas gerem as receitas de petróleo e gás da Noruega em benefício da sociedade como um todo”. E o dinheiro é canalizado para um “fundo soberano da Noruega, o Government Pension Fund Global”, assim, quando “o petróleo acabar, os rendimentos do Fundo continuarão a fornecer receitas substanciais que podem ser utilizadas para beneficiar a população”.

    Pena é que outros países, que possuem os mesmos recursos, não possam fazer o mesmo e tenham sempre gajos a entrar-lhes no quintal…

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