O cabotino populista e a censura

Aqui há dias, André Ventura disse tudo o que queria dizer na Assembleia da República. Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, interrompeu para deixar um reparo, tendo o dito Ventura retomado o seu discurso para dizer tudo o que quis dizer.

Enquanto dizia tudo o que quis dizer e depois de dizer tudo o que queria dizer, André Ventura fez-se de vítima, erguendo um queixo queixinhas e cabotino, pior do que o pior actor de um western spaghetti. Queixou-se – depois de ter dito tudo o que queria dizer – de que tinha sido alvo de censura e chegou, até, a invocar o 25 de Abril.

Ainda estão vivas pessoas cujos textos foram censurados e cujos livros foram proibidos. André Ventura sabe isso muito bem, mas não é um português de bem. Mesmo não merecendo o 25 de Abril, tem direito à liberdade de expressão.

Gabriel Mithá Ribeiro, o doutorado útil do Chega, explicou, por assim dizer, que o racismo acabou com a dissolução formal do Apartheid na África do Sul, em 1994 – ou seja, num dia, havia racismo e, no dia seguinte, a partir de uma determinada hora, já não havia (sim, isto é afirmado por alguém que usa o título de historiador). Pela mesma razão, a censura, a partir do momento em que foi legalmente abolida, também não pode existir. Mithá Ribeiro, que é o doutorado útil do Chega, deveria explicar isso ao chefe.

O Chega é uma trupe de maus comediantes com sucesso, o que é preocupante, especialmente pelo que diz de quem vota neles.

Finalmente, fazer-me ficar do lado de Santos Silva é praticamente um milagre. Chego a ter medo de vir a contribuir para a canonização de Ventura. Felizmente, existe a memória.

Comments

  1. Rosa Lourenço says:

    Nem há comentários… É um assunto tão ridículo…

  2. JgMenos says:

    A cambada sempre precisa de temas que possam sustentar as suas proclamações de um alto espírito igualitário, pedra fundacional da sua doutrina que os arvora no direito de ir ao bolso do vizinho.
    Largar mão do racismo é assim uma inconveniência.

    O racismo foi fundado em erro de ciência assistido por um nebulosa de preconceitos ora religiosos ora de mera conveniência.
    Determinada pela ciência a unidade da espécie humana, foram mantidas formulas legais de diferenciação de raças sustentados em velhas crenças e mais sofisticados considerandos sociológicos.
    Posto fim à discriminação legal, entramos no terreno dos direitos do homem, que visam o indivíduo e a sua plena realização, livre de discriminação por isto e aquilo e mais não sei quê.

    Mas a esquerdalhada, que sempre trata de agrupamentos, classes e dos mais variados temas que definam uma molhada, não poderia naturalmente deixar de encontrar utilidade na raça.
    Teremos racismo para durar…para grande inveja dos feios, gordos, grunhos, malcriados e outras espécies discriminadas.

    • António Fernando Nabais says:

      Os direitos do homem! Que nojo, não é, menos?!

      • JgMenos says:

        Tu é que és um nojo de vulgares ofensas no lugar de argumentos.

        • António Fernando Nabais says:

          Tão fofo, logo ele, que não faz outra coisa que não seja insultar. Menos, querido, não vás à merda, que é demasiado bom para ti.

    • Paulo Marques says:

      Menos, Menos… Não foi a ciência, foi a bula Dum Diversas e o seu legado de 500 anos, cujos efeitos não se desfazem de um momento para o outro, porque os pontos de partida continuam cimentados.

      • JgMenos says:

        Talvez ler mais de vagar a bula, e trazer a parte em que fala de raça que não é bem o mesmo que sarraceno ou pagão.

    • POIS! says:

      Pois espera…

      O braço esquerdo a passar por baixo da perna para coçar a orelha direita! Não! É para coçar o testículo que está pendente da nuca! Uma nádega junto á omoplata esquerda! E…continua a mijar pela cova do braço!

      Ó Menos, Vosselência está cada vez mais torcido! Veja lá se não lesa algum órgão importante. Os cirurgiões vão-se ver á rasca para descobrir onde está!

      • JgMenos says:

        Pois acho-te muito direito, na tua rígida posição de imbecil militante.

        • POIS! says:

          Pois.

          E vosselência consegue acertar, ao Menos, na sanita?

          Espero bem que sim, ou lá por casa deve ser uma tragédia!

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